KIBETO II: Here they go again!...


Se eu ‘tivesse juizo’, depois das kibetadas que levei de passagem “por arrasto e associacao” aquando do Kibeto I, desta vez deveria quedar-me pura e simplesmente “cega, surda e muda” como mandam as ‘sabias leis da sobrevivencia’ no “nosso pais”...

Nao que aquando do primeiro kibeto, como tive oportunidade de notar num comentario que fiz na altura (aqui), eu tivesse tomado qualquer partido, ou sequer manifestado os meus pontos de vista sobre as questoes de fundo na altura debatidas acaloradamente um pouco por ‘todo o mundo’ a volta daquela que designei “Maka de um Jose’ contra tres Antonios” (e a que o Luis Kandjimbo viria a acrescentar “mais os Mukuaxis”), excepto num certo timido “Elogio da Mediocridade”...

No entanto, ainda assim nao faltou quem me tivesse tentado puxar e/ou empurrar para um ou outro lado da contenda, tendo eu por isso acabado por apanhar com alguns bastante incomodos, para dizer o minimo, estilhacos do campo de batalha. E quando digo “para um ou outro lado”, tenho perfeita consciencia de que estou de algum modo a tentar “neutralizar” aquilo que entao se manifestou por demias obvio: tratou-se, por parte de alguns, abertamente de “me empurrar a viva forca” para o lado do Agualusa...

Bem, sempre achei deveras interessante a forma (diga-se geralmente despropositada) como algumas pessoas me “ligam” ao Agualusa e tentam, em alguns casos, de alguma maneira “politizar” e “ideologizar” aquilo que teem como “a nossa relacao” – como, de resto, pelo que aos poucos me venho dando conta, o tentam fazer com just about todos os aspectos, relacionamentos e posicionamentos da minha vida (... por isso tenho dado comigo tao frequentemente a perguntar “afinale?”...), particularmente quando estes apresentam uma qualquer interface com algumas das mais controversas questoes literarias e, mais amplamente, socio-culturais que (nao) se debatem na sociedade angolana.

Ora, tenho certamente as minhas discordancias com algumas das posturas do Agualusa, mormente em relacao a uma, em alguns circulos dominante, corrente de opiniao que ele tem vindo a protagonizar com base numa certa leitura, quanto a mim inocua, miope e enviezada, da Historia colonial e pos-colonial de Angola e da Africa em geral (e, para que conste, esta e' uma versao de pelo menos parte dessa(s) historia(s) na qual me revejo) – e disso nao tenho feito propriamente “caixinha” ...

Mas o que se me tem apresentado como particularmente perturbador nessa “ligacao” que a ele me fazem e’ a tentativa de se atribuir as minhas discordancias, ou concordancias, exclusivamente a “motivacoes pessoais de ordem emocional” – de facto, ja’ ha’ muito tempo me cansei de viver sob a 'chantagem emocional, politica e ideologica' de ter que omitir as minhas opinioes em publico apenas por receio de que elas possam ser imediatamente dismissed como "complexos", “ressaibos” e outras patetices similares!... E isso e’ valido tanto em relacao ao Agualusa, como a
outro(a)s “protagonistas de ontem e de hoje, mort(a)os ou viv(a)os”! - ENOUGH IS ENOUGH!!!

Mais perturbador ainda, tem sido o estranho fenomeno de algumas pessoas frequentemente tentarem usar o nome e a obra do Agualusa como uma “arma de arremesso” contra mim quando nao concordam com os meus pontos de vista sobre esta ou aquela questao – mas nao o teem feito igualmente com o nome e a obra da Paula Tavares, por exemplo?... Mais incisivamente, na verdade, todos os meus posicionamentos sobre questoes controversas e especialmente as relacionadas com raca e racismo em Angola e no mundo, teem sido invariavelmente “enfiadas” no saco roto dos “complexos” e do “cospe no prato em que debicou”, aparentemente apenas por eu ser, ou ter sido, proxima de pessoas “nao negras”!

[E abro aqui um parentesis para sublinhar que tudo o que tenho defendido, neste blog e noutros lugares, a esse respeito, tenho-o feito, avant la lettre, com base nos principios norteadores deste curso sobre "Genero, Raca e Etnia para Jornalistas", so' muito recentemente criado - o qual, ja' agora, recomendo vivamente a certas "intelectuais a prova de bala" que, para alem de "em nome da (pseudo)ciencia", confundirem epistemologia com etimologia e de terem demonstrado 'a saciedade nao terem a minima nocao do que seja "etica" em geral e "etica jornalistica" muito particularmente, nao teem a menor sensibilidade (a nao ser, manifestamente, quando se trata de defenderem os seus mesquinhos interesses pessoais jogando habilmente a race card!...) para o significado das categorias de "genero, raca e etnia", tanto em literatura, como em jornalismo, apesar de serem "renomadas professoras universitarias, leitoras e criticas", como aqui se pode constatar!...]

Mas, colocando de lado provisoriamente a perversidade (para evitar a redundancia de usar o conceito aqui mais apropriado: racismo - tanto "directo" e "extrovertido", como "indirecto" e "invertido") implicita nesse “cuspir no prato em que debicou” apenas devido a cor da pele das pessoas em questao (...‘as quais por vezes - como aqui e aqui - me apetece chamar ‘a colacao para que se estabeleca finalmente quem e’ que “comeu no prato de quem”!...), acontece, porem, que essas pessoas, Agualusa incluido, sabem perfeitamente que eu nunca me coibi de lhes manifestar abertamente os meus pontos de vista, discordancias incluidas, sobre tais questoes e ate’ por vezes de forma mais contundente do que o tenho feito em publico!

So’ para dar um exemplo: como noutras ocasioes deixei registado neste blog, durante cerca de 10 anos eu vivi completamente afastada do mundo lusofono e praticamente nao li nada do que se publicou nesse espaco linguistico durante aquele periodo. O meu regresso a lusofonia da-se apenas, por mero acaso, com o inicio das minhas cronicas “Factos & Ficcoes” para o SA em 2002, a convite do Graca Campos. Portanto, entre o que nao tinha lido ainda por aquela altura encontrava-se o “Nacao Crioula” do Agualusa. Mas, nao deixou de ser interessante notar como pessoas houve que imediatamente “leram” a minha cronica “A Minha Patria nao e’ a Lingua Portuguesa” em que comecava por dizer que “nao me identificava como crioula”, como um qualquer “rebuke” aquele romance do Agualusa!... So’ que, o Agualusa sabe bem que esse foi sempre um tema recorrente nas nossas discussoes varios anos antes da publicacao desse livro...

Em suma, nunca consegui deixar de ser igual a mim mesma... e essa tem sido, alias, a fonte de todas as minhas danacoes - publicas e privadas!...

Mas o caso do Agualusa torna-se particularmente sensivel por ele me ter dedicado o seu ate’ agora unico livro de poemas. E nao fosse o facto de essa especie de “fixacao” por parte de algumas pessoas, em outras ocasioes, contextos e circunstancias, ja’ ter afectado de forma negativa a minha vida pessoal, familiar e ate' academico-profissional, eu nao me permitiria sequer sobre ela falar em publico, mesmo porque nunca o fiz em privado. Quanto mais nao seja porque o Agualusa “esta’ na moda” e se tem vindo a afirmar ao longo das duas ultimas decadas como, admitamo-lo, o mais proficuo ficcionista da minha geracao (... ressalvadas as suas “multiplas nacionalidades” e auto-afirmada “falta de raizes”...), tanto qualitativa como quantitativamente falando e, na cultura de “sycophantismo” que infelizmente estamos com ela, isso lhe dar, para o bem ou para o mal, um certo celebrity status e super stardom que mesmo os seus mais contundentes criticos terao dificuldade em ignorar – pelo que, o que quer que seja que eu diga ou escreva a seu respeito (ou, mais apropriadamente, a respeito da sua vida e obra, ou das suas opinioes publicas e publicadas) tendera’ a ser sempre visto, no minimo, como “suspeito”...

E esse e' apenas um lado da moeda, porque, do outro lado, ha' aqueles que, nao sei porque carga de agua se sentiram, ou ainda sentem, "despeitados" pela minha relacao com o Agualusa (e, ja' agora, com todos - e note-se bem que este 'todos' esta' muito longe de significar 'muitos' e, menos ainda, 'intimos'! - os "nao-negros" com quem de alguma maneira me relacionei...) e entendem que teem, agora que eu e o Agualusa seguimos caminhos separados e os companheiros "nao-negros" mais significativos (ou apenas "mais conhecidos"?) da minha vida ja' deixaram este mundo, a sua sublime oportunidade de "me pisarem"!... PURE EVIL!!!

Ah!... E ha’ ainda o bizarro caso – este escondido com o rabo de fora por detras de certas cortinas de fumo e ferro, mas que aqui se descortina um pouco... – de certos “amorosos de okasiao”, entre minions sexagenarios, kampanheiros, kabungados e outros rapazes, ou boys se preferirem, que, ora dao uma no cravo desfazendo-se em encomios ao Agualusa (... e ate’, pelo caminho, fazendo muita questao de “projectar”, por 'arrastamento' ou por 'osmose', quem actualmente lhe e’ mais proximo...), tentando assim dissimular o seu despeito e ciume idiotico, ora dao outra na ferradura atacando-me da forma mais soez e canina quando, como foi do Kibeto I, lhes pareca que eu esteja “do lado” do Agualusa nesta ou naquela questao polemica... simplesmente pateticamente ridículo e doentio - PURA ESQUIZOFRENIA!

Enfim, tudo manifestacoes da tal duplicidade a que aqui me referia como sendo sintomatica da sociedade doente que estamos com ela... Nao foi, alias, por acaso que esta sordida campanha comecou a tomar forma precisamente por ocasiao do Kibeto I, cujo "pontape' de saida oficial" foi dado por um ja' tristemente celebro minion!
E, a este proposito, repare-se como essa duplicidade se manifesta mesmo neste Kibeto II: compare-se o tom do seu 'take 1' - a entrevista inicial - com a "reviravolta" verificada no 'take 2' - o "kibeto"!

Assim, por todas essas razoes, vejo-me compelida (“nao vao elas repetir-se” ad eternum) a esclarecer que a verdade, todavia, e’ tao trivial quanto isto:

Ao Agualusa ligou-me, pelo menos de minha parte, uma profunda amizade e companheirismo (ou, para usar a ‘neofita’ palavra actualmente mais em voga entre certos circulos angolanos, embora aqui num sentido genuinamente positivo: 'afecto'), num periodo das nossas vidas, entre finais da decada de 80 e principios da de 90, em que, apesar de provirmos de backgrounds diferentes e, em certa medida, ate’ conflituantes, partilhavamos muita coisa em comum, e em particular o facto de na altura sermos jovens escritores exactamente com a mesma idade, preocupacoes muito similares em relacao a Angola, ao mundo e ao nosso proprio futuro e, embora ele ja’ entao fosse muito mais um “profissional da escrita” do que eu (que era muito mais uma estudante de economia e mae de filho do que qualquer outra coisa), ambos com apenas um livro publicado – o meu sera’ redundante aqui citar, uma vez que continua a ser o unico ate’ agora (mas sempre deixo aqui o link para quem porventura ainda nao o conheca); o dele era “A Conjura”.

Acontece, porem, que quando ele publica o tal livro de poemas, “Coracao dos Bosques”, em Luanda, nos, por varias razoes que nao venhem aqui agora ao caso (... ou, talvez fosse de sugerir que se perguntasse a uma certa cavalheira de iniciais A.M. - que representa bem o arquetipo de umas certas "filhas da Dipanda" e de algumas mulheres(zinhas) da "geracao Y" e que, tal como estas 'donas' - que, ao que tudo indica, apenas "se voltam" contra o Agualusa por ele ter tido o "topete" de nao dedicar o tal livro "a quem de direito"! -, se vem ha' muito "especializando" e "majorando" em tudo, e sobretudo todos ... mas apenas os brancos e mesticos..., que diga(m) respeito a minha vida privada!... do que aqui ha' uns tempos fiz uma "alegoria"...), ja’ nao estavamos sequer on talking terms... Soube-o por um telefonema de Luanda do Tirso Amaral a perguntar-me “a que proposito e’ que o Agualusa te dedica um livro?”... Fiquei assim a saber que o Agualusa o tinha lancado naquele dia, em Luanda, na Humbihumbi... Respondi-lhe entao; “nao sei, pergunta-lhe a ele, ja’ que ele esta’ ai e ate’ lancou o livro na tua galeria!”

Bom, o assunto para nos morreu ali, porque de facto, apesar de ele me ter algum tempo antes dado o manuscrito a ler pedindo os meus comentarios, eu nao sabia que ele acabara por mo dedicar. E o facto e’ que eu nunca tive entre maos uma copia do livro – os poemas que dele aqui postei encontrei-os na internet. E, ja’ agora, esse post fi-lo como a primeira e unica forma de acknowledgement que me pareceu lhe ser devida, com o distanciamento emocional e temporal erigido pelos cerca de 20 anos entretanto decorridos...

So, that’s how life is!

Mas este post era suposto ser sobre o Kibeto II, isn’t it?
Pois e’: a estoria repete-se all over again... Mas, porque se trata exactamente da mesmissima estoria, nao me proponho sobre ela deter tanto quanto the first time around. Quero apenas deixar registado que o Kibeto esta’ de volta: no Semanario Angolense, edicao #433 – enquanto la’ estiver, porque uma das novelties do ‘novo’ SA online, depois de alguns meses "escondido na bruma" foi a eliminacao do seu arquivo...

Enjoy if you will...


Se eu ‘tivesse juizo’, depois das kibetadas que levei de passagem “por arrasto e associacao” aquando do
Kibeto I, desta vez deveria quedar-me pura e simplesmente “cega, surda e muda” como mandam as ‘sabias leis da sobrevivencia’ no “nosso pais”...

Nao que aquando do primeiro kibeto, como tive oportunidade de notar num comentario que fiz na altura (aqui), eu tivesse tomado qualquer partido, ou sequer manifestado os meus pontos de vista sobre as questoes de fundo na altura debatidas acaloradamente um pouco por ‘todo o mundo’ a volta daquela que designei “Maka de um Jose’ contra tres Antonios” (e a que o Luis Kandjimbo viria a acrescentar “mais os Mukuaxis”), excepto num certo timido “Elogio da Mediocridade”...

No entanto, ainda assim nao faltou quem me tivesse tentado puxar e/ou empurrar para um ou outro lado da contenda, tendo eu por isso acabado por apanhar com alguns bastante incomodos, para dizer o minimo, estilhacos do campo de batalha. E quando digo “para um ou outro lado”, tenho perfeita consciencia de que estou de algum modo a tentar “neutralizar” aquilo que entao se manifestou por demias obvio: tratou-se, por parte de alguns, abertamente de “me empurrar a viva forca” para o lado do Agualusa...

Bem, sempre achei deveras interessante a forma (diga-se geralmente despropositada) como algumas pessoas me “ligam” ao Agualusa e tentam, em alguns casos, de alguma maneira “politizar” e “ideologizar” aquilo que teem como “a nossa relacao” – como, de resto, pelo que aos poucos me venho dando conta, o tentam fazer com just about todos os aspectos, relacionamentos e posicionamentos da minha vida (... por isso tenho dado comigo tao frequentemente a perguntar “afinale?”...), particularmente quando estes apresentam uma qualquer interface com algumas das mais controversas questoes literarias e, mais amplamente, socio-culturais que (nao) se debatem na sociedade angolana.

Ora, tenho certamente as minhas discordancias com algumas das posturas do Agualusa, mormente em relacao a uma, em alguns circulos dominante, corrente de opiniao que ele tem vindo a protagonizar com base numa certa leitura, quanto a mim inocua, miope e enviezada, da Historia colonial e pos-colonial de Angola e da Africa em geral (e, para que conste, esta e' uma versao de pelo menos parte dessa(s) historia(s) na qual me revejo) – e disso nao tenho feito propriamente “caixinha” ...

Mas o que se me tem apresentado como particularmente perturbador nessa “ligacao” que a ele me fazem e’ a tentativa de se atribuir as minhas discordancias, ou concordancias, exclusivamente a “motivacoes pessoais de ordem emocional” – de facto, ja’ ha’ muito tempo me cansei de viver sob a 'chantagem emocional, politica e ideologica' de ter que omitir as minhas opinioes em publico apenas por receio de que elas possam ser imediatamente dismissed como "complexos", “ressaibos” e outras patetices similares!... E isso e’ valido tanto em relacao ao Agualusa, como a
outro(a)s “protagonistas de ontem e de hoje, mort(a)os ou viv(a)os”! - ENOUGH IS ENOUGH!!!

Mais perturbador ainda, tem sido o estranho fenomeno de algumas pessoas frequentemente tentarem usar o nome e a obra do Agualusa como uma “arma de arremesso” contra mim quando nao concordam com os meus pontos de vista sobre esta ou aquela questao – mas nao o teem feito igualmente com o nome e a obra da Paula Tavares, por exemplo?... Mais incisivamente, na verdade, todos os meus posicionamentos sobre questoes controversas e especialmente as relacionadas com raca e racismo em Angola e no mundo, teem sido invariavelmente “enfiadas” no saco roto dos “complexos” e do “cospe no prato em que debicou”, aparentemente apenas por eu ser, ou ter sido, proxima de pessoas “nao negras”!

[E abro aqui um parentesis para sublinhar que tudo o que tenho defendido, neste blog e noutros lugares, a esse respeito, tenho-o feito, avant la lettre, com base nos principios norteadores deste curso sobre "Genero, Raca e Etnia para Jornalistas", so' muito recentemente criado - o qual, ja' agora, recomendo vivamente a certas "intelectuais a prova de bala" que, para alem de "em nome da (pseudo)ciencia", confundirem epistemologia com etimologia e de terem demonstrado 'a saciedade nao terem a minima nocao do que seja "etica" em geral e "etica jornalistica" muito particularmente, nao teem a menor sensibilidade (a nao ser, manifestamente, quando se trata de defenderem os seus mesquinhos interesses pessoais jogando habilmente a race card!...) para o significado das categorias de "genero, raca e etnia", tanto em literatura, como em jornalismo, apesar de serem "renomadas professoras universitarias, leitoras e criticas", como aqui se pode constatar!...]

Mas, colocando de lado provisoriamente a perversidade (para evitar a redundancia de usar o conceito aqui mais apropriado: racismo - tanto "directo" e "extrovertido", como "indirecto" e "invertido") implicita nesse “cuspir no prato em que debicou” apenas devido a cor da pele das pessoas em questao (...‘as quais por vezes - como aqui e aqui - me apetece chamar ‘a colacao para que se estabeleca finalmente quem e’ que “comeu no prato de quem”!...), acontece, porem, que essas pessoas, Agualusa incluido, sabem perfeitamente que eu nunca me coibi de lhes manifestar abertamente os meus pontos de vista, discordancias incluidas, sobre tais questoes e ate’ por vezes de forma mais contundente do que o tenho feito em publico!

So’ para dar um exemplo: como noutras ocasioes deixei registado neste blog, durante cerca de 10 anos eu vivi completamente afastada do mundo lusofono e praticamente nao li nada do que se publicou nesse espaco linguistico durante aquele periodo. O meu regresso a lusofonia da-se apenas, por mero acaso, com o inicio das minhas cronicas “Factos & Ficcoes” para o SA em 2002, a convite do Graca Campos. Portanto, entre o que nao tinha lido ainda por aquela altura encontrava-se o “Nacao Crioula” do Agualusa. Mas, nao deixou de ser interessante notar como pessoas houve que imediatamente “leram” a minha cronica “A Minha Patria nao e’ a Lingua Portuguesa” em que comecava por dizer que “nao me identificava como crioula”, como um qualquer “rebuke” aquele romance do Agualusa!... So’ que, o Agualusa sabe bem que esse foi sempre um tema recorrente nas nossas discussoes varios anos antes da publicacao desse livro...

Em suma, nunca consegui deixar de ser igual a mim mesma... e essa tem sido, alias, a fonte de todas as minhas danacoes - publicas e privadas!...

Mas o caso do Agualusa torna-se particularmente sensivel por ele me ter dedicado o seu ate’ agora unico livro de poemas. E nao fosse o facto de essa especie de “fixacao” por parte de algumas pessoas, em outras ocasioes, contextos e circunstancias, ja’ ter afectado de forma negativa a minha vida pessoal, familiar e ate' academico-profissional, eu nao me permitiria sequer sobre ela falar em publico, mesmo porque nunca o fiz em privado. Quanto mais nao seja porque o Agualusa “esta’ na moda” e se tem vindo a afirmar ao longo das duas ultimas decadas como, admitamo-lo, o mais proficuo ficcionista da minha geracao (... ressalvadas as suas “multiplas nacionalidades” e auto-afirmada “falta de raizes”...), tanto qualitativa como quantitativamente falando e, na cultura de “sycophantismo” que infelizmente estamos com ela, isso lhe dar, para o bem ou para o mal, um certo celebrity status e super stardom que mesmo os seus mais contundentes criticos terao dificuldade em ignorar – pelo que, o que quer que seja que eu diga ou escreva a seu respeito (ou, mais apropriadamente, a respeito da sua vida e obra, ou das suas opinioes publicas e publicadas) tendera’ a ser sempre visto, no minimo, como “suspeito”...

E esse e' apenas um lado da moeda, porque, do outro lado, ha' aqueles que, nao sei porque carga de agua se sentiram, ou ainda sentem, "despeitados" pela minha relacao com o Agualusa (e, ja' agora, com todos - e note-se bem que este 'todos' esta' muito longe de significar 'muitos' e, menos ainda, 'intimos'! - os "nao-negros" com quem de alguma maneira me relacionei...) e entendem que teem, agora que eu e o Agualusa seguimos caminhos separados e os companheiros "nao-negros" mais significativos (ou apenas "mais conhecidos"?) da minha vida ja' deixaram este mundo, a sua sublime oportunidade de "me pisarem"!... PURE EVIL!!!

Ah!... E ha’ ainda o bizarro caso – este escondido com o rabo de fora por detras de certas cortinas de fumo e ferro, mas que aqui se descortina um pouco... – de certos “amorosos de okasiao”, entre minions sexagenarios, kampanheiros, kabungados e outros rapazes, ou boys se preferirem, que, ora dao uma no cravo desfazendo-se em encomios ao Agualusa (... e ate’, pelo caminho, fazendo muita questao de “projectar”, por 'arrastamento' ou por 'osmose', quem actualmente lhe e’ mais proximo...), tentando assim dissimular o seu despeito e ciume idiotico, ora dao outra na ferradura atacando-me da forma mais soez e canina quando, como foi do Kibeto I, lhes pareca que eu esteja “do lado” do Agualusa nesta ou naquela questao polemica... simplesmente pateticamente ridículo e doentio - PURA ESQUIZOFRENIA!

Enfim, tudo manifestacoes da tal duplicidade a que aqui me referia como sendo sintomatica da sociedade doente que estamos com ela... Nao foi, alias, por acaso que esta sordida campanha comecou a tomar forma precisamente por ocasiao do Kibeto I, cujo "pontape' de saida oficial" foi dado por um ja' tristemente celebro minion!
E, a este proposito, repare-se como essa duplicidade se manifesta mesmo neste Kibeto II: compare-se o tom do seu 'take 1' - a entrevista inicial - com a "reviravolta" verificada no 'take 2' - o "kibeto"!

Assim, por todas essas razoes, vejo-me compelida (“nao vao elas repetir-se” ad eternum) a esclarecer que a verdade, todavia, e’ tao trivial quanto isto:

Ao Agualusa ligou-me, pelo menos de minha parte, uma profunda amizade e companheirismo (ou, para usar a ‘neofita’ palavra actualmente mais em voga entre certos circulos angolanos, embora aqui num sentido genuinamente positivo: 'afecto'), num periodo das nossas vidas, entre finais da decada de 80 e principios da de 90, em que, apesar de provirmos de backgrounds diferentes e, em certa medida, ate’ conflituantes, partilhavamos muita coisa em comum, e em particular o facto de na altura sermos jovens escritores exactamente com a mesma idade, preocupacoes muito similares em relacao a Angola, ao mundo e ao nosso proprio futuro e, embora ele ja’ entao fosse muito mais um “profissional da escrita” do que eu (que era muito mais uma estudante de economia e mae de filho do que qualquer outra coisa), ambos com apenas um livro publicado – o meu sera’ redundante aqui citar, uma vez que continua a ser o unico ate’ agora (mas sempre deixo aqui o link para quem porventura ainda nao o conheca); o dele era “A Conjura”.

Acontece, porem, que quando ele publica o tal livro de poemas, “Coracao dos Bosques”, em Luanda, nos, por varias razoes que nao venhem aqui agora ao caso (... ou, talvez fosse de sugerir que se perguntasse a uma certa cavalheira de iniciais A.M. - que representa bem o arquetipo de umas certas "filhas da Dipanda" e de algumas mulheres(zinhas) da "geracao Y" e que, tal como estas 'donas' - que, ao que tudo indica, apenas "se voltam" contra o Agualusa por ele ter tido o "topete" de nao dedicar o tal livro "a quem de direito"! -, se vem ha' muito "especializando" e "majorando" em tudo, e sobretudo todos ... mas apenas os brancos e mesticos..., que diga(m) respeito a minha vida privada!... do que aqui ha' uns tempos fiz uma "alegoria"...), ja’ nao estavamos sequer on talking terms... Soube-o por um telefonema de Luanda do Tirso Amaral a perguntar-me “a que proposito e’ que o Agualusa te dedica um livro?”... Fiquei assim a saber que o Agualusa o tinha lancado naquele dia, em Luanda, na Humbihumbi... Respondi-lhe entao; “nao sei, pergunta-lhe a ele, ja’ que ele esta’ ai e ate’ lancou o livro na tua galeria!”

Bom, o assunto para nos morreu ali, porque de facto, apesar de ele me ter algum tempo antes dado o manuscrito a ler pedindo os meus comentarios, eu nao sabia que ele acabara por mo dedicar. E o facto e’ que eu nunca tive entre maos uma copia do livro – os poemas que dele aqui postei encontrei-os na internet. E, ja’ agora, esse post fi-lo como a primeira e unica forma de acknowledgement que me pareceu lhe ser devida, com o distanciamento emocional e temporal erigido pelos cerca de 20 anos entretanto decorridos...

So, that’s how life is!

Mas este post era suposto ser sobre o Kibeto II, isn’t it?
Pois e’: a estoria repete-se all over again... Mas, porque se trata exactamente da mesmissima estoria, nao me proponho sobre ela deter tanto quanto the first time around. Quero apenas deixar registado que o Kibeto esta’ de volta: no Semanario Angolense, edicao #433 – enquanto la’ estiver, porque uma das novelties do ‘novo’ SA online, depois de alguns meses "escondido na bruma" foi a eliminacao do seu arquivo...

Enjoy if you will...