Saturday 31 May 2008

THIS MONTH LAST YEAR (5)

Maio.
Foi um mes cheio. De tudo um pouco…


Foi, em primeiro lugar, mes de balanco dos primeiros seis meses deste blog. Um balanco ainda mal equilibrado entre ‘good’ and ‘evil’, ‘ganhos’ e ‘perdas’. Mas um balanco nao de todo negativo (de outro modo eu ja’ teria desistido…).

Lembrou-se o 27 de Maio e as suas vitimas.

Celebrou-se o Dia de Africa e “a menina mais blue do mundo e seu gatinho”.

Falou-se bastante de Africa em geral e do Zimbabwe e do Sudao em particular.

Notou-se a importante Primeira Conferencia dos San de Angola.

Enquanto “Angola e as suas Makas” ocupavam lugar de destaque, tentou-se discutir o conceito de “Angolanidade”, a “Ajuda ao Desenvolvimento em Angola” e o perturbador “Miss Landmine Angola Pageant”.

Houve poesia em “A Implosao da Mentira”, design na descoberta do “Urban Congo”, estupefaccao em “O Cumulo…” e ultraje em “Pedido”.

Fizeram-se relatos de viagem ao Botswana e a Africa do Sul.

Highlights: “The Angola of My Dreams”, de Constance Hilliard, e a segunda parte da serie “Cuba! Africa! Revolution!”

Assim foi Maio do ano passado, aqui.
Maio.
Foi um mes cheio. De tudo um pouco…


Foi, em primeiro lugar, mes de balanco dos primeiros seis meses deste blog. Um balanco ainda mal equilibrado entre ‘good’ and ‘evil’, ‘ganhos’ e ‘perdas’. Mas um balanco nao de todo negativo (de outro modo eu ja’ teria desistido…).

Lembrou-se o 27 de Maio e as suas vitimas.

Celebrou-se o Dia de Africa e “a menina mais blue do mundo e seu gatinho”.

Falou-se bastante de Africa em geral e do Zimbabwe e do Sudao em particular.

Notou-se a importante Primeira Conferencia dos San de Angola.

Enquanto “Angola e as suas Makas” ocupavam lugar de destaque, tentou-se discutir o conceito de “Angolanidade”, a “Ajuda ao Desenvolvimento em Angola” e o perturbador “Miss Landmine Angola Pageant”.

Houve poesia em “A Implosao da Mentira”, design na descoberta do “Urban Congo”, estupefaccao em “O Cumulo…” e ultraje em “Pedido”.

Fizeram-se relatos de viagem ao Botswana e a Africa do Sul.

Highlights: “The Angola of My Dreams”, de Constance Hilliard, e a segunda parte da serie “Cuba! Africa! Revolution!”

Assim foi Maio do ano passado, aqui.

THE ANGOLAN BUDGET: AN OUTLOOK

A proposito do recente workshop da Open Society sobre o OGE de Angola, em Luanda, ocorreu-me postar aqui parte de um trabalho de recolha e tratamento de dados, "The Angolan Budget: An Outlook (2000-2009)", que fiz enquanto ‘Research Coordinator’ do “Africa Budget Project”, no IDASA (Instituto Sul Africano para a Democracia), em Cape Town, em 2005.

Inclui dados referentes ao periodo de 2000-2005 e algumas estimativas e projeccoes para o periodo 2005-2009, nomeadamente sobre as receitas do petroleo, a composicao sectorial do PIB e as seguintes rubricas do OGE para o ano de 2004:

- Distribuicao Funcional da Despesa
- Distribuicao Geografica da Despesa
- Despesa em Habitacao e Servicos Comunitarios
- Despesa em Educacao
- Despesa em Saude
- Despesa em Servicos Sociais

Podem encontrar-se tambem alguns Indicadores Economicos e Financeiros (aqui), dados sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milenio e Projeccoes das Contas Publicas para o Medio Prazo (aqui).

Espero que essa informacao possa ser de alguma utilidade para os interessados.


[P.S.: Ja' agora, gostaria de sugerir tambem a discussao sobre questoes gerais ligadas ao OGE neste post]

Inclui dados referentes ao periodo de 2000-2005 e algumas estimativas e projeccoes para o periodo 2005-2009, nomeadamente sobre as receitas do petroleo, a composicao sectorial do PIB e as seguintes rubricas do OGE para o ano de 2004:

- Distribuicao Funcional da Despesa
- Distribuicao Geografica da Despesa
- Despesa em Habitacao e Servicos Comunitarios
- Despesa em Educacao
- Despesa em Saude
- Despesa em Servicos Sociais

Podem encontrar-se tambem alguns Indicadores Economicos e Financeiros (aqui), dados sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milenio e Projeccoes das Contas Publicas para o Medio Prazo (aqui).

Espero que essa informacao possa ser de alguma utilidade para os interessados.


[P.S.: Ja' agora, gostaria de sugerir tambem a discussao sobre questoes gerais ligadas ao OGE neste post]

Friday 30 May 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (12)

Esta semana, no SA, uma interessante entrevista com o Embaixador de Franca em Angola:

"A visita do presidente francês provavelmente seja o reconhecimento de que, depois de há dez anos, o presidente (Jacques) Chirac efectuou uma visita de Estado a Angola, a paz finalmente reina entre os angolanos, que prevalece a reconciliação e que está em curso um processo de abertura do país (não só do lado económico, da abertura dos capitais ou financeira), uma abertura subjacente ao facto de Angola ter projectado o reembolso da divida externa (para com os países do Clube do Paris), com o que tomou uma decisão tão importante, que abriu Angola à obtenção de novo créditos financeiros, mas, sobretudo, a um novo crédito moral, pois trata-se do regresso de Angola à comunidade financeira internacional. Foi uma decisão implementada em Janeiro deste ano que se torna importante na medida em que representa o regresso de Angola à comunidade financeira internacional, o que quer dizer que Angola vai poder obter novos créditos. Pedimos que seja consignado dinheiro à Agência Francesa de Desenvolvimento a decisão de Angola (claro que o Clube de Paris ajudou Angola a tomar essa decisão que, no entanto, foi inteiramente angolana) foi uma decisão de grande elevação, porquanto trata-se de, por fim, retomar os laços com a comunidade internacional. Quer dizer que a «ilha» que se pensava que era Angola, aproximou-se um pouco mais do continente africano."
[
Aqui]

Ainda no SA, um dossier sobre um workshop que a Open Society organizou em Luanda sobre o Orcamento Geral do Estado:

"Conclusões e Recomendações do Workshop"

• A nossa economia tem tido um crescimento global bastante acentuado. Todavia, quando são analisados os principais indicadores que integram o índice de Desenvolvimento Humano, notamos uma evolução positiva apenas no que respeita ao valor do Pib per capita. Muitos dos restantes indicadores continuam a degradar-se. É isso que justifica o mantermo-nos ainda muito perto da cauda do ranking internacional.
• O anteriormente descrito induz-nos a recomendar que, no processo de elaboração do OGE, haja um crescente cuidado com o sector social e com os recursos humanos, como forma de se garantir não só a sustentabilidade do crescimento económico, mas, também, um maior respeito pelos direitos humanos.
[Aqui]

Sobre a questao, dois Economistas expoem os seus pontos de vista:

Alves da Rocha em "A Preparacao do Orcamento e os seus Principios"

"O Governo angolano tem vindo, sistematicamente, a ser questionado sobre a transparência do processo orçamental e as razões duma ausência de participação da sociedade civil na elaboração do Orçamento Geral do Estado. Os questionamentos e as pressões advêm de algumas organizações angolanas e, também, de muitas ONG estrangeiras, as quais, de certa maneira, têm procurado influenciar as suas congeners angolanas sobre a necessidade de a metodologia de elaboração do documento financeiro do Governo ser mais aberta e dialogante. Sobre esta matéria eu tenho uma opinião muito própria e estou, na verdade, bastante curioso em conhecer as experiências que irão ser apresentadas nesta conferência, para tentar perceber o que elas têm de demagógico e de efectivo, em termos de reforço dos sistemas democráticos nacionais."
[Aqui]

Fernando Heitor em "A Fiscalizacao do OGE pela AN"

"O Orçamento é uma previsão anual das despesas a realizar pelo Estado e dos processos de as cobrir, incluindo a autorização concedida ao Governo para realizar despesas públicas e cobrar receitas, limitando os poderes financeiros do Governo em cada ano. Exprime, a forma como o Estado vai obter e gastar os seus rendimentos durante o ano; Condensa a política financeira a executar durante esse ano; Orçamento, é portanto, a instituição jurídica fundamental e o quadro básico que orienta a actividade financeira dos Estados modernos, sejam eles, mais ou menos democráticos!"
[Aqui]

No Cruzeiro do Sul uma detalhada analise do surgimento do primeiro canal de televisao privado em Angola:

"Foi noticiado, em Portugal, o lançamento, ainda este ano, em Angola, da primeira televisão privada. O futuro canal, Segundo o jornal de notícias, vai chamar-se Zimbo TV e é propriedade da Medianova SA. De acordo com a mesma fonte, o projecto da primeira televisão privada conta com o apoio da TVI, o segundo canal privado português. Medianova que é uma Sociedade Anónima, mas, nos termos da lei de imprensa, as suas acções têm de ser nominativas e, para efeitos de respeito pela concorrência, a sua composição deve ser dada a conhecer ao conselho nacional de comunicação social. Tudo indica que a Medianova seja uma emanação dos serviços de apoio à Presidência da República.
No entanto, ao Jornal Público, de Portugal, Artur Queirós havia afirmado que o objective do grupo é o de assegurar "informação rigorosa, independente e profissional", sem interferência do poder político". Ainda em 2006, o Jornal público havia anunciado o lançamento de um projecto multifacetado na midia angolana. Já nessa altura, se dizia que o nome do grupo de comunicação seria Medianova e que o director de publicações seria Artur Queirós, um jornalista português próximo dos serviços de imprensa da presidência da república e também um dos seus mais radicais defensores em comentários no Jornal de Angola."
[Aqui]

O Novo Jornal da-nos conta de uma dissertacao de JMM Tali na Sorbonne:

"O Historiador Jean Michel Mabeko Tali irá dissertar uma palestra subordinada ao tema «0 problema de Cabinda e o processo de paz em Angola», na próxima segunda, 26 de Maio, na Universidade Sorbonne, em Paris. Esta conferência está inserida no âmbito dos seminários sobre «História de África Negra do Século XIX aos nossos dias» e «Fronteiras Dinâmicas de Transterritorialização», numa organização do historiador congolês Elikia Mbokolo, director da Escola de Altos Estudos Sociais daquela universidade."
[Aqui]


Ainda no NJ, uma entrevista com Paulo Flores:

"0 músico angolano Paulo Flores assinala 20 anos de carreira, após o lançamento do seu primeiro disco, Kapuete Kamundanda, em 1988. Neste sentido, para reavivar os seus fãs, Paulo Flores promete realizar no próximo mês de Julho um grande espectáculo ao vivo, na Cidadela Desportiva, em Luanda, que servirá igualmente para gravação de um CD e DVD ao vivo. Esta trilogia é um trabalho que irá sair na primeira semana de Dezembro, mas em Junho vamos fazer um volume com três músicas de cada CD e mais um «bónus track». Então, no fundo, será a primeira apresentação das músicas que no total serão 27.
(...)
Às vezes fica um pouco difícil sintetizar as 27 músicas, mas irei recuperar quatro músicas, às quais irei dar novos arranjos e acabamentos, o resto é tudo inédito. É um pouco difícil resumir, mas falase de esperança, de amor, do dia-adia. E faço uma releitura de alguns temas entre os quais uma música do David Zé, uma dos Ngola Ritmos, um tema antigo do Bana, faço uma versão em português do «Recontré», canto uma música com a Mayra Andrade, com letra do Vinicius de Moraes, gravei, no Rio de Janeiro, uma música com o Daniel Jobin, neto do Tom, no piano do Tom, chama-se «Interlúdio» e acredito que venha a ser um dos momentos altos da trilogia. Portanto, acredito que as pessoas irão gostar."
[Aqui]
Esta semana, no SA, uma interessante entrevista com o Embaixador de Franca em Angola:

"A visita do presidente francês provavelmente seja o reconhecimento de que, depois de há dez anos, o presidente (Jacques) Chirac efectuou uma visita de Estado a Angola, a paz finalmente reina entre os angolanos, que prevalece a reconciliação e que está em curso um processo de abertura do país (não só do lado económico, da abertura dos capitais ou financeira), uma abertura subjacente ao facto de Angola ter projectado o reembolso da divida externa (para com os países do Clube do Paris), com o que tomou uma decisão tão importante, que abriu Angola à obtenção de novo créditos financeiros, mas, sobretudo, a um novo crédito moral, pois trata-se do regresso de Angola à comunidade financeira internacional. Foi uma decisão implementada em Janeiro deste ano que se torna importante na medida em que representa o regresso de Angola à comunidade financeira internacional, o que quer dizer que Angola vai poder obter novos créditos. Pedimos que seja consignado dinheiro à Agência Francesa de Desenvolvimento a decisão de Angola (claro que o Clube de Paris ajudou Angola a tomar essa decisão que, no entanto, foi inteiramente angolana) foi uma decisão de grande elevação, porquanto trata-se de, por fim, retomar os laços com a comunidade internacional. Quer dizer que a «ilha» que se pensava que era Angola, aproximou-se um pouco mais do continente africano."
[
Aqui]

Ainda no SA, um dossier sobre um workshop que a Open Society organizou em Luanda sobre o Orcamento Geral do Estado:

"Conclusões e Recomendações do Workshop"

• A nossa economia tem tido um crescimento global bastante acentuado. Todavia, quando são analisados os principais indicadores que integram o índice de Desenvolvimento Humano, notamos uma evolução positiva apenas no que respeita ao valor do Pib per capita. Muitos dos restantes indicadores continuam a degradar-se. É isso que justifica o mantermo-nos ainda muito perto da cauda do ranking internacional.
• O anteriormente descrito induz-nos a recomendar que, no processo de elaboração do OGE, haja um crescente cuidado com o sector social e com os recursos humanos, como forma de se garantir não só a sustentabilidade do crescimento económico, mas, também, um maior respeito pelos direitos humanos.
[Aqui]

Sobre a questao, dois Economistas expoem os seus pontos de vista:

Alves da Rocha em "A Preparacao do Orcamento e os seus Principios"

"O Governo angolano tem vindo, sistematicamente, a ser questionado sobre a transparência do processo orçamental e as razões duma ausência de participação da sociedade civil na elaboração do Orçamento Geral do Estado. Os questionamentos e as pressões advêm de algumas organizações angolanas e, também, de muitas ONG estrangeiras, as quais, de certa maneira, têm procurado influenciar as suas congeners angolanas sobre a necessidade de a metodologia de elaboração do documento financeiro do Governo ser mais aberta e dialogante. Sobre esta matéria eu tenho uma opinião muito própria e estou, na verdade, bastante curioso em conhecer as experiências que irão ser apresentadas nesta conferência, para tentar perceber o que elas têm de demagógico e de efectivo, em termos de reforço dos sistemas democráticos nacionais."
[Aqui]

Fernando Heitor em "A Fiscalizacao do OGE pela AN"

"O Orçamento é uma previsão anual das despesas a realizar pelo Estado e dos processos de as cobrir, incluindo a autorização concedida ao Governo para realizar despesas públicas e cobrar receitas, limitando os poderes financeiros do Governo em cada ano. Exprime, a forma como o Estado vai obter e gastar os seus rendimentos durante o ano; Condensa a política financeira a executar durante esse ano; Orçamento, é portanto, a instituição jurídica fundamental e o quadro básico que orienta a actividade financeira dos Estados modernos, sejam eles, mais ou menos democráticos!"
[Aqui]

No Cruzeiro do Sul uma detalhada analise do surgimento do primeiro canal de televisao privado em Angola:

"Foi noticiado, em Portugal, o lançamento, ainda este ano, em Angola, da primeira televisão privada. O futuro canal, Segundo o jornal de notícias, vai chamar-se Zimbo TV e é propriedade da Medianova SA. De acordo com a mesma fonte, o projecto da primeira televisão privada conta com o apoio da TVI, o segundo canal privado português. Medianova que é uma Sociedade Anónima, mas, nos termos da lei de imprensa, as suas acções têm de ser nominativas e, para efeitos de respeito pela concorrência, a sua composição deve ser dada a conhecer ao conselho nacional de comunicação social. Tudo indica que a Medianova seja uma emanação dos serviços de apoio à Presidência da República.
No entanto, ao Jornal Público, de Portugal, Artur Queirós havia afirmado que o objective do grupo é o de assegurar "informação rigorosa, independente e profissional", sem interferência do poder político". Ainda em 2006, o Jornal público havia anunciado o lançamento de um projecto multifacetado na midia angolana. Já nessa altura, se dizia que o nome do grupo de comunicação seria Medianova e que o director de publicações seria Artur Queirós, um jornalista português próximo dos serviços de imprensa da presidência da república e também um dos seus mais radicais defensores em comentários no Jornal de Angola."
[Aqui]

O Novo Jornal da-nos conta de uma dissertacao de JMM Tali na Sorbonne:

"O Historiador Jean Michel Mabeko Tali irá dissertar uma palestra subordinada ao tema «0 problema de Cabinda e o processo de paz em Angola», na próxima segunda, 26 de Maio, na Universidade Sorbonne, em Paris. Esta conferência está inserida no âmbito dos seminários sobre «História de África Negra do Século XIX aos nossos dias» e «Fronteiras Dinâmicas de Transterritorialização», numa organização do historiador congolês Elikia Mbokolo, director da Escola de Altos Estudos Sociais daquela universidade."
[Aqui]


Ainda no NJ, uma entrevista com Paulo Flores:

"0 músico angolano Paulo Flores assinala 20 anos de carreira, após o lançamento do seu primeiro disco, Kapuete Kamundanda, em 1988. Neste sentido, para reavivar os seus fãs, Paulo Flores promete realizar no próximo mês de Julho um grande espectáculo ao vivo, na Cidadela Desportiva, em Luanda, que servirá igualmente para gravação de um CD e DVD ao vivo. Esta trilogia é um trabalho que irá sair na primeira semana de Dezembro, mas em Junho vamos fazer um volume com três músicas de cada CD e mais um «bónus track». Então, no fundo, será a primeira apresentação das músicas que no total serão 27.
(...)
Às vezes fica um pouco difícil sintetizar as 27 músicas, mas irei recuperar quatro músicas, às quais irei dar novos arranjos e acabamentos, o resto é tudo inédito. É um pouco difícil resumir, mas falase de esperança, de amor, do dia-adia. E faço uma releitura de alguns temas entre os quais uma música do David Zé, uma dos Ngola Ritmos, um tema antigo do Bana, faço uma versão em português do «Recontré», canto uma música com a Mayra Andrade, com letra do Vinicius de Moraes, gravei, no Rio de Janeiro, uma música com o Daniel Jobin, neto do Tom, no piano do Tom, chama-se «Interlúdio» e acredito que venha a ser um dos momentos altos da trilogia. Portanto, acredito que as pessoas irão gostar."
[Aqui]

Thursday 29 May 2008

CELEBRAR O DIA DE AFRICA EM LISBOA



Foi o que me foi permitido fazer este ano, atraves de um amavel convite que me foi enderecado pelo Decano do Grupo Africano de Embaixadores, S. Excia. Assuncao dos Anjos, Embaixador da Republica de Angola em Portugal, para participar num coloquio sob o tema "Africa-Europa: Os Acordos de Parceria Economica - Que Perspectivas?"



O Grupo Africano de Embaixadores naquele pais, por iniciativa do Embaixador Assuncao dos Anjos, tem vindo a realizar anualmente este evento, genericamente dedicado as relacoes Europa-Africa, em celebracao do Dia de Africa. A minha comunicacao ao coloquio deste ano, integrada no Painel II: Perspectivas das Parcerias Economicas no Quadro da OMC, versou sobre os Acordos de Parceria Economica EU/Africa e os seus impactos nos processos de integracao regional em Africa, com particular atencao ao caso da SADC.
Foi um evento bastante rico em intervencoes e troca de ideias, cujas actas, a semelhanca do que tem vindo a acontecer em anos anteriores, serao oportunamente publicadas em livro.
Devo, para alem, obviamente, de um agradecimento especial ao Embaixador Assuncao dos Anjos, um tutondele tambem muito especial ao Adido Cultural de Angola em Portugal, Luis Kandjimbo, por esta oportunidade que me permitiu regressar a Lisboa depois de mais de uma decada e rever pessoas que ja' nao via ha' pelo menos igual numero de anos.


Wakafrika (Manu Dibango)






Foi o que me foi permitido fazer este ano, atraves de um amavel convite que me foi enderecado pelo Decano do Grupo Africano de Embaixadores, S. Excia. Assuncao dos Anjos, Embaixador da Republica de Angola em Portugal, para participar num coloquio sob o tema "Africa-Europa: Os Acordos de Parceria Economica - Que Perspectivas?"



O Grupo Africano de Embaixadores naquele pais, por iniciativa do Embaixador Assuncao dos Anjos, tem vindo a realizar anualmente este evento, genericamente dedicado as relacoes Europa-Africa, em celebracao do Dia de Africa. A minha comunicacao ao coloquio deste ano, integrada no Painel II: Perspectivas das Parcerias Economicas no Quadro da OMC, versou sobre os Acordos de Parceria Economica EU/Africa e os seus impactos nos processos de integracao regional em Africa, com particular atencao ao caso da SADC.
Foi um evento bastante rico em intervencoes e troca de ideias, cujas actas, a semelhanca do que tem vindo a acontecer em anos anteriores, serao oportunamente publicadas em livro.
Devo, para alem, obviamente, de um agradecimento especial ao Embaixador Assuncao dos Anjos, um tutondele tambem muito especial ao Adido Cultural de Angola em Portugal, Luis Kandjimbo, por esta oportunidade que me permitiu regressar a Lisboa depois de mais de uma decada e rever pessoas que ja' nao via ha' pelo menos igual numero de anos.


Wakafrika (Manu Dibango)




Thursday 22 May 2008

WHAT’S THE WORD ON JOHANNESBURG (AGAIN)?*


For the last ten days the word has been violence spurred by xenophobia. Nothing can justify the levels it has reached, but it certainly begs explanation, understanding and rational, long-term, solutions. A common definition of ‘xenophobia’ will hold it as “a strong feeling of dislike or fear of people from other countries.” Is this really what explains the appalling scenes from Johannesburg’s shacklands being shown in the media all over the world? I do not believe that South Africans in general fundamentally ‘dislike’ people from other countries, but there is certainly some degree of ‘fear’ behind the shameful attacks against foreigners of the last few days. So, perhaps ‘xenophobia’ only explains part of the issue - more precisely, the part arising from fear. But fear of what exactly?

I think it is safe to posit that it might be fear of being engulfed, overtaken, swamped by massive inflows of economic migrants from all over the continent. Fear of losing out on a totally uncontrolled competition for access to all of their already meagre sources of survival: jobs (or just the increasingly fewer employment opportunities available), housing (or just the decreasing space for their own shacks or more solid and larger houses for their families), marketplace (or just their shrinking share of the local informal markets), food (just bound to become even more expensive and of limited availability as the current food crisis spreads around the globe), health (compounded by the AIDS pandemic in the region) and education (whatever little of it they may access in a financially restricted educational system).

In short, fear of losing out on an open competition for scarce resources and extremely limited opportunities. Hardly anything new elsewhere in the world or in South Africa itself. In effect, Black South Africans have seen the chances of improvement in their living standards undercut by labour competition from the region and the wider continent for more than a century, particularly in the backbone of the country’s economy: the mining industry.

A brief look at the economic history of the Johannesburg region (also known as the ‘Witwatersrand’, or simply the ‘Rand’) tells us that monopsonic control (i.e. control of the labour market by a single employer that sets all rules and wages) of recruiting for the mining industry was vital for the ‘Randlords’. The mining industry was faced with diminishing returns and rising costs of operation, which could not be passed on to the consumer due to the fixed price of gold. Therefore, it vitally depended on the institutionalisation of oscillant migrant labour: only an infinitely elastic supply of labour at rates lower than its marginal product could guarantee profitability.

Monopsonistic organisation of employers, especially in its ability to generate economies of scale by reducing the costs of recruiting, transportation and accommodation of migrants from outside South Africa, prevented competition for labour from pushing wages up. This required an immobilised, disorganised and dependent labour force, the maintenance of which was guaranteed by an array of segregationist policies restricting access of Africans to skilled jobs and their permanent urbanisation, thus hindering their ability to acquire and develop bargaining skills.

In 1893, the South African Chamber of Mines established a ‘Native Labour Department’ with the explicit objective of taking “active steps for the gradual reduction of native wages to a reasonable level.” This was followed, in 1896, by the creation of the ‘Rand Native Labour Association’ which, a year later, claimed to have promoted an increase in employment by over 500% above its level in 1890 “without any appreciable rise in wages.” By the end of the century, the organisation of recruiting had managed to increase the level of African employment by 600% at a wage rate below what it had been at the beginning of the mining industry.[1]

Yet, in spite of that achievement, competition for regional labour still prevailed in the industry and, in 1900, employers created the ‘Witwatersrand Native Labour Association’ (WNLA), which was the only body allowed to recruit in Mozambique, the main source of labour supply. The WNLA was to structurally define the regional labour market, for the rest of the last century to this day, as one of dependency for migrant workers and permanent low wages for Black South Africans – certainly lower than what they could have been if not for the institutionalised influxes of foreign migrant labour.

It is against this historical background that the growing tensions, conflicts and, ultimately, extreme violence of the last few days ought to be analysed. Of course, since the end of Apartheid, a mere 14 years ago, substantial changes have occurred in the nature of institutional relations within South Africa and between the countries in the region and in the structure of the regional labour market, translating into a relatively stronger bargaining power for the South African labour force. Along the last century, there was also a significant diversification of the South African economy away from the mining industry.

However, and in spite of the prevailing status of South Africa as the regional powerhouse, poverty and social exclusion levels in the country have not decreased sufficiently as to offset the potentially distortionary effects on the local economy of a permanent influx of economic migrants from all over the continent, as far afield as Nigeria and, for the best part of the last decade, particularly from Zimbabwe. Although official figures show only around 120,000 people applying for asylum in South Africa in the last decade, at least another million Africans - and some estimates say two million - have moved there (figures from 2005). And this time without any regulator, such as the WNLA, to somehow control it. To quote Mamphela Ramphele, Co- Chair of the Global Commission on International Migration, “South Africa is finding it difficult to absorb the flows of immigrants, which have increased faster than the South African economy. We are like a little Europe, without her resources.”

This is a reality that the South African government, the Southern African Development Community (SADC) and the African Union (AU) have to tackle with unwavering determination. In particular, SADC and the AU have, more than ever before, the duty, under their existing general legal and institutional frameworks and specific sectoral protocols, to regulate economic migration fluxes within the continent in such a way as to guarantee that both migrants and host country residents have their economic, social and human rights protected.

Moreover, all countries in the continent (and here I am particularly thinking about my own country of origin, Angola, which has also been attracting significant levels of migrants from all over the continent and the rest of the world since the end of the war) must understand the current events as a desperate cry from the poor and socially excluded for their governments to put their houses in order, i.e. to improve their economic and governance performances, and in particular their income redistribution policies and social support systems, in order to, if not totally stem, at least make the current levels and specific directions of intra-continental migration controllable overall. Only such an integrated approach to the problem can turn migration into a productive, culturally and humanly enriching experience to the benefit of the entire continent.

Finally, to all brothers and sisters, victims and perpetrators of the unspeakable acts of violence of the last few days in Johannesburg, I would like to dedicate this song, Chileshe, about which Bra Masekela said:
"We first recorded this song in 1968 on the 'Promise of A Future' album. People from Jo’burg always thought of themselves as being much more advanced, civilised and hipper than anybody that did not grow up there, especially people from the outlying provinces like Northern Transvaal, Kwa-Zulu Natal, Mozambique, Zambia, Namibia, Lesotho, Botswana, Malawi, Swaziland. I was also thinking about how the whites used to ill-treat us and call us 'Kaffirs' and all kinds of dirty names. The song is a call to those who are denigrated and vilified by these attitudes to stand up proudly and not allow themselves to be called derogatory names like 'Mighirighamba', 'Makirimane', 'Makwankwies', 'Makhafula', etc. With the influx today of peoples from all over the African diaspora into South Africa, the level of xenophobia has risen to disgusting heights. Most paradoxically, the song is even more popular amongst black South Africans today and is deeply loved by the new immigrants which helped the 'Black To The Future' album to platinum heights."






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*****

*The title refers to this poem by Gil Scott-Heron
[1] Figures from Wilson F., Labour in the South African Gold Mines 1911-1969, (Cambridge UP, 1972)
Other references: Katzenellenbogen S., South Africa and Southern Mozambique: Labour, Railways and Trade in the Making of a Relationship, (Manchester, Manchester UP, 1982); Milazi D., The Politics and Economics of Lbour Migration in Southern Africa (1984); Crush J., Jeeves A. & Yudelman D., South Africa’s Labor Empire – A History of Black Migrancy to the Gold Mines, (Oxford, Westview Press, 1991)


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Article also published at Africanpath


For the last ten days the word has been violence spurred by xenophobia. Nothing can justify the levels it has reached, but it certainly begs explanation, understanding and rational, long-term, solutions. A common definition of ‘xenophobia’ will hold it as “a strong feeling of dislike or fear of people from other countries.” Is this really what explains the appalling scenes from Johannesburg’s shacklands being shown in the media all over the world? I do not believe that South Africans in general fundamentally ‘dislike’ people from other countries, but there is certainly some degree of ‘fear’ behind the shameful attacks against foreigners of the last few days. So, perhaps ‘xenophobia’ only explains part of the issue - more precisely, the part arising from fear. But fear of what exactly?

I think it is safe to posit that it might be fear of being engulfed, overtaken, swamped by massive inflows of economic migrants from all over the continent. Fear of losing out on a totally uncontrolled competition for access to all of their already meagre sources of survival: jobs (or just the increasingly fewer employment opportunities available), housing (or just the decreasing space for their own shacks or more solid and larger houses for their families), marketplace (or just their shrinking share of the local informal markets), food (just bound to become even more expensive and of limited availability as the current food crisis spreads around the globe), health (compounded by the AIDS pandemic in the region) and education (whatever little of it they may access in a financially restricted educational system).

In short, fear of losing out on an open competition for scarce resources and extremely limited opportunities. Hardly anything new elsewhere in the world or in South Africa itself. In effect, Black South Africans have seen the chances of improvement in their living standards undercut by labour competition from the region and the wider continent for more than a century, particularly in the backbone of the country’s economy: the mining industry.

A brief look at the economic history of the Johannesburg region (also known as the ‘Witwatersrand’, or simply the ‘Rand’) tells us that monopsonic control (i.e. control of the labour market by a single employer that sets all rules and wages) of recruiting for the mining industry was vital for the ‘Randlords’. The mining industry was faced with diminishing returns and rising costs of operation, which could not be passed on to the consumer due to the fixed price of gold. Therefore, it vitally depended on the institutionalisation of oscillant migrant labour: only an infinitely elastic supply of labour at rates lower than its marginal product could guarantee profitability.

Monopsonistic organisation of employers, especially in its ability to generate economies of scale by reducing the costs of recruiting, transportation and accommodation of migrants from outside South Africa, prevented competition for labour from pushing wages up. This required an immobilised, disorganised and dependent labour force, the maintenance of which was guaranteed by an array of segregationist policies restricting access of Africans to skilled jobs and their permanent urbanisation, thus hindering their ability to acquire and develop bargaining skills.

In 1893, the South African Chamber of Mines established a ‘Native Labour Department’ with the explicit objective of taking “active steps for the gradual reduction of native wages to a reasonable level.” This was followed, in 1896, by the creation of the ‘Rand Native Labour Association’ which, a year later, claimed to have promoted an increase in employment by over 500% above its level in 1890 “without any appreciable rise in wages.” By the end of the century, the organisation of recruiting had managed to increase the level of African employment by 600% at a wage rate below what it had been at the beginning of the mining industry.[1]

Yet, in spite of that achievement, competition for regional labour still prevailed in the industry and, in 1900, employers created the ‘Witwatersrand Native Labour Association’ (WNLA), which was the only body allowed to recruit in Mozambique, the main source of labour supply. The WNLA was to structurally define the regional labour market, for the rest of the last century to this day, as one of dependency for migrant workers and permanent low wages for Black South Africans – certainly lower than what they could have been if not for the institutionalised influxes of foreign migrant labour.

It is against this historical background that the growing tensions, conflicts and, ultimately, extreme violence of the last few days ought to be analysed. Of course, since the end of Apartheid, a mere 14 years ago, substantial changes have occurred in the nature of institutional relations within South Africa and between the countries in the region and in the structure of the regional labour market, translating into a relatively stronger bargaining power for the South African labour force. Along the last century, there was also a significant diversification of the South African economy away from the mining industry.

However, and in spite of the prevailing status of South Africa as the regional powerhouse, poverty and social exclusion levels in the country have not decreased sufficiently as to offset the potentially distortionary effects on the local economy of a permanent influx of economic migrants from all over the continent, as far afield as Nigeria and, for the best part of the last decade, particularly from Zimbabwe. Although official figures show only around 120,000 people applying for asylum in South Africa in the last decade, at least another million Africans - and some estimates say two million - have moved there (figures from 2005). And this time without any regulator, such as the WNLA, to somehow control it. To quote Mamphela Ramphele, Co- Chair of the Global Commission on International Migration, “South Africa is finding it difficult to absorb the flows of immigrants, which have increased faster than the South African economy. We are like a little Europe, without her resources.”

This is a reality that the South African government, the Southern African Development Community (SADC) and the African Union (AU) have to tackle with unwavering determination. In particular, SADC and the AU have, more than ever before, the duty, under their existing general legal and institutional frameworks and specific sectoral protocols, to regulate economic migration fluxes within the continent in such a way as to guarantee that both migrants and host country residents have their economic, social and human rights protected.

Moreover, all countries in the continent (and here I am particularly thinking about my own country of origin, Angola, which has also been attracting significant levels of migrants from all over the continent and the rest of the world since the end of the war) must understand the current events as a desperate cry from the poor and socially excluded for their governments to put their houses in order, i.e. to improve their economic and governance performances, and in particular their income redistribution policies and social support systems, in order to, if not totally stem, at least make the current levels and specific directions of intra-continental migration controllable overall. Only such an integrated approach to the problem can turn migration into a productive, culturally and humanly enriching experience to the benefit of the entire continent.

Finally, to all brothers and sisters, victims and perpetrators of the unspeakable acts of violence of the last few days in Johannesburg, I would like to dedicate this song, Chileshe, about which Bra Masekela said:
"We first recorded this song in 1968 on the 'Promise of A Future' album. People from Jo’burg always thought of themselves as being much more advanced, civilised and hipper than anybody that did not grow up there, especially people from the outlying provinces like Northern Transvaal, Kwa-Zulu Natal, Mozambique, Zambia, Namibia, Lesotho, Botswana, Malawi, Swaziland. I was also thinking about how the whites used to ill-treat us and call us 'Kaffirs' and all kinds of dirty names. The song is a call to those who are denigrated and vilified by these attitudes to stand up proudly and not allow themselves to be called derogatory names like 'Mighirighamba', 'Makirimane', 'Makwankwies', 'Makhafula', etc. With the influx today of peoples from all over the African diaspora into South Africa, the level of xenophobia has risen to disgusting heights. Most paradoxically, the song is even more popular amongst black South Africans today and is deeply loved by the new immigrants which helped the 'Black To The Future' album to platinum heights."






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*****

*The title refers to this poem by Gil Scott-Heron
[1] Figures from Wilson F., Labour in the South African Gold Mines 1911-1969, (Cambridge UP, 1972)
Other references: Katzenellenbogen S., South Africa and Southern Mozambique: Labour, Railways and Trade in the Making of a Relationship, (Manchester, Manchester UP, 1982); Milazi D., The Politics and Economics of Lbour Migration in Southern Africa (1984); Crush J., Jeeves A. & Yudelman D., South Africa’s Labor Empire – A History of Black Migrancy to the Gold Mines, (Oxford, Westview Press, 1991)


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Article also published at Africanpath

Wednesday 21 May 2008

OBAMA VS. CLINTON: THE MOTHER OF ALL BATTLES (13)

‘Listened, Stood and Delivered!’

If Obama’s “A More Perfect Union” will go down in history as one of his most important speeches during this race, his yesterday’s speech in Des Moines will not go unnoticed either.

More incisive and articulated than ever, he definitively managed to dismiss all claims that his was “an eloquent but empty call for change”…

Watch/read speech here.

*****

Meanwhile, here's how he views yesterday's victory:

What we just achieved

Wednesday, 21 May, 2008 2:29 AM

From: "Barack Obama"
To: "Ana Santana"

Ana --

The polls are closed in Kentucky and votes are being counted in Oregon, and it's clear that tonight we have reached a major milestone on this journey.
We have won an absolute majority of all the delegates chosen by the people in this Democratic primary process.
From the beginning, this journey wasn't about me or the other candidates. It was about a simple choice -- will we continue down the same road with the same leadership that has failed us for so long, or will we take a different path?
Too many of us have been disappointed by politics and politicians more times than you can count. We've seen promises broken and good ideas drowned in a sea of influence, point-scoring, and petty bickering that has consumed Washington.
Yet, in spite of all the doubt and disappointment -- or perhaps because of it -- people have stood for change.
Unfortunately, our opponents in the other party continue to embrace yesterday's policies and they will continue to employ yesterday's tactics -- they will try to change the subject, and they will play on fears and divisions to distract us from what matters to you and your future.
But those tactics will not work in this election.
They won't work because you won't let them.
Not this time. Not this year.
We still have work to do to in the remaining states, where we will compete for every delegate available.
But tonight, I want to thank you for everything you have done to take us this far -- farther than anyone predicted, expected, or even believed possible.
And I want to remind you that you will make all the difference in the epic challenge ahead.

Thank you,


Barack Obama
‘Listened, Stood and Delivered!’

If Obama’s “A More Perfect Union” will go down in history as one of his most important speeches during this race, his yesterday’s speech in Des Moines will not go unnoticed either.

More incisive and articulated than ever, he definitively managed to dismiss all claims that his was “an eloquent but empty call for change”…

Watch/read speech here.

*****

Meanwhile, here's how he views yesterday's victory:

What we just achieved

Wednesday, 21 May, 2008 2:29 AM

From: "Barack Obama"
To: "Ana Santana"

Ana --

The polls are closed in Kentucky and votes are being counted in Oregon, and it's clear that tonight we have reached a major milestone on this journey.
We have won an absolute majority of all the delegates chosen by the people in this Democratic primary process.
From the beginning, this journey wasn't about me or the other candidates. It was about a simple choice -- will we continue down the same road with the same leadership that has failed us for so long, or will we take a different path?
Too many of us have been disappointed by politics and politicians more times than you can count. We've seen promises broken and good ideas drowned in a sea of influence, point-scoring, and petty bickering that has consumed Washington.
Yet, in spite of all the doubt and disappointment -- or perhaps because of it -- people have stood for change.
Unfortunately, our opponents in the other party continue to embrace yesterday's policies and they will continue to employ yesterday's tactics -- they will try to change the subject, and they will play on fears and divisions to distract us from what matters to you and your future.
But those tactics will not work in this election.
They won't work because you won't let them.
Not this time. Not this year.
We still have work to do to in the remaining states, where we will compete for every delegate available.
But tonight, I want to thank you for everything you have done to take us this far -- farther than anyone predicted, expected, or even believed possible.
And I want to remind you that you will make all the difference in the epic challenge ahead.

Thank you,


Barack Obama

Monday 19 May 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (11)

O rescaldo da III Conferencia Nacional do MPLA ocupou consideravel espaco em praticamente todos os jornais, com destaque para uma ‘grande reportagem’ no SA

…e tempo de varios “fazedores de opiniao”, entre politicos, colunistas e activistas civicos (e.g. Eunice Van-Dunem no A Capital, Fernando Pacheco no Novo Jornal e Ismael Mateus no Cruzeiro do Sul).

Mas, o que talvez tenha sido o “sub-produto” mais marcante daquele conclave foram as explosivas declaracoes do ex-bastonario da Ordem dos Advogados de Angola, Raul Araujo, que, a proposito do discurso de abertura de Jose’ Eduardo dos Santos, segundo o qual ha’ “necessidade de haver reformas profundas no sistema judicial angolano, devido a uma crise que o descredibiliza”, afirmou:

«Sei que os meus colegas da justiça podem não gostar disso, mas hoje temos situações em que as decisões são feitas por pagamentos. Quer dizer, uma das partes compra o juiz para dar uma determinada sentença». «Há dias tomei conhecimento de um caso que, a ser verdade, é gravíssimo: que há colegas advogados que contratam juízes como seus consultores e que depois, num processo, o juiz da causa é o consultor do processo e dá assessoria jurídica ao advogado como conduzir o processo. Isto é grave do ponto de vista deontológico».
«Se nós hoje virmos os contratos internacionais (aqui no país), todos eles baseiam-se numa cláusula que é a seguinte: em caso de litígio os processos não são resolvidos em Angola, vão todos para a resolução pela via da arbitragem internacional. Porquê? Porque os investidores não confiam na justiça em Angola. Os próprios nacionais hoje também estão a ir cada vez mais para as cláusulas de arbitragem porque não confiam no funcionamento da justiça em Angola».
[Aqui]

Varias reaccoes as acusacoes de Raul Araujo foram ja’ registadas, das quais destaco as de Imaculada Melo, que, em “A dimensao democratica da nossa hipocrisia”, sobrepoe a analise da questao as igualmente contenciosas declaracoes de Bob Geldof recentemente em Lisboa:

Julgo que é neste contexto, e não dentro dos marcos do colonialismo que pelos vistos deixou feridas incuráveis mais profundas do que o imaginável no "complexo do colonizado", que o músico irlandês Bob Geldof, no decorrer da gala promovida recentemente em Lisboa pelo semanário "Expresso" e pelo grupo do Banco Espírito Santo, se julgou no direito de tecer considerações sobre a situação em Angola a título de exemplo, por acaso pertinente, na medida que é em Angola onde se compram casas mais caras que as do bairro mais luxuoso de Londres; onde ter uma fortuna avaliada em cinco milhões de dólares já não é significativo; onde uns sendo apenas funcionários públicos se tornaram "milionários". Em contrapartida continuam- se a mobilizar doadores internacionais e os índices de pobreza aparecem entre os piores do mundo.
(…)
Afinal a justiça no nosso país vai muito mal, constata-se agora em tempo de eleições. Mas sempre esteve, apesar de ser uma questão de Estado. Esta é a minha opinião que manifestei aos órgãos competentes deste país, denunciei situações impensáveis, inadmissíveis e surrealistas que ocorriam e que mais do que uma falta de aptidão demonstravam e indiciavam um estado de perversão em que a própria justiça tinha caído logo fazendo com que o país estivesse em estado de perigo que conduziria certamente á anomia. Mas fui mal entendida e propositadamente mal interpretada até mesmo pelos próprios colegas da direcção da Ordem dos Advogados de Angola à qual já pertenci e não raras vezes até por amigas pessoais. Hoje aqui ao constatar tão profunda denúncia e preocupação de quem de direito, não posso deixar de proclamar o meu direito de denúncia independentemente da minha opção partidária, porque não é exclusivo de ninguém em particular, antes pelo contrário, é uma manifestação de consciência que assiste a todo o cidadão angolano.
[Aqui]


No Novo Jornal, uma entrevista com Antonio Ole:

Tenho uma exposição em Paris no final do ano, outra para Novembro, em Nova Orleãs, Estados Unidos da América. Faço uma individual, agora em Maio, no Centro Cultural Elinga Teatro. Além destas, estou a preparar um grande projecto que consiste na exposição de algumas das minhas fotografias desde os anos em que comecei a fotografar até a data presente. É um projecto que gostaria de ver concretizado talvez não este ano, porque envolve uma preparação muito séria, para se apresentar um bom trabalho. Penso fazer uma exposição itinerante, que começaria em Luanda, depois passar por São Paulo, Bahia e Lisboa. Tenho um outro convite feito pelos ingleses, que vivem no Algarve, para expor no Centro Cultural de Lagos, em Portugal.

[Aqui]
O rescaldo da III Conferencia Nacional do MPLA ocupou consideravel espaco em praticamente todos os jornais, com destaque para uma ‘grande reportagem’ no SA

…e tempo de varios “fazedores de opiniao”, entre politicos, colunistas e activistas civicos (e.g. Eunice Van-Dunem no A Capital, Fernando Pacheco no Novo Jornal e Ismael Mateus no Cruzeiro do Sul).

Mas, o que talvez tenha sido o “sub-produto” mais marcante daquele conclave foram as explosivas declaracoes do ex-bastonario da Ordem dos Advogados de Angola, Raul Araujo, que, a proposito do discurso de abertura de Jose’ Eduardo dos Santos, segundo o qual ha’ “necessidade de haver reformas profundas no sistema judicial angolano, devido a uma crise que o descredibiliza”, afirmou:

«Sei que os meus colegas da justiça podem não gostar disso, mas hoje temos situações em que as decisões são feitas por pagamentos. Quer dizer, uma das partes compra o juiz para dar uma determinada sentença». «Há dias tomei conhecimento de um caso que, a ser verdade, é gravíssimo: que há colegas advogados que contratam juízes como seus consultores e que depois, num processo, o juiz da causa é o consultor do processo e dá assessoria jurídica ao advogado como conduzir o processo. Isto é grave do ponto de vista deontológico».
«Se nós hoje virmos os contratos internacionais (aqui no país), todos eles baseiam-se numa cláusula que é a seguinte: em caso de litígio os processos não são resolvidos em Angola, vão todos para a resolução pela via da arbitragem internacional. Porquê? Porque os investidores não confiam na justiça em Angola. Os próprios nacionais hoje também estão a ir cada vez mais para as cláusulas de arbitragem porque não confiam no funcionamento da justiça em Angola».
[Aqui]

Varias reaccoes as acusacoes de Raul Araujo foram ja’ registadas, das quais destaco as de Imaculada Melo, que, em “A dimensao democratica da nossa hipocrisia”, sobrepoe a analise da questao as igualmente contenciosas declaracoes de Bob Geldof recentemente em Lisboa:

Julgo que é neste contexto, e não dentro dos marcos do colonialismo que pelos vistos deixou feridas incuráveis mais profundas do que o imaginável no "complexo do colonizado", que o músico irlandês Bob Geldof, no decorrer da gala promovida recentemente em Lisboa pelo semanário "Expresso" e pelo grupo do Banco Espírito Santo, se julgou no direito de tecer considerações sobre a situação em Angola a título de exemplo, por acaso pertinente, na medida que é em Angola onde se compram casas mais caras que as do bairro mais luxuoso de Londres; onde ter uma fortuna avaliada em cinco milhões de dólares já não é significativo; onde uns sendo apenas funcionários públicos se tornaram "milionários". Em contrapartida continuam- se a mobilizar doadores internacionais e os índices de pobreza aparecem entre os piores do mundo.
(…)
Afinal a justiça no nosso país vai muito mal, constata-se agora em tempo de eleições. Mas sempre esteve, apesar de ser uma questão de Estado. Esta é a minha opinião que manifestei aos órgãos competentes deste país, denunciei situações impensáveis, inadmissíveis e surrealistas que ocorriam e que mais do que uma falta de aptidão demonstravam e indiciavam um estado de perversão em que a própria justiça tinha caído logo fazendo com que o país estivesse em estado de perigo que conduziria certamente á anomia. Mas fui mal entendida e propositadamente mal interpretada até mesmo pelos próprios colegas da direcção da Ordem dos Advogados de Angola à qual já pertenci e não raras vezes até por amigas pessoais. Hoje aqui ao constatar tão profunda denúncia e preocupação de quem de direito, não posso deixar de proclamar o meu direito de denúncia independentemente da minha opção partidária, porque não é exclusivo de ninguém em particular, antes pelo contrário, é uma manifestação de consciência que assiste a todo o cidadão angolano.
[Aqui]


No Novo Jornal, uma entrevista com Antonio Ole:

Tenho uma exposição em Paris no final do ano, outra para Novembro, em Nova Orleãs, Estados Unidos da América. Faço uma individual, agora em Maio, no Centro Cultural Elinga Teatro. Além destas, estou a preparar um grande projecto que consiste na exposição de algumas das minhas fotografias desde os anos em que comecei a fotografar até a data presente. É um projecto que gostaria de ver concretizado talvez não este ano, porque envolve uma preparação muito séria, para se apresentar um bom trabalho. Penso fazer uma exposição itinerante, que começaria em Luanda, depois passar por São Paulo, Bahia e Lisboa. Tenho um outro convite feito pelos ingleses, que vivem no Algarve, para expor no Centro Cultural de Lagos, em Portugal.

[Aqui]

Sunday 18 May 2008

JUST POETRY (I)

Telephone Conversation

The price seemed reasonable, location
Indifferent. The landlady swore she lived
Off premises. Nothing remained
But self-confession. ‘Madam,’ I warned,
‘I hate a wasted journey – I am African.’
Silence. Silenced transmission of
Pressurized good-breeding. Voice, when it came,
Lipstick-coated, long gold-rolled
Cigarette-holder pipped. Caught I was, foully.
‘HOW DARK?’… I had not misheard… ‘ARE YOU LIGHT
OR VERY DARK?’ Button B. Button A. Stench
Of rancid breath of public hide-and-speak.
Red booth. Red pillar-box. Red double-tiered
Omnibus squelching tar. It was real! Shamed
By ill-mannered silence, surrender
Pushed dumbfoundment to beg simplification.
Considerate she was, varying the emphasis –
‘ARE YOU DARK OR VERY LIGHT?’ Revelation came.
‘You mean – like plain or milk chocolate?’
Her assent was clinical, crushing in its light
Impersonality. Rapidly, wave-length adjusted,
I chose. ‘West African sepia’ – and as afterthought,
‘Down in my passport.’ Silence for spectroscopic
Flight of fancy, till truthfulness clanged her accent
Hard on the mouthpiece. ‘WHAT’S THAT?’ conceding
‘DON’T KNOW WHAT THAT IS.’ ‘Like brunette.’
‘THAT’S DARK, ISN’T IT?’ ‘Not altogether.
Facially, I am brunette, but madam, you should see
The rest of me. Palm of my hand, soles of my feet
Are a peroxide blond. Friction, caused –
Foolishly, madam – by sitting down, has turned
My bottom raven black – One moment, madam!’ – sensing
Her receiver rearing on the thunderclap
About my ears – ‘Madam,’ I pleaded, ‘wouldn’t you rather
See for yourself?’

- Wole Soyinka
Telephone Conversation

The price seemed reasonable, location
Indifferent. The landlady swore she lived
Off premises. Nothing remained
But self-confession. ‘Madam,’ I warned,
‘I hate a wasted journey – I am African.’
Silence. Silenced transmission of
Pressurized good-breeding. Voice, when it came,
Lipstick-coated, long gold-rolled
Cigarette-holder pipped. Caught I was, foully.
‘HOW DARK?’… I had not misheard… ‘ARE YOU LIGHT
OR VERY DARK?’ Button B. Button A. Stench
Of rancid breath of public hide-and-speak.
Red booth. Red pillar-box. Red double-tiered
Omnibus squelching tar. It was real! Shamed
By ill-mannered silence, surrender
Pushed dumbfoundment to beg simplification.
Considerate she was, varying the emphasis –
‘ARE YOU DARK OR VERY LIGHT?’ Revelation came.
‘You mean – like plain or milk chocolate?’
Her assent was clinical, crushing in its light
Impersonality. Rapidly, wave-length adjusted,
I chose. ‘West African sepia’ – and as afterthought,
‘Down in my passport.’ Silence for spectroscopic
Flight of fancy, till truthfulness clanged her accent
Hard on the mouthpiece. ‘WHAT’S THAT?’ conceding
‘DON’T KNOW WHAT THAT IS.’ ‘Like brunette.’
‘THAT’S DARK, ISN’T IT?’ ‘Not altogether.
Facially, I am brunette, but madam, you should see
The rest of me. Palm of my hand, soles of my feet
Are a peroxide blond. Friction, caused –
Foolishly, madam – by sitting down, has turned
My bottom raven black – One moment, madam!’ – sensing
Her receiver rearing on the thunderclap
About my ears – ‘Madam,’ I pleaded, ‘wouldn’t you rather
See for yourself?’

- Wole Soyinka

Friday 16 May 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (10)

Bom, parece que finalmente foram declaradas treguas na “Maka de 1 Jose’ contra 3 Antonios mais os Mukuaxis”…
Assim sendo, eh-me dada a oportunidade de trazer aqui alguns artigos publicados nas ultimas semanas, que ficaram na gaveta a espera do fim do ‘kibeto’, como por exemplo este, de Bonavena, no Agora:


Não faz muito tempo, o Centro de Estudos e Investigação Cientifica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) realizou uma conferência sobre a pobreza. O poder como sempre esteve ausente. Alguns intelectuais evitaram aparecer para não serem conotados com um acto que lhes cheirava à subversão. Nessa altura, fomos criticados, por alguns deles, por estar a promover uma conferência sobre a pobreza que era uma evocação negativa, numa altura em que o país estava a crescer a bom ritmo e o discurso oficial triunfalista exacerbava os ganhos do crescimento económico (que diziam que seria de 34%, o maior do mundo, depois tiveram que o rever pela metade) e afirmava que este crescimento, por si só, resolveria o problema da pobreza.
(...)
Agora, que há em vista as eleições 2008 e é preciso dar atenção as formas mais eficazes para caçar votos, a pobreza está na moda do discurso eleitoralista, a pobreza aparece à cabeça da tematização dos discursos políticos. Até mesmo o homem mais rico do país (e chefe de fila da burguesia predadora) não fala mais das muitas "oportunidades de negócios" mas da pobreza, apresentando-a como uma prioridade de governo. Os "negócios" serão feitos na calada da noite enquanto de dia se irá falando da necessidade de "combater e vencer a fome, o subdesenvolvimento" e de "criar condições para o bem-estar dos cidadãos".

[Aqui]

Como muitos, incluindo o proprio, esperavam, Ernesto Bartolomeu foi punido pelas suas declaracoes sobre a TPA, aqui mencionadas na semana passada:

Não se sabe já que consequências haverão para Ernesto Bartolomeu, um dos pivots do telejornal da Tpa, na sequência do processo disciplinar que a direcção da estação lhe moveu por, na sua óptica, ter «quebrado» o sigilo profissional a que estaria obrigado pelas funções que desempenha. Ernesto Bartolomeu disse publicamente mais ou menos que, entre outras coisas, em relação aos partidos políticos, os noticiários daTpa não são feitos com base no que é recolhido pelos jornalistas, mas sim em função do que decidem os editores a partir de «orientações superiores», dirigidas em regra para favorecer o partido «maioritário». Numa palavra: há censura. E isto, para começar, valeu-lhe o inquérito. Não se sabe também o que terá motivado o «Bartolas» a lavar a «roupa suja» da empresa fora de portas, mas que é preciso tê-los no lugar para o que fez, lá isto é. Agora, é só aguentar o resto.

A questao e' tambem analisada no Angolense.

[Aqui]

Finalmente, Sousa Jamba fala (muito mal) do “melhor escritor vivo na lingua inglesa”:

'Naipaul é um sacana'

Como escritor VS Naipaul é uma unanimidade. É inigualável. Já como homem, porém, é visto como um ser desprezível. O escritor, que ganhou o Prémio Nobel de Literatura, já foi descrito como um racista (contra os negros), snobe, cruel e um egoísta da primeira classe. O homem é também tido como um grande mulherengo que, além de ter tido uma amante latino-americana (enquanto a sua esposa inglesa sustentava a casa), nunca parou de visitar prostitutas de todo o género. Os ingleses gostam de biografias – sobretudo de escritores. Em muitos casos, as pessoas preferem ler as biografias dos escritores do que as suas próprias obras. Como alguém já notou, há vezes em que uma abordagem da vida de um escritor é o melhor retrato dos tempos. Neste momento, o mundo das letras anglófono anda obcecado com o primeiro volume da biografia de Naipaul escrita pelo escritor Phillip French, que se tornou famoso por ter recusado uma condecoração da Rainha. Curiosamente, figuro numa das páginas dessa biografia: certa vez Naipaul pôs-me a correr da sua casa quando, a meio de uma entrevista, eu fiz perguntas que o irritaram.
(…)
Entre os anos 50 e 60, VS Naipaul escreveu romances que retratavam a vida nas Caraíbas, para onde os seus avôs indianos tinham sido enviados como trabalhadores contratados. Depois virou as suas atenções para o continente africano sobre o qual escreveu vários livros de viagem assim como romances – todos descrevendo as ilusões, fraquezas e os caos da África pós-colonial. Para Naipaul, que nos anos 60 foi conferente na Universidade de Makerere, no Uganda, o continente africano não tinha nenhum futuro. Esta afirmação enfureceu vários escritores africanos da sua geração. Escritores como o nigeriano Chinua Achebe e o queniano Ngugi Wa Thiogo, embora fossem críticos assumidos das elites políticas que predominavam em vários países africanos nos anos após a independência, tinham fé no futuro do continente africano e, por isso, viam Naipaul como um verdadeiro reaccionário.
(…)
Para Naipaul, os negros têm pouco valor. Derek Walcott, poeta e dramaturgo nascido na Ilha de Santa Lúcia, nas Caraíbas, vencedor do Prémio Nobel de Literatura em 1992, diz que uma das falhas principais de Naipaul é o seu ódio contra os negros. Além de abominar os negros, Naipaul também não «passava carta» à Índia e aos indianos. Para o grande escritor o que conta é a Inglaterra – isto é, a aristocracia inglesa. Segundo a biografia que está a fazer ondas, um dos grandes sonhos de Naipaul não era só casar com uma mulher branca – mas alguém oriundo da grande aristocracia. Só que a mulher que «preenchia as medidas» e que ele tentou conquistar não lhe deu bola. Essa foi uma das maiores dores de cotovelo na vida Naipaul. Depois que se tornou milionário instalou-se numa grande casa de campo no sul da Inglaterra, onde se fez rodear de mordomias compatíveis com um verdadeiro lorde. O problema é que os ingleses não gostam muito de estrangeiros extravagantes ou que fazem tudo – incluindo vender a alma - para tornar-se num deles. Os ingleses, mesmo a classe alta, aceitam sempre estrangeiros. Porém, para serem respeitados os estrangeiros devem ter amor-próprio.

[Aqui]

Bom, parece que finalmente foram declaradas treguas na “Maka de 1 Jose’ contra 3 Antonios mais os Mukuaxis”…
Assim sendo, eh-me dada a oportunidade de trazer aqui alguns artigos publicados nas ultimas semanas, que ficaram na gaveta a espera do fim do ‘kibeto’, como por exemplo este, de Bonavena, no Agora:


Não faz muito tempo, o Centro de Estudos e Investigação Cientifica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) realizou uma conferência sobre a pobreza. O poder como sempre esteve ausente. Alguns intelectuais evitaram aparecer para não serem conotados com um acto que lhes cheirava à subversão. Nessa altura, fomos criticados, por alguns deles, por estar a promover uma conferência sobre a pobreza que era uma evocação negativa, numa altura em que o país estava a crescer a bom ritmo e o discurso oficial triunfalista exacerbava os ganhos do crescimento económico (que diziam que seria de 34%, o maior do mundo, depois tiveram que o rever pela metade) e afirmava que este crescimento, por si só, resolveria o problema da pobreza.
(...)
Agora, que há em vista as eleições 2008 e é preciso dar atenção as formas mais eficazes para caçar votos, a pobreza está na moda do discurso eleitoralista, a pobreza aparece à cabeça da tematização dos discursos políticos. Até mesmo o homem mais rico do país (e chefe de fila da burguesia predadora) não fala mais das muitas "oportunidades de negócios" mas da pobreza, apresentando-a como uma prioridade de governo. Os "negócios" serão feitos na calada da noite enquanto de dia se irá falando da necessidade de "combater e vencer a fome, o subdesenvolvimento" e de "criar condições para o bem-estar dos cidadãos".

[Aqui]

Como muitos, incluindo o proprio, esperavam, Ernesto Bartolomeu foi punido pelas suas declaracoes sobre a TPA, aqui mencionadas na semana passada:

Não se sabe já que consequências haverão para Ernesto Bartolomeu, um dos pivots do telejornal da Tpa, na sequência do processo disciplinar que a direcção da estação lhe moveu por, na sua óptica, ter «quebrado» o sigilo profissional a que estaria obrigado pelas funções que desempenha. Ernesto Bartolomeu disse publicamente mais ou menos que, entre outras coisas, em relação aos partidos políticos, os noticiários daTpa não são feitos com base no que é recolhido pelos jornalistas, mas sim em função do que decidem os editores a partir de «orientações superiores», dirigidas em regra para favorecer o partido «maioritário». Numa palavra: há censura. E isto, para começar, valeu-lhe o inquérito. Não se sabe também o que terá motivado o «Bartolas» a lavar a «roupa suja» da empresa fora de portas, mas que é preciso tê-los no lugar para o que fez, lá isto é. Agora, é só aguentar o resto.

A questao e' tambem analisada no Angolense.

[Aqui]

Finalmente, Sousa Jamba fala (muito mal) do “melhor escritor vivo na lingua inglesa”:

'Naipaul é um sacana'

Como escritor VS Naipaul é uma unanimidade. É inigualável. Já como homem, porém, é visto como um ser desprezível. O escritor, que ganhou o Prémio Nobel de Literatura, já foi descrito como um racista (contra os negros), snobe, cruel e um egoísta da primeira classe. O homem é também tido como um grande mulherengo que, além de ter tido uma amante latino-americana (enquanto a sua esposa inglesa sustentava a casa), nunca parou de visitar prostitutas de todo o género. Os ingleses gostam de biografias – sobretudo de escritores. Em muitos casos, as pessoas preferem ler as biografias dos escritores do que as suas próprias obras. Como alguém já notou, há vezes em que uma abordagem da vida de um escritor é o melhor retrato dos tempos. Neste momento, o mundo das letras anglófono anda obcecado com o primeiro volume da biografia de Naipaul escrita pelo escritor Phillip French, que se tornou famoso por ter recusado uma condecoração da Rainha. Curiosamente, figuro numa das páginas dessa biografia: certa vez Naipaul pôs-me a correr da sua casa quando, a meio de uma entrevista, eu fiz perguntas que o irritaram.
(…)
Entre os anos 50 e 60, VS Naipaul escreveu romances que retratavam a vida nas Caraíbas, para onde os seus avôs indianos tinham sido enviados como trabalhadores contratados. Depois virou as suas atenções para o continente africano sobre o qual escreveu vários livros de viagem assim como romances – todos descrevendo as ilusões, fraquezas e os caos da África pós-colonial. Para Naipaul, que nos anos 60 foi conferente na Universidade de Makerere, no Uganda, o continente africano não tinha nenhum futuro. Esta afirmação enfureceu vários escritores africanos da sua geração. Escritores como o nigeriano Chinua Achebe e o queniano Ngugi Wa Thiogo, embora fossem críticos assumidos das elites políticas que predominavam em vários países africanos nos anos após a independência, tinham fé no futuro do continente africano e, por isso, viam Naipaul como um verdadeiro reaccionário.
(…)
Para Naipaul, os negros têm pouco valor. Derek Walcott, poeta e dramaturgo nascido na Ilha de Santa Lúcia, nas Caraíbas, vencedor do Prémio Nobel de Literatura em 1992, diz que uma das falhas principais de Naipaul é o seu ódio contra os negros. Além de abominar os negros, Naipaul também não «passava carta» à Índia e aos indianos. Para o grande escritor o que conta é a Inglaterra – isto é, a aristocracia inglesa. Segundo a biografia que está a fazer ondas, um dos grandes sonhos de Naipaul não era só casar com uma mulher branca – mas alguém oriundo da grande aristocracia. Só que a mulher que «preenchia as medidas» e que ele tentou conquistar não lhe deu bola. Essa foi uma das maiores dores de cotovelo na vida Naipaul. Depois que se tornou milionário instalou-se numa grande casa de campo no sul da Inglaterra, onde se fez rodear de mordomias compatíveis com um verdadeiro lorde. O problema é que os ingleses não gostam muito de estrangeiros extravagantes ou que fazem tudo – incluindo vender a alma - para tornar-se num deles. Os ingleses, mesmo a classe alta, aceitam sempre estrangeiros. Porém, para serem respeitados os estrangeiros devem ter amor-próprio.

[Aqui]

Sunday 11 May 2008

SUNDAY COVER & POETRY (XI)

… Well, not yet. Hillary is still widely predicted to win the next two scheduled primaries. But... that’s about it.

[And, evoking Mothers’ Day, here’s how he answered when asked, in specific reference to this cover, during this interview, how he thinks his mother, if alive, would react to where he got now: “she would just say ‘don’t let it go to your head, just keep on working hard”…]

Now, apart from the obvious reason of this cover, what made me retake this series after a while was the interesting fact that, for the first time in this race, I actually heard someone in the mainstream media (or on any other media for that matter) referring to it as “The Mother of All Battles”! And, not only that, it was within a poem… by ‘BBC World News America’ anchor Matt Frei, on the BBC2 ‘This Week’ show of 24/04/08. Unfortunately, so far I couldn’t get the video of that show (it doesn’t seem to be available online any longer) or a transcript of the poem, but I had to mention it…

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… Well, not yet. Hillary is still widely predicted to win the next two scheduled primaries. But... that’s about it.

[And, evoking Mothers’ Day, here’s how he answered when asked, in specific reference to this cover, during this interview, how he thinks his mother, if alive, would react to where he got now: “she would just say ‘don’t let it go to your head, just keep on working hard”…]

Now, apart from the obvious reason of this cover, what made me retake this series after a while was the interesting fact that, for the first time in this race, I actually heard someone in the mainstream media (or on any other media for that matter) referring to it as “The Mother of All Battles”! And, not only that, it was within a poem… by ‘BBC World News America’ anchor Matt Frei, on the BBC2 ‘This Week’ show of 24/04/08. Unfortunately, so far I couldn’t get the video of that show (it doesn’t seem to be available online any longer) or a transcript of the poem, but I had to mention it…

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TONI MORRISON: ON LIFE, WRITING & OBAMA

Here’s where I stand with Toni Morrison: she has my utmost respect and admiration as the first, and so far only, black woman to win the Nobel Prize for Literature. However, I must confess that I have some difficulty in naming her as my ‘preferred writer’, for the simple (difficult) reason that her books, generally, don’t make easy reading for me. Her fictional writing is so complex that in the end I’m never quite sure that I really understood what she meant to convey to the reader. Of course I can always rely solely on my own presumed understanding of it, on my own take – and isn’t this all we can claim to get at the end of any reading, anyway? But I wish I could make more sense of it all.

I mean, I enjoyed reading Song of Solomon, Sula, Beloved and The Bluest Eye, but always came out of the last page of any of them with that sense of ‘unfulfilled promise’, of ‘unscathed bewilderment’... Then, a strange phenomenon, which only happened to me once before (that was with Memoires d’Hadrien by Marguerite Yourcenar
– another writer with a special place in literary history, as the first woman to be elected to the French Academy), happened with Paradise: for the last 10 years I’ve been trying really hard to read this book, without ever managing to get too far into it; I close and set it aside for a while, then restart it again only to get stuck somewhere all over again… Needless to say, to this day I’m still ‘bewitched, bothered and bewildered’ by both Memoires d’Hadrien and Paradise

But what really made me bring Toni Morrison here today was a recent interview she gave to Time readers, from which I’ve extracted the following passages:

(…)
Different books arrive in different ways and require different strategies. Most of the books that I have written have been questions that I can't answer. In order to actually put down the first word—I don't really have a plan—I sometimes have a character, but I can't do anything with it until the language arrives.
(…)
I thought about voting for Hillary at the beginning. I don’t care that she is a woman. I need more than that. Neither his race, his gender, her race or her gender was enough. I needed something else, and the something else was his (Obama’s) wisdom.
(…)
I have two (dreams yet to fulfill). Well, three, really. Two involve novels that I'm going to write and haven't written. The third is immortality. [Laughs.] I don't mean my work. I mean me.

[Read More Here]
Here’s where I stand with Toni Morrison: she has my utmost respect and admiration as the first, and so far only, black woman to win the Nobel Prize for Literature. However, I must confess that I have some difficulty in naming her as my ‘preferred writer’, for the simple (difficult) reason that her books, generally, don’t make easy reading for me. Her fictional writing is so complex that in the end I’m never quite sure that I really understood what she meant to convey to the reader. Of course I can always rely solely on my own presumed understanding of it, on my own take – and isn’t this all we can claim to get at the end of any reading, anyway? But I wish I could make more sense of it all.

I mean, I enjoyed reading Song of Solomon, Sula, Beloved and The Bluest Eye, but always came out of the last page of any of them with that sense of ‘unfulfilled promise’, of ‘unscathed bewilderment’... Then, a strange phenomenon, which only happened to me once before (that was with Memoires d’Hadrien by Marguerite Yourcenar
– another writer with a special place in literary history, as the first woman to be elected to the French Academy), happened with Paradise: for the last 10 years I’ve been trying really hard to read this book, without ever managing to get too far into it; I close and set it aside for a while, then restart it again only to get stuck somewhere all over again… Needless to say, to this day I’m still ‘bewitched, bothered and bewildered’ by both Memoires d’Hadrien and Paradise

But what really made me bring Toni Morrison here today was a recent interview she gave to Time readers, from which I’ve extracted the following passages:

(…)
Different books arrive in different ways and require different strategies. Most of the books that I have written have been questions that I can't answer. In order to actually put down the first word—I don't really have a plan—I sometimes have a character, but I can't do anything with it until the language arrives.
(…)
I thought about voting for Hillary at the beginning. I don’t care that she is a woman. I need more than that. Neither his race, his gender, her race or her gender was enough. I needed something else, and the something else was his (Obama’s) wisdom.
(…)
I have two (dreams yet to fulfill). Well, three, really. Two involve novels that I'm going to write and haven't written. The third is immortality. [Laughs.] I don't mean my work. I mean me.

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Wednesday 7 May 2008

OBAMA VS. CLINTON: THE MOTHER OF ALL BATTLES! (12)

'THE BOUNCE'
From: "Barack Obama"
To: "Ana Santana"

Ana --

We just won a decisive victory in North Carolina thanks to people like you.

Indiana remains too close to call. But what is clear is that we did much better than all the pundits predicted, despite Republicans changing parties to support Senator Clinton, believing she would be easier for Senator McCain to defeat.

Here's where we stand.

As of Tuesday morning, we needed just 273 delegates to clinch the nomination. When the votes are fully counted Wednesday morning, we will have gained more than a third of them in a single day.

We have a clear path to victory. But now is the time for each one of us to step up and do what we can to close out this primary.

Thank you for everything you're doing,

Barack
'THE BOUNCE'
From: "Barack Obama"
To: "Ana Santana"

Ana --

We just won a decisive victory in North Carolina thanks to people like you.

Indiana remains too close to call. But what is clear is that we did much better than all the pundits predicted, despite Republicans changing parties to support Senator Clinton, believing she would be easier for Senator McCain to defeat.

Here's where we stand.

As of Tuesday morning, we needed just 273 delegates to clinch the nomination. When the votes are fully counted Wednesday morning, we will have gained more than a third of them in a single day.

We have a clear path to victory. But now is the time for each one of us to step up and do what we can to close out this primary.

Thank you for everything you're doing,

Barack

Tuesday 6 May 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (9)

Em entrevista ao Novo Jornal, Pepetela fala do seu novo livro, de Luanda, de Angola e do (quase fim do) Mundo:

"(…) Diria que alguns escritores africanos mais sortudos têm sido divulgados (em Portugal). Mas são ainda muito poucos se pensarmos no muito que se produz. Quanto a ressentimentos pós-coloniais, eles continuam a existir dos dois lados.
(…)
Contrariamente a muitos, não penso que o escritor, como tal, seja obrigado a ter um papel relevante na sociedade. Cada um sabe de si, mas é claro que em países onde tudo está por fazer, os escritores, se por acaso tiverem meios de serem ouvidos, podem participar, sobretudo fazendo perguntas, apresentando problemas e questões. As respostas já não serão para eles, mas para os administradores, políticos, etc. Em suma: "Dar a César o que é de César..."
(…)
Cada vez há mais Luandas, com inovações recentes, como a "Luanda dos condomínios de classe média". A Luanda dos musseques, por outro lado, tem cada vez mais dificuldades em sobreviver. Aliás, a parte central de Luanda está a mussequizar-se com as torres novas que se constroem, porque musseque deve ser compreendido na sua acepção social, de exclusão. E esta é uma cidade de exclusões como talvez não haja outra.

(…)
As pessoas continuam a vir cá para fazer negócios e já não só os que se relacionam com o petróleo. Aliás, não é o petróleo que atrai mais pessoas a Angola. São os negócios sujos com os diamantes, as lavagens de dinheiro, as empresas fantasmas, etc. Vêm aqui vender tudo, raramente comprar. Os aviões estão sempre cheios e basta olhar para os olhos de quem vem: brilham a sonhar com a árvore das patacas. É a nossa triste sina que fazer?Angola tem apresentado números importantes a nível da macroeconomia e há esse corre-corre. Mas o que é que ganhou o povo até agora com isso? Cava-se o fosso entre os muito ricos e os muito pobres. Se não começar a ser melhor repartido isso que se diz ser o 'fabuloso' crescimento de Angola, preparemo-nos para ver o circo pegar fogo."

[Aqui]

Pensavam que a "Maka de 1 Jose' contra 3 Antonios mais os Mukuaxis" ja' acabou? Pois desenganem-se: Joao Pinto diz, no JA, que
'Comparar Neto com Senghor e' perfeita ignorancia':

“Senghor era um poeta profissional, pretendendo uma luta intelectual, literária sem o uso de armas, procurando manifestar a eterna doçura que o colonizado devia apresentar como assimilado dócil, cristão ou servil, buscando um parentesco remoto e humilhante com uma pretensa paternidade biológica ou cultural, segundo Senghor (1975) aquando da apresentação da sua dissertação "Lusitanidade e Negritude" na Academia de Ciências de Lisboa, no dia 20 de Maio de 1975;
(...)
Neto escreveu num período curto (1947/60), foi um poeta sofrido, angustiado, sem tréguas, sofreu a luta ideológica interna com as convicções políticas socialistas inerentes às suas alianças conjunturais, lutou para unificar a nação, teve resistência e dissidência dentro do seu Governo, depois de proclamar a Independência, aliou-se aos russos e cubanos para combater o racismo, tribalismo e o regionalismo, Apartheid tendo sido por isso, um poeta que nunca teve sossego, escreveu atendendo as suas circunstâncias, pois, os homens são seres influenciados pelo tempo, espaço e espirito, escreveu atendendo os seus valores, as suas aspirações. A "negritude sengoriana é uma máquina de guerra onde o destinatário é o servilismo definitivo intelectual do negro" segundo Mongo Beti & Odile Tobner, ob. Cit. Respondemos à título pessoal.”

[Aqui]

Na sua Kuluna semanal, Wilson Dada, da-nos conta:

i. de como a (des)informacao e' feita na TPA

"Na TPA são os editores de serviço (e não os factos) quem, afinal de contas, faz a informação acontecer, de acordo com as suas preferências, orientações e outros critérios que, definitivamente, não constam de nenhum manual da especialidade nem são discutidos em nenhum seminário sobre desempenho profissional. A isto, com todas as letras, chama-se CENSURA!"

ii) de como o inusitado assalto a '50-cent' em pleno palco se inscreve no quadro de alta criminalidade que se vive em Luanda

"No meio do debate político que a criminalidade, inevitavelmente, alimenta, destaca-se a policia como sendo a única instituição que nesta altura está efectivamente a fazer alguma coisa de concreto para evitar o pior, com todas as falhas que se lhe possam apontar e que são mais do que muitas."

iii) da quarta edicao do almoco evocativo do 27 de Maio de 1977

"Está já em marcha este projecto de confraternização entre os sobreviventes, familiares e amigos e de homenagem à memória de todos quantos foram forçados a partir antes do tempo, se mantenha de pé. O almoço vai acontecer na segunda-feira dia 26 de Maio algures na baixa luandense. O apelo de sempre dirigido a todos quantos entendem que este encontro faz sentido, mas que por razões diversas, incluindo as politico-partidárias, não poderão estar presentes."

[Aqui]

Finalmente, em varios orgaos de imprensa podem-se encontrar ecos do Festival Internacional de Teatro e Artes a decorrer de 8 a 30 deste mes, em Luanda, para assinalar o vigesimo aniversario do grupo Elinga-Teatro:

"O grupo Elinga Teatro (do umbundo elinga significa acção, iniciativa, exercício) foi criado a 21 de Maio de 1988, sob a direccao de José Mena Abrantes. A sua existência inscreve-se, no entanto, numa linha de continuidade iniciada em 1975/76, com o grupo Tcinganje e continuidade em 1977/80 com o grupo Xilenga Teatro e em 1984/87, com o grupo de Teatro da Faculdade de Medicina de Luanda."

[JA; ANGOP; Angolense]
Em entrevista ao Novo Jornal, Pepetela fala do seu novo livro, de Luanda, de Angola e do (quase fim do) Mundo:

"(…) Diria que alguns escritores africanos mais sortudos têm sido divulgados (em Portugal). Mas são ainda muito poucos se pensarmos no muito que se produz. Quanto a ressentimentos pós-coloniais, eles continuam a existir dos dois lados.
(…)
Contrariamente a muitos, não penso que o escritor, como tal, seja obrigado a ter um papel relevante na sociedade. Cada um sabe de si, mas é claro que em países onde tudo está por fazer, os escritores, se por acaso tiverem meios de serem ouvidos, podem participar, sobretudo fazendo perguntas, apresentando problemas e questões. As respostas já não serão para eles, mas para os administradores, políticos, etc. Em suma: "Dar a César o que é de César..."
(…)
Cada vez há mais Luandas, com inovações recentes, como a "Luanda dos condomínios de classe média". A Luanda dos musseques, por outro lado, tem cada vez mais dificuldades em sobreviver. Aliás, a parte central de Luanda está a mussequizar-se com as torres novas que se constroem, porque musseque deve ser compreendido na sua acepção social, de exclusão. E esta é uma cidade de exclusões como talvez não haja outra.

(…)
As pessoas continuam a vir cá para fazer negócios e já não só os que se relacionam com o petróleo. Aliás, não é o petróleo que atrai mais pessoas a Angola. São os negócios sujos com os diamantes, as lavagens de dinheiro, as empresas fantasmas, etc. Vêm aqui vender tudo, raramente comprar. Os aviões estão sempre cheios e basta olhar para os olhos de quem vem: brilham a sonhar com a árvore das patacas. É a nossa triste sina que fazer?Angola tem apresentado números importantes a nível da macroeconomia e há esse corre-corre. Mas o que é que ganhou o povo até agora com isso? Cava-se o fosso entre os muito ricos e os muito pobres. Se não começar a ser melhor repartido isso que se diz ser o 'fabuloso' crescimento de Angola, preparemo-nos para ver o circo pegar fogo."

[Aqui]

Pensavam que a "Maka de 1 Jose' contra 3 Antonios mais os Mukuaxis" ja' acabou? Pois desenganem-se: Joao Pinto diz, no JA, que
'Comparar Neto com Senghor e' perfeita ignorancia':

“Senghor era um poeta profissional, pretendendo uma luta intelectual, literária sem o uso de armas, procurando manifestar a eterna doçura que o colonizado devia apresentar como assimilado dócil, cristão ou servil, buscando um parentesco remoto e humilhante com uma pretensa paternidade biológica ou cultural, segundo Senghor (1975) aquando da apresentação da sua dissertação "Lusitanidade e Negritude" na Academia de Ciências de Lisboa, no dia 20 de Maio de 1975;
(...)
Neto escreveu num período curto (1947/60), foi um poeta sofrido, angustiado, sem tréguas, sofreu a luta ideológica interna com as convicções políticas socialistas inerentes às suas alianças conjunturais, lutou para unificar a nação, teve resistência e dissidência dentro do seu Governo, depois de proclamar a Independência, aliou-se aos russos e cubanos para combater o racismo, tribalismo e o regionalismo, Apartheid tendo sido por isso, um poeta que nunca teve sossego, escreveu atendendo as suas circunstâncias, pois, os homens são seres influenciados pelo tempo, espaço e espirito, escreveu atendendo os seus valores, as suas aspirações. A "negritude sengoriana é uma máquina de guerra onde o destinatário é o servilismo definitivo intelectual do negro" segundo Mongo Beti & Odile Tobner, ob. Cit. Respondemos à título pessoal.”

[Aqui]

Na sua Kuluna semanal, Wilson Dada, da-nos conta:

i. de como a (des)informacao e' feita na TPA

"Na TPA são os editores de serviço (e não os factos) quem, afinal de contas, faz a informação acontecer, de acordo com as suas preferências, orientações e outros critérios que, definitivamente, não constam de nenhum manual da especialidade nem são discutidos em nenhum seminário sobre desempenho profissional. A isto, com todas as letras, chama-se CENSURA!"

ii) de como o inusitado assalto a '50-cent' em pleno palco se inscreve no quadro de alta criminalidade que se vive em Luanda

"No meio do debate político que a criminalidade, inevitavelmente, alimenta, destaca-se a policia como sendo a única instituição que nesta altura está efectivamente a fazer alguma coisa de concreto para evitar o pior, com todas as falhas que se lhe possam apontar e que são mais do que muitas."

iii) da quarta edicao do almoco evocativo do 27 de Maio de 1977

"Está já em marcha este projecto de confraternização entre os sobreviventes, familiares e amigos e de homenagem à memória de todos quantos foram forçados a partir antes do tempo, se mantenha de pé. O almoço vai acontecer na segunda-feira dia 26 de Maio algures na baixa luandense. O apelo de sempre dirigido a todos quantos entendem que este encontro faz sentido, mas que por razões diversas, incluindo as politico-partidárias, não poderão estar presentes."

[Aqui]

Finalmente, em varios orgaos de imprensa podem-se encontrar ecos do Festival Internacional de Teatro e Artes a decorrer de 8 a 30 deste mes, em Luanda, para assinalar o vigesimo aniversario do grupo Elinga-Teatro:

"O grupo Elinga Teatro (do umbundo elinga significa acção, iniciativa, exercício) foi criado a 21 de Maio de 1988, sob a direccao de José Mena Abrantes. A sua existência inscreve-se, no entanto, numa linha de continuidade iniciada em 1975/76, com o grupo Tcinganje e continuidade em 1977/80 com o grupo Xilenga Teatro e em 1984/87, com o grupo de Teatro da Faculdade de Medicina de Luanda."

[JA; ANGOP; Angolense]

Saturday 3 May 2008

BORIS THE WINNER

All throughout the grueling campaign for the London Mayorship, he was called things like ‘Boris the joker’, 'Boris the womaniser', ‘Boris the racist’, 'Boris the homophobic’, ‘Boris the drinker’, in short, all possible equivalents to ‘Boris the not to be taken seriously’! But, since yesterday, he is undoubtedly Boris The Winner, having ‘deposed’ Ken Livingstone.

Poor Ken, he had done so well in his first two campaigns as an independent against New Labour, but in this one fell for the 'deadly embrace' of his seemingly moribund "former party" and paid dearly for it. I would say that he is the first big casualty of the so far all but disastrous Brown Premiership – and this saddens me because I really expected much more and better from him…

Now, I don’t know at all what to expect from Boris Johnson, but I’m sure it will be fun to watch! Just hope it won’t be too painful…
All throughout the grueling campaign for the London Mayorship, he was called things like ‘Boris the joker’, 'Boris the womaniser', ‘Boris the racist’, 'Boris the homophobic’, ‘Boris the drinker’, in short, all possible equivalents to ‘Boris the not to be taken seriously’! But, since yesterday, he is undoubtedly Boris The Winner, having ‘deposed’ Ken Livingstone.

Poor Ken, he had done so well in his first two campaigns as an independent against New Labour, but in this one fell for the 'deadly embrace' of his seemingly moribund "former party" and paid dearly for it. I would say that he is the first big casualty of the so far all but disastrous Brown Premiership – and this saddens me because I really expected much more and better from him…

Now, I don’t know at all what to expect from Boris Johnson, but I’m sure it will be fun to watch! Just hope it won’t be too painful…

Friday 2 May 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (8)

Chegou-me hoje, pelo correio, de Luanda, o numero de Fevereiro deste ano da revista Figuras & Negocios (F&N). A figura em manchete e’ a nova governadora provincial de Luanda, sobre quem se pode ler o seguinte:

“Aconteca o que acontecer, uma coisa e’ certa, Francisca Espirito Santo e’ a primeira mulher em Angola a ser nomeada pelo Presidente da Republica para dirigir os destinos de uma Provincia. No inicio de Fevereiro, ela foi nomeada governadora interina de Luanda, em substituicao de Job Capapinha.
Ate’ entao vice-governadora de Luanda, Francisca Espirito Santo ascende tambem pela primeira vez ao patamar alto da governacao, apos ter sido ja’ vice-Ministra da Educacao. De trato afavel e comunicativa, Francisca Espirito Santo nao esconde o peso da empreitada colocada agora sobre os seus ombros, sobretudo quando se tem em conta que Luanda e’ das provincias que mais sofre pressao, cuja governacao acusa a influencia de estar aqui instalado o poder central, onde a falta de clarificacao das regras de jogo permite atropelos de competencias. So’ assim se compreende, alias, que ate’ ao momento, em pouco mais de trinta anos de independencia, a Provincia de Luanda ja’ tenha visto passar pela cadeira do poder 15 governadores, numa media de 2 anos para cada um. Francisca Espirito Santo engorda com Luanda o seu curriculum, almofadado do ponto de vista politico com o facto de ser membro do Comite’ Central do MPLA, o Partido no poder.”

Ainda na F&N, este eco do Brasil:


Nos jornais, para nao variar, continua-se a fazer eco da "Maka de 1 Jose' contra 3 Antonios mais os Mukuaxis"...

Pires Laranjeira, em “Agostinho Neto nao e’ um poeta mediocre”, no Jornal de Angola:

José Eduardo Agualusa (n. em Angola, Huambo, em 1960) considerou, como se sabe, numa entrevista ao Semanário Angolense, que Agostinho Neto (n. em Angola, Icolo-e-Bengo, em 1922; m. em Moscovo, em 1979) é um “poeta medíocre”. Ele ainda associou dois outros poetas angolanos da Geração da Mensagem e Cultura (II )(anos 50), salvando, por exclusão de partes, o poeta Viriato da Cruz, do qual é um admirador confesso: “uma pessoa que acha que Agostinho Neto foi um poeta extraordinário é porque não conhece rigorosamente nada de poesia, (…) foi um poeta medíocre (…) o mesmo se pode dizer de António Cardoso ou António Jacinto”. Para perceber esta afirmação, é necessário ter em conta que apenas são conhecidos 12 poemas de Viriato, incomensuravelmente menos do que os de António Cardoso e António Jacinto, tendo este último escrito também uma meia dúzia tão importante, consagrada e conseguida quanto a meia dúzia daquele (em Portugal, para quem não saiba ou não se recorde, o grupo Trovante e Sérgio Godinho tiveram grande êxito, nos anos 80, cantando um poema de Viriato, “Namoro”, que a maior parte do público pensava ser um texto português). A minha opinião é que, para Agualusa, os dois Antónios são “medíocres”, não por que o sejam, mas por terem continuado no MPLA, até falecerem, sempre ao lado de Agostinho Neto, enquanto Viriato foi um adversário politicamente derrotado no interior do movimento, no início da década de 60. Agualusa, de facto, não consegue desligar a qualidade literária do percurso político das pessoas.

[Aqui]

Continuando com os literatos, mas mudando de assunto e voltando a governacao de Luanda, um artigo de Pepetela, “Horror do Vazio”, cujo local de publicacao ainda nao me foi possivel apurar: “Sei que pode parecer repetitivo, mas afligem-me as megalomanias se apossando de algumas cabeças que assumem responsabilidades em relação a Luanda. Uns tantos acham que merecemos ter uma capital no estilo Singapura ou Hong Kong, com torres de quarenta andares (no mínimo) ao longo do mar. (…) Problema que estamos com ele é que todas essas novas construções vão ter sérias infiltrações de água salgada, pois ali antes era mar. E o mar gosta de recuperar o que lhe roubaram, ainda mais agora com a previsão da subida dos oceanos, como em todas as conferências se apregoa. Vai ser lindo, com as fundações das torres a serem corroídas pelo salitre e os prédios a desabarem. Felizmente para eles, já não estarão cá os responsáveis nem os seus filhos. E os netos dos outros que se lixem.”

[Aqui]

Finalmente, no SA, tres artigos dignos de nota:


Ismael Mateus escreve em defesa de David Borges, a proposito de uma materia aqui discutida:

Escrevo ao Semanário Angolense com o fim de partilhar com os leitores deste jornal o conhecimento pessoal que tenho de David Borges. Nas últimas duas edições, sobretudo na de há quinze dias, foram feitas considerações sobre a pessoa e sobre as motivações do jornalista angolano David Borges que não me deixaram descansado com a minha consciência. Por gratidão pessoal ao homem e ao profissional mas também por dever para com a verdade, sinto-me na obrigação de dizer publicamente que não concordo, não são justas as insinuações sobre uma colagem de David Borges a um conjunto de luso-descendentes que agora descobriram o nosso país e oferecem a sua pena para serem «mais papistas que o Papa». Se o autor tivesse tido a possibilidade de trabalhar, durante mais de cinco anos, com o David Borges (como eu tive), se tivesse tido contacto com a sua seriedade e o rigor profissional e honestidade, jamais teria incluído este filho do Cunene no rol destes mercenários dos negócios que agora se abatem sobre várias áreas da nossa sociedade, entre as quais a comunicação social. Quero assegurar-te, amigo Graça Campos e aos leitores deste semanário, que o DB não é destes.

[Aqui]

Um relato de (quase) tudo quanto pode acontecer quando musica e literatura se confundem com politica no Parlamento: “O debate no Parlamento já tinha atingido o rubro. Ao agendado debate sobre o desarmamento dos civis, o Mpla acrescentou um ponto relativo ao respeito pelos símbolos nacionais, inspirado numa música de autor desconhecido e atentatória à pessoa do Presidente José Eduardo dos Santos. Deputados da oposição disseram que não se opunham à discussão do tema se antes pudessem ouvir a dita música. «Temos que ouvir a música para analisar a sua gravidade», disse Lindo Bernardo Tito, do Prs. Um corte de luz pôs fim à discussão quando começava a tornar-se um embaraço para a bancada do Mpla. (…) Ultrapassada então o que para alguns deputados do próprio Mpla tinha sido um completo despropósito, veio a questão que deixou uma parte da bancada da «grande família», particularmente a sua liderança, politicamente irada. Benjamin da Silva, deputado da Fnla, propôs a observação de um minuto de silêncio em honra de Aime Cesaire, poeta e político de Martinica, criador do conceito de negritude e inspirador de muitas gerações de políticos africanos. Aime Cesaire faleceu há uma semana, na sua terra natal, aos 94 anos. Tudo parecia bem até que o proponente associou Aime Cesaire a várias personalidades africanas, entre as quais Holden Roberto. Bornito de Sousa, chefe da bancada do Mpla, não gostou da colagem. Disse que o Mpla anuía à proposta, porém os seus deputados manter-se-iam sentados pois que a associação entre Holden Roberto e Aime Cesaire, feita por Benjamin da Silva, era uma provocação que visava dividendos políticos e com a qual não podiam pactuar.”

[Aqui]

E... '50-cent' assaltado em pleno palco!

O «rapper» norte-americano «50-Cent», que se encontrava em Luanda para participar no Festival Internacional da Paz, promovido pela Casablanca, do empresário Henrique Miguel «Riquinho», terá «morrido» do próprio veneno, como sói dizer-se, ao ser vítima de um espectacular assalto em pleno palco, quarta-feira, no pavilhão da cidadela desportiva, durante a actuação que estava fazendo, no quadro do 1.º dia do evento, noticiou a Angop. O assalto aconteceu quando um indivíduo não identificado surgiu da assistência como num passe de mágica, iludindo o sistema de segurança montado pelo organização do espectáculo, conseguiu subir ao palco, acercar-se do «rapper» e, com um esticão, roubar-lhe o valioso colar, que se diz ser de platina e continha vários diamantes incrustados, que portava, avaliado em dois milhões de dólares, muito menos do que valia certamente o seu «cachet». O músico americano, que nas suas músicas tem feito a apologia de comportamentos pouco dignos, sendo por isso vítima do que promove de algum modo, ainda saiu em perseguição do ladrão, mas sem sucesso, por este se ter camuflado entre a numerosa assistência que acorrera ao espectáculo.

[Aqui]

Chegou-me hoje, pelo correio, de Luanda, o numero de Fevereiro deste ano da revista Figuras & Negocios (F&N). A figura em manchete e’ a nova governadora provincial de Luanda, sobre quem se pode ler o seguinte:

“Aconteca o que acontecer, uma coisa e’ certa, Francisca Espirito Santo e’ a primeira mulher em Angola a ser nomeada pelo Presidente da Republica para dirigir os destinos de uma Provincia. No inicio de Fevereiro, ela foi nomeada governadora interina de Luanda, em substituicao de Job Capapinha.
Ate’ entao vice-governadora de Luanda, Francisca Espirito Santo ascende tambem pela primeira vez ao patamar alto da governacao, apos ter sido ja’ vice-Ministra da Educacao. De trato afavel e comunicativa, Francisca Espirito Santo nao esconde o peso da empreitada colocada agora sobre os seus ombros, sobretudo quando se tem em conta que Luanda e’ das provincias que mais sofre pressao, cuja governacao acusa a influencia de estar aqui instalado o poder central, onde a falta de clarificacao das regras de jogo permite atropelos de competencias. So’ assim se compreende, alias, que ate’ ao momento, em pouco mais de trinta anos de independencia, a Provincia de Luanda ja’ tenha visto passar pela cadeira do poder 15 governadores, numa media de 2 anos para cada um. Francisca Espirito Santo engorda com Luanda o seu curriculum, almofadado do ponto de vista politico com o facto de ser membro do Comite’ Central do MPLA, o Partido no poder.”

Ainda na F&N, este eco do Brasil:


Nos jornais, para nao variar, continua-se a fazer eco da "Maka de 1 Jose' contra 3 Antonios mais os Mukuaxis"...

Pires Laranjeira, em “Agostinho Neto nao e’ um poeta mediocre”, no Jornal de Angola:

José Eduardo Agualusa (n. em Angola, Huambo, em 1960) considerou, como se sabe, numa entrevista ao Semanário Angolense, que Agostinho Neto (n. em Angola, Icolo-e-Bengo, em 1922; m. em Moscovo, em 1979) é um “poeta medíocre”. Ele ainda associou dois outros poetas angolanos da Geração da Mensagem e Cultura (II )(anos 50), salvando, por exclusão de partes, o poeta Viriato da Cruz, do qual é um admirador confesso: “uma pessoa que acha que Agostinho Neto foi um poeta extraordinário é porque não conhece rigorosamente nada de poesia, (…) foi um poeta medíocre (…) o mesmo se pode dizer de António Cardoso ou António Jacinto”. Para perceber esta afirmação, é necessário ter em conta que apenas são conhecidos 12 poemas de Viriato, incomensuravelmente menos do que os de António Cardoso e António Jacinto, tendo este último escrito também uma meia dúzia tão importante, consagrada e conseguida quanto a meia dúzia daquele (em Portugal, para quem não saiba ou não se recorde, o grupo Trovante e Sérgio Godinho tiveram grande êxito, nos anos 80, cantando um poema de Viriato, “Namoro”, que a maior parte do público pensava ser um texto português). A minha opinião é que, para Agualusa, os dois Antónios são “medíocres”, não por que o sejam, mas por terem continuado no MPLA, até falecerem, sempre ao lado de Agostinho Neto, enquanto Viriato foi um adversário politicamente derrotado no interior do movimento, no início da década de 60. Agualusa, de facto, não consegue desligar a qualidade literária do percurso político das pessoas.

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Continuando com os literatos, mas mudando de assunto e voltando a governacao de Luanda, um artigo de Pepetela, “Horror do Vazio”, cujo local de publicacao ainda nao me foi possivel apurar: “Sei que pode parecer repetitivo, mas afligem-me as megalomanias se apossando de algumas cabeças que assumem responsabilidades em relação a Luanda. Uns tantos acham que merecemos ter uma capital no estilo Singapura ou Hong Kong, com torres de quarenta andares (no mínimo) ao longo do mar. (…) Problema que estamos com ele é que todas essas novas construções vão ter sérias infiltrações de água salgada, pois ali antes era mar. E o mar gosta de recuperar o que lhe roubaram, ainda mais agora com a previsão da subida dos oceanos, como em todas as conferências se apregoa. Vai ser lindo, com as fundações das torres a serem corroídas pelo salitre e os prédios a desabarem. Felizmente para eles, já não estarão cá os responsáveis nem os seus filhos. E os netos dos outros que se lixem.”

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Finalmente, no SA, tres artigos dignos de nota:


Ismael Mateus escreve em defesa de David Borges, a proposito de uma materia aqui discutida:

Escrevo ao Semanário Angolense com o fim de partilhar com os leitores deste jornal o conhecimento pessoal que tenho de David Borges. Nas últimas duas edições, sobretudo na de há quinze dias, foram feitas considerações sobre a pessoa e sobre as motivações do jornalista angolano David Borges que não me deixaram descansado com a minha consciência. Por gratidão pessoal ao homem e ao profissional mas também por dever para com a verdade, sinto-me na obrigação de dizer publicamente que não concordo, não são justas as insinuações sobre uma colagem de David Borges a um conjunto de luso-descendentes que agora descobriram o nosso país e oferecem a sua pena para serem «mais papistas que o Papa». Se o autor tivesse tido a possibilidade de trabalhar, durante mais de cinco anos, com o David Borges (como eu tive), se tivesse tido contacto com a sua seriedade e o rigor profissional e honestidade, jamais teria incluído este filho do Cunene no rol destes mercenários dos negócios que agora se abatem sobre várias áreas da nossa sociedade, entre as quais a comunicação social. Quero assegurar-te, amigo Graça Campos e aos leitores deste semanário, que o DB não é destes.

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Um relato de (quase) tudo quanto pode acontecer quando musica e literatura se confundem com politica no Parlamento: “O debate no Parlamento já tinha atingido o rubro. Ao agendado debate sobre o desarmamento dos civis, o Mpla acrescentou um ponto relativo ao respeito pelos símbolos nacionais, inspirado numa música de autor desconhecido e atentatória à pessoa do Presidente José Eduardo dos Santos. Deputados da oposição disseram que não se opunham à discussão do tema se antes pudessem ouvir a dita música. «Temos que ouvir a música para analisar a sua gravidade», disse Lindo Bernardo Tito, do Prs. Um corte de luz pôs fim à discussão quando começava a tornar-se um embaraço para a bancada do Mpla. (…) Ultrapassada então o que para alguns deputados do próprio Mpla tinha sido um completo despropósito, veio a questão que deixou uma parte da bancada da «grande família», particularmente a sua liderança, politicamente irada. Benjamin da Silva, deputado da Fnla, propôs a observação de um minuto de silêncio em honra de Aime Cesaire, poeta e político de Martinica, criador do conceito de negritude e inspirador de muitas gerações de políticos africanos. Aime Cesaire faleceu há uma semana, na sua terra natal, aos 94 anos. Tudo parecia bem até que o proponente associou Aime Cesaire a várias personalidades africanas, entre as quais Holden Roberto. Bornito de Sousa, chefe da bancada do Mpla, não gostou da colagem. Disse que o Mpla anuía à proposta, porém os seus deputados manter-se-iam sentados pois que a associação entre Holden Roberto e Aime Cesaire, feita por Benjamin da Silva, era uma provocação que visava dividendos políticos e com a qual não podiam pactuar.”

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E... '50-cent' assaltado em pleno palco!

O «rapper» norte-americano «50-Cent», que se encontrava em Luanda para participar no Festival Internacional da Paz, promovido pela Casablanca, do empresário Henrique Miguel «Riquinho», terá «morrido» do próprio veneno, como sói dizer-se, ao ser vítima de um espectacular assalto em pleno palco, quarta-feira, no pavilhão da cidadela desportiva, durante a actuação que estava fazendo, no quadro do 1.º dia do evento, noticiou a Angop. O assalto aconteceu quando um indivíduo não identificado surgiu da assistência como num passe de mágica, iludindo o sistema de segurança montado pelo organização do espectáculo, conseguiu subir ao palco, acercar-se do «rapper» e, com um esticão, roubar-lhe o valioso colar, que se diz ser de platina e continha vários diamantes incrustados, que portava, avaliado em dois milhões de dólares, muito menos do que valia certamente o seu «cachet». O músico americano, que nas suas músicas tem feito a apologia de comportamentos pouco dignos, sendo por isso vítima do que promove de algum modo, ainda saiu em perseguição do ladrão, mas sem sucesso, por este se ter camuflado entre a numerosa assistência que acorrera ao espectáculo.

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