Monday 18 February 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (1)

“Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.”


Manuel Alegre



Inicio esta nova serie com dois artigos do penultimo numero (#251), do Semanario Angolense (SA), que seleccionei nao so’ pelo seu interesse intrinseco, mas tambem por nos permitirem fazer ‘updates’ de questoes e eventos anteriormente abordados neste blog.
***
Vida e morte de Diniz Kanhanga, o «Menino da Bandeira»

Neste artigo, Salas Neto reflecte sobre as deploraveis condicoes de vida e o recente falecimento de Diniz Kanhanga, de cujo preocupante estado de saude ele nos tinha dado conta num artigo de que aqui fiz eco no ultimo 11 de Novembro:

Era conhecido como o «Menino da Bandeira», porque acabaria por fazer história, ao auxiliar o também já falecido comandante Imperial Santana, herói da luta de libertação contra o colonialismo português, a içar a bandeira da República Popular de Angola, nos primeiros momentos do dia 11 de Novembro, na cerimónia de proclamação da «dipanda» do país celebrada no antigo largo 1.º de Maio.

Entretanto, na sua ultima edicao (#252), o SA publica o seguinte comentario:

“Há informações de que dois jornalistas do Jornal de Angola deverão ser penalizados por um deles ter produzido e o outro ter editado uma notícia sobre a morte de Diniz Kanhanga, em que se dizia que o «Menino da Bandeira» tinha morrido na indigência quase absoluta. O repórter contou que, no quarto do então menino que ajudou a içar a bandeira da RPA a 11 de Novembro de 1975, sendo por isso um ícone que devia merecer melhor tratamento, encontrou como espólio meia dúzia de livros, alguns jornais e pouco mais. Embora fosse verdade, a direcção do diário considerou que os dois (repórter e editor) feriram a linha editorial da publicação, devendo por isso ser penalizados. A ser assim, tudo indica que a «liberdade de imprensa» é coisa para esquecer. Aos eventuais castigados, pede-se apenas coragem e paciência, porque hão-de surgir, tarde ou cedo, dias melhores nestes particulares.”

(Mais aqui)

***
Raças no Bilhete de Identidade

Severino Carlos tenta deitar agua na fervura da polemica questao da mencao da raca nos BI Angolanos, ja’ aqui abordada, por exemplo neste post e tambem nesta entrevista de Eugenia Neto ao Expresso. Para o efeito, o articulista recorre ao Relatorio do PNUD sobre o Desenvolvimento Humano de 2004 – que tenho tido em permanente destaque neste blog desde o seu inicio, atraves do extracto que ilustra este post – 'a luz do qual questiona, visando deita-los por terra, alguns dos mitos que teem sustentado essa polemica.

Exactamente por entender que é assim, e objectivando pôr água na fervura que por aí vai, o Semanário Angolense volta à carga, trazendo o ponto de vista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre a temática das inclusões e exclusões culturais e seus efeitos sobre o desenvolvimento dos países. Abalizados cientistas sociais que trabalham para essa insuspeita agência do Sistema das Nações Unidas, ao elaborarem o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2004, dedicado à problemática da liberdade cultural num mundo diversificado, deitaram por terra os mesmos mitos que suscitam determinadas intranquilidades no nosso país. A fazer fé nesses especialistas, nem as culturas são estanques, nem a assunção de políticas de diversidade cultural resultam, necessariamente, em fragmentação, conflito, fraco desenvolvimento, ou governo autoritário. Para já, cinco mitos caíram. Vamos a eles.

(Aqui)

“Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.”


Manuel Alegre



Inicio esta nova serie com dois artigos do penultimo numero (#251), do Semanario Angolense (SA), que seleccionei nao so’ pelo seu interesse intrinseco, mas tambem por nos permitirem fazer ‘updates’ de questoes e eventos anteriormente abordados neste blog.
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Vida e morte de Diniz Kanhanga, o «Menino da Bandeira»

Neste artigo, Salas Neto reflecte sobre as deploraveis condicoes de vida e o recente falecimento de Diniz Kanhanga, de cujo preocupante estado de saude ele nos tinha dado conta num artigo de que aqui fiz eco no ultimo 11 de Novembro:

Era conhecido como o «Menino da Bandeira», porque acabaria por fazer história, ao auxiliar o também já falecido comandante Imperial Santana, herói da luta de libertação contra o colonialismo português, a içar a bandeira da República Popular de Angola, nos primeiros momentos do dia 11 de Novembro, na cerimónia de proclamação da «dipanda» do país celebrada no antigo largo 1.º de Maio.

Entretanto, na sua ultima edicao (#252), o SA publica o seguinte comentario:

“Há informações de que dois jornalistas do Jornal de Angola deverão ser penalizados por um deles ter produzido e o outro ter editado uma notícia sobre a morte de Diniz Kanhanga, em que se dizia que o «Menino da Bandeira» tinha morrido na indigência quase absoluta. O repórter contou que, no quarto do então menino que ajudou a içar a bandeira da RPA a 11 de Novembro de 1975, sendo por isso um ícone que devia merecer melhor tratamento, encontrou como espólio meia dúzia de livros, alguns jornais e pouco mais. Embora fosse verdade, a direcção do diário considerou que os dois (repórter e editor) feriram a linha editorial da publicação, devendo por isso ser penalizados. A ser assim, tudo indica que a «liberdade de imprensa» é coisa para esquecer. Aos eventuais castigados, pede-se apenas coragem e paciência, porque hão-de surgir, tarde ou cedo, dias melhores nestes particulares.”

(Mais aqui)

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Raças no Bilhete de Identidade

Severino Carlos tenta deitar agua na fervura da polemica questao da mencao da raca nos BI Angolanos, ja’ aqui abordada, por exemplo neste post e tambem nesta entrevista de Eugenia Neto ao Expresso. Para o efeito, o articulista recorre ao Relatorio do PNUD sobre o Desenvolvimento Humano de 2004 – que tenho tido em permanente destaque neste blog desde o seu inicio, atraves do extracto que ilustra este post – 'a luz do qual questiona, visando deita-los por terra, alguns dos mitos que teem sustentado essa polemica.

Exactamente por entender que é assim, e objectivando pôr água na fervura que por aí vai, o Semanário Angolense volta à carga, trazendo o ponto de vista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre a temática das inclusões e exclusões culturais e seus efeitos sobre o desenvolvimento dos países. Abalizados cientistas sociais que trabalham para essa insuspeita agência do Sistema das Nações Unidas, ao elaborarem o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2004, dedicado à problemática da liberdade cultural num mundo diversificado, deitaram por terra os mesmos mitos que suscitam determinadas intranquilidades no nosso país. A fazer fé nesses especialistas, nem as culturas são estanques, nem a assunção de políticas de diversidade cultural resultam, necessariamente, em fragmentação, conflito, fraco desenvolvimento, ou governo autoritário. Para já, cinco mitos caíram. Vamos a eles.

(Aqui)