Friday, 27 July 2012

Sobre o "Massacre da Vila Alice"



Vai por ai (no Facebook) uma graaaannnndaaaa (his)estoooooriaaaa sobre o “Massacre da Vila Alice”, ocorrido a 27 de Julho de 1975 – esta’, portanto, a fazer agora 37 anos – durante o qual foi assassinado o Comandante do MPLA Nelito Soares, cujo nome passou a designar aquele bairro (ou vila, ou municipalidade, ou cidade, como se queira…).
Nao que eu goste particularmente de “andar a reboque”, especialmente de gente dotada de todo o tipo de “exclusividades” e “intocabilidades”, mas porque essa (his)estoria tambem me diz respeito, como o diz, afinal, a todos os Angolanos – e enquanto “se espera” pela (her)story, que por acaso tambem conheco e acho muito divertida!... – decidi trazer para aqui uma outra versao, que me chegou aos olhos ha’ uns anos atraves da rede H-LUSO-AFRICA@H-NET.MSU.EDU ‘contada’ por alguem, historiador, certamente com o distanciamento pessoal, emocional, politico e ideologico, necessario a um relato historico abalizado… E com a vantagem de introduzir fontes de estudo/consulta adicionais sobre a materia. E’ que nisto de se contar/fazer/escrever Historia, infelizmente, nao basta ter-se sido testemunha ocular e/ou participante mais ou menos activo num determinado evento – e menos ainda quando nele, como neste caso, se participou com funcoes que podem, em rigor, ser equiparadas ao “mercenarismo”!...
Desculpem-me estar em Ingles:

From: Norrie Macqueen, University of Dundee
Date: 29 December 2005

(…)
I suspect though that, like so many events in Angolan and Portuguese history during that period, the answers will remain lost amidst ideological myth and competing political agendas.

The claim that the confrontation was engineered by the rightist, settler dominated Angolan Resistance front (FRA) needs to be taken with extreme caution. Certainly, (…), the FRA leader, Pompílio da Cruz, later claimed that it had been his men disguised as MPLA fighters who had been responsible for the original incident (see his book: Angola, Os Vivos e os Mortos, Lisbon: Intervenção, 1976, pp 220-221). If so, it would have represented a spectacular exception to the otherwise rather pathetic efforts of the FRA to play a role in the Angolan drama. Crucially, however, the claim was very welcome to the MFA left. It conveniently explained a violent breach in the "natural" solidarity between the revolutionary Portuguese troops and their "allies" in the MPLA. Pedro Pezarat Correia, the MFA leader in Angola has pushed this explanation (A Descolonização de Angola: Joia da Coroa do Império Português, Lisbon: Inquérito, 1991, p.137). So has Rosa Coutinho, perhaps the "most revolutionary" of the Portuguese military revolutionaries associated with Angola at the time ("Notas sobre a descolonização de Angola", Seminário: 25 de Abril 10 Anos Depois, Lisbon: Associação 25 de April, 1984, p.363).

In reality, the incident probably emerged out of prevailing chaos rather than conspiracy. However ideologically comforting, it would be fundamentally wrong to see the MPLA on one side and the FAP on the other at this time as cohesive, politically disciplined forces of the left. In the 'Battle of Luanda' between the MPLA and the FNLA, which had preceded the Vila Alice incident in mid-1975, the MPLA had undertaken a more or less indiscriminate distribution of arms in the bairros of the city where much of its support lay. Consequently, all sorts of armed groups and individuals could claim to be "MPLA" without necessarily being part of the MPLA's chain of command. In the atmosphere of armed disorder at the time it is more than possible that Portuguese troops would be fired on by forces claiming to be (and believing themselves to be) the "MPLA''. On the Portuguese side, whatever the subsequent claim, not all soldiers were automatically and unquestioningly supportive of the leftist liberation movements in Africa. It is worth recalling, for example, the violence between Portuguese commandos and pro-Frelimo elements in Lourenço Marques the previous October. The governor-general in Angola at this time, Silva Cardoso, who ordered the reprisal against Vila Alice did not share the enthusiasm of the MFA left for the MPLA, and it is certain that a considerable part of the FAP remained loyal to his command.

Finally, it's difficult to see how the Portuguese doctrine of "active neutrality" in Angola would have prevented punitive action against the MPLA. Even the most minimalist rules of engagement for peacekeeping operations give a high priority to freedom of movement and the inherent right to self-defence. Both of these lay at the centre of the Vila Alice affair.

P.S.: (...) E’ que nisto de se contar/fazer/escrever Historia, infelizmente, nao basta ter-se sido testemunha ocular e/ou participante mais ou menos activo num determinado evento – e menos ainda quando nele, como neste caso, se participou com funcoes que podem, em rigor, ser equiparadas ao “mercenarismo”!... Ou, dadas as "definicoes" dessa profissao com que ultimamente me tenho confrontado  e as "prestacoes"  mais recentes (senis?) da "nossa maitresse", 'a "prostituicao"!...


UPDATE:

Tendo finalmente aparecido a (her)story (depois de uma longa viagem 'a terra dos Yalorixas, de onde muito provavelmente tambem regressara’ feita “mae de santo” como esta outra sua amiga “cientista social”, ocorrem-me as seguintes observacoes:

1 - Afinal o ataque ‘a Vila Alice foi um ‘ATAQUE RACISTA’?!… What a “shocker”!...

E isto dito por alguem que numa outra 'versao' da sua estoria se afirma abertamente "nao imparcial" e pergunta, para fundamentar a sua tese de "ataque racista", porque que, se seguiam uma politica de "neutralidade activa", as FAP nao atacaram tambem a FNLA e a UNITA - esquecendo-se porventura que estas, 'a altura, tinham sido "escorracadas" de Luanda pelo MPLA e seus aliados, sob o "olhar silencioso" das FAP!... Seria porque a FNLA e a UNITA nao tinham "mulheres brancas" como ela misturadas com, usando as suas proprias palavras, "pretos de merda" a quem ela deu "ordem de prisao" como tinha o MPLA?!

2 – O “espirito mercenario”*, de esquerda ou de direita, ou “mentalidade de Tarzan (Jane)”, realmente nao so’ nao tem cor, nem nacionalidade, nem ideologia, nem genero, como tambem nao tem cura: leva quem o possui a defender ferrenhamente quem quer que lhes pague melhor (financeiramente ou de qualquer outro modo): se em 74/75 era o MPLA, agora e’ o BD… Mas o seu ‘modus operandi’ nunca muda! Por isso, como dizia aqui  ha' tempos, GABO-LHES A COERENCIA!...

*Note-se que a 'Jane' deste caso se trata de alguem que, segundo as minhas fontes, fez parte de um grupo de estudantes universitarios portugueses afectos a forcas de esquerda, nomeadamente o PCP, que, por altura do 25 de Abril de 1974, foram recrutados para irem dar "instrucao revolucionaria", como "comissarios politicos", aos militares das FAPLA nos Centros de Instrucao Revolucionaria (CIR) do MPLA em Angola. Assim, a nossa 'Jane', que nao nasceu nem cresceu em Angola e nunca antes la' estivera, cai de "para-quedas" em Brazzaville onde estava sediado o "estado-maior general" do MPLA - note-se, nao na Primeira Regiao, nem na Frente Leste, de facto, em nenhuma Frente de Combate - nos meses que precederam a entrada da primeira delegacao oficial do MPLA em Luanda em finais de 1974... e o resto e'... "estoria"!

3 - No meio de tanto 'cacarejar' de galos e galinhas em busca de protagonismo numa guerra em que parece que os Angolanos apenas ocuparam o "lugar do morto", nao deixa de ser interessante notar o que realmente e' fundamental nessa (his)estooooria toda, seja ela contada por homens ou por mulheres, qualquer que seja a sua raca ou ideologia: se o episodio da Vila Alice (chame-se-lhe ou nao "massacre") constituiu o "canto do cisne" do Imperio Colonial Portugues em Africa, a “Batalha de Luanda” que lhe precedeu constituiu tambem o rastilho de uma guerra fratricida entre Irmaos Angolanos que durou mais de 30 anos e durante a qual as nossas 'Janes' nao ficaram em Angola para lhe apanhar sequer os estilhacos!...

ESSA E' QUE E' A "VERDADE HISTORICA"!...


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Vai por ai (no Facebook) uma graaaannnndaaaa (his)estoooooriaaaa sobre o “Massacre da Vila Alice”, ocorrido a 27 de Julho de 1975 – esta’, portanto, a fazer agora 37 anos – durante o qual foi assassinado o Comandante do MPLA Nelito Soares, cujo nome passou a designar aquele bairro (ou vila, ou municipalidade, ou cidade, como se queira…).
Nao que eu goste particularmente de “andar a reboque”, especialmente de gente dotada de todo o tipo de “exclusividades” e “intocabilidades”, mas porque essa (his)estoria tambem me diz respeito, como o diz, afinal, a todos os Angolanos – e enquanto “se espera” pela (her)story, que por acaso tambem conheco e acho muito divertida!... – decidi trazer para aqui uma outra versao, que me chegou aos olhos ha’ uns anos atraves da rede H-LUSO-AFRICA@H-NET.MSU.EDU ‘contada’ por alguem, historiador, certamente com o distanciamento pessoal, emocional, politico e ideologico, necessario a um relato historico abalizado… E com a vantagem de introduzir fontes de estudo/consulta adicionais sobre a materia. E’ que nisto de se contar/fazer/escrever Historia, infelizmente, nao basta ter-se sido testemunha ocular e/ou participante mais ou menos activo num determinado evento – e menos ainda quando nele, como neste caso, se participou com funcoes que podem, em rigor, ser equiparadas ao “mercenarismo”!...
Desculpem-me estar em Ingles:

From: Norrie Macqueen, University of Dundee
Date: 29 December 2005

(…)
I suspect though that, like so many events in Angolan and Portuguese history during that period, the answers will remain lost amidst ideological myth and competing political agendas.

The claim that the confrontation was engineered by the rightist, settler dominated Angolan Resistance front (FRA) needs to be taken with extreme caution. Certainly, (…), the FRA leader, Pompílio da Cruz, later claimed that it had been his men disguised as MPLA fighters who had been responsible for the original incident (see his book: Angola, Os Vivos e os Mortos, Lisbon: Intervenção, 1976, pp 220-221). If so, it would have represented a spectacular exception to the otherwise rather pathetic efforts of the FRA to play a role in the Angolan drama. Crucially, however, the claim was very welcome to the MFA left. It conveniently explained a violent breach in the "natural" solidarity between the revolutionary Portuguese troops and their "allies" in the MPLA. Pedro Pezarat Correia, the MFA leader in Angola has pushed this explanation (A Descolonização de Angola: Joia da Coroa do Império Português, Lisbon: Inquérito, 1991, p.137). So has Rosa Coutinho, perhaps the "most revolutionary" of the Portuguese military revolutionaries associated with Angola at the time ("Notas sobre a descolonização de Angola", Seminário: 25 de Abril 10 Anos Depois, Lisbon: Associação 25 de April, 1984, p.363).

In reality, the incident probably emerged out of prevailing chaos rather than conspiracy. However ideologically comforting, it would be fundamentally wrong to see the MPLA on one side and the FAP on the other at this time as cohesive, politically disciplined forces of the left. In the 'Battle of Luanda' between the MPLA and the FNLA, which had preceded the Vila Alice incident in mid-1975, the MPLA had undertaken a more or less indiscriminate distribution of arms in the bairros of the city where much of its support lay. Consequently, all sorts of armed groups and individuals could claim to be "MPLA" without necessarily being part of the MPLA's chain of command. In the atmosphere of armed disorder at the time it is more than possible that Portuguese troops would be fired on by forces claiming to be (and believing themselves to be) the "MPLA''. On the Portuguese side, whatever the subsequent claim, not all soldiers were automatically and unquestioningly supportive of the leftist liberation movements in Africa. It is worth recalling, for example, the violence between Portuguese commandos and pro-Frelimo elements in Lourenço Marques the previous October. The governor-general in Angola at this time, Silva Cardoso, who ordered the reprisal against Vila Alice did not share the enthusiasm of the MFA left for the MPLA, and it is certain that a considerable part of the FAP remained loyal to his command.

Finally, it's difficult to see how the Portuguese doctrine of "active neutrality" in Angola would have prevented punitive action against the MPLA. Even the most minimalist rules of engagement for peacekeeping operations give a high priority to freedom of movement and the inherent right to self-defence. Both of these lay at the centre of the Vila Alice affair.

P.S.: (...) E’ que nisto de se contar/fazer/escrever Historia, infelizmente, nao basta ter-se sido testemunha ocular e/ou participante mais ou menos activo num determinado evento – e menos ainda quando nele, como neste caso, se participou com funcoes que podem, em rigor, ser equiparadas ao “mercenarismo”!... Ou, dadas as "definicoes" dessa profissao com que ultimamente me tenho confrontado  e as "prestacoes"  mais recentes (senis?) da "nossa maitresse", 'a "prostituicao"!...


UPDATE:

Tendo finalmente aparecido a (her)story (depois de uma longa viagem 'a terra dos Yalorixas, de onde muito provavelmente tambem regressara’ feita “mae de santo” como esta outra sua amiga “cientista social”, ocorrem-me as seguintes observacoes:

1 - Afinal o ataque ‘a Vila Alice foi um ‘ATAQUE RACISTA’?!… What a “shocker”!...

E isto dito por alguem que numa outra 'versao' da sua estoria se afirma abertamente "nao imparcial" e pergunta, para fundamentar a sua tese de "ataque racista", porque que, se seguiam uma politica de "neutralidade activa", as FAP nao atacaram tambem a FNLA e a UNITA - esquecendo-se porventura que estas, 'a altura, tinham sido "escorracadas" de Luanda pelo MPLA e seus aliados, sob o "olhar silencioso" das FAP!... Seria porque a FNLA e a UNITA nao tinham "mulheres brancas" como ela misturadas com, usando as suas proprias palavras, "pretos de merda" a quem ela deu "ordem de prisao" como tinha o MPLA?!

2 – O “espirito mercenario”*, de esquerda ou de direita, ou “mentalidade de Tarzan (Jane)”, realmente nao so’ nao tem cor, nem nacionalidade, nem ideologia, nem genero, como tambem nao tem cura: leva quem o possui a defender ferrenhamente quem quer que lhes pague melhor (financeiramente ou de qualquer outro modo): se em 74/75 era o MPLA, agora e’ o BD… Mas o seu ‘modus operandi’ nunca muda! Por isso, como dizia aqui  ha' tempos, GABO-LHES A COERENCIA!...

*Note-se que a 'Jane' deste caso se trata de alguem que, segundo as minhas fontes, fez parte de um grupo de estudantes universitarios portugueses afectos a forcas de esquerda, nomeadamente o PCP, que, por altura do 25 de Abril de 1974, foram recrutados para irem dar "instrucao revolucionaria", como "comissarios politicos", aos militares das FAPLA nos Centros de Instrucao Revolucionaria (CIR) do MPLA em Angola. Assim, a nossa 'Jane', que nao nasceu nem cresceu em Angola e nunca antes la' estivera, cai de "para-quedas" em Brazzaville onde estava sediado o "estado-maior general" do MPLA - note-se, nao na Primeira Regiao, nem na Frente Leste, de facto, em nenhuma Frente de Combate - nos meses que precederam a entrada da primeira delegacao oficial do MPLA em Luanda em finais de 1974... e o resto e'... "estoria"!

3 - No meio de tanto 'cacarejar' de galos e galinhas em busca de protagonismo numa guerra em que parece que os Angolanos apenas ocuparam o "lugar do morto", nao deixa de ser interessante notar o que realmente e' fundamental nessa (his)estooooria toda, seja ela contada por homens ou por mulheres, qualquer que seja a sua raca ou ideologia: se o episodio da Vila Alice (chame-se-lhe ou nao "massacre") constituiu o "canto do cisne" do Imperio Colonial Portugues em Africa, a “Batalha de Luanda” que lhe precedeu constituiu tambem o rastilho de uma guerra fratricida entre Irmaos Angolanos que durou mais de 30 anos e durante a qual as nossas 'Janes' nao ficaram em Angola para lhe apanhar sequer os estilhacos!...

ESSA E' QUE E' A "VERDADE HISTORICA"!...


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