"CRONICA DE UMA MAKA ANUNCIADA”
”(...) Quando alguém mostra a visibilidade do mito acha-se ao serviço de pretextos (... qualquer coisa tirada de passagem à Cultura) para, com seu uso, desencadear a explosão mítica. (...) Só não percebe quem vive mergulhado na cultura. Talvez se perceba numa certa África ainda. (...) Estou no mundo, a esquizofrenia fica longe, na cultura.”
Para que fique registado neste blog o que deu lugar a esta maka (e por isso voltei hoje, 11/04/07, a reabrir temporariamente o blog ao publico em geral, mas com os espacos de comentarios a este e ao post anterior encerrados), decidi publicar aqui, no espaco de comentarios a este post, NA INTEGRA, os iniciais comentarios, publicados e nao publicados (digo iniciais porque houve outros posteriormente, 3 ou 4, dos quais apenas 2 foram publicados). Apesar de ja' ter considerado o assunto encerrado, com isto pretendo apenas sugerir aos leitores que, enquanto esta maka se desenrolava "por tras da cortina", foram seguindo os meus pontos de vista, quer aqui no meu blog, quer no blog “A Materia do Tempo” (nao pretendendo com isto de qualquer forma implicar o Denudado ou envolve-lo involuntariamente nesta maka, mas apenas porque as minhas primeiras “manifestacoes” sobre essas questoes foram registadas no blog dele) , sobre alguns dos argumentos da ACGM no seu post entitulado “Vulto Said:”, nomeadamente a volta dos conceitos de “apropriacao cultural”, “partilha” e “racismo”, facam as suas proprias avaliacoes e formulem os seus proprios pontos de vista e/ou juizos de valor.
Sugeriria que o fizessem a luz do meu artigo anexado ao post anterior a este (“Maka de Sanzala!!!” ) entitulado “A Minha Patria nao e’ a Lingua Portuguesa”, com particular referencia a "alguns exímios praticantes do impressivo, mas de questionável honestidade intelectual, ofício do 'vulturismo cultural' (i.e., a apropriação de simbologias e narrativas antropológicas, sociológicas ou rituais Africanas, para seu uso e abuso como instrumentos, máscaras, de legitimação cultural de discursos artístico-literários raramente condicentes com as experiências vivenciais, as convicções político-ideológicas, as preferências estéticas, ou a praxis social, passada ou presente, dos seus autores)."
Pedir-vos-ia tambem que, tanto quanto possivel, tentassem prestar mais atencao ao CONTEUDO e menos a FORMA como os meus comentarios foram feitos, porque, sinceramente, incialmente para mim tratava-se apenas de expressar um ponto de vista e algumas interrogacoes perante quem, apesar de nao conhecer pessoalmente mas sobre quem sabia o suficiente para me expressar como o fiz sem grandes constrangimentos, nao me sentia com qualquer particular obrigacao de enderecar com “alturas e mesuras” e por quem, depois das suas respostas e a luz do que antes sabia dela e da leitura de alguns dos seus posts e comentarios no seu e noutros blogs, perdi todo o respeito…
Finalmente, impoe-se-me notar particularmente que uma das minhas leituras desta "maka" encaixa-se perfeitamente na frase de Herberto Helder acima citada (e por isso a tive destacada neste blog, no fim do 'News & Views', durante aquele periodo...). Isto e':
Eu expus a visibilidade do mito da "Phwo", ao tentar "destapar-lhe a mascara" e, imediatamente me achei ao servico de pretextos (e.g. acusacoes, ou melhor, insultos, de 'racismo', 'cobardia', 'grosseria', 'falta de educacao', 'atrevimento', 'ignorancia', 'incultura', 'patetice', 'estupidez', 'complexo', 'recalcamento', 'constrangimento', 'retrogredismo' ou 'retroaccao', 'rancor', 'ressaibo', 'raiva', 'ressentimento', 'parasitismo', 'insignificancia', 'besta, quadrada ou nao', 'disparatada', 'aquela coisa', 'vomito', 'pecadora capital', 'terrorista', 'instigadora de assassinatos', 'petit rien', etc, etc, etc...) que pudessem justificar que eu "cometesse um suicidio em grande estilo"... ou seria que alguem "cometesse um assassinato em grande estilo" sobre mim?!
Ao mesmo tempo, na sua resposta ao meu comentario (parcialmente) publicado (triplamente censurado) sob o titulo "Vulto said", ela tira "qualquer coisa" (de facto, varias coisas) de passagem a Cultura, particularmente a filologia, a antropologia e a etnologia (em nenhuma das quais ela e' especialista... e, ja' agora, como especialista em economia, devo dizer-lhe que nem nesta disciplina cientifica o conceito de "negociacao" e' equivalente a "negocio"... por isso, mas infelizmente nao so' por isso, a considero arrogante ignorante!) para com seu uso desencadear a explosao mitica (i.e. todos os episodios da "maka" que se seguiu e que explodiram nesta cena final...).
De facto, so' nao percebe quem vive mergulhado na cultura - com minuscula... ACGM da' mostras de viver mergulhada na "cultura" la' "dentro" do seu ministerio, da sua academia, dos livros que teve que ler e das licoes que teve que aprender para fazer um curso universitario... e tradu-los a letra para a sua "realidade"... como se a Vida, como se a Cultura, como se a Poesia, como se a Arte, como se a Danca, como se a Literatura, como se a Ciencia, como se a Partilha, como se a Criacao, como se a Geracao, como se a Gestacao, como se a Mukanda... se pudessem alguma vez reduzir a isso! Como se a Educacao, a Investigacao, o Ensino, a Aprendizagem, o Raciocinio, o Pensamento, a Intelectualidade ou a Inteligencia se pudessem limitar a ver, constatar, descrever, copiar, decorar, recitar, relatar e afirmar dogmaticamente o "obvio" a partir de algumas inconsistentes e superficiais observacoes empiricas aleatorias, dirigidas, enviezadas, exogenas, extemporaneas e esporadicas!
Talvez se perceba numa certa Africa ainda (eu percebi-o na "minha" Afrika, imediatamente...). (com minuscula... sem mais comentarios, porque o obvio dispensa-os...)!
So' para introduzir aqui uma pitadinha de "humor seco": houve uma vez, em Estocolmo, que me senti movida a "escrever" um poema transcrevendo os caracteres e simbolos (e seus significados) que encontrei num livro de Redinha... claro que nao o fiz a serio, porque mesmo quem nao domine os conceitos de "etic e emic", se for suficientemente honesto intelectualmente, reconhecera' que a "mimica" jamais podera' ser levada com seriedade, ou tida como Arte, por quem seja seriamente inteligente e culto!
Tenho ainda uma outra leitura (e com ela nao se esgotam todas as leituras que tenho desta "maka"), que igualmente se encaixa naquela frase, a qual, para mim, descreve perfeitamente o fenomeno "vulturismo cultural" e a esquizofrenia individual e social a ele associada. E por isso a usei no fim do meu artigo acima mencionado, tendo-o feito tambem para ressaltar a forma como a frase de Pessoa "a minha patria e' a lingua portuguesa" e' geralmente usada fora do contexto em que foi escrita, isto e', como "qualquer coisa tirada de passagem a Cultura para com seu uso desencadear a explosao mitica..." (e.g. o mito do "lusotropicalismo"). Isto, sobretudo, porque me recuso a acreditar que a totalidade das pessoas que, em qualquer parte do mundo, teem a lingua portuguesa como a sua patria, possam igualmente dizer, como Pessoa, "nao tenho nenhum sentimento politico ou social". Eu certamente nao o posso dizer e lamento-o, por varias razoes, mas principalmente porque respeito profundamente a sua poesia e a Lingua Portuguesa!
Vamos a "ela"? 'A leitura, claro!
Nesta segunda leitura, o que os "vultos culturais" fazem, na sua busca de uma "identidade" que os corporize, lhes finque os pes no chao, lhes crie raizes, os valide culturalmente, os valorize intelectualmente e os legitime politicamente numa sociedade em que se sentem "deslocados", "a pairar no ar" (vizualizar aqui), com a qual nao se identificam (ou recusam-se a identificar-se, apesar de terem contribuido activamente para o estado em que ela se encontra actualmente, ou terem assistido passivamente a sua progressiva degradacao, ao longo dos anos desde a independencia) e da qual por isso se auto-marginalizam, e' tirar da Cultura (Africana) qualquer coisa (fenomeno "apropriacao"), como um "nome", um "pseudonimo", um "cognome", um "nick", uma indumentaria, um penteado, ou a mascara Pwo, e usa-la para desencadear a explosao mitica (... que, entre outras coisas, lhes permite auto-convencer-se de que sao mais conhecedores dessa Cultura do que os seus proprios criadores/detentores e ser "mimados" com premios literarios e "nacionais de cultura" por isso; enquanto aqueles com quem aprenderam sobre tal Cultura sao relegados a extincao ou transformados em "atraccao turistica exotica" nesse processo de apropriacao que os usa, abusa e desusa como "objectos de estudo" e nao sujeitos da sua propria cultura e identidade; ao mesmo tempo que fazem muita questao de corrigir o meu "pretogues", nao percebo bem se em nome do Pessoa, do Camoes, ou do Tchibinda Ilunga, como o fez um tal "Diamante"!).
Como se a Cultura Angolana se pudesse confinar a Cultura Tchokwe! Por isso me refiro a ela frequentemente como 'miuda', 'menina' e 'fedelha' atrevida, mal-educada, mimada, inculta e irresponsavel... (mas sera' que dentre os 'mais velhos' do mundo do "nacional-premialismo" da ACGM ninguem ainda lhe explicou de onde partem, regra geral, os "cronicos conflitos etnico-raciais" em Africa?!). Mas da' para perceber, obviamente, que nunca ninguem lhe ensinou, nem ela parece capaz de aprender, apreender, compreender, interiorizar, pensar, raciocinar, interagir e agir por si propria e pela sua propria cabeca e nao apenas pelas dos seus professores, seja em que lingua ou cultura for, de acordo com o significado mais profundo de "it ain't necessarily so"... ou reduzir-se a sua insignificancia e sela-la com o mais simplorio conceito de "shallow mind"!
Eu percebi-o ha' muito na "minha" Afrika, tanto "dentro" como "fora" de Angola! ... Minha Afrika onde nunca confundi "identidade" com "etnicidade", nem alguma vez limitei a "identidade" as "sociedades tradicionais", nem nunca opus qualquer delas aos conceitos de "modernidade", "evolucao", "progresso", ou "desenvolvimento" (que, ja' agora, teem muito pouco a ver com a adopcao de objectos materiais, como televisores, shampoos, gel de banho, ou espelhos por sociedades que antes nao os produziam e que continuaram depois da sua "adopcao" a nao os produzir... vejam-se, por exemplo, os efeitos "desenvolvimentistas" e "progressistas" que esse tipo de "adopcao" teve no Kongo de 500, como vivamente o ilustra a carta que anexei ao meu post "Late Sunday Service"... e, ja' agora tambem, para mim o verdadeiro desenvolvimento economico, social e cultural de uma sociedade, qualquer que ela seja e em que parte do mundo for, tem que ser "endogeno" - para quem saiba o que isso significa...), nem nunca limitei a Cultura a "culturas originais ou fechadas"...
Minha Afrika onde nao so' ja' vi mulheres brancas de panos (nunca fui a Holanda, mas sei que e' la' que sao fabricados "tradicionalmente" os "panos do Congo"... meu Kongo que ja' era uma potencia textil antes de os colonizadores chegarem com as suas "faixas de panos vermelhos" e missangas...), como ja vi ate' mulheres brancas "sangomas" (isto e', para os leigos como ACGM, "feiticeiras" ou curandeiras "tradicionais"...) na Africa do Sul post-apartheid (... praticamente toda a gente, entre brancos, negros e outras racas e/ou etnicidades, as considera, no entanto, absolutamente ridiculas e as "mais dignas e unicas" representantes do vulturismo cultural...)!
Minha Afrika e meu Mundo onde muito antes de eu ter nascido se formularam, conceptualizaram, discutiram, institucionalizaram, desinstitucionalizaram, politicizaram, despoliticizaram, construiram, desconstruiram, bateram, debateram, rebateram, esbateram, reacenderam, ultrapassaram e renovaram continua e ciclicamente os conceitos que ACGM, que nasceu depois de mim, comeca agora apenas a soletrar (e muito mal!), mas sobre os quais se considera com autoridade suficiente para fazer "public lectures" e para "falar de catedra" para quem ela "pensa" que "nao estudou", mas que certamente estudou, aprendeu, apreendeu e compreendeu muito mais e melhor do que ela e, sem qualquer duvida, muito humildemente, viveu, conviveu, viu, experimentou e partilhou a sua identidade cultural, a sua mundivivencia, os seus diversificados conhecimentos literarios e academicos em, e aprendeu, apreendeu e compreendeu com e entre, varias sociedades e comunidades Africanas e nao so', muito mais e melhor do que ela... sem guarda-costas, guias de marcha ou "bolsas de criacao" e certamente desde que nasceu e nao apenas depois da independencia de Angola! Quem e' que, afinal, no meio disto tudo, falou de alguem sem a conhecer? Falei de "arrogancia ignorante"? Falei de "falta de nocao do ridiculo"? Falei de "auto-convencimento"? Falei de "fraude"? Terei dito tudo?!
E so' nao "me aproprio" tambem de uma qualquer mascara na minha poesia, ou na minha vida em geral, porque a minha identidade cultural dispensa tais expedientes... E e' tambem por isso que tenho o maior respeito pelas pessoas de qualquer nacionalidade, que, sem desrespeitarem ou menosprezarem outras culturas, ou as pessoas que as possuem, defendem orgulhosamente a sua propria identidade cultural. Justamente, eles sao "guardioes das suas culturas", nao deixando por isso de ter abertura de espirito suficiente para se abrirem a partilha, interaccao e integracao com outras culturas - em suma, sao educados, cultos e inteligentes.
Acredito neles e com eles me identifico instintiva e intuitivamente, independentemente da sua raca, cor de pele, etnicidade, idioma, orientacao sexual, genero, religiao, classe social, nivel educacional ou academico, ou conviccoes politico-ideologicas, mesmo que eventualmente nao possa ver a sua cara e mesmo que eles tambem usassem mascaras, porque os vejo, me parecem e os sinto humanos, nao "vultos"!
Por isso me sinto capaz de partilhar alguma coisa com essas pessoas genuinas, nao "mascaras"! Por isso me sinto capaz de interagir e integrar nas suas sociedades abertas, nao "circulos restritos" (mais frequentemente do que o contrario, baseados fora do pais de que se acham "absolutos donos" enquanto la' estao - isto e', os que de la' "nunca sairam" porque tambem nunca la' estiveram a viver como o 'ze' povinho' e jamais poderiam sonhar com a vida de mordomias que todos os "sistemas" sempre lhes outorgaram - ou prontos a abandona-lo, como as verdadeiras e inultrapassaveis 'prima donnas' que sempre foram, a primeira "contrariedade"...), viciosos e viciados, ordinarios, marginais, promiscuos, doentios, claustrofobicos, autofagicos, esquizofrenicos, exclusivistas, divisionistas, tribalistas, fechados, censorios, agressivos, destrutivos, anti-sociais, recalcados, complexados, invejosos, mesquinhos, racistas, constrangidos, ameacadores, enfim... INSEGUROS... porque habitados por vultos auto-enclausurados por medo da sua propria sombra! De que teem tanto medo?! I wonder...
Por tudo isso, estou no Mundo... a esquizofrenia fica longe... na cultura!
[DEVIDO AO IMPRECEDENTE ACONTECIMENTO QUE RELATO NO POST ANTERIOR, DECIDI REABRIR TEMPORARIAMENTE O ACESSO A ESTE BLOG AO PUBLICO EM GERAL. NO ENTANTO, E PARA QUE HAJA UM MINIMO DE JUSTA EQUIVALENCIA ENTRE AS PRATICAS EXERCIDAS NESTE BLOG E NO BLOG EM QUESTAO, ACTIVAREI A "MODERACAO DE COMENTARIOS" DURANTE ESTE PERIODO.]
2 comments:
CRONICA DE UMA MAKA ANUNCIADA
1. MEU PRIMEIRO COMENTARIO:
“Minha querida, as tuas boas intenções talvez até sejam inquestionáveis, mas deixo-te um conselho amigo: vê se estudas um pouco mais sobre o conceito de “vulturismo cultural”. Depois tenta ser tu própria e votos de bom proveito. E quanto às mamães do Lwena, não te preocupes que elas continuarão a ser iguais a si mesmas e fiéis à sua cultura original, mesmo que se enfeitem com, ou tentem esconder-se por detrás de, outras máscaras. É que a cultura étnica não se obtém, por maior acesso visual que se tenha aos segredos sob quaisquer panos: nasce-se e cresce-se com… Desculpa lá!”
Sexta-feira, Janeiro 12, 2007 1:41:00 PM
2. ENTRETANTO, ANTES DA RESPOSTA QUE SE SEGUE, NO POST IMEDIATAMENTE A SEGUIR AQUELE EM QUE FIZ O MEU PRIMEIRO COMENTARIO, FIZ ESTE SEGUNDO COMENTARIO:
“Já que comecei… só mais 2 ou 3 coisinhas, para te entreteres enquanto viajas: não te esqueças que estavas numa comitiva ministerial, logo de poder, e a relação entre as comunidades étnicas e culturais e o poder, sobretudo no interior de Angola, particularmente naquela região que foi tão profundamente afectada pela guerra que lá teve o desfecho que teve, é travestida de rituais que não acontecem necessáriamente em situações normais… tenta imaginar como seriam as coisas se aparecesses lá sózinha, por tua conta e risco e sem quaisquer referências, guarda-costas ou “guias de marcha”. Tenta também considerar se a tua “diferença” em relação ao grupo não jogou qualquer papel na forma como ele se relacionou contigo… E, fundamentalmente, tenta compreender que uma coisa é o domínio técnico das formas de expressão cultural de um particular grupo etno-linguístico, que fazes bem em tentar incorporar na tua dança, outra coisa é tentares apropriar-te da identidade do teu objecto de estudo… porque é isso que, consciente ou inconscientemente andas a tentar fazer. Será isso éticamente aceitável? Culturalmente legítimo? Intelectualmente honesto? E, neste particular, um áparte: porquê que as “regras de transcrição fonética” no teu site Tucokwe não são vocalizadas por alguém que pertença genuinamente àquele grupo étnico? E, já agora, “não gravaste nem filmaste porque não querias profanar aquele momento de intimidade tão único”…mas não te coibiste de o reproduzir aqui em detalhe, num espaço aberto ao mundo… será que as “mamãs” que tanta questão faziam que os homens “não vissem” não se importarão agora que qualquer homem no mundo as possa ver através dos teus olhos e comentar sobre o que viu?! Mas tu não tens culpa, és apenas o produto de um sistema político de apropriação cultural, também conhecido como “vulturismo cultural”, muito mal gerido ao longo destes 30 anos do pós-independência por elementos de um grupo social muito bem definido em Angola… e esse fenómeno há muito vem sendo estudado e debatido com muita seriedade, sobretudo fora do mundo lusófono. Mas, cedo ou tarde, esses debates e suas consequências chegarão a Angola… E aí talvez se tenham que rever os critérios de atribuição de alguns prêmios culturais nacionais… Mas, se bem te conheço a partir do que vou lendo neste teu blogue, com um ágil passo de dança e sob o aplauso da tua corte de admiradores, vais varrer tudo isto para debaixo do teu tapete vermelho como “ignorância” ou “inveja” e continuarás certamente a identificar-te arrogantemente como Phwo (não será, simplesmente, Pwo?) e a tentar virar “kacockwe”… qualquer dia…”.
3. ESSE COMENTARIO FOI IMEDIATAMENTE APAGADO E A “MODERACAO DE COMENTARIOS” ACCIONADA, TENDO ELA FEITO ESTE COMENTARIO COMO RESPOSTA AO MEU PRIMEIRO COMENTARIO:
Phwo said...
De vultos e sombras patéticas se faz um dos sete pecados capitais.
Capital é a obrigação de se perceber profundamente e de espírito aberto, sobre etnicidade e cultura, conceitos sempre em actualização (ai de nós se assim não fosse).
O que é uma cultura original? Qual a cultura que não provém de fusões e somatórios articulados de saberes, hábitos, procedimentos, crenças, etc., acumulados e adquiridos ao longo dos tempos e das geografias trilhadas pelos vários grupos sociais?
Não há guardiões culturais. A partilha e a apropriação são parte integrante de qualquer processo cultural e social.
Mas enfim... há quem tenha parado no tempo do colonial "Ultramar, sempre nosso", onde o "nativo" era exótico, puro e naif, sempre disponível no seu "habitat natural" de preferência eterno.
Impossível.
O estudo, justamente, o estudo e a actualização dos conceitos a que ele nos conduz, é fundamental para o aprimoramento da nossa inteligência entre outras potencialidades que, em princípio, todos temos.
Adeus e volta com o teu verdadeiro nome, pois é fácil reconhecer-te. Apareces sempre, covardemente (e qual abutre faminto), nas mesmas ocasiões, falando de mim como se me conhecesses, o que não é verdade.
Se isso te dá prazer, continua...
De ti, jamais falarei. Os vultos não existem.
TERÇA-FEIRA, JANEIRO 16, 2007 6:49:00 PM
4. MEU TERCEIRO COMENTARIO:
“Olha Phózita, minha quiducha, esperava tudo de ti menos que já estivesses tão kalibrada nos requintes da censura stalinista! Mas, só para te dar o trabalho --- coisa que verdadeiramente nunca tiveste para chegares onde chegaste e de onde te permites armar-te em “representante da cultura Tchokwé” e até mesmo de toda a Cultura Angolana, desde que te atribuíram aquele prêmio --- de apagares novamente o que arrogantemente tentaste varrer para debaixo do teu tapete vermelho e para que aprendas que alguém que verdadeiramente mereça um “Prêmio Nacional de Cultura” de Angola, ou de qualquer outro país, tem que ter suficiente abertura de espírito e bagagem cultural, moral e intelectual para responder civilizadamente com argumentos coerentes às questões que, bastante cordatamente, lhe são postas, por mais dificeis que sejam e não tentar eliminá-las com a mais vil censura… Aqui vai outra vez:
Já que comecei… só mais 2 ou 3 coisinhas, para te entreteres enquanto viajas: não te esqueças que estavas numa comitiva ministerial, logo de poder, e a relação entre as comunidades étnicas e culturais e o poder, sobretudo no interior de Angola, particularmente naquela região que foi tão profundamente afectada pela guerra que lá teve o desfecho que teve, é travestida de rituais que não acontecem necessáriamente em situações normais… tenta imaginar como seriam as coisas se aparecesses lá sózinha, por tua conta e risco e sem quaisquer referências, guarda-costas ou “guias de marcha”. Tenta também considerar se a tua “diferença” em relação ao grupo não jogou qualquer papel na forma como ele se relacionou contigo… E, fundamentalmente, tenta compreender que uma coisa é o domínio técnico das formas de expressão cultural de um particular grupo etno-linguístico, que fazes bem em tentar incorporar na tua dança, outra coisa é tentares apropriar-te da identidade do teu objecto de estudo… porque é isso que, consciente ou inconscientemente andas a tentar fazer. Será isso éticamente aceitável? Culturalmente legítimo? Intelectualmente honesto? E, neste particular, um áparte: porquê que as “regras de transcrição fonética” no teu site Tucokwe não são vocalizadas por alguém que pertença genuinamente àquele grupo étnico? E, já agora, “não gravaste nem filmaste porque não querias profanar aquele momento de intimidade tão único”…mas não te coibiste de o reproduzir aqui em detalhe, num espaço aberto ao mundo… será que as “mamãs” que tanta questão faziam que os homens “não vissem” não se importarão agora que qualquer homem no mundo as possa ver através dos teus olhos e comentar sobre o que viu?! Mas tu não tens culpa, és apenas o produto de um sistema político de apropriação cultural, também conhecido como “vulturismo cultural”, muito mal gerido ao longo destes 30 anos do pós-independência por elementos de um grupo social muito bem definido em Angola… e esse fenómeno há muito vem sendo estudado e debatido com muita seriedade, sobretudo fora do mundo lusófono. Mas, cedo ou tarde, esses debates e suas consequências chegarão a Angola… E aí talvez se tenham que rever os critérios de atribuição de alguns prêmios culturais nacionais… Mas, se bem te conheço a partir do que vou lendo neste teu blogue, com um ágil passo de dança e sob o aplauso da tua corte de admiradores, vais varrer tudo isto para debaixo do teu tapete vermelho como “ignorância” ou “inveja” e continuarás certamente a identificar-te arrogantemente como Phwo (não será, simplesmente, Pwo?) e a tentar virar “kacockwe”… qualquer dia…
E, já agora, só mais uma coisinha: a quem é que andas a dar “educação cultural” se tu é que andas a receber educação cultural dos Tchokwé para poderes ter uma identidade cultural? A quem é que andas a dar “educação cultural” se te permites praticar censura stalinista em pleno séc. XXI e, ainda por cima, na blogosfera? Não será esse o destino que reservas aos genuínos Tchokwé e á verdadeira Pwo, que nas tuas mãos e pés não são mais do que objectos e não sujeitos da sua própria cultura, quando finalmente te conseguires apropriar da identidade deles: o completo apagamento?!
Agora apaga!”
5. ESSE COMENTARIO NAO FOI IMEDIATAMENTE PUBLICADO, MAS APENAS PARTE DELE APARECEU COMO O SEGUINTE POST (NOTE-SE COMO O PRIMEIRO E O ULTIMO PARAGRAFO FORAM “CENSURADOS”):
“Vulto said...”
"Já que comecei… só mais 2 ou 3 coisinhas, para te entreteres enquanto viajas: não te esqueças que estavas numa comitiva ministerial, logo de poder, e a relação entre as comunidades étnicas e culturais e o poder, sobretudo no interior de Angola, particularmente naquela região que foi tão profundamente afectada pela guerra que lá teve o desfecho que teve, é travestida de rituais que não acontecem necessáriamente em situações normais… tenta imaginar como seriam as coisas se aparecesses lá sózinha, por tua conta e risco e sem quaisquer referências, guarda-costas ou “guias de marcha”. Tenta também considerar se a tua “diferença” em relação ao grupo não jogou qualquer papel na forma como ele se relacionou contigo… E, fundamentalmente, tenta compreender que uma coisa é o domínio técnico das formas de expressão cultural de um particular grupo etno-linguístico, que fazes bem em tentar incorporar na tua dança, outra coisa é tentares apropriar-te da identidade do teu objecto de estudo… porque é isso que, consciente ou inconscientemente andas a tentar fazer. Será isso éticamente aceitável? Culturalmente legítimo? Intelectualmente honesto? E, neste particular, um áparte: porquê que as “regras de transcrição fonética” no teu site Tucokwe não são vocalizadas por alguém que pertença genuinamente àquele grupo étnico? E, já agora, “não gravaste nem filmaste porque não querias profanar aquele momento de intimidade tão único”…mas não te coibiste de o reproduzir aqui em detalhe, num espaço aberto ao mundo… será que as “mamãs” que tanta questão faziam que os homens “não vissem” não se importarão agora que qualquer homem no mundo as possa ver através dos teus olhos e comentar sobre o que viu?! Mas tu não tens culpa, és apenas o produto de um sistema político de apropriação cultural, também conhecido como “vulturismo cultural”, muito mal gerido ao longo destes 30 anos do pós-independência por elementos de um grupo social muito bem definido em Angola… e esse fenómeno há muito vem sendo estudado e debatido com muita seriedade, sobretudo fora do mundo lusófono. Mas, cedo ou tarde, esses debates e suas consequências chegarão a Angola… E aí talvez se tenham que rever os critérios de atribuição de alguns prêmios culturais nacionais… Mas, se bem te conheço a partir do que vou lendo neste teu blogue, com um ágil passo de dança e sob o aplauso da tua corte de admiradores, vais varrer tudo isto para debaixo do teu tapete vermelho como “ignorância” ou “inveja” e continuarás certamente a identificar-te arrogantemente como Phwo (não será, simplesmente, Pwo?) e a tentar virar “kacockwe”… qualquer dia…"
[comentário encontrado num dos meus últimos posts e recuperado para a primeira página por constituir “documento” de análise ;-) ]
A blogosfera tem destas coisas. À democracia manifesta na possibilidade de todos poderem ter um, dois ou mais blogs e de todos poderem expressar livremente as suas opiniões, juntam-se outros “direitos” parasitários como o de se ser inconveniente, racista, debochado, agressivo, etc.... e covarde, claro. Esta, a covardia, é uma das atitudes preferidas por aqueles indivíduos que, na falta de capacidade para assumir a sua insegurança, não só se escondem atrás do anonimato (ou “pseudónimos”) – ao qual recorrem para os seus “raids terroristas” – como, através dele, selam a sua insignificância.
É o que se passa com este “vulto”, comicamente triste no seu rol de disparates, recalcamentos, raivas e, o que é mais grave ainda, ignorância cega.
Esta resposta será, na opinião de muitos, um atribuir-lhe alguma importância (até porque vultos não existem ou são a “sombra” de alguém). Eu prefiro transformá-la num simples motivo para uma discussão sobre conceitos e valores. Vamos a “ela” (à discussão, claro!)?
Antes porém, uma ressalva: o meu objecto de estudo são as máscaras e não o grupo social. A olhos leigos, pode não parecer relevante, mas do ponto de vista de estruturação metodológica de um trabalho académico faz toda a diferença. Assim como faria diferença se este comentário tivesse sido escrito por alguém que dominasse bem e com abertura, os conceitos etic e emic.
Abstendo-nos de considerar a mesquinhez dos ataques pessoais e dos vaticínios ridículos e próprios de quem não conhece a pessoa sobre a qual se permite atrevidamente falar, poderíamos talvez principiar por reflectir sobre esta ideia bizarra, mas interessante, de “apropriação de identidade cultural”. Muitas discussões existem à volta do conceito de identidade e as opiniões são variadíssimas. Há, no entanto, algo que me parece fundamental referir: a identidade não é inata, mas sim algo que se vai construindo num processo dinâmico de incorporações e apropriações que pode durar a vida inteira. Pressupostos culturais, sociais e identitários de um grupo podem ser transmitidos desde cedo, mas a possibilidade de a estes se juntarem elementos de modernidade (ou o contrário) ou de outras culturas é uma realidade.
Sobre a legitimidade cultural e ética... não foi ético e muito menos legítimo os primeiros exploradores expropriarem violentamente objectos e peças de culto (entre outras) das mãos dos povos que decidiram colonizar, sob a alegação de se tratar de objectos de “feitiço” incompatíveis com os princípios da igreja católica, a “ideal”.
Não foi ético, encerrar essas peças em museus na Europa, com a agravante de não existir qualquer referência ao contexto, à verdadeira função da peça e ao seu autor. “Fétiche”, “feitiço” e outras palavras foram durante muito tempo (e infelizmente ainda o são) as preferidas para rotular os objectos saídos dos grupos de “nativos atrasados”.
A expropriação é crime.
Mas é ético o estabelecimento de protocolos em situação de estudo, assim como o é a negociação (para os menos informados não se trata de “negócio”, mas de um termo usado em antropologia) entre as partes, com o compromisso do respeito mútuo.
Um terceiro ponto de discussão poderia partir da visão distorcida sobre a dinâmica das sociedades ditas tradicionais. Realmente, esses grupos sociais não constituem sociedades museu ou estanques, como o ocidente, ainda hoje, pretende. Os processos de transformação, mais ou menos lentos, são inevitáveis. O contacto de umas comunidades com outras ou com distintas realidades acontece. Há cada vez menos grupos fechados. No meio de uma aldeia pode haver uma revista a cores, um frasco de gel de banho, um aparelho de rádio, um televisor; como também apareceram as missangas, as moedas, as faixas de pano vermelho ou os espelhos, trazidos pelos colonizadores. E esses elementos foram e são apropriados e incorporados. É lícito; é uma atitude progressista. O contrário, é igualmente legítimo. Quantos artistas ocidentais se “apaixonam” pelas esculturas ou pelos ritmos africanos e orientais e os adoptam? Quantas mulheres brancas vi eu de panos e penteados africanos na Holanda, por exemplo?
O importante é as pessoas não serem complexadas, nem retrógradas nos seus olhares. O que é meu pode perfeitamente ser tomado por ti, desde que o sintas teu, também.
Mas há ainda o sentir, a vivência, a proximidade com outras culturas. Há ainda a aceitação e a validação da nossa presença ou da nossa pessoa por parte dos indivíduos de um determinado grupo. Quando os resultados das provas que somos obrigados a prestar são positivos, então “a minha cultura é a tua cultura”.
Mas isto só pode ser entendido ou por quem estuda, ou por quem não sofre de complexos e constrangimentos, ou então por quem vive (ou viveu) situações similares e conhece bem este tipo de processos.
Eu não falaria em apropriação, mas sim em integração e partilha. Mas isso sou eu, que estou realmente “dentro”.
POSTED BY PHWO AT 19.1.07 17 COMMENTS LINKS TO THIS POST
6. MINHA RESPOSTA:
“Olha miúda, esta é a última vez que perco algum do meu precioso tempo contigo... Está visto que és mesmo um caso perdido de estupidez, ignorância e cegueira para a tua própria condição social e existencial… Mas isso não é de admirar dada a tua manifesta falta de identidade. És tão pateta alegre que nem percebes que entre aquilo que dizes que o “colono” fazia e o que tu fazes há apenas uma diferença, e a teu desfavor, porque a última coisa que passava pela cabeça do “colono” era apropriar-se da identidade cultural do colonizado, que desprezava; o seu objecto de apropriação eram as terras e o trabalho do colonizado. No teu caso e dos teus pares, como durante algum tempo depois da independência foram impedidos de continuarem a fazer aquele tipo de apropriação material, foram-se entretendo com a apropriação cultural, como forma de manterem o seu domínio social até poderem recuperar, como o estão fazendo agora mais desenfreadamente do que nunca, o económico! Mas não há qualquer diferença entre a exposição despudorada que aqui fizeste de um encontro “intimo” com aquelas mulheres e o mesmo tipo de descrições ditas “exóticas” feitas pelo colono, o que apenas demonstra que não passas de uma xica esperta saloia metida a “intelectual” e, patéticamente, em “encarnação da Pwo e representante da cultura Tchokwé”. E enganas-te se pensas que me preocupa o facto de me poderes identificar ou não, o que não me espantaria nada, dada a tua perícia em métodos bofientos… Se sou cobarde por assinar “vulto”, não o és menos por assinares “phwo”, a menos que já estejas tão completamente pirada que te tenhas convencido que realmente o és… cobardia que se torna mais inqualificável ainda quando arrogante e manipulativamente apagas comentários e depois voltas a atacar os seus autores quando eles não se podem defender porque aqui só publicas “hossanas” ao teu vulto… eu bem dizia que ias varrer os meus comentários para debaixo do teu tapete vermelho, não é verdade? Mas fica sabendo que não me importaria nada de ter este debate públicamente em qualquer fórum e que apenas não me identifico aqui para me poder conter e não te desmascarar completamente de uma vez por todas!”
ESTE ULTIMO COMENTARIO NUNCA FOI PUBLICADO.
Apenas para acrescentar - uma vez que evidentemente ha' quem nao esteja minimamente interessado em acabar com esta maka de uma vez por todas - que, tal como mencionei no inicio deste post, e no anterior, a existencia de alguns outros comentarios que nao foram publicados, tambem estou disposta a publica-los, porque mantenho tudo o que neles disse e eles nao conteem quaisquer "alegacoes infundadas" e muito menos "indecentes"... se continuarem a insistir!
Apenas nao o fiz neste contexto porque eles nada teem a haver com o assunto desta maka!
Quanto as inominaveis criaturas que me andam a assediar com e-mails, esses sim, indecentes, a que nao respondo precisamente porque eu e' que as ignoro e desprezo, e com comentarios, tambem eles indecentes, provocatorios e cobardes, depois de eu ja' ter dado esta maka por terminada, no blog da menininha "critica do sistema", devo apenas lembra-las dos varios comentarios que fizeram sobre o vulto quer no blog em questao, quer no blog do Denudado (e peco-lhe mais uma vez sinceras desculpas por cita-lo neste contexto) nomeadamente num post sobre um "batuque" em que ele participou em Angola...
Espero que seja tudo!!!
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