Saturday 28 April 2012

Da “Usurpacao” de Mandela 'a “Expiacao” de Malema (Revisto e Actualizado)…


A "usurpacao" de Mandela: e’ um fenomeno tao “velho” quanto a sua libertacao e a forma como “urdiu” a Rainbow Nation – portanto, um fenomeno “velho” de pelo menos 20 anos. A este proposito, lembro-me de naquele ja’ longinquo ano de 1990, por altura do falecimento de Mario Pinto de Andrade (outro grande “usurpado”, ou “apropriado”, em certas esferas…) alguns meses depois da libertacao de Mandela, ter escrito algo em que tentava capturar o espirito daquele momento historico atraves dos seus “olhos que brilhavam”

Mas, voltando ao tempo presente, em que consiste tal “usurpacao”, ou, se se preferir, “apropriacao” ou “coisificacao”?

De alguns dos seus aspectos mais “mercantis” falei aqui um pouco; sobre outros, mais perturbadores, debrucei-me aqui e aqui. Mas quando, ainda sob o signo da passagem de mais um aniversario do 25 de Abril, nos chega a noticia da expulsao definitiva de Julius Malema do ANC, sao outros os aspectos desse fenomeno que me trazem a este apontamento.
Mais concretamente, este:


“O Congresso Nacional Africano decidiu expulsar das suas fileiras o líder juvenil Julius Malema. De jovem político promissor, Malema transformou-se num carrossel de embaraços para o ANC e para a governação do Presidente Jacob Zuma ao tomar posições radicais e proferir discursos incendiários que aumentaram as tensões sociais e raciais na África do Sul. Um dos momentos de maior polémica, de que a imprensa fez eco, está relacionado com os pronunciamentos feitos por Malema na sequência da morte do líder da extrema-direita sul-africana, Eugene Terreblanche. O líder juvenil do ANC retomou uma canção do tempo da luta armada para incitar os jovens à violência contra os boers, incompatível com os desejos de uma África do Sul reconciliada e com os grandes princípios defendidos por Nelson Mandela e seguidos pelos líderes do ANC. Malema, tal como outros tantos cultores do radicalismo “puro e duro”, esqueceu-se que os tempos mudaram e que a defesa da confrontação pela confrontação não constrói uma nação.”

[aqui]


Pessoa proxima da “minha amiga” lembrar-se-a’ de uma longa conversa que tivemos a caminho da Kissama na ultima vez que estive em Luanda, faz agora tres anos. Passando por cima de alguns detalhes, o que para aqui interessara’ e’ que falavamos de Zuma vs. Mbeki, passando pela carta que este dirigira aquele aqui mencionada e pelo papel da ‘jota’ do ANC, e muito especialmente do seu lider, Julius Malema (por sinal, alguns meses mais novo que o meu filho…), na campanha que acabou por levar ‘a demissao de Mbeki e 'a elevacao de Zuma 'a Presidencia da Africa do Sul.


Pelo meio mencionei o episodio (… de “usurpacao” de Mandela…) em que, estando eu residindo na altura no campus da Universidade de Stellenbosch quando o meu interlocutor la’ me visitara algumas semanas antes, presenciei, sem que na altura me tivesse dado conta da verdadeira dimensao daquele acontecimento, os preparativos de um celebre comicio de Zuma para o qual os seus apoiantes, liderados por Malema, tinham alegadamente ido “raptar” Mandela de sua casa, onde se encontrava doente, para o apresentarem “as massas” como seu apoiante… E terminei entao os meus argumentos com esta frase: “e tudo porque Mbeki, por comparacao com qualquer deles, e’ um democrata!”


Mas… acontece que Mbeki estava a ser acusado de ser um “lacaio do neo-liberalismo” (... ring any bells?...) pelos apoiantes de Zuma, com Malema ‘a cabeca, no que eram secundados por
Moeletsi Mbeki, irmao de Thabu Mbeki (…classic sibling rivalry…) – este na altura “altamente aplaudido” por um outro “meu kamba” angolano, por manifestar uma postura ostensivamente “pro-recolonizacao”, ou, mais contextualizadamente, “pro-apartheid”, porque, dizia ele, “pelo menos os brancos construiram estradas!”…


 Bom, nao sei o que terao a dizer agora, quer o irmao de Mbeki, quer o "meu kamba angolano", das estradas construidas em tempo record pelos Chineses em Angola sob a lideranca de Jose’ Eduardo dos Santos, para alem, possivelmente, de que “sao de ma’ qualidade”… talvez que “os Chineses nao sao brancos e sao comunistas”?... Ou que Jose’ Eduardo dos Santos “nao e’ um neo-liberal”?!...

Quaisquer que sejam as respostas, reafirmo o que aqui e noutros lugares venho repetindo: nao se pode transportar levemente a historia de um pais para outro.

Ha’, no entanto, aqui algumas similaridades: tal como nao fui eu quem criou o Milhorro’ ou o Venda Poro, nao foi Malema quem criou a cancao da luta de libertacao do ANC "Ayasab' amagwala" (os cobardes estao amedrontados), da qual ele cantou o refrao "dubhula ibhunu" (dispara contra o boer) - e, precisamente por isso, apesar de ele ter sido acusado de “hate speech” e condenado em tribunal por a ter cantado, o ANC logo em seguida apelou a decisao do tribunal...

E, venhamos e convenhamos, ha' uma grande diferenca entre o "vao-se embora" do Milhorro', ou entre os "mindele" de que se fala no Venda Poro e a incitacao 'a "morte ao boer"! Mas parece que ja' estivemos mais longe de ver essas nossas cancoes populares de resistencia acusadas de constituirem “hate speech” e banidas em Angola... tal como o 'fado' destinado ao Kuduro que apenas ainda nao se concretizou devido a atencao que tem vindo a granjear um pouco por todo o mundo!...


E… tal como nao fui eu quem formulou e implementou a descolonizacao e as politicas de nacionalizacoes ou da Angolanizacao, tambem nao foi Malema quem formulou e implementou
 o fim do apartheid e o inicio da politica de ‘Black Economic Empowerment’!...
Mas, mas nao se trata aqui de Historia, trata-se tao somente daquilo a que designo “Afrika Politics” - no seu pior!...


E nao pretendendo desculpabilizar Malema pelos seus excessos (certamente nao da acusacao paralela de “enriquecimento ilicito” que lhe e’ imputada - de que, convem nao esquecer, Zuma tambem foi bastamente acusado, investigado e indiciado antes de assumir a Presidencia!...), o facto e’ que se ele se tornou um “radical”, tanto contra Terreblanche, como contra Mbeki e, mais recentemente, contra o proprio Zuma, o facto e’ que ele foi instrumental na ascensao desses dois lideres, e especialmente de Zuma (... por quem ele afirmara em 2008 ser "capaz de matar"!...), a Presidencia do ANC e da Africa do Sul.
Mais: os analistas mais atentos afirmam que se Malema e' um "embaraco" para alguem, esse alguem nao e' o ANC, mas apenas Zuma, que, ao livrar-se dele ve agora o caminho completamente desimpedido para mais um mandato!...


E, nessa medida, ao ser expulso do ANC “por ordem” de Zuma, Malema tera’ sido apenas um "bode expiatorio" e mais um simbolo de uma geracao kruxifikada, enfim, um peao descartavel num tenebroso jogo de xadrez, sacrificado em favor dos “reis, rainhas, bispos, torres e cavalos” do verdadeiro poder em Afrika: o dos “mais velhos” – mas nao o Mandela ou os nossos respeitaveis, sabios e protectores Mbuta Muntu tal como tradicionalmente os conhecemos, nao: os “moderna, progressista e democraticamente” feitos prisioneiros das suas importadas (e mui mutantes) “conviccoes ideologicas” de todas as latitudes de esquerda e de direita!...

Como ele proprio aqui argumenta:

"So you ask yourself, where is the logic here? What are the real issues? Are we really dealing with charges?" "The reason I do not have nightmares and the reason I do not have regret, the reason why I'm not personally hating, is because I've not done anything wrong". "I've not stabbed a person. I've not been charged with rape. I've not been charged for corruption. I've not been charged for organising factional meetings, and benefitting my own family. I'm not charged about those things. I'm charged about what has been written in the resolutions of the youth league." "Those opposed to the youth league want to plant divisions in the ANC. Those forces... are working day and night to undermine economic freedom." "Those people" are monopoly capital working in the media and in the ANC. "Some of them are in the pockets of white capitalists."
"I am ready to leave the ANCYL. The new ANCYL president will have to continue with the resolutions already adopted. And when that leader pronounces on them, he will also be expelled."



Porque a verdade “pura e dura” e’ que Terreblanche era um neo-nazi que acusava De Klerk de "traicao ao seu proprio povo (leia-se, os boers) por ter libertado Mandela e ter-lhe dado a mao" e que cometeu crimes hediondos e proferiu ad nauseum hate speech (!) contra os Sul-Africanos negros e que acabou sendo vitima do seu proprio extremo racismo!...  E nao consta que Mandela alguma vez o tivesse apoiado!... E nao e' seguramente com a impunidade de supremacistas brancos de extrema direita que se constroem Nacoes - certamente nao Nacoes Africanas!

Porque a verdade “pura e dura” e’ que, se o chamado “racismo negro” e’ tao condenavel quanto qualquer outra forma de racismo (... e eu, que tenho sido vitima um pouco de todos eles, que o diga!...), nao e’ menos condenavel a demissao por parte das geracoes mais velhas, acomodadas, apegadas ou aspirantes ao poder, das suas responsabilidades historicas (das quais apenas se "lembram" trungungueiramente quando se trata de reclamar dividendos, premios, galardoes, benesses e toda a sorte de previlegios financeiros, materiais e imateriais... ou quando se trata de angariar votos junto "da nossa juventude"!...) ou, ja' agora, tambem quantas vezes das suas responsabilidades paternais e familiares (note-se que Malema e' filho de uma mae solteira...) e a vitimizacao e o abandono das geracoes mais jovens ao seu proprio destino e aos seus proprios recursos de sobrevivencia como seres humanos condignos em todas as esferas da vida social, economica e politica nas eras pos-colonial e pos-apartheid, apenas por, alegadamente, terem "ideias diferentes das deles e desajustadas do momento que estao a viver"!...

E nesse jogo de os "mais velhos" sacudirem a agua (suja) do capote para cima dos outros e, muito particular, irresponsavel e cobardemente, dos mais vulneraveis na sociedade como os jovens e as mulheres, mesmo que sejam orfaos e viuvas, nao e' por acaso que quem agora se arvora em meu algoz na blogosfera, no facebook e noutras esferas mediaticas, sociais e politicas, se trata de alguem (tal como outros tantos filhos da "Mae dos Atrasados Mentais") com a necessidade ingente de se livrar a qualquer preco (e...'a minha custa!...) do estigma de "racismo negro" associado ao 27 de Maio de 1977 com o qual nunca tive nada a ver - necessidade essa particularmente exacerbada pelo facto de ser mestico!... Muito embora nao se faca rogado em "colher os dividendos" de "vitima" desse mesmo 27 de Maio - como foi o caso da minha atencao, compreensao e comiseracao ate' deixar de ter duvidas quanto as suas "true colours"!...
No que tem sido (...pelo menos ate' agora...) muito bem sucedido!...
Veja-se aqui, aqui, aqui e aqui...

E se e' assim, tornando pessoas inocentes e bem intencionadas como eu, nao so' vitimas de racismo, como do seu proprio nao racismo, que se constroi a Nacao Angolana, entao lamento nao ter outro remedio senao continuar a caracteriza-la como "Terra Queimada"!...

Termino com este extracto de um artigo escrito por um outro lider juvenil:

"As far as Malema is concerned, this shameful state of affairs is ample proof that the ANC is betraying its own history, its own promises and its own Charter. It’s a warning that only those benefiting from the status quo can afford to ignore. 


Whatever his rights and wrongs, Julius Malema is not the enemy. Poverty is. 


The unequal distribution of resources is the real issue and the ANC is doing itself a considerable disservice by pretending otherwise. Soon, the frustrations of the people will fester and the ANC will have nowhere to hide. Then they will think of Malema’s gospel, but it might be too little too late to repent. The unpalatable truth is that the ANC still has some major issues to address in South Africa. Instead of condemning Malema, they should have rallied behind him to extract more concessions from the small minority that still controls the land and the resources decades after apartheid. 


(...)


 All the more reason to worry when the ANC seeks to silence those willing to draw attention to areas of concern. 


Nelson Mandela, South Africa’s priciest asset, fought for freedom of expression not freedom from expression, freedom of speech not freedom from speech."



A "usurpacao" de Mandela: e’ um fenomeno tao “velho” quanto a sua libertacao e a forma como “urdiu” a Rainbow Nation – portanto, um fenomeno “velho” de pelo menos 20 anos. A este proposito, lembro-me de naquele ja’ longinquo ano de 1990, por altura do falecimento de Mario Pinto de Andrade (outro grande “usurpado”, ou “apropriado”, em certas esferas…) alguns meses depois da libertacao de Mandela, ter escrito algo em que tentava capturar o espirito daquele momento historico atraves dos seus “olhos que brilhavam”

Mas, voltando ao tempo presente, em que consiste tal “usurpacao”, ou, se se preferir, “apropriacao” ou “coisificacao”?

De alguns dos seus aspectos mais “mercantis” falei aqui um pouco; sobre outros, mais perturbadores, debrucei-me aqui e aqui. Mas quando, ainda sob o signo da passagem de mais um aniversario do 25 de Abril, nos chega a noticia da expulsao definitiva de Julius Malema do ANC, sao outros os aspectos desse fenomeno que me trazem a este apontamento.
Mais concretamente, este:


“O Congresso Nacional Africano decidiu expulsar das suas fileiras o líder juvenil Julius Malema. De jovem político promissor, Malema transformou-se num carrossel de embaraços para o ANC e para a governação do Presidente Jacob Zuma ao tomar posições radicais e proferir discursos incendiários que aumentaram as tensões sociais e raciais na África do Sul. Um dos momentos de maior polémica, de que a imprensa fez eco, está relacionado com os pronunciamentos feitos por Malema na sequência da morte do líder da extrema-direita sul-africana, Eugene Terreblanche. O líder juvenil do ANC retomou uma canção do tempo da luta armada para incitar os jovens à violência contra os boers, incompatível com os desejos de uma África do Sul reconciliada e com os grandes princípios defendidos por Nelson Mandela e seguidos pelos líderes do ANC. Malema, tal como outros tantos cultores do radicalismo “puro e duro”, esqueceu-se que os tempos mudaram e que a defesa da confrontação pela confrontação não constrói uma nação.”

[aqui]


Pessoa proxima da “minha amiga” lembrar-se-a’ de uma longa conversa que tivemos a caminho da Kissama na ultima vez que estive em Luanda, faz agora tres anos. Passando por cima de alguns detalhes, o que para aqui interessara’ e’ que falavamos de Zuma vs. Mbeki, passando pela carta que este dirigira aquele aqui mencionada e pelo papel da ‘jota’ do ANC, e muito especialmente do seu lider, Julius Malema (por sinal, alguns meses mais novo que o meu filho…), na campanha que acabou por levar ‘a demissao de Mbeki e 'a elevacao de Zuma 'a Presidencia da Africa do Sul.


Pelo meio mencionei o episodio (… de “usurpacao” de Mandela…) em que, estando eu residindo na altura no campus da Universidade de Stellenbosch quando o meu interlocutor la’ me visitara algumas semanas antes, presenciei, sem que na altura me tivesse dado conta da verdadeira dimensao daquele acontecimento, os preparativos de um celebre comicio de Zuma para o qual os seus apoiantes, liderados por Malema, tinham alegadamente ido “raptar” Mandela de sua casa, onde se encontrava doente, para o apresentarem “as massas” como seu apoiante… E terminei entao os meus argumentos com esta frase: “e tudo porque Mbeki, por comparacao com qualquer deles, e’ um democrata!”


Mas… acontece que Mbeki estava a ser acusado de ser um “lacaio do neo-liberalismo” (... ring any bells?...) pelos apoiantes de Zuma, com Malema ‘a cabeca, no que eram secundados por
Moeletsi Mbeki, irmao de Thabu Mbeki (…classic sibling rivalry…) – este na altura “altamente aplaudido” por um outro “meu kamba” angolano, por manifestar uma postura ostensivamente “pro-recolonizacao”, ou, mais contextualizadamente, “pro-apartheid”, porque, dizia ele, “pelo menos os brancos construiram estradas!”…


 Bom, nao sei o que terao a dizer agora, quer o irmao de Mbeki, quer o "meu kamba angolano", das estradas construidas em tempo record pelos Chineses em Angola sob a lideranca de Jose’ Eduardo dos Santos, para alem, possivelmente, de que “sao de ma’ qualidade”… talvez que “os Chineses nao sao brancos e sao comunistas”?... Ou que Jose’ Eduardo dos Santos “nao e’ um neo-liberal”?!...

Quaisquer que sejam as respostas, reafirmo o que aqui e noutros lugares venho repetindo: nao se pode transportar levemente a historia de um pais para outro.

Ha’, no entanto, aqui algumas similaridades: tal como nao fui eu quem criou o Milhorro’ ou o Venda Poro, nao foi Malema quem criou a cancao da luta de libertacao do ANC "Ayasab' amagwala" (os cobardes estao amedrontados), da qual ele cantou o refrao "dubhula ibhunu" (dispara contra o boer) - e, precisamente por isso, apesar de ele ter sido acusado de “hate speech” e condenado em tribunal por a ter cantado, o ANC logo em seguida apelou a decisao do tribunal...

E, venhamos e convenhamos, ha' uma grande diferenca entre o "vao-se embora" do Milhorro', ou entre os "mindele" de que se fala no Venda Poro e a incitacao 'a "morte ao boer"! Mas parece que ja' estivemos mais longe de ver essas nossas cancoes populares de resistencia acusadas de constituirem “hate speech” e banidas em Angola... tal como o 'fado' destinado ao Kuduro que apenas ainda nao se concretizou devido a atencao que tem vindo a granjear um pouco por todo o mundo!...


E… tal como nao fui eu quem formulou e implementou a descolonizacao e as politicas de nacionalizacoes ou da Angolanizacao, tambem nao foi Malema quem formulou e implementou
 o fim do apartheid e o inicio da politica de ‘Black Economic Empowerment’!...
Mas, mas nao se trata aqui de Historia, trata-se tao somente daquilo a que designo “Afrika Politics” - no seu pior!...


E nao pretendendo desculpabilizar Malema pelos seus excessos (certamente nao da acusacao paralela de “enriquecimento ilicito” que lhe e’ imputada - de que, convem nao esquecer, Zuma tambem foi bastamente acusado, investigado e indiciado antes de assumir a Presidencia!...), o facto e’ que se ele se tornou um “radical”, tanto contra Terreblanche, como contra Mbeki e, mais recentemente, contra o proprio Zuma, o facto e’ que ele foi instrumental na ascensao desses dois lideres, e especialmente de Zuma (... por quem ele afirmara em 2008 ser "capaz de matar"!...), a Presidencia do ANC e da Africa do Sul.
Mais: os analistas mais atentos afirmam que se Malema e' um "embaraco" para alguem, esse alguem nao e' o ANC, mas apenas Zuma, que, ao livrar-se dele ve agora o caminho completamente desimpedido para mais um mandato!...


E, nessa medida, ao ser expulso do ANC “por ordem” de Zuma, Malema tera’ sido apenas um "bode expiatorio" e mais um simbolo de uma geracao kruxifikada, enfim, um peao descartavel num tenebroso jogo de xadrez, sacrificado em favor dos “reis, rainhas, bispos, torres e cavalos” do verdadeiro poder em Afrika: o dos “mais velhos” – mas nao o Mandela ou os nossos respeitaveis, sabios e protectores Mbuta Muntu tal como tradicionalmente os conhecemos, nao: os “moderna, progressista e democraticamente” feitos prisioneiros das suas importadas (e mui mutantes) “conviccoes ideologicas” de todas as latitudes de esquerda e de direita!...

Como ele proprio aqui argumenta:

"So you ask yourself, where is the logic here? What are the real issues? Are we really dealing with charges?" "The reason I do not have nightmares and the reason I do not have regret, the reason why I'm not personally hating, is because I've not done anything wrong". "I've not stabbed a person. I've not been charged with rape. I've not been charged for corruption. I've not been charged for organising factional meetings, and benefitting my own family. I'm not charged about those things. I'm charged about what has been written in the resolutions of the youth league." "Those opposed to the youth league want to plant divisions in the ANC. Those forces... are working day and night to undermine economic freedom." "Those people" are monopoly capital working in the media and in the ANC. "Some of them are in the pockets of white capitalists."
"I am ready to leave the ANCYL. The new ANCYL president will have to continue with the resolutions already adopted. And when that leader pronounces on them, he will also be expelled."



Porque a verdade “pura e dura” e’ que Terreblanche era um neo-nazi que acusava De Klerk de "traicao ao seu proprio povo (leia-se, os boers) por ter libertado Mandela e ter-lhe dado a mao" e que cometeu crimes hediondos e proferiu ad nauseum hate speech (!) contra os Sul-Africanos negros e que acabou sendo vitima do seu proprio extremo racismo!...  E nao consta que Mandela alguma vez o tivesse apoiado!... E nao e' seguramente com a impunidade de supremacistas brancos de extrema direita que se constroem Nacoes - certamente nao Nacoes Africanas!

Porque a verdade “pura e dura” e’ que, se o chamado “racismo negro” e’ tao condenavel quanto qualquer outra forma de racismo (... e eu, que tenho sido vitima um pouco de todos eles, que o diga!...), nao e’ menos condenavel a demissao por parte das geracoes mais velhas, acomodadas, apegadas ou aspirantes ao poder, das suas responsabilidades historicas (das quais apenas se "lembram" trungungueiramente quando se trata de reclamar dividendos, premios, galardoes, benesses e toda a sorte de previlegios financeiros, materiais e imateriais... ou quando se trata de angariar votos junto "da nossa juventude"!...) ou, ja' agora, tambem quantas vezes das suas responsabilidades paternais e familiares (note-se que Malema e' filho de uma mae solteira...) e a vitimizacao e o abandono das geracoes mais jovens ao seu proprio destino e aos seus proprios recursos de sobrevivencia como seres humanos condignos em todas as esferas da vida social, economica e politica nas eras pos-colonial e pos-apartheid, apenas por, alegadamente, terem "ideias diferentes das deles e desajustadas do momento que estao a viver"!...

E nesse jogo de os "mais velhos" sacudirem a agua (suja) do capote para cima dos outros e, muito particular, irresponsavel e cobardemente, dos mais vulneraveis na sociedade como os jovens e as mulheres, mesmo que sejam orfaos e viuvas, nao e' por acaso que quem agora se arvora em meu algoz na blogosfera, no facebook e noutras esferas mediaticas, sociais e politicas, se trata de alguem (tal como outros tantos filhos da "Mae dos Atrasados Mentais") com a necessidade ingente de se livrar a qualquer preco (e...'a minha custa!...) do estigma de "racismo negro" associado ao 27 de Maio de 1977 com o qual nunca tive nada a ver - necessidade essa particularmente exacerbada pelo facto de ser mestico!... Muito embora nao se faca rogado em "colher os dividendos" de "vitima" desse mesmo 27 de Maio - como foi o caso da minha atencao, compreensao e comiseracao ate' deixar de ter duvidas quanto as suas "true colours"!...
No que tem sido (...pelo menos ate' agora...) muito bem sucedido!...
Veja-se aqui, aqui, aqui e aqui...

E se e' assim, tornando pessoas inocentes e bem intencionadas como eu, nao so' vitimas de racismo, como do seu proprio nao racismo, que se constroi a Nacao Angolana, entao lamento nao ter outro remedio senao continuar a caracteriza-la como "Terra Queimada"!...

Termino com este extracto de um artigo escrito por um outro lider juvenil:

"As far as Malema is concerned, this shameful state of affairs is ample proof that the ANC is betraying its own history, its own promises and its own Charter. It’s a warning that only those benefiting from the status quo can afford to ignore. 


Whatever his rights and wrongs, Julius Malema is not the enemy. Poverty is. 


The unequal distribution of resources is the real issue and the ANC is doing itself a considerable disservice by pretending otherwise. Soon, the frustrations of the people will fester and the ANC will have nowhere to hide. Then they will think of Malema’s gospel, but it might be too little too late to repent. The unpalatable truth is that the ANC still has some major issues to address in South Africa. Instead of condemning Malema, they should have rallied behind him to extract more concessions from the small minority that still controls the land and the resources decades after apartheid. 


(...)


 All the more reason to worry when the ANC seeks to silence those willing to draw attention to areas of concern. 


Nelson Mandela, South Africa’s priciest asset, fought for freedom of expression not freedom from expression, freedom of speech not freedom from speech."


Thursday 26 April 2012

Ti Chico (R.I.P.)


Foi-se o meu 'tio mais carismatico', Francisco Santana - o Ti Chico - irmao do meu pai.
Ele gostava de contar estorias de quando eu era miuda: dizia ele, que eu era "muito observadora, critica e indagadora - por exemplo, queria sempre saber a razao das diferencas entre uns e outros, ou de porque que umas casas tinham luz e outras nao"...
Paz a sua Alma!

Foi-se o meu 'tio mais carismatico', Francisco Santana - o Ti Chico - irmao do meu pai.
Ele gostava de contar estorias de quando eu era miuda: dizia ele, que eu era "muito observadora, critica e indagadora - por exemplo, queria sempre saber a razao das diferencas entre uns e outros, ou de porque que umas casas tinham luz e outras nao"...
Paz a sua Alma!

Tuesday 24 April 2012

An Open Letter from African Women to the Swedish Minister of Culture

The Venus Hottentot Cake - April 21 2012 

We the undersigned women of African /African descent and our supporters, which include anti-racist activists, scholars community leaders and Faith leaders wish to address the Swedish Venus Hottentot Cake Incident. First, we commend our Swedish friends and colleagues, and those from the African-Swedish Diaspora for their substantial contribution to anti-racist mobilization and education through their various Policy Institutes and Research Programs, which have worked diligently to promote the interests of African Diaspora communities in Europe and Internationally. 

The Issue At Hand 

"Contemporary forms of oppression do not routinely force people to submit. Instead, they manufacture consent for domination so that we lose our ability to question and thus collude in our own subordination." -Patricia Hill-Collins, Black Feminist Scholar. 

 On Sunday, April 15th, at the Moderna Museet the Swedish Artists Organisation celebrated World Art Day, as well as celebrating its own 75th birthday. Lena Adelsohn-Liljeroth, the culture Minister, was Invited to speak and a number of artists were invited to create birthday cakes for the celebration. The Minister was informed that the cake would be about the limits of provocative art, and about female genital mutilation. The event was launched with Lena Adelsohn-Liljeroth cutting the first piece of cake from a dark, ruby red velvet filling with black icing, which we understand was created by the Afro-Swedish artist Makode Aj Linde, whose head forms that of the black woman, and is seen with a blackened face screaming with pain each time a guest cuts a slice from the cake. Rather disturbingly for many African women, the minister is pictured laughing as she cuts off the genital area (clitoris)from the metaphorical cake, as the artist Makode screams distastefully. The gaze of the predominantly white Swedish crowd is on Lijeroth who is positioned at the crotch end, as they look on at their visibly ebullient culture minister with seemingly nervous laughter as she becomes a part of the performance - a re-enactment of FGM on a cake made in the image of a disembodied African woman. 

The pictures of the event that followed in the media and video footage can only be described in the mildest of terms, as a very negative racialised spectacle, that has infuriated many people. As representatives of African women on the ground, we have the experiential privilege to convey to the Swedish Embassy's Ministry of Culture the fury that we have seen, particularly from African women who are dismayed at the fact that this project which was supposed to bring awareness of the very painful and complex issue of genital cutting has ironically, had the complete opposite effect.The fact that the artist is black does not in any way diminish the gravity of this racially demeaning project. The black artist who created this may be accused of being a dim witted misogynist on the one hand or on the other, some sort of gnostic proponent of postmodern praxis, in relation to black identity and difference - that we just don't get - but we do not believe, based on what we have seen and heard from the artists own explanations, that this so-called 'provocative performance art' stands up to the intellectual rigor required of literary and cultural critique.

The work is definitely not empowering or transformative for women who are victims of FGM in any shape or form, and the racial overtones of this project re-inscribe the exploitation and dehumanisation of black African women, which clearly cannot be denied. The fact of Makode Linde's blackness does not legitimize anything done here, and the message about the seriousness of FGM is completely subsumed by the hideous medium through which it has been conveyed. One does not need to be subjected to the epistemic violence underpinning the grotesque reconstruction of FGM, in the form of a black woman having her clitoris cut off to the sound of a laughing crowd with a fixed gaze, drinks in hand, to raise awareness of this very serious issue. Perhaps some reflection is required on what this might be saying about the people who were participating, and who saw nothing wrong in what will surely go down as a deeply disturbing episode and blight in Sweden's history. 

As the representatives of African women it is with grave concern that we express our extreme and utter dismay that the minister for culture, Lena Adelsohn-Liljeroth - someone who holds a position of great authority and power - would take part in what basically amounted to a humiliating and dehumanising racialised public spectacle of African women.  We believe the naive re-enactment of this oppression and symbolic violence in the name of “raising awareness” shows a profound disconnection between the minister for culture and the women who have to deal with FGM. Unfortunately, this serves to reinforce the huge chasm that exists between the cultural sensibilities of African women and western women [albeit not always exclusively between these two categories, when the dynamics of difference is taken into further consideration]. We do not in any shape or form subscribe to this sham, that is so widely described to as "women's empowerment." In this sense we the undersigned believe that this project is no different from the” Hottentot Venus” Sara Baartman and other African women who were exhibited as freak show attractions in Europe in the 19th Century.Sara Baartman was tricked into going to Europe, where she and other African women were paraded naked in museums and public squares and gawked at by all and sundry, for their “huge buttocks and peculiar genitalia”. 

The objectification of African women’s bodies by the west is rife in the pornography industry and there at least one can argue that the women who participate do so willingly. However, when this happens in the context of a serious issue such as FGM and it is done in the name of “art”, we believe that there is a need for a strong unequivocal response to challenge such derogatory and racist representations promulgated by so-called "provocative art”. 

As such /We/African Women/African-Americans and many women of the African Diaspora the world over view this as an assault on our foremothers, sisters and our selves who have worked tirelesslly in different historical and cultural contexts to rid society of the sexist/racist vernacular and stereotypes of black women as sluts, jezebel, hottentot, mammy, mule, sapphire; to build our own sense of selves and redefine what women who look like us represent. 

 In this sense we completely reject the grotesque caricature of the black African woman constructed by the artist Mokode Linde to re-enact FGM, which displayed no discernible cultural sensitivity towards those African girls/women and girls/women generally who are subjected to that experience. We in no way except this as a valid representation of the experiences of African women, but rather, we view it as a racialised slur and an attempt at erasure of all that we have struggled for historically in order to genuinely empower African women the world over. We can learn from successful movements like the Civil Rights movement, from Women’s Suffrage, the Black Nationalist and Black Feminist movements that we can make change without resorting to the sort of connivance outlined here between white female power and the black male power that legitimized this gross act of cultural insensitivity and public humiliation towards African women in the form of what is now infamously known as the Venus Hottentot Cake. 

The Artist and Ethics 

Internalized racism has been one of the primary means by which we are constantly forced to perpetuate and collude in our own oppression and the oppression of others of our race. In the case of the “Venus Hottentot Cake”, equally devastating is that the artist Makode Aj Linde is Afro-Swedish. His own head adorned with long locks forms that of the naked Black woman in the cake, lying motionless on a table in a room surrounded by a laughing crowd. Not one Black woman, not one Black person in the room, except the artist and his cake. Makode Aj Linde is seen with a blackened face screaming with pain each time a Swedish guest cuts a slice from the cake. We are horrified as we try to make sense of this artist’s actions and we are perplexed by his explanation of the art as an awareness raising piece on the “practice of female genital mutilation” in certain African communities, or a practice that many African women’s rights defenders have come to rename female genital cutting (FGC). 

The moment that cake was presented; the moment that cake was eaten; the moment that cake caused joy and excitement, re-opening the marvel that white Europeans felt at exploiting African women’s bodies—specifically, the sexualized celebration, the entrapment, the cutting of the genitalia of the Sara Baartman-like black body, the ethics of the artist comes into serious question, even if not the art itself, for the sake of “art”, for the sake of non-censorship. 

Racism was propped up in its ugliest form, facilitated by a Black artist and perpetuated on the representation of the body of a Black female. 

 No one, including the artist seems to have consulted Black African women at the forefront of the movement to end the practice of female genital cutting, often with little resources and in direct and dangerous conflict with their own communities. We echo Shailja Patel in stating: 

"What makes the cake episode so deeply offensive is the appropriation, by both artist and his audience, of African women’s bodies and experiences, while completely excluding real African women from the discourse. It is a pornography of violence." 

We disagree with the artist, that the various statements, comments, letters, and responses flooding the blogosphere represent “a shallow analysis of the work”, of his art. As he expresses that it is “sad if people feel offended”, we too are saddened by his lack of analysis and his acquiesce to racist and misogynist systems that not only serve to undermine the humanity of Black women, but also of Black men. 

 Ethics are defined as “a system of moral principles” which constantly factor into the choices we make, whether as artists or responsible governmental and/or institutional representatives. However, these decisions can become confused, making this system of principles seriously muddled and producing a blurry set of ethical guidelines, especially when competing priorities are at work—money and recognition vs. dignity and humanity. It is our personal opinion that this cake represents both ethical and moral violations not only in its presentation within the context of art, but within the department of cultural affairs sponsorship of it, regardless of country. 

To the artist, by colluding in this or any level of oppression, and by providing the tool for the racialized, sexualized enjoyment of the visual body of a Black woman, by participating in the enticement of others to cut out and eat her cake vagina, which in the case of Sarah Baartman was first felt up, groped at, raped, looked at as a sexual enigma—is indeed an outrage. 

Controversies and arguments abound as ethical decisions, or the lack thereof, play a role in institutional practice, in governmental practice—then you add the artist, as in this case, and you have a dangerous situation and a perpetuation on a global scale, another assault on Black women’s bodies. With the advent of technology today, our world is global. Technology allows us to see beyond our backyards. 

The world is watching as we still see layers of the objectification of black and indigenous peoples throughout the world, where institutions of cultural education reach their market by presenting dangerous ideologies of culture that objectify and exploit and dehumanize ethnic groups, such as Dr Kananazawa for his "Black Women Are Less Attractive" research. We are also fortunate, in the sense that we can use this same technology to respond and resist. 

The fact that anthropologists, scientist, and other social scientist, educators and now this artist and the Swedish institution is being challenged around the world in outrage signals that, even through art, people want to be educated without harm, without violation, and without limitation. 

 SIGNED: Dr Claudette Carr Director, Jethro Institute for Good Governance, BlackWomens Blueprint Barbara Mhangami, Sam Gbele 

 [Extracts from here]

The Venus Hottentot Cake - April 21 2012 

We the undersigned women of African /African descent and our supporters, which include anti-racist activists, scholars community leaders and Faith leaders wish to address the Swedish Venus Hottentot Cake Incident. First, we commend our Swedish friends and colleagues, and those from the African-Swedish Diaspora for their substantial contribution to anti-racist mobilization and education through their various Policy Institutes and Research Programs, which have worked diligently to promote the interests of African Diaspora communities in Europe and Internationally. 

The Issue At Hand 

"Contemporary forms of oppression do not routinely force people to submit. Instead, they manufacture consent for domination so that we lose our ability to question and thus collude in our own subordination." -Patricia Hill-Collins, Black Feminist Scholar. 

 On Sunday, April 15th, at the Moderna Museet the Swedish Artists Organisation celebrated World Art Day, as well as celebrating its own 75th birthday. Lena Adelsohn-Liljeroth, the culture Minister, was Invited to speak and a number of artists were invited to create birthday cakes for the celebration. The Minister was informed that the cake would be about the limits of provocative art, and about female genital mutilation. The event was launched with Lena Adelsohn-Liljeroth cutting the first piece of cake from a dark, ruby red velvet filling with black icing, which we understand was created by the Afro-Swedish artist Makode Aj Linde, whose head forms that of the black woman, and is seen with a blackened face screaming with pain each time a guest cuts a slice from the cake. Rather disturbingly for many African women, the minister is pictured laughing as she cuts off the genital area (clitoris)from the metaphorical cake, as the artist Makode screams distastefully. The gaze of the predominantly white Swedish crowd is on Lijeroth who is positioned at the crotch end, as they look on at their visibly ebullient culture minister with seemingly nervous laughter as she becomes a part of the performance - a re-enactment of FGM on a cake made in the image of a disembodied African woman. 

The pictures of the event that followed in the media and video footage can only be described in the mildest of terms, as a very negative racialised spectacle, that has infuriated many people. As representatives of African women on the ground, we have the experiential privilege to convey to the Swedish Embassy's Ministry of Culture the fury that we have seen, particularly from African women who are dismayed at the fact that this project which was supposed to bring awareness of the very painful and complex issue of genital cutting has ironically, had the complete opposite effect.The fact that the artist is black does not in any way diminish the gravity of this racially demeaning project. The black artist who created this may be accused of being a dim witted misogynist on the one hand or on the other, some sort of gnostic proponent of postmodern praxis, in relation to black identity and difference - that we just don't get - but we do not believe, based on what we have seen and heard from the artists own explanations, that this so-called 'provocative performance art' stands up to the intellectual rigor required of literary and cultural critique.

The work is definitely not empowering or transformative for women who are victims of FGM in any shape or form, and the racial overtones of this project re-inscribe the exploitation and dehumanisation of black African women, which clearly cannot be denied. The fact of Makode Linde's blackness does not legitimize anything done here, and the message about the seriousness of FGM is completely subsumed by the hideous medium through which it has been conveyed. One does not need to be subjected to the epistemic violence underpinning the grotesque reconstruction of FGM, in the form of a black woman having her clitoris cut off to the sound of a laughing crowd with a fixed gaze, drinks in hand, to raise awareness of this very serious issue. Perhaps some reflection is required on what this might be saying about the people who were participating, and who saw nothing wrong in what will surely go down as a deeply disturbing episode and blight in Sweden's history. 

As the representatives of African women it is with grave concern that we express our extreme and utter dismay that the minister for culture, Lena Adelsohn-Liljeroth - someone who holds a position of great authority and power - would take part in what basically amounted to a humiliating and dehumanising racialised public spectacle of African women.  We believe the naive re-enactment of this oppression and symbolic violence in the name of “raising awareness” shows a profound disconnection between the minister for culture and the women who have to deal with FGM. Unfortunately, this serves to reinforce the huge chasm that exists between the cultural sensibilities of African women and western women [albeit not always exclusively between these two categories, when the dynamics of difference is taken into further consideration]. We do not in any shape or form subscribe to this sham, that is so widely described to as "women's empowerment." In this sense we the undersigned believe that this project is no different from the” Hottentot Venus” Sara Baartman and other African women who were exhibited as freak show attractions in Europe in the 19th Century.Sara Baartman was tricked into going to Europe, where she and other African women were paraded naked in museums and public squares and gawked at by all and sundry, for their “huge buttocks and peculiar genitalia”. 

The objectification of African women’s bodies by the west is rife in the pornography industry and there at least one can argue that the women who participate do so willingly. However, when this happens in the context of a serious issue such as FGM and it is done in the name of “art”, we believe that there is a need for a strong unequivocal response to challenge such derogatory and racist representations promulgated by so-called "provocative art”. 

As such /We/African Women/African-Americans and many women of the African Diaspora the world over view this as an assault on our foremothers, sisters and our selves who have worked tirelesslly in different historical and cultural contexts to rid society of the sexist/racist vernacular and stereotypes of black women as sluts, jezebel, hottentot, mammy, mule, sapphire; to build our own sense of selves and redefine what women who look like us represent. 

 In this sense we completely reject the grotesque caricature of the black African woman constructed by the artist Mokode Linde to re-enact FGM, which displayed no discernible cultural sensitivity towards those African girls/women and girls/women generally who are subjected to that experience. We in no way except this as a valid representation of the experiences of African women, but rather, we view it as a racialised slur and an attempt at erasure of all that we have struggled for historically in order to genuinely empower African women the world over. We can learn from successful movements like the Civil Rights movement, from Women’s Suffrage, the Black Nationalist and Black Feminist movements that we can make change without resorting to the sort of connivance outlined here between white female power and the black male power that legitimized this gross act of cultural insensitivity and public humiliation towards African women in the form of what is now infamously known as the Venus Hottentot Cake. 

The Artist and Ethics 

Internalized racism has been one of the primary means by which we are constantly forced to perpetuate and collude in our own oppression and the oppression of others of our race. In the case of the “Venus Hottentot Cake”, equally devastating is that the artist Makode Aj Linde is Afro-Swedish. His own head adorned with long locks forms that of the naked Black woman in the cake, lying motionless on a table in a room surrounded by a laughing crowd. Not one Black woman, not one Black person in the room, except the artist and his cake. Makode Aj Linde is seen with a blackened face screaming with pain each time a Swedish guest cuts a slice from the cake. We are horrified as we try to make sense of this artist’s actions and we are perplexed by his explanation of the art as an awareness raising piece on the “practice of female genital mutilation” in certain African communities, or a practice that many African women’s rights defenders have come to rename female genital cutting (FGC). 

The moment that cake was presented; the moment that cake was eaten; the moment that cake caused joy and excitement, re-opening the marvel that white Europeans felt at exploiting African women’s bodies—specifically, the sexualized celebration, the entrapment, the cutting of the genitalia of the Sara Baartman-like black body, the ethics of the artist comes into serious question, even if not the art itself, for the sake of “art”, for the sake of non-censorship. 

Racism was propped up in its ugliest form, facilitated by a Black artist and perpetuated on the representation of the body of a Black female. 

 No one, including the artist seems to have consulted Black African women at the forefront of the movement to end the practice of female genital cutting, often with little resources and in direct and dangerous conflict with their own communities. We echo Shailja Patel in stating: 

"What makes the cake episode so deeply offensive is the appropriation, by both artist and his audience, of African women’s bodies and experiences, while completely excluding real African women from the discourse. It is a pornography of violence." 

We disagree with the artist, that the various statements, comments, letters, and responses flooding the blogosphere represent “a shallow analysis of the work”, of his art. As he expresses that it is “sad if people feel offended”, we too are saddened by his lack of analysis and his acquiesce to racist and misogynist systems that not only serve to undermine the humanity of Black women, but also of Black men. 

 Ethics are defined as “a system of moral principles” which constantly factor into the choices we make, whether as artists or responsible governmental and/or institutional representatives. However, these decisions can become confused, making this system of principles seriously muddled and producing a blurry set of ethical guidelines, especially when competing priorities are at work—money and recognition vs. dignity and humanity. It is our personal opinion that this cake represents both ethical and moral violations not only in its presentation within the context of art, but within the department of cultural affairs sponsorship of it, regardless of country. 

To the artist, by colluding in this or any level of oppression, and by providing the tool for the racialized, sexualized enjoyment of the visual body of a Black woman, by participating in the enticement of others to cut out and eat her cake vagina, which in the case of Sarah Baartman was first felt up, groped at, raped, looked at as a sexual enigma—is indeed an outrage. 

Controversies and arguments abound as ethical decisions, or the lack thereof, play a role in institutional practice, in governmental practice—then you add the artist, as in this case, and you have a dangerous situation and a perpetuation on a global scale, another assault on Black women’s bodies. With the advent of technology today, our world is global. Technology allows us to see beyond our backyards. 

The world is watching as we still see layers of the objectification of black and indigenous peoples throughout the world, where institutions of cultural education reach their market by presenting dangerous ideologies of culture that objectify and exploit and dehumanize ethnic groups, such as Dr Kananazawa for his "Black Women Are Less Attractive" research. We are also fortunate, in the sense that we can use this same technology to respond and resist. 

The fact that anthropologists, scientist, and other social scientist, educators and now this artist and the Swedish institution is being challenged around the world in outrage signals that, even through art, people want to be educated without harm, without violation, and without limitation. 

 SIGNED: Dr Claudette Carr Director, Jethro Institute for Good Governance, BlackWomens Blueprint Barbara Mhangami, Sam Gbele 

 [Extracts from here]

Graça Machel Appointed as President of SOAS


Renowned humanitarian and activist, Graça Machel, has been appointed as the new President of SOAS.
Mrs Machel, who is the wife of former South African President Nelson Mandela, takes over from Baroness Helena Kennedy QC, who held the role for 10 years.
“This is an immensely proud moment for SOAS,” said Dr Tim Miller, Chairman of the SOAS Governing Body.  “Mrs Machel is highly regarded as an international advocate for women’s and children’s rights and for her work as a social and political activist.  Her achievements are prolific and she is a huge inspiration to many, including our own staff and students.”
Speaking about her appointment, Graça Machel said: “It is a great honour to accept the position of President of SOAS. SOAS is a highly regarded international institution whose alumni include many students that have gone on to become activists and leaders in economic, political and social change throughout the world. I look forward to making a modest contribution to the outstanding work of SOAS.”
SOAS Director Professor Paul Webley commented:  “Graça Machel is a wonderful role model for young people. Her education and humanitarian work very much fits with the values and mission of SOAS. We are honoured to have her as our President.”  
Co-President of the SOAS Students’ Union, Ali Khan added:  “Mrs Machel has already inspired many SOAS graduates to choose a life where they too can make a difference. She is a fitting leader for those who want to bring about change in the global community. The Students' Union has no doubt that she will be an excellent President."
As President, Mrs Machel will preside over graduation and other ceremonies and act as an ambassador for SOAS.


Renowned humanitarian and activist, Graça Machel, has been appointed as the new President of SOAS.
Mrs Machel, who is the wife of former South African President Nelson Mandela, takes over from Baroness Helena Kennedy QC, who held the role for 10 years.
“This is an immensely proud moment for SOAS,” said Dr Tim Miller, Chairman of the SOAS Governing Body.  “Mrs Machel is highly regarded as an international advocate for women’s and children’s rights and for her work as a social and political activist.  Her achievements are prolific and she is a huge inspiration to many, including our own staff and students.”
Speaking about her appointment, Graça Machel said: “It is a great honour to accept the position of President of SOAS. SOAS is a highly regarded international institution whose alumni include many students that have gone on to become activists and leaders in economic, political and social change throughout the world. I look forward to making a modest contribution to the outstanding work of SOAS.”
SOAS Director Professor Paul Webley commented:  “Graça Machel is a wonderful role model for young people. Her education and humanitarian work very much fits with the values and mission of SOAS. We are honoured to have her as our President.”  
Co-President of the SOAS Students’ Union, Ali Khan added:  “Mrs Machel has already inspired many SOAS graduates to choose a life where they too can make a difference. She is a fitting leader for those who want to bring about change in the global community. The Students' Union has no doubt that she will be an excellent President."
As President, Mrs Machel will preside over graduation and other ceremonies and act as an ambassador for SOAS.

Saturday 21 April 2012

Günter Grass e a Poesia Angolana Contemporanea…


O que teem em comum?
Aparentemente, nada.
Mas…  

"Um dos nobres objectivos da Bienal Internacional de Poesia é o de legitimar, no sentido pedagógico, a história da poesia angolana, consubstanciada na produção dos seus mais dignos poetas, invertendo a tendência de um certo tipo de criação, de pendor subversivo, que desrespeita o bom nome das instituições angolanas."

Essa declaracao do “manifesto oficial” dos organizadores da primeira Bienal Internacional de Poesia que hoje termina em Luanda parece ter algo “a ver” com esta polemica gerada a volta de um poema recentemente publicado pelo Nobel da Literatura Alemao Günter Grass, tambem autor do livro em que se baseou um ‘tremendo’ filme que vi em Luanda naqueles tempos que aqui recordava: O Tambor.

O poema, entitulado “O que tem que ser dito”, constitui uma critica contundente ao estado de Israel, com particular enfase na sua politica nuclear. Tal “atrevimento” valeu-lhe uma onda de criticas por entre algumas salvas e a sua declaracao pelo Estado de Israel como “persona non grata” no seu territorio por, alegadamente, o poema ser algo como “de pendor subversivo e desrespeitador do bom nome das instituicoes israelitas”

Isso do ponto de vista politico. Do ponto de vista estritamente literario, houve quem o declarasse “indigno” da sua obra anterior, tendo um proeminente critico literario afirmado “nao ter a certeza de se um texto sem rima nem ritmo pode ser considerado um poema”…

Enfim, materia para alguma reflexao…
Ou talvez apenas para algumas piadas de mau gosto, por entre umas boas 'pomadas' de alem-mar, ao som e vista de algumas escutas e vigias, enquanto se conjuram mais algumas "medidas de caracter profilatico" (pedagogico?), depois do funge de domingo...


[Poema que "nao tem nada a ver": Terra Queimada]

Post (nao) Relacionado:

Gostei de Ler (?) ... [3] 

O que teem em comum?
Aparentemente, nada.
Mas…  

"Um dos nobres objectivos da Bienal Internacional de Poesia é o de legitimar, no sentido pedagógico, a história da poesia angolana, consubstanciada na produção dos seus mais dignos poetas, invertendo a tendência de um certo tipo de criação, de pendor subversivo, que desrespeita o bom nome das instituições angolanas."

Essa declaracao do “manifesto oficial” dos organizadores da primeira Bienal Internacional de Poesia que hoje termina em Luanda parece ter algo “a ver” com esta polemica gerada a volta de um poema recentemente publicado pelo Nobel da Literatura Alemao Günter Grass, tambem autor do livro em que se baseou um ‘tremendo’ filme que vi em Luanda naqueles tempos que aqui recordava: O Tambor.

O poema, entitulado “O que tem que ser dito”, constitui uma critica contundente ao estado de Israel, com particular enfase na sua politica nuclear. Tal “atrevimento” valeu-lhe uma onda de criticas por entre algumas salvas e a sua declaracao pelo Estado de Israel como “persona non grata” no seu territorio por, alegadamente, o poema ser algo como “de pendor subversivo e desrespeitador do bom nome das instituicoes israelitas”

Isso do ponto de vista politico. Do ponto de vista estritamente literario, houve quem o declarasse “indigno” da sua obra anterior, tendo um proeminente critico literario afirmado “nao ter a certeza de se um texto sem rima nem ritmo pode ser considerado um poema”…

Enfim, materia para alguma reflexao…
Ou talvez apenas para algumas piadas de mau gosto, por entre umas boas 'pomadas' de alem-mar, ao som e vista de algumas escutas e vigias, enquanto se conjuram mais algumas "medidas de caracter profilatico" (pedagogico?), depois do funge de domingo...


[Poema que "nao tem nada a ver": Terra Queimada]

Post (nao) Relacionado:

Gostei de Ler (?) ... [3] 

Friday 20 April 2012

Duia (R.I.P.)

Tendo este blog entrado, ja' ha' algum tempo, em 'silent mode', a melhor forma que encontro para assinalar o passamento desse gigante da Musica Angolana que foi Eduardo Garcia Adolfo 'Duia' e' convidar os leitores, em particular aqueles que puderam ter o prazer de ouvir a sua musica neste blog, a revisitarem este post, em que pela primeira vez pude colocar a "minha musica" neste blog. E, ja' agora, tambem este, para algum enquadramento historico da sua musica. [imagem daqui]
Tendo este blog entrado, ja' ha' algum tempo, em 'silent mode', a melhor forma que encontro para assinalar o passamento desse gigante da Musica Angolana que foi Eduardo Garcia Adolfo 'Duia' e' convidar os leitores, em particular aqueles que puderam ter o prazer de ouvir a sua musica neste blog, a revisitarem este post, em que pela primeira vez pude colocar a "minha musica" neste blog. E, ja' agora, tambem este, para algum enquadramento historico da sua musica. [imagem daqui]
{Some women have 'em...} Post Relacionado:  

A Proposito dos Monologos da Vagina
{Some women have 'em...} Post Relacionado:  

A Proposito dos Monologos da Vagina

Tuesday 17 April 2012

London Book Fair




It’s definitely worth paying a visit if you are around – tomorrow is the last day.
What drove me there this year were a few China-related book launches and events (of which you can find details here) as we continue celebrating the Year of the Dragon




It’s definitely worth paying a visit if you are around – tomorrow is the last day.
What drove me there this year were a few China-related book launches and events (of which you can find details here) as we continue celebrating the Year of the Dragon

Saturday 14 April 2012

Noticias do "meu pais"... (Actualizado)





Numa década sem guerra, tem sido possível resolver alguns problemas mas tem crescido paralelamente e em proporções desiguais as diferenças sociais. É isso que tem motivado alguma agitação política nos últimos tempos, com os protestos dos jovens, na ausência de iniciativas credíveis da oposição política que prefere ir a reboque desse movimento a ver se o poder cai na rua! Não caiu, nem vai cair até porque quem se apresenta com casa nova para acomodar esses inconformados diz já não recorrer ao gatilho para se constituir governo. O recurso, promete, será pacific e democrático para tirar do poder quem o exerce sem nunca ter sido eleito. Como os políticos são de memória curta, se calhar convinha lembrar que em 1992 houve um vencedor claro das eleições parlamentares e que a eleição presidencial não se concluiu exactamente, porque, tal como naquela época, as mesmas pessoas que aspiram o lugar anunciaram o regresso à guerra. Pior que isso, cumpriram, mandando para as calendas gregas, eleições e tudo o que tivesse a ver com uma solução política do diferendo.
E foi nesse exercício de paz, que o agora candidato se bateu para substituir o Mano Mais Velho na liderança da organização que ajudou a montar e de que foi um dos rostos mais visíveis.
No jogo democrático perdeu para a concorrência e, qual mau perdedor, bateu democraticamente com a porta e foi construir a sua própria casa, onde é o líder e eleito democraticamente em lista única!
Na hora da saída, não se lhe ouviram recriminações nem questionamentos sobre ter estado numa organização, que ajudou a projectar, com um líder que na altura já levava 36 anos de chefia.
Agora, como candidato, está no direito de dizer que 32 anos é muito tempo e há que mudar, pacífica e democraticamente.
É isso mesmo: viva a paz, porque se prosseguissem as profecias de alguns a esta hora a democracia estaria no ralo, divididos que estávamos em radicais, moderados e piratas, cada um a tentar impor a sua lei no pedaço de território que controlava.
Venham as eleições, possíveis graças a paz que alguns não queriam, e o povo que decida!
PS: Com este Editorial e a partir da próxima semana, cesso as minhas funções de director do semanário Novo Jornal, pela combinação de vários interesses pessoais, profissionais e outros.
Victor Silva - Editorial do Novo Jornal - 06/04/02




{De fakto…}

"Nem sempre teremos sido tão imparciais como seria exigível. Nem sempre teremos sido tão rigorosos quanto seria recomendável. Teremos, porventura, cometido erros de análise ou resvalado para alguns excessos.
Não nos custa reconhecer as nossas falhas. Desde logo porque soubemos e saberemos sempre ir ao confessionário e penitenciarmo-nos perante os leitores, o nosso principal e único juiz."


{… Nesse “pais di meu” ke certos eternos betinhos da Vila Alice e korredores de fundo "demasiado independentes" lhe receberam kum ele de heranca dos meus ancestrais... a falta de vergonha na kara nao mata!...}



"Do que, no entanto, não nos podem acusar é de termos sucumbido aos apetites do sensacionalismo, aos assassinatos de carácter, ao insulto, à ofensa ou à violação dos direitos de privacidade."
Gustavo Costa



{... Muito antes pelo contrario: os kriminosos sem kastigo... os sub-rapazes (des?)komplexados (re!)kolonizados e os 'boys koisifikados' das escutas e vigias...ke nunka se meteram na vida privada de ninguem... nem nunka "lincharam" ninguem... mas ke mentem kom kwantos dentes teem na boka... nao so' sao INTOCAVEIS(!)... como, tal e kwale kumo a korrupcao...
estao sempre a subir!!!
Porque, afinale... kamarao ke dorme... a onda leva!!!}

"A New Media Angola, S.A., empresa proprietária do semanário Novo Jornal, em Assembleia-Geral de accionistas de 10 de Abril de 2012, nomeou os novos órgãos sociais para o triénio 2012-2015 e designou, para Director do Novo Jornal, Gustavo Costa...
Ao anterior Director, Victor Silva, que cessa funções a partir desta data, a New Media Angola agradece o trabalho desenvolvido em prol do Novo Jornal, desejando-lhe as maiores venturas na sua carreira profissional."



[imagem daqui]


KURIBOTA

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Tanto falaste de mim
tantos ditos e malditos
quizeste vender minha alma
em troca do dinheiro
quizeste vender minha vida
em troca do teu bem estar

Kuribota!

Falas mal de uma mulher
sem lhe conheceres sequer
falas mal de um bom amigo
ja' nao sabes sequer
quem bem te quer

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Waldemar Bastos


POSTS RELACIONADOS:

Falando de Etica Jornalistica

Sobre o 'Novo Jornal'

2009: Annus Horribilis





Numa década sem guerra, tem sido possível resolver alguns problemas mas tem crescido paralelamente e em proporções desiguais as diferenças sociais. É isso que tem motivado alguma agitação política nos últimos tempos, com os protestos dos jovens, na ausência de iniciativas credíveis da oposição política que prefere ir a reboque desse movimento a ver se o poder cai na rua! Não caiu, nem vai cair até porque quem se apresenta com casa nova para acomodar esses inconformados diz já não recorrer ao gatilho para se constituir governo. O recurso, promete, será pacific e democrático para tirar do poder quem o exerce sem nunca ter sido eleito. Como os políticos são de memória curta, se calhar convinha lembrar que em 1992 houve um vencedor claro das eleições parlamentares e que a eleição presidencial não se concluiu exactamente, porque, tal como naquela época, as mesmas pessoas que aspiram o lugar anunciaram o regresso à guerra. Pior que isso, cumpriram, mandando para as calendas gregas, eleições e tudo o que tivesse a ver com uma solução política do diferendo.
E foi nesse exercício de paz, que o agora candidato se bateu para substituir o Mano Mais Velho na liderança da organização que ajudou a montar e de que foi um dos rostos mais visíveis.
No jogo democrático perdeu para a concorrência e, qual mau perdedor, bateu democraticamente com a porta e foi construir a sua própria casa, onde é o líder e eleito democraticamente em lista única!
Na hora da saída, não se lhe ouviram recriminações nem questionamentos sobre ter estado numa organização, que ajudou a projectar, com um líder que na altura já levava 36 anos de chefia.
Agora, como candidato, está no direito de dizer que 32 anos é muito tempo e há que mudar, pacífica e democraticamente.
É isso mesmo: viva a paz, porque se prosseguissem as profecias de alguns a esta hora a democracia estaria no ralo, divididos que estávamos em radicais, moderados e piratas, cada um a tentar impor a sua lei no pedaço de território que controlava.
Venham as eleições, possíveis graças a paz que alguns não queriam, e o povo que decida!
PS: Com este Editorial e a partir da próxima semana, cesso as minhas funções de director do semanário Novo Jornal, pela combinação de vários interesses pessoais, profissionais e outros.
Victor Silva - Editorial do Novo Jornal - 06/04/02




{De fakto…}

"Nem sempre teremos sido tão imparciais como seria exigível. Nem sempre teremos sido tão rigorosos quanto seria recomendável. Teremos, porventura, cometido erros de análise ou resvalado para alguns excessos.
Não nos custa reconhecer as nossas falhas. Desde logo porque soubemos e saberemos sempre ir ao confessionário e penitenciarmo-nos perante os leitores, o nosso principal e único juiz."


{… Nesse “pais di meu” ke certos eternos betinhos da Vila Alice e korredores de fundo "demasiado independentes" lhe receberam kum ele de heranca dos meus ancestrais... a falta de vergonha na kara nao mata!...}



"Do que, no entanto, não nos podem acusar é de termos sucumbido aos apetites do sensacionalismo, aos assassinatos de carácter, ao insulto, à ofensa ou à violação dos direitos de privacidade."
Gustavo Costa



{... Muito antes pelo contrario: os kriminosos sem kastigo... os sub-rapazes (des?)komplexados (re!)kolonizados e os 'boys koisifikados' das escutas e vigias...ke nunka se meteram na vida privada de ninguem... nem nunka "lincharam" ninguem... mas ke mentem kom kwantos dentes teem na boka... nao so' sao INTOCAVEIS(!)... como, tal e kwale kumo a korrupcao...
estao sempre a subir!!!
Porque, afinale... kamarao ke dorme... a onda leva!!!}

"A New Media Angola, S.A., empresa proprietária do semanário Novo Jornal, em Assembleia-Geral de accionistas de 10 de Abril de 2012, nomeou os novos órgãos sociais para o triénio 2012-2015 e designou, para Director do Novo Jornal, Gustavo Costa...
Ao anterior Director, Victor Silva, que cessa funções a partir desta data, a New Media Angola agradece o trabalho desenvolvido em prol do Novo Jornal, desejando-lhe as maiores venturas na sua carreira profissional."



[imagem daqui]


KURIBOTA

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Tanto falaste de mim
tantos ditos e malditos
quizeste vender minha alma
em troca do dinheiro
quizeste vender minha vida
em troca do teu bem estar

Kuribota!

Falas mal de uma mulher
sem lhe conheceres sequer
falas mal de um bom amigo
ja' nao sabes sequer
quem bem te quer

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Waldemar Bastos


POSTS RELACIONADOS:

Falando de Etica Jornalistica

Sobre o 'Novo Jornal'

2009: Annus Horribilis

Thursday 12 April 2012

Angola 2002-2012: Os Dividendos da Paz



A Chatham House acaba de lancar um relatorio entitulado “The Peace Dividend: Analysis of a Decade of Angolan Indicators, 2002-12”, da autoria de Markus Weimer contendo dados estatisticos sobre a evolucao da economia angolana nos 10 anos decorridos desde a assinatura do Acordo de Paz de 2002.

Eis alguns de tais indicadores:


• Indice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Apesar de uma evolucao positiva durante o periodo, Angola continua a apresentar um relativamente baixo IDH em Africa e no Mundo.



• O custo de comecar um negocio declinou dramaticamente no periodo em analise, vindo-se aproximando da media continental e da de alguns paises como a China e a Russia...


... No entanto, a frequencia e os custos da "gazoza" para as empresas aumentaram consideravelmente em varios sectores

• O custo da electricidade era o maior obstaculo para a actividade empresarial em 2006...

... tendo no entanto sido ultrapassado pelo da "corrupcao" em 2010...



... e assim foi (ou parece ter sido) a economia angolana na ultima decada - aos altos e baixos, mas com a corrupcao "sempre a subir"!


Post (mais ou menos) Relacionado:

Familia, familia - Para que te quero?



A
Chatham House acaba de lancar um relatorio entitulado “The Peace Dividend: Analysis of a Decade of Angolan Indicators, 2002-12”, da autoria de Markus Weimer contendo dados estatisticos sobre a evolucao da economia angolana nos 10 anos decorridos desde a assinatura do Acordo de Paz de 2002.

Eis alguns de tais indicadores:


• Indice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Apesar de uma evolucao positiva durante o periodo, Angola continua a apresentar um relativamente baixo IDH em Africa e no Mundo.



• O custo de comecar um negocio declinou dramaticamente no periodo em analise, vindo-se aproximando da media continental e da de alguns paises como a China e a Russia...


... No entanto, a frequencia e os custos da "gazoza" para as empresas aumentaram consideravelmente em varios sectores

• O custo da electricidade era o maior obstaculo para a actividade empresarial em 2006...

... tendo no entanto sido ultrapassado pelo da "corrupcao" em 2010...



... e assim foi (ou parece ter sido) a economia angolana na ultima decada - aos altos e baixos, mas com a corrupcao "sempre a subir"!


Post (mais ou menos) Relacionado:

Familia, familia - Para que te quero?

Titica na BBC News




"She is bold, she is bright, she is beautiful and she is taking Angola by storm. Not bad for a transsexual in a Catholic African country where homosexuality is illegal and punishable by hard labour."

[Here]


Posts Relacionados:

Kuduro kum Xidi & Otras Mixturas na BBC Radio 3

Kuduro no FT

Uma Licao Sobre Psychos

Dama de Xangai Pra Presidencia Ja'

Reflectindo

Meio Ano Adentro no 'Annus Angolensis'

"Uma 'Duplicidade' Sem Nome"

Kwando a Diferenca...




"She is bold, she is bright, she is beautiful and she is taking Angola by storm. Not bad for a transsexual in a Catholic African country where homosexuality is illegal and punishable by hard labour."

[Here]


Posts Relacionados:

Kuduro kum Xidi & Otras Mixturas na BBC Radio 3

Kuduro no FT

Uma Licao Sobre Psychos

Dama de Xangai Pra Presidencia Ja'

Reflectindo

Meio Ano Adentro no 'Annus Angolensis'

"Uma 'Duplicidade' Sem Nome"

Kwando a Diferenca...

Wednesday 11 April 2012

Gostei de Ler [6]*




O filósofo Friedrich Hegel diz que ‘a Justiça não é um dom gratuito da Natureza Humana, ela precisa ser conquistada sempre porque é uma eterna procura’. Concorda com este pensamento? Qual é para si a evolução mais importante para que se atinjam patamares, cada vez mais, elevados de Justiça nos diferentes domínios da sociedade?

A justiça é de facto uma eterna procura. A busca da perfeição, do equilíbrio, a demanda da felicidade. O reconhecimento da dignidade da pessoa humana, independentemente da sua condição, de sexo, de origem social, racial, económica ou outra, constituiu o mais importante marco histórico e é ainda a pedra de toque entre as sociedades justas e injustas.

À soberania do Homem sobre si mesmo chama-se liberdade. Ela é o cume e a igualdade é a base. Em que alicerces devem assentar as noções do novo ‘contrato social’ moderno face à relação entre a Sociedade e o Estado de Direito?

O contrato social moderno parte ainda necessariamente do pressuposto da liberdade e implica o reconhecimento da igualdade de todos perante o Estado e os seus sistemas de proteção (nos quais se integra o sistema de justiça) e no acesso a condições de vida dignas e de progresso social.

Afirmou a seguinte frase: ‘Cumpra-se, a vitória é certa!’ O que simboliza esta expressão e que sentimentos lhe desperta? Fazendo uma espécie de viagem ao passado recente, como analisa a evolução do país, sobretudo na última década pós Acordo de Paz?

A frase não é minha. É de um instrutor militar que tive, em 1975, quando a guerra às portas de Luanda nos mobilizou a todos para defender a cidade. Correspondia a uma lógica de obediência cega, obediência castrense, que é explicável num contexto militar e que obviamente rejeitava.
Entretanto, o país cresceu muito e cresce todos os dias. Sentem-se obviamente muitas diferenças, mas será preciso atualmente um olhar sobre o vetor desenvolvimento, já que os dois conceitos (crescimento e desenvolvimento) não são sinónimos.
Justifica-se um esforço no sentido da recuperação dos indicadores de 1974 em domínios como o saneamento básico, a educação ou a saúde.

Em 2007, é nomeada Procuradora-Geral Distrital de Lisboa. Considera esta ascensão professional natural ou resultado de muito esforço e trabalho? Desde então como tem evoluído o seu trabalho?

Penso que a minha nomeação para o cargo de Procuradora-Geral Distrital de Lisboa correspondeu ao reconhecimento de um trabalho coerente e consistente que vinha desenvolvendo como magistrada. Sem falsa modéstia, penso que continuo, na Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, a fazer umtrabalho de grande diferenciação, com resultados visíveis. Mas é preciso trabalhar, trabalhar sempre. Com disciplina, com constância, com rigor.

Há, cada vez mais, um domínio das mulheres na Justiça. Acredita que este fenómeno tem influência a nível sociológico e no desenvolvimento das decisões judiciárias, ou seja, uma justiça no feminino é diferente?

O facto de haver cada vez mais mulheres no mundo judiciário, mais mulheres na justiça, permite, pelo menos, incorporar melhor a visão de mais de metade da humanidade. Afinal, as mulheres são a metade do céu!

Descrevem-na como uma mulher resiliente e reservada, que participou na luta pela independência do seu país, mas que nunca se exalta e é contra a exposição. É dessa forma que se vê?

Não. Não é assim que me vejo. Considero- me uma pessoa bem-educada, formada com elevados padrões éticos e de exigência pessoal - e a aparência de reserva tem apenas a ver com isso – que, por essa razão, convive mal com a sobre-exposição instrumental da promoção pessoal. Julgo ter uma relação equilibrada com os media.


Qual é a influência que esta memória coletiva e pessoal teve no seu percurso e como a mudou enquanto mulher e profissional?

Dizer que participei na luta pela independência seria uma injúria a quantos nela efetivamente participaram, sacrificando projetos pessoais e, em muitos casos, dando a sua vida pelo ideal de restauração da dignidade da Nação Angolana. Tenho um enorme respeito por essas pessoas. Ainda hoje olho com estupefação para muitas outras que no período colonial assumiram a comodidade de uma vida sem sobressaltos ou até mesmo de compromisso expresso com o poder colonial e que, após a independência, ou no período que imediatamente a precedeu, apareceram como arautos da liberdade. É preciso sermos rigorosos. Não podemos ceder à tentação de reescrever a história.

2012 é um ano complicado para a Europa, mas muito importante para Angola. Quais são os seus votos pessoais no que concerne às eleições que vão decorrer no país? Em que ponto este ato vai ser determinante para uma projeção internacional mais forte e de que forma influencia uma atividade tão importante como a Justiça?

Relativamente às eleições previstas para 2012, espero que decorram pacificamente – que não se gerem fatores de retrocesso no processo de paz - e que haja condições para o pleno exercício dos direitos políticos consagrados na Constituição: eleger e ser eleito, com tudo o que isso pressupõe em matéria de garantias do processo eleitoral. O modo como as eleições decorrerem será mais um teste à consolidação dos valores e das instituições democráticas em Angola e seguramente influenciará a imagem do país no contexto internacional. A justiça eleitoral é um segmento crítico, muito posto à prova nestes contextos e pode constituir o ponto nevrálgico das democracias em contextos de mudança.

Tenciona um dia regressar definitivamente à sua terra natal? Que mensagem gostaria de deixar aos seus compatriotas?

Todos os filhos tencionam regressar à imagem de amor das mães. A principal riqueza dos países é humana. São as suas mulheres e os seus homens. Os países podem ter toda a riqueza do mundo. Se não tiverem homens e mulheres à altura de a administrar com justiça e equidade ficarão diminuídos para sempre. Angola é um grande país.
Precisamos todos de estar à altura do país que somos. Do legado dos nossos antepassados. A capacitação técnica é indispensável, assim como é indispensável a participação cívica. É preciso educar para a cidadania, educar para a paz, educar para a justiça. A educação é, para mim, a chave de tudo. Ela gerará a competência, a autosuficiência e a harmonia.

Qual é para si o principal papel a desempenhar pelo cidadão comum na edificação da Nova Angola e quais os domínios mais importantes para que esse plano de desenvolvimento tenha sucesso?

Infelizmente, parece estar a gerar-se em alguns setores da sociedade angolana uma espécie de novo riquismo ostensivo e disparatado que exacerba tensões e engendra mau estar. Em muitos casos é fruto de níveis educacionais e culturais muito baixos e de referências modelares associadas ao individualismo, à ganância e à indiferença social. É preciso fazer atenção a este fenómeno pelo que ele tem de potencial desestruturação da coesão social e de fomentador da divisão e do ódio. Se a isto for associada a dificuldade de resolução de problemas sociais, pode estar a criar-se aqui uma mistura explosiva. Precisamos de dar mais de nós próprios. Do que somos e não do que temos. O ter pode ser episódico. Só o ser perdura. Não adianta termos muito e não termos condições para realizar a felicidade no nosso lugar.
Termos de morar fora, de buscar a saúde fora, de ter os filhos a estudar fora, de ter a família dividida, de nos refugiarmos do olhar cobiçoso dos que não entendem porquê que a fortuna lhes não chegou... E precisamos de dar mais atenção ao lado. Ao vizinho. Ao que não é amigo, mas existe. Como eu, como ser portador de tanta esperança e de tanto desejo de felicidade como eu. Os grandes países fazem-se de gente generosa. Gente capaz de dádiva e ávida de realização de promessas. E a nossa promessa coletiva é tornarmonos um grande país. Um grande país para todos. Não foi esse o grande projeto da independência?


(Extractos de uma entrevista de Francisca Van Dunem 'a Revista Angola'In - Marco 2012)


Post Relacionado:

Jurista Angolana Eleita Procuradora Distrital de Lisboa


*[Nao me passaram despercebidos alguns aparentes double entendres, mas... recorrendo a giria popular, "o que nao me atinge passa por baixo"... gostei de ler quand meme.]




O filósofo Friedrich Hegel diz que ‘a Justiça não é um dom gratuito da Natureza Humana, ela precisa ser conquistada sempre porque é uma eterna procura’. Concorda com este pensamento? Qual é para si a evolução mais importante para que se atinjam patamares, cada vez mais, elevados de Justiça nos diferentes domínios da sociedade?

A justiça é de facto uma eterna procura. A busca da perfeição, do equilíbrio, a demanda da felicidade. O reconhecimento da dignidade da pessoa humana, independentemente da sua condição, de sexo, de origem social, racial, económica ou outra, constituiu o mais importante marco histórico e é ainda a pedra de toque entre as sociedades justas e injustas.

À soberania do Homem sobre si mesmo chama-se liberdade. Ela é o cume e a igualdade é a base. Em que alicerces devem assentar as noções do novo ‘contrato social’ moderno face à relação entre a Sociedade e o Estado de Direito?

O contrato social moderno parte ainda necessariamente do pressuposto da liberdade e implica o reconhecimento da igualdade de todos perante o Estado e os seus sistemas de proteção (nos quais se integra o sistema de justiça) e no acesso a condições de vida dignas e de progresso social.

Afirmou a seguinte frase: ‘Cumpra-se, a vitória é certa!’ O que simboliza esta expressão e que sentimentos lhe desperta? Fazendo uma espécie de viagem ao passado recente, como analisa a evolução do país, sobretudo na última década pós Acordo de Paz?

A frase não é minha. É de um instrutor militar que tive, em 1975, quando a guerra às portas de Luanda nos mobilizou a todos para defender a cidade. Correspondia a uma lógica de obediência cega, obediência castrense, que é explicável num contexto militar e que obviamente rejeitava.
Entretanto, o país cresceu muito e cresce todos os dias. Sentem-se obviamente muitas diferenças, mas será preciso atualmente um olhar sobre o vetor desenvolvimento, já que os dois conceitos (crescimento e desenvolvimento) não são sinónimos.
Justifica-se um esforço no sentido da recuperação dos indicadores de 1974 em domínios como o saneamento básico, a educação ou a saúde.

Em 2007, é nomeada Procuradora-Geral Distrital de Lisboa. Considera esta ascensão professional natural ou resultado de muito esforço e trabalho? Desde então como tem evoluído o seu trabalho?

Penso que a minha nomeação para o cargo de Procuradora-Geral Distrital de Lisboa correspondeu ao reconhecimento de um trabalho coerente e consistente que vinha desenvolvendo como magistrada. Sem falsa modéstia, penso que continuo, na Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, a fazer umtrabalho de grande diferenciação, com resultados visíveis. Mas é preciso trabalhar, trabalhar sempre. Com disciplina, com constância, com rigor.

Há, cada vez mais, um domínio das mulheres na Justiça. Acredita que este fenómeno tem influência a nível sociológico e no desenvolvimento das decisões judiciárias, ou seja, uma justiça no feminino é diferente?

O facto de haver cada vez mais mulheres no mundo judiciário, mais mulheres na justiça, permite, pelo menos, incorporar melhor a visão de mais de metade da humanidade. Afinal, as mulheres são a metade do céu!

Descrevem-na como uma mulher resiliente e reservada, que participou na luta pela independência do seu país, mas que nunca se exalta e é contra a exposição. É dessa forma que se vê?

Não. Não é assim que me vejo. Considero- me uma pessoa bem-educada, formada com elevados padrões éticos e de exigência pessoal - e a aparência de reserva tem apenas a ver com isso – que, por essa razão, convive mal com a sobre-exposição instrumental da promoção pessoal. Julgo ter uma relação equilibrada com os media.


Qual é a influência que esta memória coletiva e pessoal teve no seu percurso e como a mudou enquanto mulher e profissional?

Dizer que participei na luta pela independência seria uma injúria a quantos nela efetivamente participaram, sacrificando projetos pessoais e, em muitos casos, dando a sua vida pelo ideal de restauração da dignidade da Nação Angolana. Tenho um enorme respeito por essas pessoas. Ainda hoje olho com estupefação para muitas outras que no período colonial assumiram a comodidade de uma vida sem sobressaltos ou até mesmo de compromisso expresso com o poder colonial e que, após a independência, ou no período que imediatamente a precedeu, apareceram como arautos da liberdade. É preciso sermos rigorosos. Não podemos ceder à tentação de reescrever a história.

2012 é um ano complicado para a Europa, mas muito importante para Angola. Quais são os seus votos pessoais no que concerne às eleições que vão decorrer no país? Em que ponto este ato vai ser determinante para uma projeção internacional mais forte e de que forma influencia uma atividade tão importante como a Justiça?

Relativamente às eleições previstas para 2012, espero que decorram pacificamente – que não se gerem fatores de retrocesso no processo de paz - e que haja condições para o pleno exercício dos direitos políticos consagrados na Constituição: eleger e ser eleito, com tudo o que isso pressupõe em matéria de garantias do processo eleitoral. O modo como as eleições decorrerem será mais um teste à consolidação dos valores e das instituições democráticas em Angola e seguramente influenciará a imagem do país no contexto internacional. A justiça eleitoral é um segmento crítico, muito posto à prova nestes contextos e pode constituir o ponto nevrálgico das democracias em contextos de mudança.

Tenciona um dia regressar definitivamente à sua terra natal? Que mensagem gostaria de deixar aos seus compatriotas?

Todos os filhos tencionam regressar à imagem de amor das mães. A principal riqueza dos países é humana. São as suas mulheres e os seus homens. Os países podem ter toda a riqueza do mundo. Se não tiverem homens e mulheres à altura de a administrar com justiça e equidade ficarão diminuídos para sempre. Angola é um grande país.
Precisamos todos de estar à altura do país que somos. Do legado dos nossos antepassados. A capacitação técnica é indispensável, assim como é indispensável a participação cívica. É preciso educar para a cidadania, educar para a paz, educar para a justiça. A educação é, para mim, a chave de tudo. Ela gerará a competência, a autosuficiência e a harmonia.

Qual é para si o principal papel a desempenhar pelo cidadão comum na edificação da Nova Angola e quais os domínios mais importantes para que esse plano de desenvolvimento tenha sucesso?

Infelizmente, parece estar a gerar-se em alguns setores da sociedade angolana uma espécie de novo riquismo ostensivo e disparatado que exacerba tensões e engendra mau estar. Em muitos casos é fruto de níveis educacionais e culturais muito baixos e de referências modelares associadas ao individualismo, à ganância e à indiferença social. É preciso fazer atenção a este fenómeno pelo que ele tem de potencial desestruturação da coesão social e de fomentador da divisão e do ódio. Se a isto for associada a dificuldade de resolução de problemas sociais, pode estar a criar-se aqui uma mistura explosiva. Precisamos de dar mais de nós próprios. Do que somos e não do que temos. O ter pode ser episódico. Só o ser perdura. Não adianta termos muito e não termos condições para realizar a felicidade no nosso lugar.
Termos de morar fora, de buscar a saúde fora, de ter os filhos a estudar fora, de ter a família dividida, de nos refugiarmos do olhar cobiçoso dos que não entendem porquê que a fortuna lhes não chegou... E precisamos de dar mais atenção ao lado. Ao vizinho. Ao que não é amigo, mas existe. Como eu, como ser portador de tanta esperança e de tanto desejo de felicidade como eu. Os grandes países fazem-se de gente generosa. Gente capaz de dádiva e ávida de realização de promessas. E a nossa promessa coletiva é tornarmonos um grande país. Um grande país para todos. Não foi esse o grande projeto da independência?


(Extractos de uma entrevista de Francisca Van Dunem 'a Revista Angola'In - Marco 2012)


Post Relacionado:

Jurista Angolana Eleita Procuradora Distrital de Lisboa


*[Nao me passaram despercebidos alguns aparentes double entendres, mas... recorrendo a giria popular, "o que nao me atinge passa por baixo"... gostei de ler quand meme.]

Tuesday 10 April 2012

Are you Happy?



-:{Check here :-}



-:{Check here :-}

Thursday 5 April 2012

Dia da Paz: Um Discurso - Dois "Registos"





JES Dixit...

"Os direitos de todos e de cada um devem ser respeitados e tidos sempre em consideração.

Não devemos introduzir no nosso jogo político e democrático o princípio do "vale tudo".

Na política não vale tudo, nem todos os actos e factos são admitidos, sobretudo quando lesam a reputação, o bom nome e a integridade moral e física de outras pessoas. A difamação, a calúnia e a ameaça de morte são crimes e não devem de modo algum ser usados como meios de disputa ou luta política.

Exorto, por isso, a todos os cidadãos, partidos políticos, organizações da Sociedade Civil e instituições do Estado a adoptarem uma postura responsável e construtiva no exercício da diversidade e liberdade de opinião, que são pressupostos básicos da vida em democracia."

[AQUI]



... SE A FALTA DE VERGONHA NA CARA MATASSE!!!...



"(...) Na política não se podem agredir os adversários nem com difamações e muito menos com barras de ferro. Na política não se pode insultar a mãe e a mulher do outro, nem se podem partir braços e amolgar cabeças. Na política as ameaças de morte tão em voga entre nós, não podem continuar a ser usadas como tem acontecido até agora por conhecidos agentes da nossa praça, que de facto têm alguma capacidade de executarem tais propósitos. Sinceramente não acredito que alguém fique com medo de mim se por acaso ouvir da minha boca uma tal ameaça, porque sabe que eu não tenho qualquer poder. As ameaças que realmente atemorizam e intimidam são aquelas que são pronunciadas por pessoas que têm poder ou estão perto dele. Se hoje alguém da oposição me ameaçar de morte ainda sou capaz de me rir e de o mandar dar uma volta ao bilhar grande, mas se a mesma ameaça for feita por alguém ligado ao partido no poder de certeza que não acharei tanta piada e sou capaz de passar a noite a pensar no assunto..."

[Reginaldo Silva na Internet]


KURIBOTA

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Tanto falaste de mim
tantos ditos e malditos
quizeste vender minha alma
em troca do dinheiro
quizeste vender minha vida
em troca do teu bem estar

Kuribota!

Falas mal de uma mulher
sem lhe conheceres sequer
falas mal de um bom amigo
ja' nao sabes sequer
quem bem te quer

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Waldemar Bastos


Posts Relacionados:

REGINALDO SILVA: UM KRIMINOSO MUITO ESPECIAL

QUEIXA CRIME CONTRA REGINALDO SILVA

Reality Bites...

BULLIES!!!...





JES Dixit...

"Os direitos de todos e de cada um devem ser respeitados e tidos sempre em consideração.

Não devemos introduzir no nosso jogo político e democrático o princípio do "vale tudo".

Na política não vale tudo, nem todos os actos e factos são admitidos, sobretudo quando lesam a reputação, o bom nome e a integridade moral e física de outras pessoas. A difamação, a calúnia e a ameaça de morte são crimes e não devem de modo algum ser usados como meios de disputa ou luta política.

Exorto, por isso, a todos os cidadãos, partidos políticos, organizações da Sociedade Civil e instituições do Estado a adoptarem uma postura responsável e construtiva no exercício da diversidade e liberdade de opinião, que são pressupostos básicos da vida em democracia."

[AQUI]



... SE A FALTA DE VERGONHA NA CARA MATASSE!!!...



"(...) Na política não se podem agredir os adversários nem com difamações e muito menos com barras de ferro. Na política não se pode insultar a mãe e a mulher do outro, nem se podem partir braços e amolgar cabeças. Na política as ameaças de morte tão em voga entre nós, não podem continuar a ser usadas como tem acontecido até agora por conhecidos agentes da nossa praça, que de facto têm alguma capacidade de executarem tais propósitos. Sinceramente não acredito que alguém fique com medo de mim se por acaso ouvir da minha boca uma tal ameaça, porque sabe que eu não tenho qualquer poder. As ameaças que realmente atemorizam e intimidam são aquelas que são pronunciadas por pessoas que têm poder ou estão perto dele. Se hoje alguém da oposição me ameaçar de morte ainda sou capaz de me rir e de o mandar dar uma volta ao bilhar grande, mas se a mesma ameaça for feita por alguém ligado ao partido no poder de certeza que não acharei tanta piada e sou capaz de passar a noite a pensar no assunto..."

[Reginaldo Silva na Internet]


KURIBOTA

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Tanto falaste de mim
tantos ditos e malditos
quizeste vender minha alma
em troca do dinheiro
quizeste vender minha vida
em troca do teu bem estar

Kuribota!

Falas mal de uma mulher
sem lhe conheceres sequer
falas mal de um bom amigo
ja' nao sabes sequer
quem bem te quer

Kuribota, kuribota
seu invejoso
kuribota, kuribota
nao tens vergonha
kuribota, kuribota
grande planista
kuribota, kuribota
finjido!

Waldemar Bastos


Posts Relacionados:

REGINALDO SILVA: UM KRIMINOSO MUITO ESPECIAL

QUEIXA CRIME CONTRA REGINALDO SILVA

Reality Bites...

BULLIES!!!...

Wednesday 4 April 2012

"MANIFESTO PELO DIREITO A VIDA" [R]* - CORRIGIDO





I had initially written this as a comment to this post but, on good advice, decided to post it separately. Because it is never enough to stress the importance, relevance and accuracy of messages like Malavoloneke’s here, I must do just that: stress it!
But, let’s not make any mistakes: I am also a good friend of Fernando’s.
With him I shared the anguishes that led many Angolan students in Portugal to bring about a “Manifesto for the Right to Live”, for which we went door to door to collect thousands of signatures from the Angolan community and friends of Angola in Portugal and held a well attended vigil in one of Lisbon’s main squares, which counted with such references of our national culture as Raul Indipwo, his own father, Jorge Macedo, and others, calling for a halt to the hostilities that followed the 1992 elections and for a lasting peace and true democracy in our country.
Supporting him I was, a few months later, in the hunger strike he and other Angolan students held in front of the Angolan Embassy in Lisbon to protest at the victimisation students were being subjected to as a result of the intolerance and political violence that marked those times in our national life. With him I traveled, some time later, to Brussels, to spread our message and express our desire for peace at the headquarters of the European Union. To him I suggested, a few years later in Luanda, when he asked my opinion about it, that it would be better for him to go to pursue his studies and leave the political/civic struggles aside for a while – this particular episode happened when he was working in the same office as Rafael Marques, under the auspices of the Open Society, and it would be particularly interesting to observe the evolution Marques’ relationship with that organisation had in more recent years...
For him I was happy when he let me know some time later that he was in Boston post-graduating in Law. To him go my praises for all the courage and strength he shows in fighting for Justice, Peace and Democracy in our country!
However… however, in this occasion, I subscribe to Malavoloneke’s message to him. And deep down in my heart I believe that Fernando also subscribes to it, at least for this once. For this peace we so longed for. For that right to live that we called for so earthly sixteen years ago! And that message was and is very simple:

GIVE PEACE A CHANCE!



2. While I was living those moments with Fernando, I was also sharing (or had shared) momentous experiences with such ‘Mais Velhos’ from our country’s political history as Mario Pinto de Andrade, Manuel Lima and Daniel Chipenda (it was straight from this late Angolan nationalist's family home that I left, totally exhausted spiritually and psychologically, more than a decade ago, Lisbon to London, where I’ve been based ever since to rebuild, literally piece by piece, my then totally shattered life and from where I’ve been trying to give whatever contribution I can to our country and to our continent, until I can finally return home without fears of seeing my life shattered all over again for whatever reason – it is thus to protect my ‘right to live’ that I am forced, again, to stay abroad for a while longer. You see, unlike others, no matter what passport we may be using, we cannot disguise or conceal our identity: it is imprinted in our skin, our mind, our memory, our soul, our diction, our culture).

With them and others, I learned many of the lessons they had accumulated along about half a century of struggles for liberation, peace and development in Africa. Through them I’ve learned something essential about ourselves: for all the differences in their individual trajectories and standings in the nationalist movement, there was one commonality – our future can only be dictated by our own past, culture and history.
It was from them, among others, and from my own life experiences prior and after meeting them, that I got this sense of just how right Malavoloneke is in saying: “Therefore, I would like you to understand that we all need ways out. Ways out that have also to be ways of hope. Ways of hope that do not need to be necessarily perfect, they just need to be necessarily ours. Created by us with the limitations that we have, created in our own context with our own specificities and created for our land with the adaptations that they might require, but not imposed by a theoretical script from any western country.”
It was what I learned from them (and, to be perfectly accurate, before them, with my father and grandparents) that helped me make sense, particularly looking at my own life, not just of the letters from Unita and Mpla militants that I’ve reproduced here but, above all, of the passages from Douglass North’s Economics Nobel Prize Lecture, which I placed in the comment’s space to this post.




*[Postado inicialmente a 01/09/08 - repostado a proposito do "DIA DA PAZ EM ANGOLA"]


POST RELACIONADO:

Ecos de Uma Guerra que (ainda?!) nao Acabou...


CORRECCAO:

Eis uma correccao que (antes tarde do que nunca…) se me impoe:

No texto acima menciono o Fernando Macedo como tendo participado no movimento dos estudantes ‘a volta daquele manifesto – que obteve mais de 5 mil assinaturas de Angolanos e Amigos de Angola em Portugal e o apoio de muitos compatriotas nossos no interior do pais e na diaspora e culminou numa vigilia com musica cantada na Praca da Figueira em Lisboa.

Devo, no entanto, sem com isto pretender de modo nenhum menosprezar o activismo estudantil do Fernando Macedo naquela altura, corrigir esse lapso: o Fernando Macedo, tanto quanto me lembro, nao esteve envolvido, pelo menos directamente, naquele movimento. O “Manifesto” foi escrito em minha casa, por mim com a contribuicao de outros estudantes que la’ comigo se reuniam. Nao tenho memoria de o Fernando alguma vez ter estado em minha casa em Lisboa, nem de ter participado nas nossas reunioes – talvez apenas porque ele se encontrava a estudar em Braga, se bem me recordo.

O pai dele, o falecido Jorge Macedo, esse sim, numa fase posterior, quando nos os estudantes ja’ tinhamos praticamente tudo feito, juntou-se a algumas das nossas reunioes, tal como alguns outros mais-velhos, como o Raul Indipwo – que tambem cantou na Praca da Figueira no dia da vigilia.

As minhas desculpas ao Fernando, mas o meu lapso ficou a dever-se ao facto de a minha memoria sobre os meus ultimos anos em Portugal apenas agora se estar gradualmente a reconstruir.

APS

P.S.: Ja’ agora, agradeco a quem porventura tenha uma copia do “Manifesto” que me a envie por email. Agradecimentos antecipados.




I had initially written this as a comment to this post but, on good advice, decided to post it separately. Because it is never enough to stress the importance, relevance and accuracy of messages like Malavoloneke’s here, I must do just that: stress it!
But, let’s not make any mistakes: I am also a good friend of Fernando’s.
With him I shared the anguishes that led many Angolan students in Portugal to bring about a “Manifesto for the Right to Live”, for which we went door to door to collect thousands of signatures from the Angolan community and friends of Angola in Portugal and held a well attended vigil in one of Lisbon’s main squares, which counted with such references of our national culture as Raul Indipwo, his own father, Jorge Macedo, and others, calling for a halt to the hostilities that followed the 1992 elections and for a lasting peace and true democracy in our country.
Supporting him I was, a few months later, in the hunger strike he and other Angolan students held in front of the Angolan Embassy in Lisbon to protest at the victimisation students were being subjected to as a result of the intolerance and political violence that marked those times in our national life. With him I traveled, some time later, to Brussels, to spread our message and express our desire for peace at the headquarters of the European Union. To him I suggested, a few years later in Luanda, when he asked my opinion about it, that it would be better for him to go to pursue his studies and leave the political/civic struggles aside for a while – this particular episode happened when he was working in the same office as Rafael Marques, under the auspices of the Open Society, and it would be particularly interesting to observe the evolution Marques’ relationship with that organisation had in more recent years...
For him I was happy when he let me know some time later that he was in Boston post-graduating in Law. To him go my praises for all the courage and strength he shows in fighting for Justice, Peace and Democracy in our country!
However… however, in this occasion, I subscribe to Malavoloneke’s message to him. And deep down in my heart I believe that Fernando also subscribes to it, at least for this once. For this peace we so longed for. For that right to live that we called for so earthly sixteen years ago! And that message was and is very simple:

GIVE PEACE A CHANCE!



2. While I was living those moments with Fernando, I was also sharing (or had shared) momentous experiences with such ‘Mais Velhos’ from our country’s political history as Mario Pinto de Andrade, Manuel Lima and Daniel Chipenda (it was straight from this late Angolan nationalist's family home that I left, totally exhausted spiritually and psychologically, more than a decade ago, Lisbon to London, where I’ve been based ever since to rebuild, literally piece by piece, my then totally shattered life and from where I’ve been trying to give whatever contribution I can to our country and to our continent, until I can finally return home without fears of seeing my life shattered all over again for whatever reason – it is thus to protect my ‘right to live’ that I am forced, again, to stay abroad for a while longer. You see, unlike others, no matter what passport we may be using, we cannot disguise or conceal our identity: it is imprinted in our skin, our mind, our memory, our soul, our diction, our culture).

With them and others, I learned many of the lessons they had accumulated along about half a century of struggles for liberation, peace and development in Africa. Through them I’ve learned something essential about ourselves: for all the differences in their individual trajectories and standings in the nationalist movement, there was one commonality – our future can only be dictated by our own past, culture and history.
It was from them, among others, and from my own life experiences prior and after meeting them, that I got this sense of just how right Malavoloneke is in saying: “Therefore, I would like you to understand that we all need ways out. Ways out that have also to be ways of hope. Ways of hope that do not need to be necessarily perfect, they just need to be necessarily ours. Created by us with the limitations that we have, created in our own context with our own specificities and created for our land with the adaptations that they might require, but not imposed by a theoretical script from any western country.”
It was what I learned from them (and, to be perfectly accurate, before them, with my father and grandparents) that helped me make sense, particularly looking at my own life, not just of the letters from Unita and Mpla militants that I’ve reproduced here but, above all, of the passages from Douglass North’s Economics Nobel Prize Lecture, which I placed in the comment’s space to this post.




*[Postado inicialmente a 01/09/08 - repostado a proposito do "DIA DA PAZ EM ANGOLA"]


POST RELACIONADO:

Ecos de Uma Guerra que (ainda?!) nao Acabou...


CORRECCAO:

Eis uma correccao que (antes tarde do que nunca…) se me impoe:

No texto acima menciono o Fernando Macedo como tendo participado no movimento dos estudantes ‘a volta daquele manifesto – que obteve mais de 5 mil assinaturas de Angolanos e Amigos de Angola em Portugal e o apoio de muitos compatriotas nossos no interior do pais e na diaspora e culminou numa vigilia com musica cantada na Praca da Figueira em Lisboa.

Devo, no entanto, sem com isto pretender de modo nenhum menosprezar o activismo estudantil do Fernando Macedo naquela altura, corrigir esse lapso: o Fernando Macedo, tanto quanto me lembro, nao esteve envolvido, pelo menos directamente, naquele movimento. O “Manifesto” foi escrito em minha casa, por mim com a contribuicao de outros estudantes que la’ comigo se reuniam. Nao tenho memoria de o Fernando alguma vez ter estado em minha casa em Lisboa, nem de ter participado nas nossas reunioes – talvez apenas porque ele se encontrava a estudar em Braga, se bem me recordo.

O pai dele, o falecido Jorge Macedo, esse sim, numa fase posterior, quando nos os estudantes ja’ tinhamos praticamente tudo feito, juntou-se a algumas das nossas reunioes, tal como alguns outros mais-velhos, como o Raul Indipwo – que tambem cantou na Praca da Figueira no dia da vigilia.

As minhas desculpas ao Fernando, mas o meu lapso ficou a dever-se ao facto de a minha memoria sobre os meus ultimos anos em Portugal apenas agora se estar gradualmente a reconstruir.

APS

P.S.: Ja’ agora, agradeco a quem porventura tenha uma copia do “Manifesto” que me a envie por email. Agradecimentos antecipados.