Tuesday, 2 February 2010

Kundera's "Ignorance" [R]*

IGNORÂNCIA, OU A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO REGRESSO



- O que é que ainda estás aqui a fazer? Perguntou S. indignada.
- Mas tu não vês que eu tenho aqui o meu trabalho, o meu apartamento, a minha vida?, I. retorquiu.
- Meu Deus, I.! O que se está a passar no teu país é tão fascinante! Numa situação como aquela tudo se pode resolver!
- Mas S., não são só as questões práticas, o trabalho, o apartamento. Eu tenho estado aqui a viver há 20 anos. A minha vida está aqui!
- Será o teu grande regresso, respondeu S. depois de um longo silêncio.

Repetidas, as palavras adquiriram um tal poder que, no fundo de si, I. via-as escritas em letras capitais: GRANDE REGRESSO. Abandonou a sua resistência e deixou-se captivar por imagens súbitamente emergindo de livros lidos há muito tempo, de filmes, da sua própria memória e talvez da sua memória ancestral: o lar que todos carregamos dentro de nós; Odysseus vislumbrando a sua ilha depois de anos de vagueação; o regresso, o regresso, a grande magia do regresso.

A palavra grega para regresso é nostos. Algos significa sofrimento. Portanto, nostalgia é o sofrimento causado por um insaciado desejo de regressar. Para expressar essa noção fundamental, a maior parte dos europeus utiliza a palavra derivada do grego (nostalgia) assim como outras palavras com raízes nos seus idiomas nacionais: anoranza, dizem os espanhóis; saudade, dizem os portugueses. Em cada língua estas palavras têm uma diferente nuance semântica. Frequentemente elas significam apenas a tristeza causada pela impossibilidade de regressar ao país a que se pertence: o anseio pela terra, pelo lar. O que em Inglês se chama homesickness. Em espanhol anoranza vem do verbo anorar (sentir nostalgia), que vem do catalão enyorar, por sua vez derivado da palavra latina ignorare. Sob essa luz etimológica, nostalgia parece algo assim como a dor da ignorância, do não saber. Tu estás longe e eu não sei o que é feito de ti. O meu país está longe e eu não sei o que por lá se passa.

(…)

A alvorada da antiga cultura grega trouxe consigo o nascimento da Odisseia, o épico fundador da nostalgia. Enfatizemos: Odysseus, o maior aventureiro de todos os tempos, é também o maior nostálgico. Ele partira (não muito contente) para a guerra de Tróia e por lá ficara durante 10 anos. Depois tentou regressar à sua Ithaca nativa, mas as intrigas dos deuses prolongaram-lhe a viagem, primeiro durante 3 anos encalacrado no meio dos mais inusitados acontecimentos, depois por mais 7 anos que passou como refém e amante de Calypso, que na sua paixão não o deixava sair da ilha. Muito diferente da vida de pobre emigrada que I. tem levado por já bastante tempo. Odysseus viveu a verdadeira dolce vita lá na terra de Calypso, uma vida fácil, uma vida de delícias. No entanto, entre a dolce vita num lugar estrangeiro e o arriscado regresso a casa, ele escolheu o regresso.

Desde as primeiras semanas depois de ter emigrado, I. começou a ter estranhos sonhos: ela está num avião que muda de direcção e aterra num aeroporto desconhecido; homens armados e de uniforme esperam-na; num suor frio, ela reconhece a polícia. Noutra ocasião, ela está a caminhar numa pequena cidade quando vê um estranho grupo de mulheres, cada uma com uma caneca de cerveja, correndo em direcção a ela, chamando-a na sua língua com uma falsa cordialidade e, aterrorizada, I. realiza que está na sua terra. Ela grita e acorda.

Depois, durante uma conversa com um compatriota também emigrado, I. dá-se conta de que todos os emigrados tinham esses sonhos, todos, sem excepção; primeiro ela ficou comovida pela fraternidade nocturna de pessoas desconhecidas umas das outras, mas depois ficou um tanto irritada: como é possível que uma experiência tão privada como um sonho seja um acontecimento colectivo? O que é que, então, é unico à nossa alma?

Mas chega de perguntas que não têm resposta! Uma coisa era certa: em qualquer noite, milhares de emigrados sonhavam o mesmo sonho num sem número de variantes. O sonho-emigração: um dos fenómenos mais estranhos da segunda metade do século vinte. Esses sonhos-pesadelos pareciam-lhe tanto mais estranhos quanto o facto de que ela era assaltada simultâneamente por uma incontrolável nostalgia e outra experiência completamente oposta: paisagens da sua terra não paravam de passar pela sua mente durante o dia. Durante todo o dia essas fugidias imagens visitavam-na para atenuar o anseio pela sua terra perdida. O dia era iluminado pela beleza da terra abandonada, a noite pelo horror de a ela regressar. O dia mostrava-lhe o paraíso que perdera; a noite, o inferno de que fugira.

Leais à tradição da revolução francesa, os países comunistas excomungavam a emigração, considerada a mais odiosa traição. Todos os que permanecessem no exterior eram condenados in absencia no seu país de origem e os seus compatriotas não se atreviam a ter qualquer contacto com eles. J. relembrou-se de uma antiga idéia sua, que na altura ele próprio considerara blasfema: a aderência ao comunismo não tinha nada a ver com Marx e as suas teorias, mas simplesmente com o facto de que proporcionava às pessoas uma forma de satisfazerem as suas mais diversas necessidades psicológicas: a necessidade de parecer não-conformista, ou de obedecer, ou de punir os maus, ou de ser útil, ou de ter uma grande família à volta.

A razão pela qual as pessoas estão agora a abandonar o comunismo não se deve às suas idéias terem mudado ou a terem sofrido um choque, mas ao facto de o credo comunista já não responder a nenhuma necessidade. Tornou-se tão inútil, que toda a gente o deixa fácilmente cair, sem sequer se dar conta.

(…)

J. pergunta: se um país não é independente e nem sequer o quer ser, quererá alguém ainda morrer por ele?
– Querer morrer não é bem o que eu desejo para os meus filhos, N. retorquiu.
– Ponho a pergunta de outro modo, voltou J.: haverá alguém que ainda ame esse país?
- Como é que foste capaz de emigrar J.?! Tu és um patriota! Morrer pelo país – isso já acabou! Talvez para ti o tempo tenha parado durante a tua emigração. Mas eles, eles ja não pensam como tu, eles estão noutra!, exclamou N.

(...)

I. lamenta que os seus compatriotas pensem que todos os emigrados saem em busca de uma vida fácil: não sabem como é duro lutar por um lugar ao sol num país estrangeiro; deixar o país com crianças; perder o marido; criar as crianças sem dinheiro... Mas M. adverte-a: não vale a pena dizer-lhes isso. Até há pouco tempo toda a gente discutia sobre quem tinha passado pior sob o antigo regime. Todos queriam ser reconhecidos como vítimas. Mas esses concursos de sofrimento já passaram de moda. Agora as pessoas gabam-se do seu sucesso, não do seu sofrimento. Portanto, se eles decidirem conceder-te algum respeito, não será pela vida dura que tiveste, mas porque terás arranjado um homem rico!

(…)

I. sempre tomara como um dado que emigrar era uma desgraça. Mas agora ela interroga-se se isso não seria uma ilusão sugestionada pela forma como as pessoas avaliam um emigrado. Não estaria ela a interpretar a sua própria vida de acordo com as instruções operativas de outros? Ocorre-lhe que, embora lhe tenha sido imposta de fora e contra a sua vontade, a sua emigração era talvez, sem ela se ter apercebido, a melhor coisa que lhe tinha acontecido na vida. As implacáveis forças da história que tinham atacado a sua liberdade tinham-na, de facto, libertado.

(...)

Durante os 20 anos da ausência de Odysseus, o povo de Ithaca retivera muitas recordações dele, mas nunca sentira nostalgia por ele. Por seu lado, Odysseus sofria de nostalgia mas não se lembrava de quase nada. Podemos compreender esta curiosa contradição se realizarmos que para que a memória funcione bem precisa de constante prática: se as recordações não são evocadas repetidamente, em conversas com amigos, desaparecem. Quanto maior a nostalgia, mais vazia de recordações ela se torna. Durante 20 anos, Odysseus não pensara em mais nada senão no seu regresso. Mas uma vez regressado, espantou-se com a realização de que a sua vida, a verdadeira essência da sua vida, o seu centro, o seu tesouro, estava fora de Ithaca, nos 20 anos das suas deambulações.



Os parágrafos precedentes constituem uma ‘colagem’ de extractos de “Ignorance” (Faber & Faber, Londres, 2002), a última obra de Milan Kundera, que tomei a liberdade de traduzir da versão inglesa. Não lia Kundera há mais de dez anos, desde “A Insustentável Leveza do Ser” – quando havia mais tempo para leituras não acadêmicas; mais tempo para partilhar leituras com amigos. Tal como então, (re)descubro a extraordinária capacidade do Checo de nos surpreender com ficções que sub-repticiamente se insinuam nos nossos próprios factos. Como se ele tivesse seguido de perto o percurso das nossas pulsões, memórias, sonhos, desencantos. De alguns de nós. Ou será de todos nós? Haverá mesmo essa coisa chamada “memória colectiva”? Ignoro. Mas sei de quantas vezes uma certa ‘arrogância ignorante’ nos persegue com bizarras noções de poder ou “patriotismo”, mais não visando que expulsar-nos do nosso espaço de pertença natural; mais não visando, de facto, que dele se usurpar. Regressamos, então, ao centro de nós, onde nos redescobrimos, reinventamos ou perdemos, mas permanecemos irrevogávelmente iguais a nós próprios.


A.S. (Publicado em "Factos & Ficções", Semanário Angolense - Luanda, Dezembro, 2002)


*[First posted 12/01/07]
IGNORÂNCIA, OU A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO REGRESSO



- O que é que ainda estás aqui a fazer? Perguntou S. indignada.
- Mas tu não vês que eu tenho aqui o meu trabalho, o meu apartamento, a minha vida?, I. retorquiu.
- Meu Deus, I.! O que se está a passar no teu país é tão fascinante! Numa situação como aquela tudo se pode resolver!
- Mas S., não são só as questões práticas, o trabalho, o apartamento. Eu tenho estado aqui a viver há 20 anos. A minha vida está aqui!
- Será o teu grande regresso, respondeu S. depois de um longo silêncio.

Repetidas, as palavras adquiriram um tal poder que, no fundo de si, I. via-as escritas em letras capitais: GRANDE REGRESSO. Abandonou a sua resistência e deixou-se captivar por imagens súbitamente emergindo de livros lidos há muito tempo, de filmes, da sua própria memória e talvez da sua memória ancestral: o lar que todos carregamos dentro de nós; Odysseus vislumbrando a sua ilha depois de anos de vagueação; o regresso, o regresso, a grande magia do regresso.

A palavra grega para regresso é nostos. Algos significa sofrimento. Portanto, nostalgia é o sofrimento causado por um insaciado desejo de regressar. Para expressar essa noção fundamental, a maior parte dos europeus utiliza a palavra derivada do grego (nostalgia) assim como outras palavras com raízes nos seus idiomas nacionais: anoranza, dizem os espanhóis; saudade, dizem os portugueses. Em cada língua estas palavras têm uma diferente nuance semântica. Frequentemente elas significam apenas a tristeza causada pela impossibilidade de regressar ao país a que se pertence: o anseio pela terra, pelo lar. O que em Inglês se chama homesickness. Em espanhol anoranza vem do verbo anorar (sentir nostalgia), que vem do catalão enyorar, por sua vez derivado da palavra latina ignorare. Sob essa luz etimológica, nostalgia parece algo assim como a dor da ignorância, do não saber. Tu estás longe e eu não sei o que é feito de ti. O meu país está longe e eu não sei o que por lá se passa.

(…)

A alvorada da antiga cultura grega trouxe consigo o nascimento da Odisseia, o épico fundador da nostalgia. Enfatizemos: Odysseus, o maior aventureiro de todos os tempos, é também o maior nostálgico. Ele partira (não muito contente) para a guerra de Tróia e por lá ficara durante 10 anos. Depois tentou regressar à sua Ithaca nativa, mas as intrigas dos deuses prolongaram-lhe a viagem, primeiro durante 3 anos encalacrado no meio dos mais inusitados acontecimentos, depois por mais 7 anos que passou como refém e amante de Calypso, que na sua paixão não o deixava sair da ilha. Muito diferente da vida de pobre emigrada que I. tem levado por já bastante tempo. Odysseus viveu a verdadeira dolce vita lá na terra de Calypso, uma vida fácil, uma vida de delícias. No entanto, entre a dolce vita num lugar estrangeiro e o arriscado regresso a casa, ele escolheu o regresso.

Desde as primeiras semanas depois de ter emigrado, I. começou a ter estranhos sonhos: ela está num avião que muda de direcção e aterra num aeroporto desconhecido; homens armados e de uniforme esperam-na; num suor frio, ela reconhece a polícia. Noutra ocasião, ela está a caminhar numa pequena cidade quando vê um estranho grupo de mulheres, cada uma com uma caneca de cerveja, correndo em direcção a ela, chamando-a na sua língua com uma falsa cordialidade e, aterrorizada, I. realiza que está na sua terra. Ela grita e acorda.

Depois, durante uma conversa com um compatriota também emigrado, I. dá-se conta de que todos os emigrados tinham esses sonhos, todos, sem excepção; primeiro ela ficou comovida pela fraternidade nocturna de pessoas desconhecidas umas das outras, mas depois ficou um tanto irritada: como é possível que uma experiência tão privada como um sonho seja um acontecimento colectivo? O que é que, então, é unico à nossa alma?

Mas chega de perguntas que não têm resposta! Uma coisa era certa: em qualquer noite, milhares de emigrados sonhavam o mesmo sonho num sem número de variantes. O sonho-emigração: um dos fenómenos mais estranhos da segunda metade do século vinte. Esses sonhos-pesadelos pareciam-lhe tanto mais estranhos quanto o facto de que ela era assaltada simultâneamente por uma incontrolável nostalgia e outra experiência completamente oposta: paisagens da sua terra não paravam de passar pela sua mente durante o dia. Durante todo o dia essas fugidias imagens visitavam-na para atenuar o anseio pela sua terra perdida. O dia era iluminado pela beleza da terra abandonada, a noite pelo horror de a ela regressar. O dia mostrava-lhe o paraíso que perdera; a noite, o inferno de que fugira.

Leais à tradição da revolução francesa, os países comunistas excomungavam a emigração, considerada a mais odiosa traição. Todos os que permanecessem no exterior eram condenados in absencia no seu país de origem e os seus compatriotas não se atreviam a ter qualquer contacto com eles. J. relembrou-se de uma antiga idéia sua, que na altura ele próprio considerara blasfema: a aderência ao comunismo não tinha nada a ver com Marx e as suas teorias, mas simplesmente com o facto de que proporcionava às pessoas uma forma de satisfazerem as suas mais diversas necessidades psicológicas: a necessidade de parecer não-conformista, ou de obedecer, ou de punir os maus, ou de ser útil, ou de ter uma grande família à volta.

A razão pela qual as pessoas estão agora a abandonar o comunismo não se deve às suas idéias terem mudado ou a terem sofrido um choque, mas ao facto de o credo comunista já não responder a nenhuma necessidade. Tornou-se tão inútil, que toda a gente o deixa fácilmente cair, sem sequer se dar conta.

(…)

J. pergunta: se um país não é independente e nem sequer o quer ser, quererá alguém ainda morrer por ele?
– Querer morrer não é bem o que eu desejo para os meus filhos, N. retorquiu.
– Ponho a pergunta de outro modo, voltou J.: haverá alguém que ainda ame esse país?
- Como é que foste capaz de emigrar J.?! Tu és um patriota! Morrer pelo país – isso já acabou! Talvez para ti o tempo tenha parado durante a tua emigração. Mas eles, eles ja não pensam como tu, eles estão noutra!, exclamou N.

(...)

I. lamenta que os seus compatriotas pensem que todos os emigrados saem em busca de uma vida fácil: não sabem como é duro lutar por um lugar ao sol num país estrangeiro; deixar o país com crianças; perder o marido; criar as crianças sem dinheiro... Mas M. adverte-a: não vale a pena dizer-lhes isso. Até há pouco tempo toda a gente discutia sobre quem tinha passado pior sob o antigo regime. Todos queriam ser reconhecidos como vítimas. Mas esses concursos de sofrimento já passaram de moda. Agora as pessoas gabam-se do seu sucesso, não do seu sofrimento. Portanto, se eles decidirem conceder-te algum respeito, não será pela vida dura que tiveste, mas porque terás arranjado um homem rico!

(…)

I. sempre tomara como um dado que emigrar era uma desgraça. Mas agora ela interroga-se se isso não seria uma ilusão sugestionada pela forma como as pessoas avaliam um emigrado. Não estaria ela a interpretar a sua própria vida de acordo com as instruções operativas de outros? Ocorre-lhe que, embora lhe tenha sido imposta de fora e contra a sua vontade, a sua emigração era talvez, sem ela se ter apercebido, a melhor coisa que lhe tinha acontecido na vida. As implacáveis forças da história que tinham atacado a sua liberdade tinham-na, de facto, libertado.

(...)

Durante os 20 anos da ausência de Odysseus, o povo de Ithaca retivera muitas recordações dele, mas nunca sentira nostalgia por ele. Por seu lado, Odysseus sofria de nostalgia mas não se lembrava de quase nada. Podemos compreender esta curiosa contradição se realizarmos que para que a memória funcione bem precisa de constante prática: se as recordações não são evocadas repetidamente, em conversas com amigos, desaparecem. Quanto maior a nostalgia, mais vazia de recordações ela se torna. Durante 20 anos, Odysseus não pensara em mais nada senão no seu regresso. Mas uma vez regressado, espantou-se com a realização de que a sua vida, a verdadeira essência da sua vida, o seu centro, o seu tesouro, estava fora de Ithaca, nos 20 anos das suas deambulações.



Os parágrafos precedentes constituem uma ‘colagem’ de extractos de “Ignorance” (Faber & Faber, Londres, 2002), a última obra de Milan Kundera, que tomei a liberdade de traduzir da versão inglesa. Não lia Kundera há mais de dez anos, desde “A Insustentável Leveza do Ser” – quando havia mais tempo para leituras não acadêmicas; mais tempo para partilhar leituras com amigos. Tal como então, (re)descubro a extraordinária capacidade do Checo de nos surpreender com ficções que sub-repticiamente se insinuam nos nossos próprios factos. Como se ele tivesse seguido de perto o percurso das nossas pulsões, memórias, sonhos, desencantos. De alguns de nós. Ou será de todos nós? Haverá mesmo essa coisa chamada “memória colectiva”? Ignoro. Mas sei de quantas vezes uma certa ‘arrogância ignorante’ nos persegue com bizarras noções de poder ou “patriotismo”, mais não visando que expulsar-nos do nosso espaço de pertença natural; mais não visando, de facto, que dele se usurpar. Regressamos, então, ao centro de nós, onde nos redescobrimos, reinventamos ou perdemos, mas permanecemos irrevogávelmente iguais a nós próprios.


A.S. (Publicado em "Factos & Ficções", Semanário Angolense - Luanda, Dezembro, 2002)


*[First posted 12/01/07]

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