Thursday 19 July 2012

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[…]
Porque a Banda, que não soube fazer os deveres de casa, também tem os seus pecados.
A Banda também tem gente sissuda, gente com um discurso eivado de escondida revolta e incontida vontade de ajustar contas.
Fala da arrogância dos outros mas, lá dentro, é também habitada por gente que cavalga igualmente inspirada em sopros autoritários. Mas, não tem só isso. Como as outras B...andas, tem também gente que não gosta de ser alvo de reparos, gente que se autovitimiza ao primeiro desaire, gente que só vê defeitos nos adversários políticos.
Ou seja, gente que está acima da crítica e que, por isso, sente-se intocável porque se julga perfeita. Às vezes, prefiro uma certa direita ao nosso Bloco de Esquerda.
O nosso Bloco de está longe do eleitorado. Não cativa os jovens. As suas acções são invisíveis. Não pode um Bloco, que aspira a ser poder e que se auto-extingue, andar a reboque das manifestações de jovens contestatários. Não era o Bloco, quem deveria liderar determinadas iniciativas mobilizadoras do eleitorado descontente? A verdade é que o discurso dalguns dos seus dirigentes não convence. Cansa porque é repetitivo. Remetenos para os anos de brasa de 1975. Ora, estamos em 2012 e trinta e sete anos depois, vivemos uma outra conjuntura, com outros actores políticos, que exigem novas armas de combate e novas ferramentas de reivindicação.
Porque a nossa ínclita geração de que fazem parte alguns dirigentes da Banda, não pode viver do palavreado. O folclore vocabular, a retórica e a agitação gratuita, por si só, não chegam para atrair o eleitorado. E, muito menos para ganhar eleições…
É claro que compreendo o dilema da Banda ao confrontar-se com um convite para integrar uma vasta plataforma comum de vários segmentos da oposição para enfrentar o partido no poder. Compreendo porque ao faze-lo submeter-se-ia a uma outra liderança e uma cedência dessa natureza é coisa que não passa pela cabeça da nossa Banda.
A verdade é que tem agora o seu futuro gravemente comprometido. O nosso Bloco de Esquerda é uma tertúlia de várias mentalidades oposicionistas mas é um fruto muito pouco apetecível! Na forma como ataca o poder. Quer ser anti-poder mas funciona em play-back. É pena…
Depois deste novo desaire, em vez de volver à esquerda com um discurso grávido de radicalismo desajustado no tempo e no espaço, a nossa Banda tem de parar e reflectir para concluir se vale a pena continuar a gritar ou se não será melhor preparer primeiro e bem, mas muito bem mesmo, os trabalhos de casa antes de ir a prova final?
A primeira vez, em 1992, compreendeu-se. A segunda, em 2008, começou a ser preocupante. A terceira, agora, já é demais. Ou não será assim?

[Compilacao de extractos de "‘A Esquerda Volver", Gustavo Costa – Novo Jornal, 13/07/12]



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Porque a Banda, que não soube fazer os deveres de casa, também tem os seus pecados.
A Banda também tem gente sissuda, gente com um discurso eivado de escondida revolta e incontida vontade de ajustar contas.
Fala da arrogância dos outros mas, lá dentro, é também habitada por gente que cavalga igualmente inspirada em sopros autoritários. Mas, não tem só isso. Como as outras B...andas, tem também gente que não gosta de ser alvo de reparos, gente que se autovitimiza ao primeiro desaire, gente que só vê defeitos nos adversários políticos.
Ou seja, gente que está acima da crítica e que, por isso, sente-se intocável porque se julga perfeita. Às vezes, prefiro uma certa direita ao nosso Bloco de Esquerda.
O nosso Bloco de está longe do eleitorado. Não cativa os jovens. As suas acções são invisíveis. Não pode um Bloco, que aspira a ser poder e que se auto-extingue, andar a reboque das manifestações de jovens contestatários. Não era o Bloco, quem deveria liderar determinadas iniciativas mobilizadoras do eleitorado descontente? A verdade é que o discurso dalguns dos seus dirigentes não convence. Cansa porque é repetitivo. Remetenos para os anos de brasa de 1975. Ora, estamos em 2012 e trinta e sete anos depois, vivemos uma outra conjuntura, com outros actores políticos, que exigem novas armas de combate e novas ferramentas de reivindicação.
Porque a nossa ínclita geração de que fazem parte alguns dirigentes da Banda, não pode viver do palavreado. O folclore vocabular, a retórica e a agitação gratuita, por si só, não chegam para atrair o eleitorado. E, muito menos para ganhar eleições…
É claro que compreendo o dilema da Banda ao confrontar-se com um convite para integrar uma vasta plataforma comum de vários segmentos da oposição para enfrentar o partido no poder. Compreendo porque ao faze-lo submeter-se-ia a uma outra liderança e uma cedência dessa natureza é coisa que não passa pela cabeça da nossa Banda.
A verdade é que tem agora o seu futuro gravemente comprometido. O nosso Bloco de Esquerda é uma tertúlia de várias mentalidades oposicionistas mas é um fruto muito pouco apetecível! Na forma como ataca o poder. Quer ser anti-poder mas funciona em play-back. É pena…
Depois deste novo desaire, em vez de volver à esquerda com um discurso grávido de radicalismo desajustado no tempo e no espaço, a nossa Banda tem de parar e reflectir para concluir se vale a pena continuar a gritar ou se não será melhor preparer primeiro e bem, mas muito bem mesmo, os trabalhos de casa antes de ir a prova final?
A primeira vez, em 1992, compreendeu-se. A segunda, em 2008, começou a ser preocupante. A terceira, agora, já é demais. Ou não será assim?

[Compilacao de extractos de "‘A Esquerda Volver", Gustavo Costa – Novo Jornal, 13/07/12]



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