Friday 26 November 2010

Reflectindo...



[Scramble for Afrika, by Yinka Shonibare]

Never act as clever as you are!
Don't be brilliant!
(...if you do nobody will like you...)
Always blend in!


Estas palavras, proferidas denunciatoriamente por uma das intervenientes (e nao, ela nao se parece nada com uma "intelectual" - quanto mais nao seja porque nao usa oculos, nao tem cabelos grizalhos, nem anda no ballet classico desde os oito anos de idade... - e muito menos se auto-entitula como tal: de facto, assemelha-se bastante a qualquer uma das nossas damas do kuduro que aki tentei de algum modo "defender"...) no documentario aqui apresentado, o qual apenas descobri na vespera de aqui o ter postado, conteem a chave de muito do que se tem passado com e neste blog... Veja-se, mais uma vez (... porque nunca sera' demais e porque espero que pelo menos algumas jovens negras angolanas - como as que me transmitiram o calor humano de que aqui falo e aquelas a quem aqui me dirijo - aprendam alguma coisa com isto...) esta campanha, que se sumariza nesta orgia e neste bacanal...

Efectivamente, por outras, mas equivalentes palavras, eu li exactamente o mesmo, mas apologeticamente, no NJ (e.g., entre varias outras, em particular por um certo minion , quaisquer coisas relacionadas com "esquecer a cultura dos ancestrais" - i.e. nao se prestar a ser uma "mulher submissa e subserviente" - e, em resultado disso, "ninguem na sociedade gostar", por entre "falas em ingles cursivo", "levar tanto tempo para fazer um curso", "ter conhecimentos mal adquiridos/digeridos que quando ganham alguma seguranca"... "e' chato para o Popper", para ja' nao mencionar o (in)famoso e sempre (in)conveniente, particularmente quando usado perversamente neste tipo de contexto, "so' sei que nada sei" de Socrates (... mais uma "boca", como dizia Herberto Helder, tirada de passagem a cultura para com seu uso desencadear a explosao mitica...), como se alguem acreditasse que, tendo dito isso, no que apenas expressava o conceito filosofico de "duvida metodica", Socrates de facto "nao sabia", ou acreditava "nao saber nada"!... etc.,etc.,etc...) [*], no "O Pais" (..."no stars please!"...), no SA (... neste nao vale a pena sequer falar mais... ou talvez valha a pena repescar apenas as tristemente celebres "bocas intelectualoides" e uns certos "tem a mania do sabetudismo!" - este da autoria de um "miudo" nao-economista que, curiosamente, fez seguir essa 'boca' de uma "lecturacao" sobre "desenvolvimento economico"! - e "coloque-se no seu devido lugar!"...) e por ai afora (e.g., "achas mesmo que vales assim tanto? Olha as nossas colegas mulheres aqui, sem tantas qualificacoes nem remuneracoes, como estao muito bem e muito felizes"...; "tem a mania de se achar mais do que os outros"...)!

... Para que estudar tanto? (num habia nexexidade!)... E ainda por cima coisas que "qualquer mulher angolana sabe sem precisar de tirar cursos superiores"?... E ainda por cima tao longe e 'a revelia da "sacrossanta patria/familia lusofona"?... E ainda por cima para obter apenas "falsos diplomas" seguidos de "infiltracoes em reunioes de peritos"?!... Porque nao simplesmente estender a mao, manter-se "jovem", "elegante", "bem-cheirosa" e "disponivel para o sexo" (aparentemente seja la' com quem for, mesmo sendo certo que se esta' sujeita a logo em seguida ser-se insidiosa e difamatoriamente apelidada de "promiscua", "prostituta", "poluta" e "sem valores nem principios"...)?! [**] ...E mais ainda (veja-se, a este proposito, o que diz o academico Indiano entrevistado no documentario): porque nao colocar uma peruca ou tissagem loura como a Beyonce' e ser apenas "Tosca, mas nao a de Puccini" e conformar-se (invejar!) e submeter-se pura e simplesmente ao 'modelo de beleza' euro-caucasiano (vejam-se tambem as declaracoes do jornalista branco Irlandes (... supostamente uma 'figura' triste/patética a merecer histericos 'lols' a fartazana - e' so' fartar vilanagem!!!) sobre a Beyonce' no mesmo post sobre "shadeism"...) que "comeca na Venus de Milo e acaba na irresistivel Jessica Rabbit"?! [***]
Ou, melhor ainda do que tudo isso, porque nao "cometer um suicidio em grande estilo, antes que se seja esquartejada a catanada"?!

Enfim... para que OUSAR SER?!

... Por essas e por outras, ao longo da minha vida, sempre me vi forcada, tanto fisica, mental, psicologica e espiritualmente (... e o unico periodo em que fui capaz, porque esta sociedade mo tornou possivel, de nao o fazer foram os anos em que vivi em Londres sem qualquer contacto com o "mundo lusofono" - periodo em que, by the way, consegui praticamente deixar de fumar -, mas... de ha' uns anos a esta parte "deu-me" para retomar esse contacto e... os resultados estao a vista!...), a me auto-anular, auto-suprimir, auto-sabotar, auto-censurar, (e quando nao o faco, outros imediatamente se encarregam de obrigar-me a faze-lo, ou fazem-no "por mim"...), para nao parecer, e muito menos ser, "mais do que o(a)s outro(a)s" (o que quer que seja que isso signifique...) e, assim, acabar NAO SENDO NADA!

E porque esse processo (a que os Ingleses muito apta e concisamente apelidam de dumbing down) opera tanto nos fenomenos de racismo, como nos de sexismo e machismo (...ja' para nao falar nos ditos de "crispacao geracional", ou nos de suposta "solidariedade e coesao comunitaria", "politico-ideologica" e "patriotica", ou algo assim parecido...), nao so' e' frequente nele se formarem aliancas, por um lado, entre mulheres nao negras com homens negros e, por outro lado, entre homens negros com homens brancos, contra mulheres negras, como tambem sobre ele escreveram, a seu tempo e a seu modo, tanto Agostinho Neto, como Bessie Head, entre varios outros...


[Dysfunctional Family ,by Yinka Shonibare]


Mas, como tambem se diz logo no inicio do documentario, "tudo comeca na familia"... De facto, nunca me esqueco desta frase (ordem?) que me foi dirigida por alguem da minha familia mais proxima: "tens que deixar os outros existir!" (... nao que eu alguma vez tivesse tido a intencao, a pretensao ou, menos ainda, a capacidade de impedir "os outros de existir"... so, what that means in practice is: "tens que deixar de existir para que eu e a(o)s outra(o)s possamos existir!"...). E eu cresci a ouvir no seio da minha familia tanto strong statements sobre "direitos adquiridos" (e, ja' agora e a titulo de curiosidade, a ser cognominada por um amigo da familia - por sinal um arquitecto portugues de quem incluo um postal aqui e que, by the way, foi quem me ofereceu o meu primeiro disco dos Pink Floyd - desde os meus 15/16 anos como "a intelectual da familia", cognome tambem usado frequentemente pela minha mae... - o que, amarga ironia, se viria a revelar uma afiada espada de dois gumes ao longo da minha vida!...) este dito, aparentemente baseado num proverbio baKongo: "a orelha nunca pode crescer mais do que a cabeca"!

Trouble is... talvez 'a excepcao destes, toda(o)s nascemos com a (e pensamos pela) nossa propria cabeca!

[Em suma: alguem ja' tentou reflectir um pouco mais profundamente sobre de onde veem os famosos e famigerados "complexos de inferioridade" (tambem designados por outros de "complexos de colonizado") dos negros e, muito particularmente, das negras?... Ou das causas estruturais do aparentemente "cronico subdesenvolvimento" de Africa?!... I wonder...]





[*] E, ja' agora, alguem reparou como os ataques do minion no NJ (e.g. "quem disse que eu me estava a referir a ti", "como e' que vieste parar ao meu computador", "olha que eu ja' tenho 60 anos e sou antigo combatente"... para alem dos ja' acima referidos) comecaram (ou pelo menos deles pela primeira vez me apercebi) quando eu me referi a ele no contexto deste kibeto (num comentario ate' digamos que, para usar a palavra da moda, "afectuoso", mas entretanto retirado quando me vi confrontada com tais ataques - eu que nao tenho tido nenhum contacto com ele, nem via computador, e.g. email, nem por nenhuma outra via, desde a ultima vez que o vi em Lisboa ja' la' vao uns bons mais de 20 anos!... - e, ja' agora tambem, repararam como simultaneamente ele se atirou ao alvo do kibeto com "todas as armas disponiveis", por entre estorias de animais no "quintal do seu palacio"? ), tendo antes feito um comentario a este post, em que me referia a um "amigo-como irmao (por sinal branco) que estava connosco a quem pedi que me levasse imediatamente para casa"?

Pois o que eu nao disse na altura [porque continuei, pelo menos ate' agora - e, na verdade, ainda continuo - a resistir deixar-me afundar completamente na enxurrada de lama e pedras que a chusma liderada (telecomandada!) por ele (apenas porque para la' regressou depois de longos anos com 'ares afectados' de Paris...) - tal como ele e outros o foram e, por incrivel que pareca, continuam a ser (!) por um certo Incrivel Svengali (... e ainda se arrogam proclamar que "pensam pela sua propria cabeca"!...) - me tem atirado...) foi que ele acompanhou-me ate' a porta do meu predio onde assim que la' chegamos me comecei a despedir dele, mas ele com um ar muito estranho (por falta de melhor qualificacao) comecou a dizer-me "sinto-me bastante lisonjeado por me teres escolhido para te trazer para casa" e comecou a "avancar para mim"... Ao que eu apenas lhe lancei um ultimo olhar, disse-lhe muito obrigada, despedi-me mais uma vez, virei-lhe as costas, entrei no predio, fechei a porta e deixei-o ali com o seu "ar muito estranho"! Ora, fiquei agora a saber, passados mais de 20 anos, atraves dessas "bocas no NJ" que o individuo afinal nunca se conformou por eu o ter sempre tratado apenas como "amigo-como irmao", porque sempre quis ser "muito mais do que isso"!...

E mais acrescento que apenas o tratava como tal devido ao meu relacionamento com a familia, incluindo a mae, dele e ao conteudo de alguns dos seus postais aqui incluidos!
Mas... o que o poder da imprensa e' capaz de fazer quando sobe 'a cabeca de um minion frustrado e complexado metido a "antigo combatente de ocasiao"! ... Sera' que ele esteve, ou teria alguma motivacao ou razao para estar nesta manifestacao, ou nesta, por exemplo?!




[**] E porque tambem nunca sera' demais (re)lembrar como "tudo isso" comecou, proponho uma reflexao sobre estas minhas afirmacoes, feitas aqui:


(...) E, já agora, “não gravaste nem filmaste porque não querias profanar aquele momento de intimidade tão único”…mas não te coibiste de o reproduzir aqui em detalhe, num espaço aberto ao mundo… será que as “mamãs” que tanta questão faziam que os homens “não vissem” não se importarão agora que qualquer homem no mundo as possa ver através dos teus olhos e comentar sobre o que viu?! Mas tu não tens culpa, és apenas o produto de um sistema político de apropriação cultural, também conhecido como “vulturismo cultural”, muito mal gerido ao longo destes 30 anos do pós-independência por elementos de um grupo social muito bem definido em Angola… e esse fenómeno há muito vem sendo estudado e debatido com muita seriedade, sobretudo fora do mundo lusófono. Mas, cedo ou tarde, esses debates e suas consequências chegarão a Angola…

... E estas, reproduzidas tambem no post em referencia sobre "shadeism":


There is a long history of sexualizing the black body with disastrous consequences - from lynchings in the South to the 'high-tech' lynchings of recent past. Collins looks at the ways African-American women's bodies have always been on display, from Josephine Baker to Destiny's Child, and the contradictory images of black masculinity from Michael Jackson to Michael Jordan.
(...)
In Black Sexual Politics, one of America's most influential writers on race and gender explores how images of Black sexuality have been used to maintain the color line and how they threaten to spread a new brand of racism around the world today. The ideal of pure white womanhood, Collins argues, required the invention of hot-blooded Latinas, exotic Suzy Wongs, and wanton jezebels...
(...)
In a book of sophisticated critical theory that could be used as a tool for antiracist political action, Collins (Charles Phelps Taft Professor of Sociology, Univ. of Cincinnati; Black Feminist Thought) asserts that "racism and sexism are deeply intertwined, and racism can never be solved without seeing and challenging sexism."




E para um pouco mais de leitura/analise comparativa, vejam-se os meus argumentos sobre o "debate dos feminismos" aqui, a luz deste artigo, tambem incluido no post sobre "shadeism"...





[***] E para completar o quadro, veja-se isto, por referencia ao que aqui afirmei (v. "How is it decided that this criticism of the publication for the first time in the Portuguese market of a magazine directed at African women is “more interesting” than, say, the criticisms arising from this, or this?") e a forma como essa questao (representacao de modelos de beleza feminina nos media - veja-se, em particular, a reaccao da Angolana Muginga a capa de uma das revistas consideradas) e' abordada no documentario que tem servido de base a esta refexao - documentario que nao so' ilustra perfeitamente o meu "dialogo com uma sista" com que o 'entrelacei', como tambem confirma o que aqui dizia sobre essas questoes:

(...) Grupo “afro-americano” esse onde, nunca e’ demais repeti-lo, se incluem todos os nao-brancos desde que tenham uma gota de sangue negro. E, se e’ certo que o "one drop rule" foi inicialmente uma criacao do grupo dominante branco nos EUA com motivacoes racistas, nao e’ menos certo que ele foi apropriado, internalizado e socializado historicamente pelos “afro-americanos” que – ao contrario, nunca e’ demais nota-lo, do que se passou e em grande medida ainda se passa nas ex-colonias portuguesas onde se instituiu uma diferenciacao racica hierarquizante de acordo com os varios tons de pele entre negros e brancos – partilharam ao longo de seculos em condicoes de igualdade tanto a discriminacao racial contra si (vide o caso da 'cabrita' Rosa Parks), como as oportunidades sociais, politicas e economicas que souberam conquistar para si (vide o caso da 'negra' Oprah Winfrey) como um unico grupo racico, pesem embora as clivagens e friccoes que tambem existem no seu seio, originadas, directa ou indirectamente, pelos diferentes tons de pele entre si (particularmente entre as mulheres, como quem tenha ouvido atentamente uma celebre conversa entre mulheres “negras” no filme Jungle Fever de Spike Lee tera’ notado."



[Scramble for Afrika, by Yinka Shonibare]

Never act as clever as you are!
Don't be brilliant!
(...if you do nobody will like you...)
Always blend in!


Estas palavras, proferidas denunciatoriamente por uma das intervenientes (e nao, ela nao se parece nada com uma "intelectual" - quanto mais nao seja porque nao usa oculos, nao tem cabelos grizalhos, nem anda no ballet classico desde os oito anos de idade... - e muito menos se auto-entitula como tal: de facto, assemelha-se bastante a qualquer uma das nossas damas do kuduro que aki tentei de algum modo "defender"...) no documentario aqui apresentado, o qual apenas descobri na vespera de aqui o ter postado, conteem a chave de muito do que se tem passado com e neste blog... Veja-se, mais uma vez (... porque nunca sera' demais e porque espero que pelo menos algumas jovens negras angolanas - como as que me transmitiram o calor humano de que aqui falo e aquelas a quem aqui me dirijo - aprendam alguma coisa com isto...) esta campanha, que se sumariza nesta orgia e neste bacanal...

Efectivamente, por outras, mas equivalentes palavras, eu li exactamente o mesmo, mas apologeticamente, no NJ (e.g., entre varias outras, em particular por um certo minion , quaisquer coisas relacionadas com "esquecer a cultura dos ancestrais" - i.e. nao se prestar a ser uma "mulher submissa e subserviente" - e, em resultado disso, "ninguem na sociedade gostar", por entre "falas em ingles cursivo", "levar tanto tempo para fazer um curso", "ter conhecimentos mal adquiridos/digeridos que quando ganham alguma seguranca"... "e' chato para o Popper", para ja' nao mencionar o (in)famoso e sempre (in)conveniente, particularmente quando usado perversamente neste tipo de contexto, "so' sei que nada sei" de Socrates (... mais uma "boca", como dizia Herberto Helder, tirada de passagem a cultura para com seu uso desencadear a explosao mitica...), como se alguem acreditasse que, tendo dito isso, no que apenas expressava o conceito filosofico de "duvida metodica", Socrates de facto "nao sabia", ou acreditava "nao saber nada"!... etc.,etc.,etc...) [*], no "O Pais" (..."no stars please!"...), no SA (... neste nao vale a pena sequer falar mais... ou talvez valha a pena repescar apenas as tristemente celebres "bocas intelectualoides" e uns certos "tem a mania do sabetudismo!" - este da autoria de um "miudo" nao-economista que, curiosamente, fez seguir essa 'boca' de uma "lecturacao" sobre "desenvolvimento economico"! - e "coloque-se no seu devido lugar!"...) e por ai afora (e.g., "achas mesmo que vales assim tanto? Olha as nossas colegas mulheres aqui, sem tantas qualificacoes nem remuneracoes, como estao muito bem e muito felizes"...; "tem a mania de se achar mais do que os outros"...)!

... Para que estudar tanto? (num habia nexexidade!)... E ainda por cima coisas que "qualquer mulher angolana sabe sem precisar de tirar cursos superiores"?... E ainda por cima tao longe e 'a revelia da "sacrossanta patria/familia lusofona"?... E ainda por cima para obter apenas "falsos diplomas" seguidos de "infiltracoes em reunioes de peritos"?!... Porque nao simplesmente estender a mao, manter-se "jovem", "elegante", "bem-cheirosa" e "disponivel para o sexo" (aparentemente seja la' com quem for, mesmo sendo certo que se esta' sujeita a logo em seguida ser-se insidiosa e difamatoriamente apelidada de "promiscua", "prostituta", "poluta" e "sem valores nem principios"...)?! [**] ...E mais ainda (veja-se, a este proposito, o que diz o academico Indiano entrevistado no documentario): porque nao colocar uma peruca ou tissagem loura como a Beyonce' e ser apenas "Tosca, mas nao a de Puccini" e conformar-se (invejar!) e submeter-se pura e simplesmente ao 'modelo de beleza' euro-caucasiano (vejam-se tambem as declaracoes do jornalista branco Irlandes (... supostamente uma 'figura' triste/patética a merecer histericos 'lols' a fartazana - e' so' fartar vilanagem!!!) sobre a Beyonce' no mesmo post sobre "shadeism"...) que "comeca na Venus de Milo e acaba na irresistivel Jessica Rabbit"?! [***]
Ou, melhor ainda do que tudo isso, porque nao "cometer um suicidio em grande estilo, antes que se seja esquartejada a catanada"?!

Enfim... para que OUSAR SER?!

... Por essas e por outras, ao longo da minha vida, sempre me vi forcada, tanto fisica, mental, psicologica e espiritualmente (... e o unico periodo em que fui capaz, porque esta sociedade mo tornou possivel, de nao o fazer foram os anos em que vivi em Londres sem qualquer contacto com o "mundo lusofono" - periodo em que, by the way, consegui praticamente deixar de fumar -, mas... de ha' uns anos a esta parte "deu-me" para retomar esse contacto e... os resultados estao a vista!...), a me auto-anular, auto-suprimir, auto-sabotar, auto-censurar, (e quando nao o faco, outros imediatamente se encarregam de obrigar-me a faze-lo, ou fazem-no "por mim"...), para nao parecer, e muito menos ser, "mais do que o(a)s outro(a)s" (o que quer que seja que isso signifique...) e, assim, acabar NAO SENDO NADA!

E porque esse processo (a que os Ingleses muito apta e concisamente apelidam de dumbing down) opera tanto nos fenomenos de racismo, como nos de sexismo e machismo (...ja' para nao falar nos ditos de "crispacao geracional", ou nos de suposta "solidariedade e coesao comunitaria", "politico-ideologica" e "patriotica", ou algo assim parecido...), nao so' e' frequente nele se formarem aliancas, por um lado, entre mulheres nao negras com homens negros e, por outro lado, entre homens negros com homens brancos, contra mulheres negras, como tambem sobre ele escreveram, a seu tempo e a seu modo, tanto Agostinho Neto, como Bessie Head, entre varios outros...


[Dysfunctional Family ,by Yinka Shonibare]


Mas, como tambem se diz logo no inicio do documentario, "tudo comeca na familia"... De facto, nunca me esqueco desta frase (ordem?) que me foi dirigida por alguem da minha familia mais proxima: "tens que deixar os outros existir!" (... nao que eu alguma vez tivesse tido a intencao, a pretensao ou, menos ainda, a capacidade de impedir "os outros de existir"... so, what that means in practice is: "tens que deixar de existir para que eu e a(o)s outra(o)s possamos existir!"...). E eu cresci a ouvir no seio da minha familia tanto strong statements sobre "direitos adquiridos" (e, ja' agora e a titulo de curiosidade, a ser cognominada por um amigo da familia - por sinal um arquitecto portugues de quem incluo um postal aqui e que, by the way, foi quem me ofereceu o meu primeiro disco dos Pink Floyd - desde os meus 15/16 anos como "a intelectual da familia", cognome tambem usado frequentemente pela minha mae... - o que, amarga ironia, se viria a revelar uma afiada espada de dois gumes ao longo da minha vida!...) este dito, aparentemente baseado num proverbio baKongo: "a orelha nunca pode crescer mais do que a cabeca"!

Trouble is... talvez 'a excepcao destes, toda(o)s nascemos com a (e pensamos pela) nossa propria cabeca!

[Em suma: alguem ja' tentou reflectir um pouco mais profundamente sobre de onde veem os famosos e famigerados "complexos de inferioridade" (tambem designados por outros de "complexos de colonizado") dos negros e, muito particularmente, das negras?... Ou das causas estruturais do aparentemente "cronico subdesenvolvimento" de Africa?!... I wonder...]





[*] E, ja' agora, alguem reparou como os ataques do minion no NJ (e.g. "quem disse que eu me estava a referir a ti", "como e' que vieste parar ao meu computador", "olha que eu ja' tenho 60 anos e sou antigo combatente"... para alem dos ja' acima referidos) comecaram (ou pelo menos deles pela primeira vez me apercebi) quando eu me referi a ele no contexto deste kibeto (num comentario ate' digamos que, para usar a palavra da moda, "afectuoso", mas entretanto retirado quando me vi confrontada com tais ataques - eu que nao tenho tido nenhum contacto com ele, nem via computador, e.g. email, nem por nenhuma outra via, desde a ultima vez que o vi em Lisboa ja' la' vao uns bons mais de 20 anos!... - e, ja' agora tambem, repararam como simultaneamente ele se atirou ao alvo do kibeto com "todas as armas disponiveis", por entre estorias de animais no "quintal do seu palacio"? ), tendo antes feito um comentario a este post, em que me referia a um "amigo-como irmao (por sinal branco) que estava connosco a quem pedi que me levasse imediatamente para casa"?

Pois o que eu nao disse na altura [porque continuei, pelo menos ate' agora - e, na verdade, ainda continuo - a resistir deixar-me afundar completamente na enxurrada de lama e pedras que a chusma liderada (telecomandada!) por ele (apenas porque para la' regressou depois de longos anos com 'ares afectados' de Paris...) - tal como ele e outros o foram e, por incrivel que pareca, continuam a ser (!) por um certo Incrivel Svengali (... e ainda se arrogam proclamar que "pensam pela sua propria cabeca"!...) - me tem atirado...) foi que ele acompanhou-me ate' a porta do meu predio onde assim que la' chegamos me comecei a despedir dele, mas ele com um ar muito estranho (por falta de melhor qualificacao) comecou a dizer-me "sinto-me bastante lisonjeado por me teres escolhido para te trazer para casa" e comecou a "avancar para mim"... Ao que eu apenas lhe lancei um ultimo olhar, disse-lhe muito obrigada, despedi-me mais uma vez, virei-lhe as costas, entrei no predio, fechei a porta e deixei-o ali com o seu "ar muito estranho"! Ora, fiquei agora a saber, passados mais de 20 anos, atraves dessas "bocas no NJ" que o individuo afinal nunca se conformou por eu o ter sempre tratado apenas como "amigo-como irmao", porque sempre quis ser "muito mais do que isso"!...

E mais acrescento que apenas o tratava como tal devido ao meu relacionamento com a familia, incluindo a mae, dele e ao conteudo de alguns dos seus postais aqui incluidos!
Mas... o que o poder da imprensa e' capaz de fazer quando sobe 'a cabeca de um minion frustrado e complexado metido a "antigo combatente de ocasiao"! ... Sera' que ele esteve, ou teria alguma motivacao ou razao para estar nesta manifestacao, ou nesta, por exemplo?!




[**] E porque tambem nunca sera' demais (re)lembrar como "tudo isso" comecou, proponho uma reflexao sobre estas minhas afirmacoes, feitas aqui:


(...) E, já agora, “não gravaste nem filmaste porque não querias profanar aquele momento de intimidade tão único”…mas não te coibiste de o reproduzir aqui em detalhe, num espaço aberto ao mundo… será que as “mamãs” que tanta questão faziam que os homens “não vissem” não se importarão agora que qualquer homem no mundo as possa ver através dos teus olhos e comentar sobre o que viu?! Mas tu não tens culpa, és apenas o produto de um sistema político de apropriação cultural, também conhecido como “vulturismo cultural”, muito mal gerido ao longo destes 30 anos do pós-independência por elementos de um grupo social muito bem definido em Angola… e esse fenómeno há muito vem sendo estudado e debatido com muita seriedade, sobretudo fora do mundo lusófono. Mas, cedo ou tarde, esses debates e suas consequências chegarão a Angola…

... E estas, reproduzidas tambem no post em referencia sobre "shadeism":


There is a long history of sexualizing the black body with disastrous consequences - from lynchings in the South to the 'high-tech' lynchings of recent past. Collins looks at the ways African-American women's bodies have always been on display, from Josephine Baker to Destiny's Child, and the contradictory images of black masculinity from Michael Jackson to Michael Jordan.
(...)
In Black Sexual Politics, one of America's most influential writers on race and gender explores how images of Black sexuality have been used to maintain the color line and how they threaten to spread a new brand of racism around the world today. The ideal of pure white womanhood, Collins argues, required the invention of hot-blooded Latinas, exotic Suzy Wongs, and wanton jezebels...
(...)
In a book of sophisticated critical theory that could be used as a tool for antiracist political action, Collins (Charles Phelps Taft Professor of Sociology, Univ. of Cincinnati; Black Feminist Thought) asserts that "racism and sexism are deeply intertwined, and racism can never be solved without seeing and challenging sexism."




E para um pouco mais de leitura/analise comparativa, vejam-se os meus argumentos sobre o "debate dos feminismos" aqui, a luz deste artigo, tambem incluido no post sobre "shadeism"...





[***] E para completar o quadro, veja-se isto, por referencia ao que aqui afirmei (v. "How is it decided that this criticism of the publication for the first time in the Portuguese market of a magazine directed at African women is “more interesting” than, say, the criticisms arising from this, or this?") e a forma como essa questao (representacao de modelos de beleza feminina nos media - veja-se, em particular, a reaccao da Angolana Muginga a capa de uma das revistas consideradas) e' abordada no documentario que tem servido de base a esta refexao - documentario que nao so' ilustra perfeitamente o meu "dialogo com uma sista" com que o 'entrelacei', como tambem confirma o que aqui dizia sobre essas questoes:

(...) Grupo “afro-americano” esse onde, nunca e’ demais repeti-lo, se incluem todos os nao-brancos desde que tenham uma gota de sangue negro. E, se e’ certo que o "one drop rule" foi inicialmente uma criacao do grupo dominante branco nos EUA com motivacoes racistas, nao e’ menos certo que ele foi apropriado, internalizado e socializado historicamente pelos “afro-americanos” que – ao contrario, nunca e’ demais nota-lo, do que se passou e em grande medida ainda se passa nas ex-colonias portuguesas onde se instituiu uma diferenciacao racica hierarquizante de acordo com os varios tons de pele entre negros e brancos – partilharam ao longo de seculos em condicoes de igualdade tanto a discriminacao racial contra si (vide o caso da 'cabrita' Rosa Parks), como as oportunidades sociais, politicas e economicas que souberam conquistar para si (vide o caso da 'negra' Oprah Winfrey) como um unico grupo racico, pesem embora as clivagens e friccoes que tambem existem no seu seio, originadas, directa ou indirectamente, pelos diferentes tons de pele entre si (particularmente entre as mulheres, como quem tenha ouvido atentamente uma celebre conversa entre mulheres “negras” no filme Jungle Fever de Spike Lee tera’ notado."

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