Wednesday 7 September 2011

Angola: When Increasing Wealth Doesn't 'Trickle Down' [Anotado]* [R]**



**[Postado inicialmente a 11/07/11]

Repostado a proposito desta materia, que me fez recuar no tempo e revisitar mentalmente alguns "outros" editoriais do "Nosso Pravda" - dos tempos da "ditadura do proletariado", "da justica popular revolucionaria", do "temos que partir os dentes 'a pequena burguesia!" e dos "suicidios de classe", por exemplo...

Pelo caminho, encontrei esta noticia, onde se da' conta de como um dos executores de Che Guevara obteve recentemente o direito legal a uma bilionaria recompensa por ter visto o seu pai suicidar-se a mando de Che, alegadamente "apenas por ser rico", ou seja, por lhe ter negado "o direito a ser rico"...

E, ja' agora, pelo caminho tambem passei por este lugar, onde se conta "uma outra historia" sobre a vida e morte de Che Guevara...

que me desculpen los companeros romanticos mas sensibiles...


Posts relacionados:

De Paulo Lara: Um Testemunho para a Historia

Terra Queimada

Que estara' pasando en el galinero?





Extracts from an article ("Mine, all mine") recently appeared in
The Economist



After three decades in power, José Eduardo dos Santos is presiding over a resource boom. But too few Angolans are seeing the benefits


[…]

Since ending a 27-year civil war in 2002, Angola has become one of sub-Saharan Africa’s richest countries. Angolan mines are the fifth-largest source of diamonds worldwide. Its oil wells already produce 1.9m barrels a day; on present trends, it could overtake Nigeria to become Africa’s largest producer. It has huge agricultural potential. Roads and railways that were destroyed during the fighting have been rebuilt. New schools and hospitals have sprung up.

But Angola is also one of the world’s most unequal countries. (Its Gini coefficient—a measure of income distribution in which zero indicates perfect equality—is 0.55). Most of the benefits of the resource boom have gone to a fairly small elite that lives in an African version of St Tropez, with ritzy beach clubs inside walled enclaves. A crop of skyscrapers encircles a harbour decorated with sleek motorboats and a Ferretti yacht costing $5.5m.

The musseques, as the self-built settlements of the poor are called in Angola, used to start right behind Luanda’s white sandy beaches. Now they have been pushed inland, away from the most desirable spots. Land seizures have become an explosive political issue, as the capital’s hinterland fills up with the displaced. These people are given tin sheets to build shanty towns—but no compensation. Only 9% of Luanda’s population of 5m has running water, a lower share than during the civil war. Across Angola, half the population of 18m has virtually no access to health care. The country has one of the world’s highest rates of infant mortality, and the only known cases of urban polio.

The government says all the right things about the need to improve public services. It promises “water for all” and pledges to build “one million houses” (dubbed by critics “one million dollar houses”, since most of those it does build are unaffordable to all but the rich).

The government’s budget is about $40 billion, bigger than that of some European countries. But aid agencies are still the best hope for ordinary Angolans. In Kilamba Kiaxi, a suburb of Luanda, 1m people got their first taste of running water last year when Unicef set up a few dozen taps. Local officials had told residents they lacked the funds to pump water along existing pipes. In one case Unicef paid a $200,000 fee to the state water company to turn on a tap.

[…]

Critics complain that the government, a prickly but proud bunch of mainly former guerrillas, pays vast sums for white elephants intended to make it look good. It spent more than $1 billion on four stadiums for the Africa Cup of Nations, a football tournament. It also built an imposing stock exchange, though there is no bourse.

[…]

[*] The logic behind the kleptocratic system is complex. Having won the long civil war, members of the ruling People’s Movement for the Liberation of Angola (MPLA) feel they deserve a share of the spoils. José Eduardo dos Santos, the president for the past 31 years, has seemed happy to oblige them to ensure their loyalty. His own family has stakes in several companies. Though publicly in favour of private enterprise and foreign competition, Mr dos Santos is a former Marxist, trained in the Soviet Union, and remains something of a protectionist. He appears to see the many barriers to trade thrown up by his rent-seeking minions as a means of preventing multinationals from taking over. He has a finely honed instinct for preserving his power and a relatively low appetite for outright brutality—Vladimir Putin rather than Joseph Stalin.

Already sub-Saharan Africa’s second-longest-serving leader, Mr dos Santos has changed the constitution so that he can stay in office until 2022 without having to face a direct election again. The changes eliminate elections for the presidency; instead, the leader of the largest group in parliament automatically gets the job. But power is still concentrated in the president’s office. It controls all budgets and appoints judges, prosecutors, generals, state governors and election commissioners.

An uprising is unlikely, since memories of the civil war that killed 1.5m people are still fresh. But parliamentary polls in 2012, though probably rigged, will see more competition than last time, when the MPLA won over 80% of the vote. The president is already campaigning, having made his first state-of-the-nation address last October. Barring a vast drop in the oil price, which would threaten the patronage system, he will almost certainly win. Change may have to await the emergence of a post-war generation of leaders, free of old fears and prepared to challenge the man they call o pai grande, the great father.


[Full article here]





[*] Essa logica torna-se mais complexa ainda quando o poder politico (que aqui se confunde com o estado, ou nao estivessemos em presenca de um "partido-estado" no poder...) se julga e se comporta como "proprietario", nao so' do pais e de todos os seus recursos e riquezas, como tambem de "todo o mundo" que nasceu, cresceu ou viveu sob 'a sua bandeira' (embora se permita votar ao abandono absoluto o 'pioneiro' que pela primeira vez icou tal bandeira!...) , e muito particularmente dos "estudantes bolseiros" que, implicita e explicitamente, assume que "jamais teriam uma formacao media ou superior" nao fossem as suas (famigeradas porque discricionarias, discriminatorias, mal geridas, desencaminhadas, desviadas e, por entre doses de manipulacao, humilhacao e chantagem politica e emocional q.b., em muitos casos, pouco mais do que, a varios titulos, destrutivas!) "bolsas de estudo"... enquanto "os que ficaram" tudo fazem para os estigmatizar e discriminar relativamente a auto-proclamada e novo-enriquecida "prata da casa"!...

Uma logica que, claramente, nao ve o estado (e o partido politico que o detem/sustenta) como "pessoa de bem" para todos e nao apenas para alguns - os "da sua familia, compadrio, confianca, amizade, militancia e/ou conveniencia" - certamente nao para aquela/es que tiveram a veleidade e o "atrevimento politico" de se expressarem e manifestarem a favor da paz "quando nao deviam"!

Assim, porque o poder politico (repitamo-lo: neste caso, o estado) nao e', nem pode ser, "pai grande" para "todo o mundo", os "minions patrioteiros" que "chupam" abundantemente da sua mesa, sacos azuis, envelopes castanhos, cabazes e pactos de regime passam a criar tambem os seus proprios "sub-sistemas de patronagem", tentando a todo o custo grangear "prestigio pessoal" perante a sociedade forjando "a golpes de (Aka)martelo" relacoes manipulativas de subserviencia e dependencia material, financeira e psicologica com os "filhos ilegitimos da patria", i.e. aqueles que o estado, por razoes politicas e afins, faz questao de marginalizar e penalizar (... chegando para tanto a negar-lhes passaportes nacionais, a cercear-lhes/ sabotar-lhes oportunidades academicas e profissionais por si duramente conquistadas, a arruinar-lhes a reputacao, destruir-lhes a personalidade, assassinar-lhes o caracter e a depriva-los dos seus bens e haveres, nomeadamente casas, e da sua mais elementar dignidade humana, transformando-os assim em autenticos mendigos indigentes, enquanto lhes atiram a cara, ainda que falsamente e mesmo que o contrario seja efectivamente o verdadeiro, que "debicaram no seu prato"!), fazendo-os depois "pagar ad-eternum com juros hiper-inflacionados em mercado aberto na praca publica a hipoteca da amizade e familia manipuladas pelo contexto"! Era desse processo que falava, ha' uns tempos, aqui...

Uma realidade, alias, que, curiosamente, foi tambem assinalada nesse tipo de processos de "construcao social" em Cuba, como aqui se pode constatar: "(...) Ferrer points out that this system was also designed to encourage the subservience, indebtedness and gratitude of former slaves to the rebel leaders. While it certainly had this effect, libertos also seized the revolutionary language of freedom, liberty, and justice to demand a more inclusive role in the anti-colonial struggle."

E tal logica torna-se ainda mais perversa e corrosiva (...criando assim as raizes e os tentaculos desse verdadeiro cancro que e' a corrupcao generalizada e institucionalizada - endemica, portanto...) quando e' interiorizada, operacionalizada, assumida e externalizada por segmentos da sociedade dos quais isso menos se esperaria, como jornalistas e afins, e ate' membros do clero num estado supostamente laico. Note-se, a este proposito, estas declaracoes do Conego Apolonio Graciano, em recente entrevista ao Semanario Angolense [edicao #424 de 09/07/11]:




«Já recebi sim. Mas, mostre-me alguém que nunca recebeu nada» [**]

SA - É verdade que o MPLA andou a distribuir milhões de dólares pelos bispos angolanos, sendo que alguns até têm exibido sinais de riqueza incomuns? O senhor já apanhou alguma coisa do regime?

CAG - Há muita mentira e calúnias contra os Bispos de Angola. Nunca imaginei que alguns angolanos seriam capazes de tamanha aberração caluniosa. Vê-se que o demónio está «nu» e feroz contra a Igreja Católica.

[...]

SA – Mas, já apanhou algo ou não?

CAG - O senhor jornalista pergunta-me se já apanhei alguma coisa do regime? Com a mesma naturalidade com que me pergunta também lhe respondo: Querendo ou não, todo o angolano, de uma forma directa ou indirecta, já beneficiou de alguma coisa dada pelo regime. Antes mesmo de ser padre, a minha formação secundária, alguns cursos profissionais, os passaportes que hoje exibo em toda parte do mundo como angolano, a viatura que me serve para atender diariamente aos meus fiéis, a casa onde os meus pais vivem e o mínimo que tenho para sobreviver e ter dignidade de homem e cidadão. Por quem havia de esperar para ter algo para sobreviver? Será que os deputados angolanos e os partidos políticos no país, nunca beneficiaram algo do regime? Passados 35 anos de independência por quem havíamos de esperar para ter dignidade de angolanos? Será que devíamos esperar pelo regresso do regime colonial ou de um outro partido? Quem está no poder, para além de exercer a sua vontade política, tem a obrigação de responder as necessidades, anseios e exigências do povo que o elege. Não é crime algum que um partido ofereça do que tem a quem achar conveniente. Conheço casos de pessoas particulares e até mesmo de jornalistas que receberam no passado e ainda recebem algo de partidos e não são nem comungam as ideias de tais partidos. Pergunto se é apenas crime quando se recebe algo do partido no poder e não quando se trata de um outro? Precisamos saber lidar com a vida política do país. A inveja, a intriga e o ódio não ajudam o desenvolvimento da pátria…

[SIC]


[**] Se me e' permitido, aqui esta' alguem que nunca "apanhou" e muito menos "recebeu" nada do regime... muito antes pelo contrario!





**[Postado inicialmente a 11/07/11]

Repostado a proposito
desta materia, que me fez recuar no tempo e revisitar mentalmente alguns "outros" editoriais do "Nosso Pravda" - dos tempos da "ditadura do proletariado", "da justica popular revolucionaria", do "temos que partir os dentes 'a pequena burguesia!" e dos "suicidios de classe", por exemplo...

Pelo caminho, encontrei esta noticia, onde se da' conta de como um dos executores de Che Guevara obteve recentemente o direito legal a uma bilionaria recompensa por ter visto o seu pai suicidar-se a mando de Che, alegadamente "apenas por ser rico", ou seja, por lhe ter negado "o direito a ser rico"...

E, ja' agora, pelo caminho tambem passei por este lugar, onde se conta "uma outra historia" sobre a vida e morte de Che Guevara...

que me desculpen los companeros romanticos mas sensibiles...


Posts relacionados:

De Paulo Lara: Um Testemunho para a Historia

Terra Queimada

Que estara' pasando en el galinero?





Extracts from an article ("Mine, all mine") recently appeared in
The Economist



After three decades in power, José Eduardo dos Santos is presiding over a resource boom. But too few Angolans are seeing the benefits


[…]

Since ending a 27-year civil war in 2002, Angola has become one of sub-Saharan Africa’s richest countries. Angolan mines are the fifth-largest source of diamonds worldwide. Its oil wells already produce 1.9m barrels a day; on present trends, it could overtake Nigeria to become Africa’s largest producer. It has huge agricultural potential. Roads and railways that were destroyed during the fighting have been rebuilt. New schools and hospitals have sprung up.

But Angola is also one of the world’s most unequal countries. (Its Gini coefficient—a measure of income distribution in which zero indicates perfect equality—is 0.55). Most of the benefits of the resource boom have gone to a fairly small elite that lives in an African version of St Tropez, with ritzy beach clubs inside walled enclaves. A crop of skyscrapers encircles a harbour decorated with sleek motorboats and a Ferretti yacht costing $5.5m.

The musseques, as the self-built settlements of the poor are called in Angola, used to start right behind Luanda’s white sandy beaches. Now they have been pushed inland, away from the most desirable spots. Land seizures have become an explosive political issue, as the capital’s hinterland fills up with the displaced. These people are given tin sheets to build shanty towns—but no compensation. Only 9% of Luanda’s population of 5m has running water, a lower share than during the civil war. Across Angola, half the population of 18m has virtually no access to health care. The country has one of the world’s highest rates of infant mortality, and the only known cases of urban polio.

The government says all the right things about the need to improve public services. It promises “water for all” and pledges to build “one million houses” (dubbed by critics “one million dollar houses”, since most of those it does build are unaffordable to all but the rich).

The government’s budget is about $40 billion, bigger than that of some European countries. But aid agencies are still the best hope for ordinary Angolans. In Kilamba Kiaxi, a suburb of Luanda, 1m people got their first taste of running water last year when Unicef set up a few dozen taps. Local officials had told residents they lacked the funds to pump water along existing pipes. In one case Unicef paid a $200,000 fee to the state water company to turn on a tap.

[…]

Critics complain that the government, a prickly but proud bunch of mainly former guerrillas, pays vast sums for white elephants intended to make it look good. It spent more than $1 billion on four stadiums for the Africa Cup of Nations, a football tournament. It also built an imposing stock exchange, though there is no bourse.

[…]

[*] The logic behind the kleptocratic system is complex. Having won the long civil war, members of the ruling People’s Movement for the Liberation of Angola (MPLA) feel they deserve a share of the spoils. José Eduardo dos Santos, the president for the past 31 years, has seemed happy to oblige them to ensure their loyalty. His own family has stakes in several companies. Though publicly in favour of private enterprise and foreign competition, Mr dos Santos is a former Marxist, trained in the Soviet Union, and remains something of a protectionist. He appears to see the many barriers to trade thrown up by his rent-seeking minions as a means of preventing multinationals from taking over. He has a finely honed instinct for preserving his power and a relatively low appetite for outright brutality—Vladimir Putin rather than Joseph Stalin.

Already sub-Saharan Africa’s second-longest-serving leader, Mr dos Santos has changed the constitution so that he can stay in office until 2022 without having to face a direct election again. The changes eliminate elections for the presidency; instead, the leader of the largest group in parliament automatically gets the job. But power is still concentrated in the president’s office. It controls all budgets and appoints judges, prosecutors, generals, state governors and election commissioners.

An uprising is unlikely, since memories of the civil war that killed 1.5m people are still fresh. But parliamentary polls in 2012, though probably rigged, will see more competition than last time, when the MPLA won over 80% of the vote. The president is already campaigning, having made his first state-of-the-nation address last October. Barring a vast drop in the oil price, which would threaten the patronage system, he will almost certainly win. Change may have to await the emergence of a post-war generation of leaders, free of old fears and prepared to challenge the man they call o pai grande, the great father.


[Full article here]





[*] Essa logica torna-se mais complexa ainda quando o poder politico (que aqui se confunde com o estado, ou nao estivessemos em presenca de um "partido-estado" no poder...) se julga e se comporta como "proprietario", nao so' do pais e de todos os seus recursos e riquezas, como tambem de "todo o mundo" que nasceu, cresceu ou viveu sob 'a sua bandeira' (embora se permita votar ao abandono absoluto o 'pioneiro' que pela primeira vez icou tal bandeira!...) , e muito particularmente dos "estudantes bolseiros" que, implicita e explicitamente, assume que "jamais teriam uma formacao media ou superior" nao fossem as suas (famigeradas porque discricionarias, discriminatorias, mal geridas, desencaminhadas, desviadas e, por entre doses de manipulacao, humilhacao e chantagem politica e emocional q.b., em muitos casos, pouco mais do que, a varios titulos, destrutivas!) "bolsas de estudo"... enquanto "os que ficaram" tudo fazem para os estigmatizar e discriminar relativamente a auto-proclamada e novo-enriquecida "prata da casa"!...

Uma logica que, claramente, nao ve o estado (e o partido politico que o detem/sustenta) como "pessoa de bem" para todos e nao apenas para alguns - os "da sua familia, compadrio, confianca, amizade, militancia e/ou conveniencia" - certamente nao para aquela/es que tiveram a veleidade e o "atrevimento politico" de se expressarem e manifestarem a favor da paz "quando nao deviam"!

Assim, porque o poder politico (repitamo-lo: neste caso, o estado) nao e', nem pode ser, "pai grande" para "todo o mundo", os "minions patrioteiros" que "chupam" abundantemente da sua mesa, sacos azuis, envelopes castanhos, cabazes e pactos de regime passam a criar tambem os seus proprios "sub-sistemas de patronagem", tentando a todo o custo grangear "prestigio pessoal" perante a sociedade forjando "a golpes de (Aka)martelo" relacoes manipulativas de subserviencia e dependencia material, financeira e psicologica com os "filhos ilegitimos da patria", i.e. aqueles que o estado, por razoes politicas e afins, faz questao de marginalizar e penalizar (... chegando para tanto a negar-lhes passaportes nacionais, a cercear-lhes/ sabotar-lhes oportunidades academicas e profissionais por si duramente conquistadas, a arruinar-lhes a reputacao, destruir-lhes a personalidade, assassinar-lhes o caracter e a depriva-los dos seus bens e haveres, nomeadamente casas, e da sua mais elementar dignidade humana, transformando-os assim em autenticos mendigos indigentes, enquanto lhes atiram a cara, ainda que falsamente e mesmo que o contrario seja efectivamente o verdadeiro, que "debicaram no seu prato"!), fazendo-os depois "pagar ad-eternum com juros hiper-inflacionados em mercado aberto na praca publica a hipoteca da amizade e familia manipuladas pelo contexto"! Era desse processo que falava, ha' uns tempos, aqui...

Uma realidade, alias, que, curiosamente, foi tambem assinalada nesse tipo de processos de "construcao social" em Cuba, como aqui se pode constatar: "(...) Ferrer points out that this system was also designed to encourage the subservience, indebtedness and gratitude of former slaves to the rebel leaders. While it certainly had this effect, libertos also seized the revolutionary language of freedom, liberty, and justice to demand a more inclusive role in the anti-colonial struggle."

E tal logica torna-se ainda mais perversa e corrosiva (...criando assim as raizes e os tentaculos desse verdadeiro cancro que e' a corrupcao generalizada e institucionalizada - endemica, portanto...) quando e' interiorizada, operacionalizada, assumida e externalizada por segmentos da sociedade dos quais isso menos se esperaria, como jornalistas e afins, e ate' membros do clero num estado supostamente laico. Note-se, a este proposito, estas declaracoes do Conego Apolonio Graciano, em recente entrevista ao Semanario Angolense [edicao #424 de 09/07/11]:




«Já recebi sim. Mas, mostre-me alguém que nunca recebeu nada» [**]

SA - É verdade que o MPLA andou a distribuir milhões de dólares pelos bispos angolanos, sendo que alguns até têm exibido sinais de riqueza incomuns? O senhor já apanhou alguma coisa do regime?

CAG - Há muita mentira e calúnias contra os Bispos de Angola. Nunca imaginei que alguns angolanos seriam capazes de tamanha aberração caluniosa. Vê-se que o demónio está «nu» e feroz contra a Igreja Católica.

[...]

SA – Mas, já apanhou algo ou não?

CAG - O senhor jornalista pergunta-me se já apanhei alguma coisa do regime? Com a mesma naturalidade com que me pergunta também lhe respondo: Querendo ou não, todo o angolano, de uma forma directa ou indirecta, já beneficiou de alguma coisa dada pelo regime. Antes mesmo de ser padre, a minha formação secundária, alguns cursos profissionais, os passaportes que hoje exibo em toda parte do mundo como angolano, a viatura que me serve para atender diariamente aos meus fiéis, a casa onde os meus pais vivem e o mínimo que tenho para sobreviver e ter dignidade de homem e cidadão. Por quem havia de esperar para ter algo para sobreviver? Será que os deputados angolanos e os partidos políticos no país, nunca beneficiaram algo do regime? Passados 35 anos de independência por quem havíamos de esperar para ter dignidade de angolanos? Será que devíamos esperar pelo regresso do regime colonial ou de um outro partido? Quem está no poder, para além de exercer a sua vontade política, tem a obrigação de responder as necessidades, anseios e exigências do povo que o elege. Não é crime algum que um partido ofereça do que tem a quem achar conveniente. Conheço casos de pessoas particulares e até mesmo de jornalistas que receberam no passado e ainda recebem algo de partidos e não são nem comungam as ideias de tais partidos. Pergunto se é apenas crime quando se recebe algo do partido no poder e não quando se trata de um outro? Precisamos saber lidar com a vida política do país. A inveja, a intriga e o ódio não ajudam o desenvolvimento da pátria…

[SIC]


[**] Se me e' permitido, aqui esta' alguem que nunca "apanhou" e muito menos "recebeu" nada do regime... muito antes pelo contrario!



2 comments:

Antunes Ferreira said...

Koluki

Uma verdadeira pescada com todos este teu post. Ou, melhor: uma muambada com fuba de bombó, fuba de milho, calulu, sacafolha e cozido à transmontana, com uma pitada de cachupa.

Ou seja, uma salada diversa e muito saborosa. Obrigado

Kandandosmenthip

Koluki said...

Antunes Ferreira,

Muito obrigada pela atencao e pelo comentario.
Embora ha' muito nao faca posts sobre culinaria, fez-me lembrar um comentario de um outro amigo deste blog que dizia que "aqui ninguem passa fome"!

Kandando retribuido