Saturday 26 February 2011

Systematic Rape Reported on the border Angola-DRC




Systematic sexual violence continues to be carried out against Congolese women and girls caught up in mass expulsions from Angola to the Democratic Republic of the Congo, according to a U.N. envoy.
Community leaders recorded 182 reported rapes in seven villages along the border in January alone, while a U.N. assessment mission confirmed 1,357 reported rape cases in one village in a six-to-eight-month period last year, said the official, Margot Wallstrom.
"My findings strongly suggest that sexual violence is systematically being carried out against Congolese women and girls in the context of expulsions from Angola to (Congo)," said Wallstrom, who visited the area.
"Many of the survivors who I spoke with confirmed that these violations occur in detention facilities in Angola as well as on the Congolese side of the border," she said in a statement.
"Women recounted that they were raped by uniformed security forces during expulsion from Angola," Wallstrom said, adding the figures had probably been under-reported.
The rapes first came to light last November when a report by the U.N. children's agency UNICEF, seen by Reuters, said that more than 650 people had suffered sexual violence during expulsions from Angola to Congo in the previous two months.
Tit-for-tat expulsions between Angola and Congo reached an estimated 211,000 people in 2009.

More details here and here


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Kabila on Rape in DRC

Dividendos dos Afectos






Systematic sexual violence continues to be carried out against Congolese women and girls caught up in mass expulsions from Angola to the Democratic Republic of the Congo, according to a U.N. envoy.
Community leaders recorded 182 reported rapes in seven villages along the border in January alone, while a U.N. assessment mission confirmed 1,357 reported rape cases in one village in a six-to-eight-month period last year, said the official, Margot Wallstrom.
"My findings strongly suggest that sexual violence is systematically being carried out against Congolese women and girls in the context of expulsions from Angola to (Congo)," said Wallstrom, who visited the area.
"Many of the survivors who I spoke with confirmed that these violations occur in detention facilities in Angola as well as on the Congolese side of the border," she said in a statement.
"Women recounted that they were raped by uniformed security forces during expulsion from Angola," Wallstrom said, adding the figures had probably been under-reported.
The rapes first came to light last November when a report by the U.N. children's agency UNICEF, seen by Reuters, said that more than 650 people had suffered sexual violence during expulsions from Angola to Congo in the previous two months.
Tit-for-tat expulsions between Angola and Congo reached an estimated 211,000 people in 2009.

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Sunday 20 February 2011

A Irresponsabilidade do Vazio* [Revisto e Actualizado]




"(...) Age was respected among his people, but achievement was revered. As the elders said, if a child washed his hands he could eat with kings. Okonkwo had clearly washed his hands and so he ate with kings and elders."
Biyi Bandele [in Introduction to Chinua Achebe's Things Fall Apart - Penguim, 2001 edition]

N.B.: Chinua Achebe started writing Things Fall Apart, his magnum opus published three years later, in 1958, which has earned him the title of 'The Grandfather of African Literature', at the age of 25.




Olhamos para os cantos
Buscando um espaço
Anunciado tempo de sonho
Em espiral
No percurso das veias
Já corroídas pelo vazio, raiz da loucura
Se não preenchido a tempo.

[Extracto de Canto dos Olhos – A.S. in S.O.S.]




Juro por Deus [e desde ja’ Lhe peco perdao por invocar assim o Seu nome em vao – e’ que, cada vez mais, vou dando por mim regressando ‘a minha fe’ em Deus (ou, mais precisamente, em Jesus, meu xara’), dos meus tempos de infancia e adolescencia: quanto menos vou acreditando nos homens (e mulheres) deste mundo, mais necessidade vou sentindo de ter Alguem em quem acreditar!... Embora continue a detestar homilias!...] que tinha decidido ha’ ja’ bastante tempo nao voltar a deixar-me arrastar em discussoes inocuas com “surdos-mudos”, especialmente os do tipo arrogante ignorante e/ou intelectualmente desonesto. De facto, comecei a implementar essa decisao de forma efectiva no inicio deste ano com este "Thought for the Year" e, em seguida, ao longo das ultimas semanas, com a retirada progressiva de todos os posts real ou potencialmente polemicos que neste blog publiquei, em particular os relacionados com uma certa tristemente celebre campanha

Neles se incluiam os que escrevi, ainda nos primordios deste blog, sob o titulo generico “Makas na Sanzala”, sobre algumas das “homilias” de Mia Couto (MC). Nao e’, portanto, sem alguma relutancia que me sinto compelida a voltar a escrever a proposito de mais uma delas – o que, muito a contragosto, me levou a ter que ‘repostar’ alguns dos posts relacionados que ja’ havia retirado. Ja’ ha’ muito nao recebia, por email, tais “homilias” – mais precisamente desde a que ficou mais conhecida pelo “sejamos claros” –, pelo que me desgostou sobremaneira voltar agora a receber mais uma dessas missivas em forma de “arma de arremesso” (transcrita no final deste texto)…

E’ entitulada “O Peso do Vazio” (o que me recorda uma outra, de Pepetela, entitulada “O Horror do Vazio” – e’, o vazio parece estar na moda!… Ja' agora, um outro 'tipo de vazio', o do bolso, pode ser encontrado aqui) e, de tao aparentemente aimless, soou-me, recorrendo ao rico vocabulario do seu mui distinto e consagrado autor, oca, bacoca, vazia e… irresponsavel!


[Kant - by Yinka Shonibare]


[Continua aqui]


Posts relacionados:

Vultures

Falando do Homem Novo

Falando de Intelectualismo(s)

African Intellectuals in the Belly of the Beast



*Aparentemente, esta foi a "resposta" de Mia Couto a este post: "Os Falsaportes" - o qual, por sua vez, podera' ser lido em referencia a este.








"(...) Age was respected among his people, but achievement was revered. As the elders said, if a child washed his hands he could eat with kings. Okonkwo had clearly washed his hands and so he ate with kings and elders."
Biyi Bandele [in Introduction to Chinua Achebe's Things Fall Apart - Penguim, 2001 edition]

N.B.: Chinua Achebe started writing Things Fall Apart, his magnum opus published three years later, in 1958, which has earned him the title of 'The Grandfather of African Literature', at the age of 25.




Olhamos para os cantos
Buscando um espaço
Anunciado tempo de sonho
Em espiral
No percurso das veias
Já corroídas pelo vazio, raiz da loucura
Se não preenchido a tempo.

[Extracto de Canto dos Olhos – A.S. in S.O.S.]




Juro por Deus [e desde ja’ Lhe peco perdao por invocar assim o Seu nome em vao – e’ que, cada vez mais, vou dando por mim regressando ‘a minha fe’ em Deus (ou, mais precisamente, em Jesus, meu xara’), dos meus tempos de infancia e adolescencia: quanto menos vou acreditando nos homens (e mulheres) deste mundo, mais necessidade vou sentindo de ter Alguem em quem acreditar!... Embora continue a detestar homilias!...] que tinha decidido ha’ ja’ bastante tempo nao voltar a deixar-me arrastar em discussoes inocuas com “surdos-mudos”, especialmente os do tipo arrogante ignorante e/ou intelectualmente desonesto. De facto, comecei a implementar essa decisao de forma efectiva no inicio deste ano com este "Thought for the Year" e, em seguida, ao longo das ultimas semanas, com a retirada progressiva de todos os posts real ou potencialmente polemicos que neste blog publiquei, em particular os relacionados com uma certa tristemente celebre campanha

Neles se incluiam os que escrevi, ainda nos primordios deste blog, sob o titulo generico “Makas na Sanzala”, sobre algumas das “homilias” de Mia Couto (MC). Nao e’, portanto, sem alguma relutancia que me sinto compelida a voltar a escrever a proposito de mais uma delas – o que, muito a contragosto, me levou a ter que ‘repostar’ alguns dos posts relacionados que ja’ havia retirado. Ja’ ha’ muito nao recebia, por email, tais “homilias” – mais precisamente desde a que ficou mais conhecida pelo “sejamos claros” –, pelo que me desgostou sobremaneira voltar agora a receber mais uma dessas missivas em forma de “arma de arremesso” (transcrita no final deste texto)…

E’ entitulada “O Peso do Vazio” (o que me recorda uma outra, de Pepetela, entitulada “O Horror do Vazio” – e’, o vazio parece estar na moda!… Ja' agora, um outro 'tipo de vazio', o do bolso, pode ser encontrado aqui) e, de tao aparentemente aimless, soou-me, recorrendo ao rico vocabulario do seu mui distinto e consagrado autor, oca, bacoca, vazia e… irresponsavel!


[Kant - by Yinka Shonibare]


[Continua aqui]


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Falando do Homem Novo

Falando de Intelectualismo(s)

African Intellectuals in the Belly of the Beast



*Aparentemente, esta foi a "resposta" de Mia Couto a este post: "Os Falsaportes" - o qual, por sua vez, podera' ser lido em referencia a este.





Saturday 19 February 2011

Just Poetry (xxxvii)







Vultures

In the greyness
and drizzle of one despondent
dawn unstirred by harbingers
of sunbreak a vulture
perching high on broken
bones of a dead tree
nestled close to his
mate his smooth
bashed-in head, a pebble
on a stem rooted in
a dump of gross
feathers, inclined affectionately
to hers. Yesterday they picked
the eyes of a swollen
corpse in a water-logged
trench and ate the
things in its bowel. Full
gorged they chose their roost
keeping the hollowed remnant
in easy range of cold
telescopic eyes...

Strange
indeed how love in other
ways so particular
will pick a corner
in that charnel-house
tidy it and coil up there, perhaps
even fall asleep - her face
turned to the wall!

...Thus the Commandant at Belsen
Camp going home for
the day with fumes of
human roast clinging
rebelliously to his hairy
nostrils will stop
at the wayside sweet-shop
and pick up a chocolate
for his tender offspring
waiting at home for Daddy's
return...

Praise bounteous
providence if you will
that grants even an ogre
a tiny glow-worm
tenderness encapsulated
in icy caverns of a cruel
heart or else despair
for in the very germ
of that kindred love is
lodged the perpetuity
of evil.

[Chinua Achebe]


Agostinho Neto

Agostinho, were you no more
Than the middle one favored by fortune
In children's riddle; Kwame
Striding ahead to accost
Demons; behind you a laggard third
As yet unnamed, of twisted fingers?

No! Your secure strides
Were hard earned. Your feet
Learned their fierce balance
In violent slopes of humiliation;
Your delicate hands, patiently
Groomed for finest incisions,
Were commandeered brusquely to kill,
Your gentle voice to battle-cry.

Perhaps your family and friends
Knew a merry flash cracking the gloom
We see in pictures but I prefer
And will keep that sorrowful legend.
For I have seen how
Half a millennium of alien rape
And murder can stamp a smile
On the vacant face of the fool,
The sinister grin of Africa's idiot-kings
Who oversee in obscene palaces of gold
The butchery of their own people.

Neto, I sing your passing, I,
Timid requisitioner of your vast
Armory's most congenial supply.
What shall I sing? A dirge answering
The gloom? No, I will sing tearful songs
Of joy; I will celebrate
The man who rode a trinity
Of awesome fates to the cause
Of our trampled race!
Thou Healer, Soldier and Poet!

[Chinua Achebe]




Images: 'The Sleep of Reason Produces Monsters' by Yinka Shonibare








Vultures

In the greyness
and drizzle of one despondent
dawn unstirred by harbingers
of sunbreak a vulture
perching high on broken
bones of a dead tree
nestled close to his
mate his smooth
bashed-in head, a pebble
on a stem rooted in
a dump of gross
feathers, inclined affectionately
to hers. Yesterday they picked
the eyes of a swollen
corpse in a water-logged
trench and ate the
things in its bowel. Full
gorged they chose their roost
keeping the hollowed remnant
in easy range of cold
telescopic eyes...

Strange
indeed how love in other
ways so particular
will pick a corner
in that charnel-house
tidy it and coil up there, perhaps
even fall asleep - her face
turned to the wall!

...Thus the Commandant at Belsen
Camp going home for
the day with fumes of
human roast clinging
rebelliously to his hairy
nostrils will stop
at the wayside sweet-shop
and pick up a chocolate
for his tender offspring
waiting at home for Daddy's
return...

Praise bounteous
providence if you will
that grants even an ogre
a tiny glow-worm
tenderness encapsulated
in icy caverns of a cruel
heart or else despair
for in the very germ
of that kindred love is
lodged the perpetuity
of evil.

[Chinua Achebe]


Agostinho Neto

Agostinho, were you no more
Than the middle one favored by fortune
In children's riddle; Kwame
Striding ahead to accost
Demons; behind you a laggard third
As yet unnamed, of twisted fingers?

No! Your secure strides
Were hard earned. Your feet
Learned their fierce balance
In violent slopes of humiliation;
Your delicate hands, patiently
Groomed for finest incisions,
Were commandeered brusquely to kill,
Your gentle voice to battle-cry.

Perhaps your family and friends
Knew a merry flash cracking the gloom
We see in pictures but I prefer
And will keep that sorrowful legend.
For I have seen how
Half a millennium of alien rape
And murder can stamp a smile
On the vacant face of the fool,
The sinister grin of Africa's idiot-kings
Who oversee in obscene palaces of gold
The butchery of their own people.

Neto, I sing your passing, I,
Timid requisitioner of your vast
Armory's most congenial supply.
What shall I sing? A dirge answering
The gloom? No, I will sing tearful songs
Of joy; I will celebrate
The man who rode a trinity
Of awesome fates to the cause
Of our trampled race!
Thou Healer, Soldier and Poet!

[Chinua Achebe]




Images: 'The Sleep of Reason Produces Monsters' by Yinka Shonibare


Friday 18 February 2011

Angola: The Fall of a Creole Elite?



Abstract: The main purpose of this essay is to investigate different interpretations of the concept of creoleness that may be applied to late nineteenth-century Angola in order to understand whether the definition of a "creole elite" is pertinent when used to refer to the group of filhos da terra, filhos do país or filhos de Angola engaged in conversations about rights and citizenship with one another, with the wider literate population in Angola, with the colonial authorities, and with the literate population in the metropolis.

Sumário: O objetivo deste artigo é de reflectir sobre o sentido da palavra "crioulo," discutir a pertinência do uso deste adjectivo para a definição do segmento social analisado e aprofundar a investigação de um ponto de vista cultural, biológico e linguístico. Depois de comparar as diferenças entre a realidade angolana e outros espaços crioulos presentes no mundo de língua portuguesa (Cabo Verde e São Tomé), a investigação procura examinar as características marcantes das "ilhas crioulas" angolanas, tentando superar os limites ideológicos impostos ao longo do século XX pela crítica contemporânea portuguesa, inspirados respectivamente por apologistas e detractores do esforço colonial. Neste artigo o termo "crioulo" quer definir uma categoria sócio-cultural que abrange um leque variado de elementos heterogéneos: os descendentes de europeus nascidos em Angola–tanto brancos como mestiços–e africanos destribalizados mais ou menos adaptados à cultura europeia que formavam um grupo intermediário entre os europeus da metrópole e a população indígena das áreas rurais.


Jacopo Corrado
The Fall of a Creole Elite?: Angola at the Turn of the Twentieth Century: The Decline of the Euro-African Urban Community
Luso-Brazilian Review - Volume 47, Number 2, 2010, pp. 100-119

(University of Wisconsin Press)



Abstract: The main purpose of this essay is to investigate different interpretations of the concept of creoleness that may be applied to late nineteenth-century Angola in order to understand whether the definition of a "creole elite" is pertinent when used to refer to the group of filhos da terra, filhos do país or filhos de Angola engaged in conversations about rights and citizenship with one another, with the wider literate population in Angola, with the colonial authorities, and with the literate population in the metropolis.

Sumário: O objetivo deste artigo é de reflectir sobre o sentido da palavra "crioulo," discutir a pertinência do uso deste adjectivo para a definição do segmento social analisado e aprofundar a investigação de um ponto de vista cultural, biológico e linguístico. Depois de comparar as diferenças entre a realidade angolana e outros espaços crioulos presentes no mundo de língua portuguesa (Cabo Verde e São Tomé), a investigação procura examinar as características marcantes das "ilhas crioulas" angolanas, tentando superar os limites ideológicos impostos ao longo do século XX pela crítica contemporânea portuguesa, inspirados respectivamente por apologistas e detractores do esforço colonial. Neste artigo o termo "crioulo" quer definir uma categoria sócio-cultural que abrange um leque variado de elementos heterogéneos: os descendentes de europeus nascidos em Angola–tanto brancos como mestiços–e africanos destribalizados mais ou menos adaptados à cultura europeia que formavam um grupo intermediário entre os europeus da metrópole e a população indígena das áreas rurais.


Jacopo Corrado
The Fall of a Creole Elite?: Angola at the Turn of the Twentieth Century: The Decline of the Euro-African Urban Community
Luso-Brazilian Review - Volume 47, Number 2, 2010, pp. 100-119

(University of Wisconsin Press)

Wednesday 16 February 2011

Global Elites: Do they serve the masses?





There's an interesting live debate on the subject (now about to close) being held by The Economist here.




Some previous Economist Debates with specific interest to Africa:


Egypt


A debate is raging not just in Arab countries but all over the world about whether democracy in Egypt is possible or even desirable. Will Egypt embrace democracy in the next year? Will autocracy prevail? Or will Egypt descend into chaos?

[here]


China's growing involvement in Africa


What is China doing for Africa? The Asian giant is hungry for resources—oil, notably, but minerals and land too—that are abundant on the continent. China also wants strong political ties, for example to build alliances at the United Nations and at global summits. Increasingly, too, Chinese are migrating to Africa. The result is increased trade and investment and a powerful counterweight to Western and former colonial interest in Africa. But there is a downside too. Alliances with China help to protect undemocratic and repressive African governments. China's presence in Zambia, for example, has stirred fierce resentment and accusations of neo-colonial meddling. Lack of concern for human rights or transparency risks bringing just the wrong sort of development to parts of Africa. Chinese imports are helping to smash Africa's putative manufacturing sector to bits. For the average African, might the presence of China be a mixed blessing?

[here]


Cities



Just over half the world's population now call cities home. Soon some 500 cities around the world will have more than 1m people each. Within a couple of decades, says the UN, 5 billion people will live in cities, with the most rapid rise in the number of urban dwellers coming in Asia and Africa. Urbanisation typically comes, in the long term, with great gains to human development: it helps to create wealth, spur innovation, encourage freedom and improve the education of those who make it to town. But the rapid spread of sprawling, ill-planned mega cities, the rise of slums that are home to millions of the poor, the dreadful pollution and congestion common to many fast-growing cities, the rising power of urban gangs and even paramilitary forces in some countries, all suggest that too-rapid growth can harm, as well as improve, the residents' quality of life. So should, and could, the growth of cities be restricted, and by whom? Would restrictions improve the lives of city dwellers—and what of the lives of those left outside the city walls?

[here]


International Trade


Driven in part by a progressive lowering of barriers to trade in both rich and developing countries, global trade expanded faster in the decades leading up to the crisis than the global economy grew. Economists argue that free trade makes everyone better off, allowing more, and more varied, goods, and lower prices, than would otherwise be possible. Some also argue that it leads to faster economic growth and less poverty.

Some critics of free trade argue, however, that its supposed benefits for poor people and developing countries are illusory. Trade, they say, benefits rich countries at the expense of poor ones, increasing inequality between nations. Others say that it hurts rich-country workers, particularly the less skilled, thus increasing economic equality within rich countries. All would rather that the world concentrate its efforts on making trade "fairer" rather than further attempt to reduce trade barriers.

What does the balance of the evidence say? What does it actually mean to make trade fairer? Fairer for whom? Must the two goals be mutually exclusive?

[here]


Language


The idea that language influences thought is a profound, exciting and possibly disturbing one. It has often been used to exoticise other languages: in the 1930s, Benjamin Lee Whorf wrote that Hopi had no words for time (like days and months), and therefore perceived time far differently than European-language speakers do. The belief that language shapes thought also has political implications: in "Nineteen Eighty-Four", George Orwell imagined a dystopia in which government banned subversive words, making the associated thoughts unthinkable. Even in this decade, a group of French activists have proposed making French the sole language of European law, because of its purported great "rigour" and "precision". Does the language we speak shape how we think?

[here]





There's an interesting live debate on the subject (now about to close) being held by The Economist here.




Some previous Economist Debates with specific interest to Africa:


Egypt


A debate is raging not just in Arab countries but all over the world about whether democracy in Egypt is possible or even desirable. Will Egypt embrace democracy in the next year? Will autocracy prevail? Or will Egypt descend into chaos?

[here]


China's growing involvement in Africa


What is China doing for Africa? The Asian giant is hungry for resources—oil, notably, but minerals and land too—that are abundant on the continent. China also wants strong political ties, for example to build alliances at the United Nations and at global summits. Increasingly, too, Chinese are migrating to Africa. The result is increased trade and investment and a powerful counterweight to Western and former colonial interest in Africa. But there is a downside too. Alliances with China help to protect undemocratic and repressive African governments. China's presence in Zambia, for example, has stirred fierce resentment and accusations of neo-colonial meddling. Lack of concern for human rights or transparency risks bringing just the wrong sort of development to parts of Africa. Chinese imports are helping to smash Africa's putative manufacturing sector to bits. For the average African, might the presence of China be a mixed blessing?

[here]


Cities



Just over half the world's population now call cities home. Soon some 500 cities around the world will have more than 1m people each. Within a couple of decades, says the UN, 5 billion people will live in cities, with the most rapid rise in the number of urban dwellers coming in Asia and Africa. Urbanisation typically comes, in the long term, with great gains to human development: it helps to create wealth, spur innovation, encourage freedom and improve the education of those who make it to town. But the rapid spread of sprawling, ill-planned mega cities, the rise of slums that are home to millions of the poor, the dreadful pollution and congestion common to many fast-growing cities, the rising power of urban gangs and even paramilitary forces in some countries, all suggest that too-rapid growth can harm, as well as improve, the residents' quality of life. So should, and could, the growth of cities be restricted, and by whom? Would restrictions improve the lives of city dwellers—and what of the lives of those left outside the city walls?

[here]


International Trade


Driven in part by a progressive lowering of barriers to trade in both rich and developing countries, global trade expanded faster in the decades leading up to the crisis than the global economy grew. Economists argue that free trade makes everyone better off, allowing more, and more varied, goods, and lower prices, than would otherwise be possible. Some also argue that it leads to faster economic growth and less poverty.

Some critics of free trade argue, however, that its supposed benefits for poor people and developing countries are illusory. Trade, they say, benefits rich countries at the expense of poor ones, increasing inequality between nations. Others say that it hurts rich-country workers, particularly the less skilled, thus increasing economic equality within rich countries. All would rather that the world concentrate its efforts on making trade "fairer" rather than further attempt to reduce trade barriers.

What does the balance of the evidence say? What does it actually mean to make trade fairer? Fairer for whom? Must the two goals be mutually exclusive?

[here]


Language


The idea that language influences thought is a profound, exciting and possibly disturbing one. It has often been used to exoticise other languages: in the 1930s, Benjamin Lee Whorf wrote that Hopi had no words for time (like days and months), and therefore perceived time far differently than European-language speakers do. The belief that language shapes thought also has political implications: in "Nineteen Eighty-Four", George Orwell imagined a dystopia in which government banned subversive words, making the associated thoughts unthinkable. Even in this decade, a group of French activists have proposed making French the sole language of European law, because of its purported great "rigour" and "precision". Does the language we speak shape how we think?

[here]

Monday 14 February 2011

When Contemporary Art Goes to The Laundry... [Updated]*



... Or The Shape We're In!



This used to be one of our local launderettes. Then, be it because of the crisis or some other reason, at some point in the last few months it became just some sort of 'premises to let to whoever and for whatever' - the "happenings" there just keep changing all the time...



So, I wasn't supposed to be surprised at what just appeared there a couple of weeks ago... but... I was!


Covering the full front window, it just happened to us, everyday passers-by, this piece of contemporary art by Tracey Emin...


So, that's the shape we're in, I guess...






[*] Just found out some more about this "happening":
here, here and here.



... Or The Shape We're In!



This used to be one of our local launderettes. Then, be it because of the crisis or some other reason, at some point in the last few months it became just some sort of 'premises to let to whoever and for whatever' - the "happenings" there just keep changing all the time...



So, I wasn't supposed to be surprised at what just appeared there a couple of weeks ago... but... I was!


Covering the full front window, it just happened to us, everyday passers-by, this piece of contemporary art by Tracey Emin...


So, that's the shape we're in, I guess...






[*] Just found out some more about this "happening":
here, here and here.

Sunday 13 February 2011

Morro do Semba (V)



Cancoes
('vintage')
de
Amor & Dor



Comecando pelos '3 Reis'...



{Sofredora - David Ze'}


{Rosa Maria - Urbano de Castro}


{Belina - Artur Nunes}


{Maria da Horta - Urbano de Castro}


... Prosseguindo com 3 'Principes'...



{Kalumba - Gambuzinos}


{Belita - Artur Adriano}


{Chofer de Praca - Luis Visconde}


...'E terminando com um 'General'!



{Lemba - Dionisio Rocha, feat. Carlitos Vieira Dias on guitar}




{imagens daqui}



Cancoes
('vintage')
de
Amor & Dor



Comecando pelos '3 Reis'...



{Sofredora - David Ze'}


{Rosa Maria - Urbano de Castro}


{Belina - Artur Nunes}


{Maria da Horta - Urbano de Castro}


... Prosseguindo com 3 'Principes'...



{Kalumba - Gambuzinos}


{Belita - Artur Adriano}


{Chofer de Praca - Luis Visconde}


...'E terminando com um 'General'!



{Lemba - Dionisio Rocha, feat. Carlitos Vieira Dias on guitar}




{imagens daqui}

Casorio


















{... e foram felizes para sempre...}



















{... e foram felizes para sempre...}


Olhares Diversos (XXV)



Vacina Contra o Virus do "Amor"

[Aníbal Simões]

Anda por aí a ideia, já arraigada em nós desde tempos milenares, de que a felicidade desta vida reside no amor. Refiro-me ao amor erótico e sexual e não ao amor filial e fraterno. A partir daí foi criado todo um cenário que, por mais incrível que pareça, chega a atingir às raias do paradoxal.

Quando se é jovem, ou mesmo adulto, e não se tem alguém; ou se teve; ou se está em vias de ter, nasce a impressão de se estar a viver numa grande solidão. Tal situação é sintetizada em frases como estas: "sem ti não posso viver", "só tu podes acabar com a minha solidão" "a minha felicidade está nos teus braços", "prefiro morrer a viver sem ti" e outras, já de mais conhecidas por todos nós. Perrault, um exímio escritor francês da literatura infantil, reflecte, a nosso ver, esta situação em Cinderela.

A história é conhecida por todos nós: Cinderela, uma moça desprezada pela mãe e pelas irmãs, acaba, graças à extrema pequenez de seu pé, por fazer com que um príncipe encantador se enamore por ela. O famoso sapatinho da Cinderela assume-se hoje, no imaginário feminino, como a esperança eterna em se encontrar o parceiro ideal, mais comummente designado por alma gémea. Para elas, isso agrava-se porque, como se vê, os homens de facto, começaram a escassear no "mercado".

Assim, uma jovem sem namorado, espera paciente pelo seu Príncipe Encantado; uma mulher casada, desiludida com o marido sonha, entre um abraço repelido e um beijo ácido, em desfazer a relação para encontrar, talvez um dia, o seu Príncipe Encantado. Uma jovem abandonada pelo namorado, carpe a sua dor com a esperança de que o seu Príncipe Encantado, caso apareça, lhe enxugue as lágrimas, fazendo-a esquecer do causador da sua dor.

Com o andar do tempo, vamo-nos apercebendo de que os Príncipes Encantados e as Cinderelas, não existem, a não ser nas nossas cabecinhas de sonhadores. É que, a cada dia que passa, deparamo-nos mais com desencantos que com encantos. Pior ainda num momento em que a sexualidade deixou, para muita gente, de ser um acto de comunicação; de partilha de emoções, de sentimentos, de realização humana e espiritual entre dois seres, passando a resumir-se a simples actos de erecção, ejaculação e orgasmo, o que tem descambado para as piores frustrações e desilusões. Bem, isso para não falarmos dos riscos a que nos expomos com o "mel que mata":o grande flagelo dos nossos tempos (VIH-Sida).

Na verdade, a dificuldade do homem em realizar-se no amor (dados os preconceitos sexuais), é o que o faz viver constantemente insatisfeito consigo próprio, atando e reatando relações aqui e ali, sem se aperceber que um eterno apaixonado é um eterno sofredor. Bem, vendo as coisas por um outro prisma, podemos inferir também que somos, em parte, prisioneiros dos nossos próprios instintos. Por vezes, a falta de uma forte disciplina interior faz com que sejamos servos dos mesmos. No instinto está também implícita a necessidade biológica da sobrevivência da espécie o que, como se pode ver, complica mais a questão.

Entretanto, hoje é por de mais sabido que os filhos nem sempre são fruto do amor. São, isso sim, mais fruto de uma "imposição" social e cultural que propriamente do grau da estima que existe entre os parceiros. Isso para não falar daquela dimensão psicológica, apontada por Kauffman, para quem os filhos são a "finta da vida". A vida fintou-nos, e todos caímos com uma pinta, porque a existência é incompatível com o vazio. Assim, quanto mais lutarmos para o bem-estar dos filhos, mais atenuamos as nossas crises existenciais e, sobretudo, o pavor da ideia de virmos a morrer um dia. Quem lá sabe se a crença (embora ilusória) da nossa "imortalidade" reside também na procriação?

Vistas assim as coisas nada mais nos resta senão a insatisfação constante, o ciúme, as paixões sucessivas, aliadas à espera incessante e improvável de uma Cinderela ou de um Príncipe Encantado. Ou seja, vivemos todos naquilo a que Kundera chamou de "insustentável leveza do ser". E quando me refiro a isso, vem-me à cabeça aquilo a que os filósofos chamam de felicidade negativa; uma espécie de Nirvana que, para o nosso caso, se apresentaria como apagamento total do apelo irresistível à luxúria, à limitação da sobrevalorização do coito heterossexual e, sobretudo, o olhar para reprodução como finalidade única do amor.

E como seriam as coisas assim? Talvez deixaríamos de sonhar, em excesso, com os príncipes encantados e com as Cinderelas; talvez canalizaríamos esta energia para a criação de obras de mérito ao invés de vivermos obcecados com o amor erótico. Daí a necessidade de uma vacina contra esses vírus do "amor". E, quem lá sabe se, assim, sentimentos como o ciúme e a volúpia deixariam pura e simplesmente de existir. Ficaria apenas por responder a questão do que fazer da poderosa indústria sexual.

E se assim fosse talvez teríamos, no mundo, o amor in (the) real sense.


[Aqui]


Vacina Contra o Virus do "Amor"

[Aníbal Simões]

Anda por aí a ideia, já arraigada em nós desde tempos milenares, de que a felicidade desta vida reside no amor. Refiro-me ao amor erótico e sexual e não ao amor filial e fraterno. A partir daí foi criado todo um cenário que, por mais incrível que pareça, chega a atingir às raias do paradoxal.

Quando se é jovem, ou mesmo adulto, e não se tem alguém; ou se teve; ou se está em vias de ter, nasce a impressão de se estar a viver numa grande solidão. Tal situação é sintetizada em frases como estas: "sem ti não posso viver", "só tu podes acabar com a minha solidão" "a minha felicidade está nos teus braços", "prefiro morrer a viver sem ti" e outras, já de mais conhecidas por todos nós. Perrault, um exímio escritor francês da literatura infantil, reflecte, a nosso ver, esta situação em Cinderela.

A história é conhecida por todos nós: Cinderela, uma moça desprezada pela mãe e pelas irmãs, acaba, graças à extrema pequenez de seu pé, por fazer com que um príncipe encantador se enamore por ela. O famoso sapatinho da Cinderela assume-se hoje, no imaginário feminino, como a esperança eterna em se encontrar o parceiro ideal, mais comummente designado por alma gémea. Para elas, isso agrava-se porque, como se vê, os homens de facto, começaram a escassear no "mercado".

Assim, uma jovem sem namorado, espera paciente pelo seu Príncipe Encantado; uma mulher casada, desiludida com o marido sonha, entre um abraço repelido e um beijo ácido, em desfazer a relação para encontrar, talvez um dia, o seu Príncipe Encantado. Uma jovem abandonada pelo namorado, carpe a sua dor com a esperança de que o seu Príncipe Encantado, caso apareça, lhe enxugue as lágrimas, fazendo-a esquecer do causador da sua dor.

Com o andar do tempo, vamo-nos apercebendo de que os Príncipes Encantados e as Cinderelas, não existem, a não ser nas nossas cabecinhas de sonhadores. É que, a cada dia que passa, deparamo-nos mais com desencantos que com encantos. Pior ainda num momento em que a sexualidade deixou, para muita gente, de ser um acto de comunicação; de partilha de emoções, de sentimentos, de realização humana e espiritual entre dois seres, passando a resumir-se a simples actos de erecção, ejaculação e orgasmo, o que tem descambado para as piores frustrações e desilusões. Bem, isso para não falarmos dos riscos a que nos expomos com o "mel que mata":o grande flagelo dos nossos tempos (VIH-Sida).

Na verdade, a dificuldade do homem em realizar-se no amor (dados os preconceitos sexuais), é o que o faz viver constantemente insatisfeito consigo próprio, atando e reatando relações aqui e ali, sem se aperceber que um eterno apaixonado é um eterno sofredor. Bem, vendo as coisas por um outro prisma, podemos inferir também que somos, em parte, prisioneiros dos nossos próprios instintos. Por vezes, a falta de uma forte disciplina interior faz com que sejamos servos dos mesmos. No instinto está também implícita a necessidade biológica da sobrevivência da espécie o que, como se pode ver, complica mais a questão.

Entretanto, hoje é por de mais sabido que os filhos nem sempre são fruto do amor. São, isso sim, mais fruto de uma "imposição" social e cultural que propriamente do grau da estima que existe entre os parceiros. Isso para não falar daquela dimensão psicológica, apontada por Kauffman, para quem os filhos são a "finta da vida". A vida fintou-nos, e todos caímos com uma pinta, porque a existência é incompatível com o vazio. Assim, quanto mais lutarmos para o bem-estar dos filhos, mais atenuamos as nossas crises existenciais e, sobretudo, o pavor da ideia de virmos a morrer um dia. Quem lá sabe se a crença (embora ilusória) da nossa "imortalidade" reside também na procriação?

Vistas assim as coisas nada mais nos resta senão a insatisfação constante, o ciúme, as paixões sucessivas, aliadas à espera incessante e improvável de uma Cinderela ou de um Príncipe Encantado. Ou seja, vivemos todos naquilo a que Kundera chamou de "insustentável leveza do ser". E quando me refiro a isso, vem-me à cabeça aquilo a que os filósofos chamam de felicidade negativa; uma espécie de Nirvana que, para o nosso caso, se apresentaria como apagamento total do apelo irresistível à luxúria, à limitação da sobrevalorização do coito heterossexual e, sobretudo, o olhar para reprodução como finalidade única do amor.

E como seriam as coisas assim? Talvez deixaríamos de sonhar, em excesso, com os príncipes encantados e com as Cinderelas; talvez canalizaríamos esta energia para a criação de obras de mérito ao invés de vivermos obcecados com o amor erótico. Daí a necessidade de uma vacina contra esses vírus do "amor". E, quem lá sabe se, assim, sentimentos como o ciúme e a volúpia deixariam pura e simplesmente de existir. Ficaria apenas por responder a questão do que fazer da poderosa indústria sexual.

E se assim fosse talvez teríamos, no mundo, o amor in (the) real sense.


[Aqui]

Saturday 12 February 2011

Egypt's Mubarak: Another One Bites the Dust... [Updated]*







[images from Al Jazeera]





Related post:

Tweeting, Blogging, Leaking... Revolution!


*[First posted 02/02/11]





UPDATE








And as Mubarak finally leaves...





[Details here]







[images from Al Jazeera]





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Tweeting, Blogging, Leaking... Revolution!


*[First posted 02/02/11]





UPDATE








And as Mubarak finally leaves...





[Details here]

Friday 11 February 2011

'My kind of feminism'




"Adichie describes herself as a very happy feminist. Strong women drive many of the stories in her books. She quietly supports women writers (Marie-Elena John, the Antiguan author of Unburnable, is a favourite) and backs women in politics in any country. But she stresses the word "happy", she says, because to her being a feminist is about more than outrage; it is about being a woman who likes and stands up for other women."

[here]


[Having expressed a few times (e.g. here), my misgivings about some strains of feminist thought I subscribe to this one though...]




"Adichie describes herself as a very happy feminist. Strong women drive many of the stories in her books. She quietly supports women writers (Marie-Elena John, the Antiguan author of Unburnable, is a favourite) and backs women in politics in any country. But she stresses the word "happy", she says, because to her being a feminist is about more than outrage; it is about being a woman who likes and stands up for other women."

[here]


[Having expressed a few times (e.g. here), my misgivings about some strains of feminist thought I subscribe to this one though...]

Estranha forma de fazer Oposicao Politica... [Actualizado]*




... Ou apenas reflexo da ineficacia/disfuncionalidade das "nossas instituicoes democraticas"?



Qualquer que tenha sido caso, foi com um suspiro de alivio que li hoje (aqui) a noticia do fim da greve de fome iniciada no inicio desta semana pelo Secretario Geral da UNITA e deputado a Assembleia Nacional, Abilio Kalamata Numa, em protesto pela detencao de um militante da sua organizacao.

Vinha nos ultimos dias alinhavando umas linhas, incluindo as com que titulo este post e as que se seguem abaixo, sobre este assunto, tendo planeado 'posta-las' hoje, que terminavam com "desejo ao secretario Geral da UNITA sucesso na obtencao do(s) seu(s) objectivo(s) sem que tenha que chegar as ultimas consequencias!"






Este caso lembrou-me de um acontecimento, historico pelas proporcoes que assumiu, que muito me marcou na altura e viria a estar na base dos meus posicionamentos sobre o chamado Poder no Feminino: em finais dos anos 70 e inicio dos 80, no culminar de uma serie de accoes de protesto por prisioneiros afectos ao IRA, Exercito Republicano Irlandes (incluindo uma que ficou conhecida como o "dirty protest", em que os prisioneiros se recusavam a lavar-se e cobriam as paredes das celas com os seus excrementos...), um grupo deles iniciou uma greve de fome que se arrastou por varias semanas.

Mas, Margareth Thatcher, entao Primeira-Ministra do Reino Unido da Gra-Bretanha e Irlanda do Norte, nao cedeu as suas reivindicacoes, mesmo em face de manifestacoes de solidariedade para com os grevistas nao so' de entre os seus eleitores (um dos prisioneiros, Bobby Sands, chegou a ser eleito Membro do Parlamento enquanto fazia greve de fome) e ate' de membros do seu gabinete e partido politico, como um pouco de todo o mundo... Tao pouco se vergou quando 10 dos prisioneiros, incluindo Sands, acabaram por falecer em resultado daquela greve de fome!

E ter-se-ha' ela alguma vez arrependido e penitenciado por aquelas mortes, ou rejeitado de algum modo o apelido "Dama de Ferro" que lhe advinha em particular da forma inflexivel como defendia a implementacao das suas politicas economicas (e tambem da forma 'masculina' como dirigiu a Guerra das Falklands)? Nem um pouco! De facto, uma frase que tambem a celebrizou foi, quando em face dos crescentes niveis de desemprego causados pelas suas medidas anti-inflaccionistas e momentosas manifestacoes populares de protesto nas ruas de todo o pais, membros do seu partido comecaram a manifestar-lhe a sua inquietacao e a sugerir-lhe que fizesse uma reviravolta naquelas medidas (U-Turn), ao que ela lhes respondeu: "You turn if you want to, the Lady is not for turning!"...





* ADENDA

Transcrevo aqui este caso dos "40 Activistas do Protectorado da Lunda Tchokwe'", agora tambem em greve de fome, aos quais dedico igualmente os votos e consideracoes acima:



14 Fev 2011 - Entraram no segundo dia de greve da fome, mais de 40 detidos Activistas do Manifesto do Protectorado da Lunda Tchokwe, que tinham sido transferidos da cadeia do Conduege para o novo estabelecimento prisional da Kakanda na Lunda-Norte. A greve, por tempo indeterminado, destina-se a protestar - e citamos – “por violação continuada dos seus direitos a liberdade”, uma vez que o crime contra a segurança do Estado a que foram acusados, já foi revogado com a publicação do novo diploma no dia 3 de Dezembro de 2010 no Diário da Republica de Angola.
De acordo com os seus representantes, esta greve de fome tem como objectivo, chamar atenção da comunidade nacional e internacional, pelas injustiças continuadas cometidas contra as populações das Lundas, Kuando Kubango e Moxico.
O representante legal dos presos é o advogado David Mendes, que revela que o “habeas corpus” foi apresentado há 20 dias, tornando estas prisões ilegais. O advogado diz não conseguir compreender como é que o Tribunal Supremo se mantém em silêncio perante, sendo a lei clara imponndo que o tribunal se deva pronunciar no prazo de 24 horas.
Por seu lado,Zeca Mutchima, secretário-geral da Comissão do Protectorado das Lundas, manifesta a sua preocupação pelo estado de saúde dos presos e apela para a solução deste caso que considera ser uma injustiça.


[Aqui]




... Ou apenas reflexo da ineficacia/disfuncionalidade das "nossas instituicoes democraticas"?



Qualquer que tenha sido caso, foi com um suspiro de alivio que li hoje (aqui) a noticia do fim da greve de fome iniciada no inicio desta semana pelo Secretario Geral da UNITA e deputado a Assembleia Nacional, Abilio Kalamata Numa, em protesto pela detencao de um militante da sua organizacao.

Vinha nos ultimos dias alinhavando umas linhas, incluindo as com que titulo este post e as que se seguem abaixo, sobre este assunto, tendo planeado 'posta-las' hoje, que terminavam com "desejo ao secretario Geral da UNITA sucesso na obtencao do(s) seu(s) objectivo(s) sem que tenha que chegar as ultimas consequencias!"






Este caso lembrou-me de um acontecimento, historico pelas proporcoes que assumiu, que muito me marcou na altura e viria a estar na base dos meus posicionamentos sobre o chamado Poder no Feminino: em finais dos anos 70 e inicio dos 80, no culminar de uma serie de accoes de protesto por prisioneiros afectos ao IRA, Exercito Republicano Irlandes (incluindo uma que ficou conhecida como o "dirty protest", em que os prisioneiros se recusavam a lavar-se e cobriam as paredes das celas com os seus excrementos...), um grupo deles iniciou uma greve de fome que se arrastou por varias semanas.

Mas, Margareth Thatcher, entao Primeira-Ministra do Reino Unido da Gra-Bretanha e Irlanda do Norte, nao cedeu as suas reivindicacoes, mesmo em face de manifestacoes de solidariedade para com os grevistas nao so' de entre os seus eleitores (um dos prisioneiros, Bobby Sands, chegou a ser eleito Membro do Parlamento enquanto fazia greve de fome) e ate' de membros do seu gabinete e partido politico, como um pouco de todo o mundo... Tao pouco se vergou quando 10 dos prisioneiros, incluindo Sands, acabaram por falecer em resultado daquela greve de fome!

E ter-se-ha' ela alguma vez arrependido e penitenciado por aquelas mortes, ou rejeitado de algum modo o apelido "Dama de Ferro" que lhe advinha em particular da forma inflexivel como defendia a implementacao das suas politicas economicas (e tambem da forma 'masculina' como dirigiu a Guerra das Falklands)? Nem um pouco! De facto, uma frase que tambem a celebrizou foi, quando em face dos crescentes niveis de desemprego causados pelas suas medidas anti-inflaccionistas e momentosas manifestacoes populares de protesto nas ruas de todo o pais, membros do seu partido comecaram a manifestar-lhe a sua inquietacao e a sugerir-lhe que fizesse uma reviravolta naquelas medidas (U-Turn), ao que ela lhes respondeu: "You turn if you want to, the Lady is not for turning!"...





* ADENDA

Transcrevo aqui este caso dos "40 Activistas do Protectorado da Lunda Tchokwe'", agora tambem em greve de fome, aos quais dedico igualmente os votos e consideracoes acima:



14 Fev 2011 - Entraram no segundo dia de greve da fome, mais de 40 detidos Activistas do Manifesto do Protectorado da Lunda Tchokwe, que tinham sido transferidos da cadeia do Conduege para o novo estabelecimento prisional da Kakanda na Lunda-Norte. A greve, por tempo indeterminado, destina-se a protestar - e citamos – “por violação continuada dos seus direitos a liberdade”, uma vez que o crime contra a segurança do Estado a que foram acusados, já foi revogado com a publicação do novo diploma no dia 3 de Dezembro de 2010 no Diário da Republica de Angola.
De acordo com os seus representantes, esta greve de fome tem como objectivo, chamar atenção da comunidade nacional e internacional, pelas injustiças continuadas cometidas contra as populações das Lundas, Kuando Kubango e Moxico.
O representante legal dos presos é o advogado David Mendes, que revela que o “habeas corpus” foi apresentado há 20 dias, tornando estas prisões ilegais. O advogado diz não conseguir compreender como é que o Tribunal Supremo se mantém em silêncio perante, sendo a lei clara imponndo que o tribunal se deva pronunciar no prazo de 24 horas.
Por seu lado,Zeca Mutchima, secretário-geral da Comissão do Protectorado das Lundas, manifesta a sua preocupação pelo estado de saúde dos presos e apela para a solução deste caso que considera ser uma injustiça.


[Aqui]

Thursday 10 February 2011

The Lion's Dent...











Humor Angolano





LADRÃO FOLGADO...

Um ladrão foi roubar um cabrito às 4h da madrugada.
Voltou para casa, deixou o cabrito amarrado no quintal e foi dormir. Os donos, quando se aperceberam do roubo, seguiram as pegadas do ladrão até ao local e bateram à porta: "Truz, truz"!
Os donos do cabrito: - Dá licença?
O ladrão responde: - Quem é mais então?
- Viemos buscar o nosso cabrito...
- O cabrito não está aí fora??
- Está.
- Então leva só. Está me incomodar porquê?? Quando fui buscar o cabrito na vossa casa, eu te acordei?






LADRÃO FOLGADO...

Um ladrão foi roubar um cabrito às 4h da madrugada.
Voltou para casa, deixou o cabrito amarrado no quintal e foi dormir. Os donos, quando se aperceberam do roubo, seguiram as pegadas do ladrão até ao local e bateram à porta: "Truz, truz"!
Os donos do cabrito: - Dá licença?
O ladrão responde: - Quem é mais então?
- Viemos buscar o nosso cabrito...
- O cabrito não está aí fora??
- Está.
- Então leva só. Está me incomodar porquê?? Quando fui buscar o cabrito na vossa casa, eu te acordei?


Wednesday 9 February 2011

Olhares Diversos (XXIV)



Somos um povo deprimido, frustrado & violentado pelo regime vigente

[Fernando Vumby]




Aliás, nem sei como andam as pesquisas a respeito desta doença que afecta uma larga porção de angolanos, e que já levou á morte uma grande quantidade de gente.

Parecemos um povo cuspido por uma saliva ácida, que nos vem corroendo o corpo por dentro, apartir das entranhas e da mente, ao ponto de perdermos todo o poder humano de reacção.

Até parece que deixamos de ouvir, ver, sentir, e nos tornamos no povo mais difícil de perceber, permitindo cada vez mais de tudo, inclusive abrir os olhos, para nos enfiarem o dedo nele. Para quem nunca teve essa experiência amarga, que vive o povo angolano desde, que se diz independente, descrevê-la se torna um tanto inglório. Parecemos ter perdido tudo aquilo, que Deus, projectou originalmente á todo ser humano. Ou será que, estaremos á sucumbir aos poucos, e a vida para nós angolanos, se tornou apenas num simples fardo?

A depressão e frustração são tanta, que só o facto de saberem que vão acordar no dia seguinte, o sono até já se tornou para a maioria dos angolanos, em algo muito ruim. Não estou aqui neste texto, querer abarrotar ainda mais, carga aos ombros daqueles que já sentem o pesa da depressão e frustração em Angola.

Como geralmente fazem os culpados por essa depressão, com desculpas esfarradas para disfarçarem a sua indiferença, com um manto de falsa santidade. Se tivesse que aconselhar, algumas pessoas que acreditam em Deus, só lhes pediria para lerem mais a Bíblia, enquanto ainda não caíram para a depressão demoníaca pura e simplesmente.

Mas o que muitos religiosos não sabem é que hoje, até a própria igreja é também, factor gerador de muitos casos de depressão e frustração, entre os angolanos?


[Continue lendo aqui]



Somos um povo deprimido, frustrado & violentado pelo regime vigente

[Fernando Vumby]




Aliás, nem sei como andam as pesquisas a respeito desta doença que afecta uma larga porção de angolanos, e que já levou á morte uma grande quantidade de gente.

Parecemos um povo cuspido por uma saliva ácida, que nos vem corroendo o corpo por dentro, apartir das entranhas e da mente, ao ponto de perdermos todo o poder humano de reacção.

Até parece que deixamos de ouvir, ver, sentir, e nos tornamos no povo mais difícil de perceber, permitindo cada vez mais de tudo, inclusive abrir os olhos, para nos enfiarem o dedo nele. Para quem nunca teve essa experiência amarga, que vive o povo angolano desde, que se diz independente, descrevê-la se torna um tanto inglório. Parecemos ter perdido tudo aquilo, que Deus, projectou originalmente á todo ser humano. Ou será que, estaremos á sucumbir aos poucos, e a vida para nós angolanos, se tornou apenas num simples fardo?

A depressão e frustração são tanta, que só o facto de saberem que vão acordar no dia seguinte, o sono até já se tornou para a maioria dos angolanos, em algo muito ruim. Não estou aqui neste texto, querer abarrotar ainda mais, carga aos ombros daqueles que já sentem o pesa da depressão e frustração em Angola.

Como geralmente fazem os culpados por essa depressão, com desculpas esfarradas para disfarçarem a sua indiferença, com um manto de falsa santidade. Se tivesse que aconselhar, algumas pessoas que acreditam em Deus, só lhes pediria para lerem mais a Bíblia, enquanto ainda não caíram para a depressão demoníaca pura e simplesmente.

Mas o que muitos religiosos não sabem é que hoje, até a própria igreja é também, factor gerador de muitos casos de depressão e frustração, entre os angolanos?


[Continue lendo aqui]

Sparking a Worldwide Energy Revolution




Sparking a Worldwide Energy Revolution is the first and only book to combine systematic analysis with stories of concrete developments and struggles within the global energy sector. From the social struggles at the heart of the existing, predominantly fossil fuel-based, energy sector to the emerging alliances, conflicts, and hierarchies that have come to define the globally-expanding renewable energy sector, this impressive collection ultimately poses the question of whether a transition to a new energy system will take place within the framework of capitalism, or as part of a wider process of building new social relations which seek to go beyond capitalism, as part of a collective search for an emancipatory way out of the worst economic-financial, and increasingly political, crisis since the Great Depression.

Sparking a Worldwide Energy Revolution includes over 50 chapters, written by people from approximately 20 countries in North and South America, the Caribbean, Europe, Africa, and Asia. All contributors are organizers and researchers with years of experience in different strategic locations within the world-wide energy sector. The book forms a collective map, based on the view as seen from some of the many different actors within the energy sector.



[More details here]



Sparking a Worldwide Energy Revolution is the first and only book to combine systematic analysis with stories of concrete developments and struggles within the global energy sector. From the social struggles at the heart of the existing, predominantly fossil fuel-based, energy sector to the emerging alliances, conflicts, and hierarchies that have come to define the globally-expanding renewable energy sector, this impressive collection ultimately poses the question of whether a transition to a new energy system will take place within the framework of capitalism, or as part of a wider process of building new social relations which seek to go beyond capitalism, as part of a collective search for an emancipatory way out of the worst economic-financial, and increasingly political, crisis since the Great Depression.

Sparking a Worldwide Energy Revolution includes over 50 chapters, written by people from approximately 20 countries in North and South America, the Caribbean, Europe, Africa, and Asia. All contributors are organizers and researchers with years of experience in different strategic locations within the world-wide energy sector. The book forms a collective map, based on the view as seen from some of the many different actors within the energy sector.



[More details here]

Sunday 6 February 2011

Depois do Melao...





(*) Bom dia Consumidores angolanos,

Estamos perante mais um caso absurdo, relativamente aos preços praticados em Angola.
Desta vez não é um MELÃO DE OURO, mas sim um PÃO DE OURO.
Um alimento que é parte integrante de qualquer cesta básica, para maioria dos cidadãos, custa a módica quantia de 855,00AKZ, ou seja; o equivalente a 9,5USD ou a 6,90 Euros.
Se imaginarmos que uma determinada família-tipo (3 pessoas) consuma 3 “três” pães “BATARD CAMPAGNE” por dia, comprado no INTERMARKET, facilmente chegaremos a conclusão que terão que gastar por mês, 1.178US.
Só para o pequeno-almoço, sem contar com o almoço, lanche e jantar!
Sabendo nós que o salário mínimo em Angola não ultrapassa os 100USD, verificamos que estamos perante um caso digno de um record no Guinness.
A insensibilidade e a falta de bom senso, reinam em Angola impunemente.
Os comerciantes deste país, perderam a vergonha e compraram descaramento avulso.
Caros consumidores, perante esta escalada mórbida de preços não nos restam muitas alternativas.
Perante a inexistência de mecanismos funcionais que defendam os consumidores angolanos, resta-nos apenas utilizar esta “arma” (internet), para denunciarmos atitudes semelhantes.
Por favor, enviem esta denúncia para todos os endereços que puderem, para que se possa dar a conhecer ao mundo o que se passa em Angola.



*(Mensagem nao assinada recebida por email)


Post relacionado:

Ganda Melao







COMENTARIO

Eu diria que este e' um caso que nao nos pode deixar indiferentes, porque em nenhuma parte do mundo (seguramente nao em Angola e certamente nao em Luanda, onde, "a bem ou a mal", nao deixam de se encontrar os ingredientes para o fabrico do pao) se justifica a pratica de tais precos. A menos que esse pao seja importado - caso em que esses precos muito menos se justificam, porque nao ha' nenhum pao no mundo melhor, mais valioso, nem mais apetecivel do que o pao fresco a sair (ou quase) do forno... sobre isso, dei aqui um cheirinho...

Essa e' uma questao. Outra, talvez menos evidente, e' que talvez esse preco nao reflicta realmente as "forcas do mercado" ditadas pela procura e oferta de pao (veja-se como esse mercado se vem comportando de ha' uns tempos a esta parte, por exemplo aqui) mas sim outras "forcas" ou relacoes de "poder aquisitivo" menos relacionadas com os mecanismos de mercado de per se e mais com os mecanismos de demarcacao/exclusao social que veem caracterizando o processo de estratificacao social e consolidacao do poder (sobretudo o de compra) das novas elites angolanas - e aqui incluem-se tanto "novos" como "velhos" ricos... Afinal, comprar um pao no Intermarket ou um melao na Loja dos Frescos nao pode ser igual (leia-se "valer ou custar tanto"), em termos de status social, a comprar-se exactamente o mesmo pao, ou o mesmo melao (ou equivalentes) a porta de casa, na rua, na padaria ou deposito de pao locais, ou produzi-los em casa!

Parece, portanto, haver aqui um processo de formacao de precos inflacionados por um mark-up associado a um premium determinado pela cada vez mais vincada diferenciacao economico-social que se vem verificando actualmente em Angola. Nessa medida, se manifestacoes populares, ou accoes judiciais, contra os estabelecimentos comerciais que vendem meloes e paes "de ouro" poderao demonstrar-se "equivocadas", "mal direccionadas", ou improdutivas no sentido de se obterem quaisquer possiveis mudancas nessas praticas, a verdade e' que, a verificarem-se, elas reflectirao algo muito mais profundo do que apenas o "choque" imediato que esses precos nos possam provocar - desde logo porque e' apenas uma infima minoria da populacao que a tais estabelecimentos pode aceder (..."eles nao sao para quem quer, ou seja, nao sao para todo o mundo"...) e que teria algo de real e palpavel a ganhar nas suas vidas quotidianas concretas com tais accoes.

E' que... esse nao faz parte dos "mais importantes problemas do povo"! Este, quando nao tem pao e nao o pode ou sabe fazer, come makezu, matete, ngongwenha, kikwanga, mandioca cozida, ou milho ou bombo' assado... tudo coisa muito boa e nutritiva!





(*) Bom dia Consumidores angolanos,

Estamos perante mais um caso absurdo, relativamente aos preços praticados em Angola.
Desta vez não é um MELÃO DE OURO, mas sim um PÃO DE OURO.
Um alimento que é parte integrante de qualquer cesta básica, para maioria dos cidadãos, custa a módica quantia de 855,00AKZ, ou seja; o equivalente a 9,5USD ou a 6,90 Euros.
Se imaginarmos que uma determinada família-tipo (3 pessoas) consuma 3 “três” pães “BATARD CAMPAGNE” por dia, comprado no INTERMARKET, facilmente chegaremos a conclusão que terão que gastar por mês, 1.178US.
Só para o pequeno-almoço, sem contar com o almoço, lanche e jantar!
Sabendo nós que o salário mínimo em Angola não ultrapassa os 100USD, verificamos que estamos perante um caso digno de um record no Guinness.
A insensibilidade e a falta de bom senso, reinam em Angola impunemente.
Os comerciantes deste país, perderam a vergonha e compraram descaramento avulso.
Caros consumidores, perante esta escalada mórbida de preços não nos restam muitas alternativas.
Perante a inexistência de mecanismos funcionais que defendam os consumidores angolanos, resta-nos apenas utilizar esta “arma” (internet), para denunciarmos atitudes semelhantes.
Por favor, enviem esta denúncia para todos os endereços que puderem, para que se possa dar a conhecer ao mundo o que se passa em Angola.



*(Mensagem nao assinada recebida por email)


Post relacionado:

Ganda Melao







COMENTARIO

Eu diria que este e' um caso que nao nos pode deixar indiferentes, porque em nenhuma parte do mundo (seguramente nao em Angola e certamente nao em Luanda, onde, "a bem ou a mal", nao deixam de se encontrar os ingredientes para o fabrico do pao) se justifica a pratica de tais precos. A menos que esse pao seja importado - caso em que esses precos muito menos se justificam, porque nao ha' nenhum pao no mundo melhor, mais valioso, nem mais apetecivel do que o pao fresco a sair (ou quase) do forno... sobre isso, dei aqui um cheirinho...

Essa e' uma questao. Outra, talvez menos evidente, e' que talvez esse preco nao reflicta realmente as "forcas do mercado" ditadas pela procura e oferta de pao (veja-se como esse mercado se vem comportando de ha' uns tempos a esta parte, por exemplo aqui) mas sim outras "forcas" ou relacoes de "poder aquisitivo" menos relacionadas com os mecanismos de mercado de per se e mais com os mecanismos de demarcacao/exclusao social que veem caracterizando o processo de estratificacao social e consolidacao do poder (sobretudo o de compra) das novas elites angolanas - e aqui incluem-se tanto "novos" como "velhos" ricos... Afinal, comprar um pao no Intermarket ou um melao na Loja dos Frescos nao pode ser igual (leia-se "valer ou custar tanto"), em termos de status social, a comprar-se exactamente o mesmo pao, ou o mesmo melao (ou equivalentes) a porta de casa, na rua, na padaria ou deposito de pao locais, ou produzi-los em casa!

Parece, portanto, haver aqui um processo de formacao de precos inflacionados por um mark-up associado a um premium determinado pela cada vez mais vincada diferenciacao economico-social que se vem verificando actualmente em Angola. Nessa medida, se manifestacoes populares, ou accoes judiciais, contra os estabelecimentos comerciais que vendem meloes e paes "de ouro" poderao demonstrar-se "equivocadas", "mal direccionadas", ou improdutivas no sentido de se obterem quaisquer possiveis mudancas nessas praticas, a verdade e' que, a verificarem-se, elas reflectirao algo muito mais profundo do que apenas o "choque" imediato que esses precos nos possam provocar - desde logo porque e' apenas uma infima minoria da populacao que a tais estabelecimentos pode aceder (..."eles nao sao para quem quer, ou seja, nao sao para todo o mundo"...) e que teria algo de real e palpavel a ganhar nas suas vidas quotidianas concretas com tais accoes.

E' que... esse nao faz parte dos "mais importantes problemas do povo"! Este, quando nao tem pao e nao o pode ou sabe fazer, come makezu, matete, ngongwenha, kikwanga, mandioca cozida, ou milho ou bombo' assado... tudo coisa muito boa e nutritiva!

Morro do Semba (IV) [Updated] R*



Legitimo herdeiro, natural e musical, de seu lendario pai, Liceu Vieira Dias, e' de Carlitos Vieira Dias que trago As Vozes de Um Canto para este Morro do Semba.




Carlitos Vieira Dias é um nome estreitamente ligado à renovação estética da guitarra angolana, e personalizou um estilo que facilmente o identifica. Colado às harmonias e ao fraseado dissonante característico do jazz, introduziu novas sonoridades à estrutura tradicional de execução do semba que, até então, nunca se emancipara dos acordes naturais. É um longo processo que vem das experiências rítmicas da guitarra do Ngola Ritmos, com Liceu Vieira Dias, Nino Ndongo e José Maria.



[Birin Birin]


Reconhece-se na sonoridade do guitarrista a alma de um povo e o som cadenciado de uma música que pretende dialogar com o mundo. Ele é a soma artística de vários indivíduos musicais, um perfil que o coloca, de forma inequívoca, na vanguarda da Música Popular Angolana.




[Palame']





[Serao igualmente de notar as suas ligacoes ao 'Jazz do Norte', atraves da sua colaboracao, entre outros, com Teta Lando, a que talvez nao seja totalmente alheio o facto de seu falecido pai, Liceu Vieira Dias, ter nascido no Kongo Kinshasa.]



[Marçalina]


[Colonial]

Carlitos Vieira Dias pertence a uma época em que eclodiam, em Luanda, e um pouco por todo o país, as formações de rock. Era o tempo dos “Electrónicos” do Zezinho de Andrade e Vun-Vun, “Os Rock’s” do Eduardo do Nascimento, Os Manos Saraiva e “Os Jovens” do Mário Bento e Tino Catela. A esse movimento, designado de “música moderna”, Carlitos Vieira Dias teve sempre uma distância prudente, porque tinha a consciência e a percepção da força dos ritmos angolanos. Era a adopção de uma filosofia estética, assente na valorização e estilização dos padrões da rítmica angolana. No quadro da integração de Carlitos Vieira Dias no “África Show”, de 1969 a 1971, surge o encontro com Alberto Teta Lando – um dos períodos mais criativos do guitarrista. Deste encontro, uma das fases mais belas e prolíferas de Alberto Teta Lando, resultou a gravação de “Kimbemba”, “Luvuamu”, entre outros temas, e do álbum “Independência” (1974), com o agrupamento “Os Merengues”.



[Passo do Sangazuza]


[Tabernáculo]



“As vozes de um canto” é, inequivocamente, uma referência na carreira musical de Carlitos Vieira Dias e na história da música angolana, um CD onde se alinham os temas: Birin-birin, Palamé, Marçalina, Lemba, Colonial, Clube Marítimo Africano, Passo do Sangazuza, Nzala, Mukajame e Eme ngui mona ngola, consagrando o guitarrista num importante intérprete, num álbum em que o autor revisita clássicos da Música Popular Angolana.



[Eme Ngui Mona Ngola]


[Texto parcialmente adaptado daqui]


*Postado inicialmente a 22/12/10



Legitimo herdeiro, natural e musical, de seu lendario pai,
Liceu Vieira Dias, e' de Carlitos Vieira Dias que trago As Vozes de Um Canto para este Morro do Semba.




Carlitos Vieira Dias é um nome estreitamente ligado à renovação estética da guitarra angolana, e personalizou um estilo que facilmente o identifica. Colado às harmonias e ao fraseado dissonante característico do jazz, introduziu novas sonoridades à estrutura tradicional de execução do semba que, até então, nunca se emancipara dos acordes naturais. É um longo processo que vem das experiências rítmicas da guitarra do Ngola Ritmos, com Liceu Vieira Dias, Nino Ndongo e José Maria.



[Birin Birin]


Reconhece-se na sonoridade do guitarrista a alma de um povo e o som cadenciado de uma música que pretende dialogar com o mundo. Ele é a soma artística de vários indivíduos musicais, um perfil que o coloca, de forma inequívoca, na vanguarda da Música Popular Angolana.




[Palame']





[Serao igualmente de notar as suas ligacoes ao 'Jazz do Norte', atraves da sua colaboracao, entre outros, com Teta Lando, a que talvez nao seja totalmente alheio o facto de seu falecido pai, Liceu Vieira Dias, ter nascido no Kongo Kinshasa.]



[Marçalina]


[Colonial]

Carlitos Vieira Dias pertence a uma época em que eclodiam, em Luanda, e um pouco por todo o país, as formações de rock. Era o tempo dos “Electrónicos” do Zezinho de Andrade e Vun-Vun, “Os Rock’s” do Eduardo do Nascimento, Os Manos Saraiva e “Os Jovens” do Mário Bento e Tino Catela. A esse movimento, designado de “música moderna”, Carlitos Vieira Dias teve sempre uma distância prudente, porque tinha a consciência e a percepção da força dos ritmos angolanos. Era a adopção de uma filosofia estética, assente na valorização e estilização dos padrões da rítmica angolana. No quadro da integração de Carlitos Vieira Dias no “África Show”, de 1969 a 1971, surge o encontro com Alberto Teta Lando – um dos períodos mais criativos do guitarrista. Deste encontro, uma das fases mais belas e prolíferas de Alberto Teta Lando, resultou a gravação de “Kimbemba”, “Luvuamu”, entre outros temas, e do álbum “Independência” (1974), com o agrupamento “Os Merengues”.



[Passo do Sangazuza]


[Tabernáculo]



“As vozes de um canto” é, inequivocamente, uma referência na carreira musical de Carlitos Vieira Dias e na história da música angolana, um CD onde se alinham os temas: Birin-birin, Palamé, Marçalina, Lemba, Colonial, Clube Marítimo Africano, Passo do Sangazuza, Nzala, Mukajame e Eme ngui mona ngola, consagrando o guitarrista num importante intérprete, num álbum em que o autor revisita clássicos da Música Popular Angolana.



[Eme Ngui Mona Ngola]


[Texto parcialmente adaptado daqui]


*Postado inicialmente a 22/12/10

Thursday 3 February 2011

Imperial Leather: Sexo, Raca, Genero e Poder




Continuando um pouco na senda da exploracao das relacoes de poder entre raca, genero e sexualidade, em contextos coloniais e post-coloniais (recentemente abordadas aqui e aqui), uma breve apresentacao da traducao para portugues, quinze anos depois da sua primeira edicao em ingles (... no seculo passado...), da obra Imperial Leather: Race, Gender, and Sexuality in the Colonial Context (Routledge, 1995), de Anne McClintock (Simone de Beauvoir Professor of English and Women’s and Gender Studies at UW-Madison).

O titulo em portugues, Couro Imperial: Raça, gênero e sexualidade no embate colonial (Unicamp, Brasil, 2010), apesar de traducao literalmente correcta (embora do subtitulo ja' nao se possa dizer o mesmo perante a traducao de context para embate...), infelizmente nao captura totalmente o seu sentido mais profundo em ingles (dir-se-ia que se trata aqui de um caso de lost in translation) – Imperial Leather e’ o nome de uma conhecida marca britanica de cosmeticos (especialmente sabonete) da epoca Victoriana que se continua a produzir e a comercializar ate’ hoje.



Ora, uma vertente fundamental desta obra (alias, retratada na imagem da sua capa e perspicazmente comentada aqui) e', num contexto em que a cor de pele escura e' associada a sujidade, a 'historia sexual e social da higiene corporal' (ou 'falta dela') e o 'papel civilizador do sabonete' (com um enfoque especial na sua publicidade - para uma breve historia em imagens da representacao de negros em publicidade no UK, ver aqui), aos quais a autora dedica explicitamente dois capitulos, o que da’ o titulo ao livro e um outro entitulado “Soft-Soaping Empire: Commodity Racism and Imperial Advertising.”


[Uma nota que nao posso deixar de fazer aqui, foi o quanto me impressionou, numa das sessoes de historia por literatura oral que a minha avo materna me transmitiu, ela mencionar como, nos relatos sobre os primeiros encontros com 'os brancos (portugueses)', estes "cheiravam muito mal"!... O que pode ser atribuido tanto as diferencas de percepcao sensorial do estranho ('o outro'), fenotipicas ou culturais, como ao facto de tais 'brancos' chegarem ao contacto com os 'negros' (... os hoje malfadados "indigenas", "autoctones", ou "genuinos"...) depois de longas viagens em caravelas sem condicoes aceitaveis de higiene e salubridade (sendo que o seu pais de origem 'a epoca tambem nao era particularmente conhecido pelos "mais elevados standards" sanitarios...) e, uma vez desembarcados, fazerem por vezes longas viagens por zonas nao habitadas ate' chegarem ao contacto directo com os ditos "autoctones"...]


Uma outra dimensao que esta obra coloca, sem remissao, na consciencia de todos quantos a isso se possam prestar, e' a dos direitos reprodutivos da mulher e o seu controlo do proprio corpo: e.g. deixando, de momento, de parte a (falsa?) questao do sacrossanto matrimonio, "quantas 'crias' tem uma 'femea' que parir para poder ser considerada uma 'senhora respeitavel' pela 'sociedade', ou seja, pelos 'homens respeitaveis'" e, correlativa mas cinicamente, "terao tais 'crias' que ser forcosamente do mesmo 'macho'"?

[Clique nas imagens para as ampliar]



Associada aquela dimensao, ha' uma outra abordagem que este livro nos permite: o processo de transferencia, numa sociedade escravocrato-colonial, dos deveres maternais da mulher branca para a escrava/ama-seca negra - o que nos remete, na era 'post-colonial' ou 'post-moderna', para questoes como as afloradas aqui ou aqui...

[imagem daqui]

... Ou, mais recentemente, para o decadente, deprimente, aviltante, degradante e revoltante "espectaculo contemporaneo" de uma filha da 'ex-burguesia colonial' (?), ninfa branca racista supremacista de extrema direita, retardada, ridicula, quase cinquentona, mae solteira de uma unica(?!) filha mulata (va-se la' saber de quem...), nos seus doentios, obscenos, amorais e imorais jogos de seducao de homens negros (...ou quase...), movida, na sua patologica (i)logica do p(h)oder, apenas por inveja, odio, ciume, possessividade e lascivia (veja-se, a este proposito, o seu perfil aqui...), tentando perversa, intrusiva e abusivamente impor/transferir os seus 'desejos frustrados/reprimidos de procriacao em serie' (deste tipo...) para a mulher que ela fantasia ser sua escrava: a negra!


Ou, a falta de melhor, ou mais excitante fantasia, dada a sua mais do que evidente falta de qualquer resquicio de respeitabilidade ou caracter, tentando transforma-la naquilo que ela realmente e': 'lesbica', 'homosexual' ou 'homem em corpo de mulher' (ou sera' 'mulher em corpo de homem' - afinal para que serve a mulher (especialmente a negra) senao para parir?!)...


Patetice... So'?!


[imagem daqui]

Para terminar, destaco da obra (parcialmente reproduzida no 'inserto' abaixo), que em termos metodologicos recorre fundamentalmente a psicanalise, a seguinte passagem:


"A vasta e fraturada arquitetura do imperialismo era eivada de gênero e atravessada pelo fato de que os homens brancos faziam e executavam as leis e políticas de seu próprio interesse. Ainda assim, os privilégios de raça com frequência colocavam as mulheres brancas em posição de poder - ainda que emprestado - não só sobre as mulheres colonizadas, mas também sobre os homens colonizados. Como tais, as mulheres brancas não eram as infelizes passantes do império, mas as cúmplices ambíguas, tanto como colonizadoras quanto como colonizadas, privilegiadas e restringidas, fossem passivas ou ativas."





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Continuando um pouco na senda da exploracao das relacoes de poder entre raca, genero e sexualidade, em contextos coloniais e post-coloniais (recentemente abordadas aqui e aqui), uma breve apresentacao da traducao para portugues, quinze anos depois da sua primeira edicao em ingles (... no seculo passado...), da obra Imperial Leather: Race, Gender, and Sexuality in the Colonial Context (Routledge, 1995), de Anne McClintock (Simone de Beauvoir Professor of English and Women’s and Gender Studies at UW-Madison).

O titulo em portugues, Couro Imperial: Raça, gênero e sexualidade no embate colonial (Unicamp, Brasil, 2010), apesar de traducao literalmente correcta (embora do subtitulo ja' nao se possa dizer o mesmo perante a traducao de context para embate...), infelizmente nao captura totalmente o seu sentido mais profundo em ingles (dir-se-ia que se trata aqui de um caso de lost in translation) – Imperial Leather e’ o nome de uma conhecida marca britanica de cosmeticos (especialmente sabonete) da epoca Victoriana que se continua a produzir e a comercializar ate’ hoje.



Ora, uma vertente fundamental desta obra (alias, retratada na imagem da sua capa e perspicazmente comentada aqui) e', num contexto em que a cor de pele escura e' associada a sujidade, a 'historia sexual e social da higiene corporal' (ou 'falta dela') e o 'papel civilizador do sabonete' (com um enfoque especial na sua publicidade - para uma breve historia em imagens da representacao de negros em publicidade no UK, ver aqui), aos quais a autora dedica explicitamente dois capitulos, o que da’ o titulo ao livro e um outro entitulado “Soft-Soaping Empire: Commodity Racism and Imperial Advertising.”


[Uma nota que nao posso deixar de fazer aqui, foi o quanto me impressionou, numa das sessoes de historia por literatura oral que a minha avo materna me transmitiu, ela mencionar como, nos relatos sobre os primeiros encontros com 'os brancos (portugueses)', estes "cheiravam muito mal"!... O que pode ser atribuido tanto as diferencas de percepcao sensorial do estranho ('o outro'), fenotipicas ou culturais, como ao facto de tais 'brancos' chegarem ao contacto com os 'negros' (... os hoje malfadados "indigenas", "autoctones", ou "genuinos"...) depois de longas viagens em caravelas sem condicoes aceitaveis de higiene e salubridade (sendo que o seu pais de origem 'a epoca tambem nao era particularmente conhecido pelos "mais elevados standards" sanitarios...) e, uma vez desembarcados, fazerem por vezes longas viagens por zonas nao habitadas ate' chegarem ao contacto directo com os ditos "autoctones"...]


Uma outra dimensao que esta obra coloca, sem remissao, na consciencia de todos quantos a isso se possam prestar, e' a dos direitos reprodutivos da mulher e o seu controlo do proprio corpo: e.g. deixando, de momento, de parte a (falsa?) questao do sacrossanto matrimonio, "quantas 'crias' tem uma 'femea' que parir para poder ser considerada uma 'senhora respeitavel' pela 'sociedade', ou seja, pelos 'homens respeitaveis'" e, correlativa mas cinicamente, "terao tais 'crias' que ser forcosamente do mesmo 'macho'"?

[Clique nas imagens para as ampliar]



Associada aquela dimensao, ha' uma outra abordagem que este livro nos permite: o processo de transferencia, numa sociedade escravocrato-colonial, dos deveres maternais da mulher branca para a escrava/ama-seca negra - o que nos remete, na era 'post-colonial' ou 'post-moderna', para questoes como as afloradas aqui ou aqui...

[imagem daqui]

... Ou, mais recentemente, para o decadente, deprimente, aviltante, degradante e revoltante "espectaculo contemporaneo" de uma filha da 'ex-burguesia colonial' (?), ninfa branca racista supremacista de extrema direita, retardada, ridicula, quase cinquentona, mae solteira de uma unica(?!) filha mulata (va-se la' saber de quem...), nos seus doentios, obscenos, amorais e imorais jogos de seducao de homens negros (...ou quase...), movida, na sua patologica (i)logica do p(h)oder, apenas por inveja, odio, ciume, possessividade e lascivia (veja-se, a este proposito, o seu perfil aqui...), tentando perversa, intrusiva e abusivamente impor/transferir os seus 'desejos frustrados/reprimidos de procriacao em serie' (deste tipo...) para a mulher que ela fantasia ser sua escrava: a negra!


Ou, a falta de melhor, ou mais excitante fantasia, dada a sua mais do que evidente falta de qualquer resquicio de respeitabilidade ou caracter, tentando transforma-la naquilo que ela realmente e': 'lesbica', 'homosexual' ou 'homem em corpo de mulher' (ou sera' 'mulher em corpo de homem' - afinal para que serve a mulher (especialmente a negra) senao para parir?!)...


Patetice... So'?!


[imagem daqui]

Para terminar, destaco da obra (parcialmente reproduzida no 'inserto' abaixo), que em termos metodologicos recorre fundamentalmente a psicanalise, a seguinte passagem:


"A vasta e fraturada arquitetura do imperialismo era eivada de gênero e atravessada pelo fato de que os homens brancos faziam e executavam as leis e políticas de seu próprio interesse. Ainda assim, os privilégios de raça com frequência colocavam as mulheres brancas em posição de poder - ainda que emprestado - não só sobre as mulheres colonizadas, mas também sobre os homens colonizados. Como tais, as mulheres brancas não eram as infelizes passantes do império, mas as cúmplices ambíguas, tanto como colonizadoras quanto como colonizadas, privilegiadas e restringidas, fossem passivas ou ativas."





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