Saturday 10 September 2011

PERSONAGENS (IV) - R*




(...)
Nós mesmos
Os contratados
A queimar vida nos cafezais
Os homens negros ignorantes
Que devem respeitar o branco
E temer o rico

Somos os teus filhos
Dos bairros de pretos
Com fome e com sede
Com vergonha de te chamarmos mãe
(...)



Extracto de “Adeus à Hora da Largada”
Agostinho Neto


O EXECRAVEL PUTO PE'-DESCALÇO

Execravel... um puto? Ideia insuportavel!
Mas sim, era um puto. E sim, era execravel.
Nao um desses surpreendentemente imaginativos, empaticos e geralmente de bom fundo, “meninos de rua”, filhos da inclusiva exclusao pos-dipanda.
Tinha sido um puto pre'-dipanda.
[Pe'-descalço. Recalcado. Complexado.]

Alimentado a acre de kikwanga e aspereza de mfumbwa.
Sem a suavidade do funge e a amenidade da kizaka.
Sem a doçura do mikate e a convivialidade do safu.
Crescera boçal e pobre de espirito.
Sem inocencia. Sem meninice.
Sem a magia encantatoria das estorias de adormecer Bantu.
So' pesadelos: de mulheres negras violadas e monas mundele esquartejados a catanada em roças de cafe'.
Que especie de mulheres e monas podiam ser aqueles, senao insuportaveis?! Sussuravam-lhe os seus kazumbis – os unicos que lhe visitavam os sonhos.
[Pesadelos.]

Sim, cresceu dizendo-se 'so' podiam ser umas insuportaveis putas; seus monas nao mereciam outro destino senao a rejeiçao, o apagamento'.

Definitivamente, nao havia outro remedio senao acabar de vez com "aquela mulataria", como dizia um seu companheiro de infancia traumatizada - esse outro, conterraneo de contratados do sul nas roças de cafe' do norte do pais, que mais tarde, porem quando ainda lhe faltava "a coragem de ser angolano", haveria de tentar exorcisar os seus kazumbis, kalundus, traumas e complexos junto de uma inglesa que lhe lia Shakespeare para adormecer sem musica de fundo, acabando, depois de ela lhe ter passado um falso diploma de "cura" (que, aparentemente, tambem o creditava como economista especialista em crises financeiras internacionais e perito em transparencia nas industrias extractivas, entre outras curiosidades e enfermidades afins, tais como "life-long entitlement to ghost writers"...), por produzir, sob o olhar silencioso de Freud, uma copiosa prole negra para mostrar ao mundo (e sobretudo as negras que ao longo da sua ainda curta, mas aventurosa vida o tinham rejeitado, ou com as quais apenas delirara nos breves intervalos dos seus pesadelos - sendo que pelo menos a uma delas tera' "approached" com uma proposta bem a "capitalist nigger": "olha, os mais velhos estao a nos dizer que devemos namorar com as nossas 'manas' e gastar o nosso dinheiro com elas - assim, at the end of the day, o dinheiro fica dentro da nossa comunidade... e sabes uma coisa? Uma das minhas irmas esta' a guarda de diamantes no valor de milhoes, muitos milhoes mesmo!"... Seguindo-se que a dita "approached", sem um comentario, fechou-lhe a porta na cara, ainda que apenas 'figurativamente', e nunca mais o quis ver!) a sua "imensa masculinidade africana"...

Com tanto negro como eu por ai?! - auto-flagelava-se a cada passo dos seus execravelmente descalços pes na vertiginosa descida aos nauseabundos esgotos da sua triste memoria. Mesmo, e sobretudo, depois de ter deixado a pobre aldeia de Tomasse privada do seu idiota de estimacao, ido para a capital dar mau nome aos Bakongo, sido adoptado como filho da exclusiva inclusao pos-dipanda e calçado os devidos sapatos de ouro do poder de estado da "naçao crioula"; quando passou a transportar os seus pesadelos de execravel puto pe'-descalço, que nunca deixaria de ser, para a pagina impressa - escolhendo ritualmente para o efeito as datas de nascimento dos monas visados.
[Esgoto. Barata. Genocida.]

Impossibilitado de acender fogueiras para os queimar nos putridos esgotos que habitava, ou de os enterrar vivos no seu ja' completamente fundo tugurio, continuou, aí, a esquartejar a tinta vermelha de sangue mulheres negras, especialmente se “nao casadas”, mais seus monas (enquanto, com medo de perder o emprego, idolatrava e lambia os pes calçados de botas dos seus, novos-ex-roceiros de cafe', patroes) mundele.
[Boçal. Lacaio. Subserviente. Verme.]

Convenceu-se de que podia escrever algo como a "Memoria de Minhas Putas Tristes" de Garcia Marquez (cuja mae sabia ler, certamente contar-lhe encantatorias estorias de adormecer e ensinar-lhe a respeitar as mulheres - "putas" que fossem!...) e alcançar a eternidade dos Nobeis.

Nunca conseguiria mais do que alcançar a eternidade dos ratos e baratas de esgoto.
[Execravelmente Pe'-Descalço!]

*(First posted 27/11/09 - repostado a 25/01/10 e hoje, 10/09/11,
a proposito desta materia - que me fez lembrar da estoria dos "100 MIL CONTOS DO ABRIGADA"!!!)


Posts relacionados:


Black Masculinit(ies)y and Domestic Violence

"O Crime de Lesa-Patria!"

Sabes?

Confissao a Sant'Ana da Muxima

Certo ou Errado?

Falando de Etica Jornalistica

Media Freedom(s) Quo Vadis?

Sim Senhora Ministra?

Terra Queimada

"A Mesa Redonda"

A Proposito dos Monologos da Vagina







ADENDA

Prémio Maboque de Jornalismo é um embuste?

O Prémio Maboque de jornalismo, criado por essa empresa para agraciar profissionais da Comunicação Social que se destaquem no período de Janeiro a Setembro de cada ano, continua a revelar que o seu propósito é agradecer jornalistas dos órgãos públicos e os pró-regime, pela vassalagem e propaganda que prestaram e/ou têm prestado ao sistema governante.
O vencedor da última edição, Luís Fernando, antigo director do Jornal de Angola e actualmente d’O País, que sempre foi (é) um propagandista ao serviço do sistema político, é bem a prova do que acabámos de afirmar, pois, ao longo dos oito meses, não fez por merecer.
Não é justo que, por três reportagens, duas no exterior do país e uma em Angola, se lhe entregue o prémio de mão beijada, quando há colegas que ao longo desse tempo elaboraram mais e melhores trabalhos, particularmente de órgãos privados, o Semanário Angolense incluído, modéstia à parte. Foi uma injustiça dar o prémio a Luís Fernando, em detrimento de colegas que fizeram trabalhos com mais regularidade, ao longo destes nove meses.
Fonte digna de fé revelou-nos que, à última hora, o prémio foi retirado ao programa Debate Informativo, da Rádio Ecclesia, para ser oferecido a Luís Fernando, por uma ordem «vinda de cima». Portanto, o Prémio Maboque é um embuste, uma charada.
A nossa suspeita é ainda reforçada pelo facto de, ao longo das 19 edições, apenas dois jornalistas, do mesmo órgão privado (Semanário Angolense), conquistaram, meritoriamente, o galardão. Trata-se, nomeadamente, de Severino Carlos e Silva Candembo, que deixaram o corpo de jurados sem hipótese. Essa atribuição também visou dar a imagem de que o Prémio Maboque não está comprometido com o partido no poder.
Aliás, o seu suposto proprietário, Armindo César, foi um destacado dirigente da organização juvenil do MPLA, a JMPLA, membro dessa formação política, não devendo premiar jornalistas de órgãos que criticam o governo e o partido que o suporta.
Ao jornalista António Freitas, então director adjunto do semanário Agora, apesar de reconhecermos a sua capacidade técnica e profissional, só foi entregue o prémio por ter feito uma entrevista a Arkadi Gaidamak, parceiro do Governo na compra de armas durante a guerra, em que também esteve envolvido o francês Pierre Falcone.
A maior parte das edições foi oferecida a trabalhadores da Televisão Pública de Angola, Rádio Nacional de Angola e ao Jornal de Angola e da LAC, criada em 1992, pelo MPLA.
Se, na verdade, o Prémio Maboque de Jornalismo tivesse sido criado para premiar qualquer profissional que o merecesse, sem se olhar para a linha editorial do órgão para o qual trabalha e o facto de criticar as autoridades governamentais, o partido no poder e outros órgãos afins, jor¬nalistas como […] entre muitos outros já o teriam vencido.
Caso esses jornalistas trabalhassem nos órgãos públicos, não haja dúvida de que já teriam ganho o Prémio Maboque. Apraz perguntar, o que João Melo, Maria Luísa Fançony, Luís Fernando e outros propagandistas do regime terão feito mais e melhor do que aqueles escribas, alguns dos quais foram os pioneiros do jornalismo angolano e o revolucionaram. Inspiraram muitos dos jornalistas que surgiram posteriormente. Julgamos, por isso, que o Prémio Maboque devia destinar-se apenas aos jornalistas dos órgãos de comunicação estatais. A discriminação é deveras óbvia e gritante.
Não poderíamos terminar sem nos reportarmos à Angop, agência noticiosa pela qual passaram muitos dos jornalistas que agora exercem noutros órgãos. Uma grande escola, a Angop. Só para citar alguns, são os casos Graça Campos, Aguiar dos Santos, Silva Candembo, Salas Neto, Severino Carlos, Pascoal Mukuna, Cristóvão Neto, Francisco Alexandre, José Caetano, Siona Casimiro, Nhuca Júnior, entre centenas de outros.
Este parêntese sobre a agência serve para protestar contra a exclusão a que os seus jornalistas têm sido submetidos pelo Prémio Maboque. Não concordamos! Em próximas edições, esses profissionais deviam também ter direito a concorrer, pois eles são tão jornalistas quanto os outros.

Presidente do júri

A presidente do júri, Maria Ramos, que não tem formação jornalística, devia ter a humildade e a honestidade de recusar o convite para ocupar tal cargo, por não estar à altura de avaliar o trabalho dos jornalistas. Aliás, os próprios organizadores do prémio deviam ser mais exigentes neste aspecto. Maria Ramos desconhece o que é um lead, uma reportagem, uma crónica, um editorial e outros géneros jornalísticos.
Ela está lá como mera figura decorativa, pois o presidente do júri de qualquer concurso deve dar uma opinião abalizada sobre as matérias que concorrem, sob pena de fazer papel ridículo por não entender patavina. Aconselhamos, por isso, a Maboque a que futuramente a constitua um corpo de jurado só de jornalistas.
Apesar de que, de uma forma geral, os jornalistas têm uma sólida cultura geral, não seria produtivo, por exemplo, que integrassem um júri para um prémio de direito, economia, finanças, construção civil e outras respeitáveis profissões. Infelizmente, muita gente acha que se pode imiscuir nos domínios do jornalismo, banalizando-o.
Portanto, cada macaco no seu galho! ■
PM
[in Semanario Angolense, Luanda, edicao #434 de 17/09/11]




(...)
Nós mesmos
Os contratados
A queimar vida nos cafezais
Os homens negros ignorantes
Que devem respeitar o branco
E temer o rico

Somos os teus filhos
Dos bairros de pretos
Com fome e com sede
Com vergonha de te chamarmos mãe
(...)



Extracto de “Adeus à Hora da Largada”
Agostinho Neto


O EXECRAVEL PUTO PE'-DESCALÇO

Execravel... um puto? Ideia insuportavel!
Mas sim, era um puto. E sim, era execravel.
Nao um desses surpreendentemente imaginativos, empaticos e geralmente de bom fundo, “meninos de rua”, filhos da inclusiva exclusao pos-dipanda.
Tinha sido um puto pre'-dipanda.
[Pe'-descalço. Recalcado. Complexado.]

Alimentado a acre de kikwanga e aspereza de mfumbwa.
Sem a suavidade do funge e a amenidade da kizaka.
Sem a doçura do mikate e a convivialidade do safu.
Crescera boçal e pobre de espirito.
Sem inocencia. Sem meninice.
Sem a magia encantatoria das estorias de adormecer Bantu.
So' pesadelos: de mulheres negras violadas e monas mundele esquartejados a catanada em roças de cafe'.
Que especie de mulheres e monas podiam ser aqueles, senao insuportaveis?! Sussuravam-lhe os seus kazumbis – os unicos que lhe visitavam os sonhos.
[Pesadelos.]

Sim, cresceu dizendo-se 'so' podiam ser umas insuportaveis putas; seus monas nao mereciam outro destino senao a rejeiçao, o apagamento'.

Definitivamente, nao havia outro remedio senao acabar de vez com "aquela mulataria", como dizia um seu companheiro de infancia traumatizada - esse outro, conterraneo de contratados do sul nas roças de cafe' do norte do pais, que mais tarde, porem quando ainda lhe faltava "a coragem de ser angolano", haveria de tentar exorcisar os seus kazumbis, kalundus, traumas e complexos junto de uma inglesa que lhe lia Shakespeare para adormecer sem musica de fundo, acabando, depois de ela lhe ter passado um falso diploma de "cura" (que, aparentemente, tambem o creditava como economista especialista em crises financeiras internacionais e perito em transparencia nas industrias extractivas, entre outras curiosidades e enfermidades afins, tais como "life-long entitlement to ghost writers"...), por produzir, sob o olhar silencioso de Freud, uma copiosa prole negra para mostrar ao mundo (e sobretudo as negras que ao longo da sua ainda curta, mas aventurosa vida o tinham rejeitado, ou com as quais apenas delirara nos breves intervalos dos seus pesadelos - sendo que pelo menos a uma delas tera' "approached" com uma proposta bem a "capitalist nigger": "olha, os mais velhos estao a nos dizer que devemos namorar com as nossas 'manas' e gastar o nosso dinheiro com elas - assim, at the end of the day, o dinheiro fica dentro da nossa comunidade... e sabes uma coisa? Uma das minhas irmas esta' a guarda de diamantes no valor de milhoes, muitos milhoes mesmo!"... Seguindo-se que a dita "approached", sem um comentario, fechou-lhe a porta na cara, ainda que apenas 'figurativamente', e nunca mais o quis ver!) a sua "imensa masculinidade africana"...

Com tanto negro como eu por ai?! - auto-flagelava-se a cada passo dos seus execravelmente descalços pes na vertiginosa descida aos nauseabundos esgotos da sua triste memoria. Mesmo, e sobretudo, depois de ter deixado a pobre aldeia de Tomasse privada do seu idiota de estimacao, ido para a capital dar mau nome aos Bakongo, sido adoptado como filho da exclusiva inclusao pos-dipanda e calçado os devidos sapatos de ouro do poder de estado da "naçao crioula"; quando passou a transportar os seus pesadelos de execravel puto pe'-descalço, que nunca deixaria de ser, para a pagina impressa - escolhendo ritualmente para o efeito as datas de nascimento dos monas visados.
[Esgoto. Barata. Genocida.]

Impossibilitado de acender fogueiras para os queimar nos putridos esgotos que habitava, ou de os enterrar vivos no seu ja' completamente fundo tugurio, continuou, aí, a esquartejar a tinta vermelha de sangue mulheres negras, especialmente se “nao casadas”, mais seus monas (enquanto, com medo de perder o emprego, idolatrava e lambia os pes calçados de botas dos seus, novos-ex-roceiros de cafe', patroes) mundele.
[Boçal. Lacaio. Subserviente. Verme.]

Convenceu-se de que podia escrever algo como a "Memoria de Minhas Putas Tristes" de Garcia Marquez (cuja mae sabia ler, certamente contar-lhe encantatorias estorias de adormecer e ensinar-lhe a respeitar as mulheres - "putas" que fossem!...) e alcançar a eternidade dos Nobeis.

Nunca conseguiria mais do que alcançar a eternidade dos ratos e baratas de esgoto.
[Execravelmente Pe'-Descalço!]

*(First posted 27/11/09 - repostado a 25/01/10 e hoje, 10/09/11,
a proposito desta materia - que me fez lembrar da estoria dos "100 MIL CONTOS DO ABRIGADA"!!!)


Posts relacionados:


Black Masculinit(ies)y and Domestic Violence

"O Crime de Lesa-Patria!"

Sabes?

Confissao a Sant'Ana da Muxima

Certo ou Errado?

Falando de Etica Jornalistica

Media Freedom(s) Quo Vadis?

Sim Senhora Ministra?

Terra Queimada

"A Mesa Redonda"

A Proposito dos Monologos da Vagina







ADENDA

Prémio Maboque de Jornalismo é um embuste?

O Prémio Maboque de jornalismo, criado por essa empresa para agraciar profissionais da Comunicação Social que se destaquem no período de Janeiro a Setembro de cada ano, continua a revelar que o seu propósito é agradecer jornalistas dos órgãos públicos e os pró-regime, pela vassalagem e propaganda que prestaram e/ou têm prestado ao sistema governante.
O vencedor da última edição, Luís Fernando, antigo director do Jornal de Angola e actualmente d’O País, que sempre foi (é) um propagandista ao serviço do sistema político, é bem a prova do que acabámos de afirmar, pois, ao longo dos oito meses, não fez por merecer.
Não é justo que, por três reportagens, duas no exterior do país e uma em Angola, se lhe entregue o prémio de mão beijada, quando há colegas que ao longo desse tempo elaboraram mais e melhores trabalhos, particularmente de órgãos privados, o Semanário Angolense incluído, modéstia à parte. Foi uma injustiça dar o prémio a Luís Fernando, em detrimento de colegas que fizeram trabalhos com mais regularidade, ao longo destes nove meses.
Fonte digna de fé revelou-nos que, à última hora, o prémio foi retirado ao programa Debate Informativo, da Rádio Ecclesia, para ser oferecido a Luís Fernando, por uma ordem «vinda de cima». Portanto, o Prémio Maboque é um embuste, uma charada.
A nossa suspeita é ainda reforçada pelo facto de, ao longo das 19 edições, apenas dois jornalistas, do mesmo órgão privado (Semanário Angolense), conquistaram, meritoriamente, o galardão. Trata-se, nomeadamente, de Severino Carlos e Silva Candembo, que deixaram o corpo de jurados sem hipótese. Essa atribuição também visou dar a imagem de que o Prémio Maboque não está comprometido com o partido no poder.
Aliás, o seu suposto proprietário, Armindo César, foi um destacado dirigente da organização juvenil do MPLA, a JMPLA, membro dessa formação política, não devendo premiar jornalistas de órgãos que criticam o governo e o partido que o suporta.
Ao jornalista António Freitas, então director adjunto do semanário Agora, apesar de reconhecermos a sua capacidade técnica e profissional, só foi entregue o prémio por ter feito uma entrevista a Arkadi Gaidamak, parceiro do Governo na compra de armas durante a guerra, em que também esteve envolvido o francês Pierre Falcone.
A maior parte das edições foi oferecida a trabalhadores da Televisão Pública de Angola, Rádio Nacional de Angola e ao Jornal de Angola e da LAC, criada em 1992, pelo MPLA.
Se, na verdade, o Prémio Maboque de Jornalismo tivesse sido criado para premiar qualquer profissional que o merecesse, sem se olhar para a linha editorial do órgão para o qual trabalha e o facto de criticar as autoridades governamentais, o partido no poder e outros órgãos afins, jor¬nalistas como […] entre muitos outros já o teriam vencido.
Caso esses jornalistas trabalhassem nos órgãos públicos, não haja dúvida de que já teriam ganho o Prémio Maboque. Apraz perguntar, o que João Melo, Maria Luísa Fançony, Luís Fernando e outros propagandistas do regime terão feito mais e melhor do que aqueles escribas, alguns dos quais foram os pioneiros do jornalismo angolano e o revolucionaram. Inspiraram muitos dos jornalistas que surgiram posteriormente. Julgamos, por isso, que o Prémio Maboque devia destinar-se apenas aos jornalistas dos órgãos de comunicação estatais. A discriminação é deveras óbvia e gritante.
Não poderíamos terminar sem nos reportarmos à Angop, agência noticiosa pela qual passaram muitos dos jornalistas que agora exercem noutros órgãos. Uma grande escola, a Angop. Só para citar alguns, são os casos Graça Campos, Aguiar dos Santos, Silva Candembo, Salas Neto, Severino Carlos, Pascoal Mukuna, Cristóvão Neto, Francisco Alexandre, José Caetano, Siona Casimiro, Nhuca Júnior, entre centenas de outros.
Este parêntese sobre a agência serve para protestar contra a exclusão a que os seus jornalistas têm sido submetidos pelo Prémio Maboque. Não concordamos! Em próximas edições, esses profissionais deviam também ter direito a concorrer, pois eles são tão jornalistas quanto os outros.

Presidente do júri

A presidente do júri, Maria Ramos, que não tem formação jornalística, devia ter a humildade e a honestidade de recusar o convite para ocupar tal cargo, por não estar à altura de avaliar o trabalho dos jornalistas. Aliás, os próprios organizadores do prémio deviam ser mais exigentes neste aspecto. Maria Ramos desconhece o que é um lead, uma reportagem, uma crónica, um editorial e outros géneros jornalísticos.
Ela está lá como mera figura decorativa, pois o presidente do júri de qualquer concurso deve dar uma opinião abalizada sobre as matérias que concorrem, sob pena de fazer papel ridículo por não entender patavina. Aconselhamos, por isso, a Maboque a que futuramente a constitua um corpo de jurado só de jornalistas.
Apesar de que, de uma forma geral, os jornalistas têm uma sólida cultura geral, não seria produtivo, por exemplo, que integrassem um júri para um prémio de direito, economia, finanças, construção civil e outras respeitáveis profissões. Infelizmente, muita gente acha que se pode imiscuir nos domínios do jornalismo, banalizando-o.
Portanto, cada macaco no seu galho! ■
PM
[in Semanario Angolense, Luanda, edicao #434 de 17/09/11]

6 comments:

Koluki said...

A proposito disto, recebi um e-mail perguntando-me:

Ana,
esse texto é seu?????
BJ

Respondi:

Nao, meu caro... e' de Freud!

Koluki said...

Ja' agora, e no interesse de alguma "transparencia", acrescento que a pessoa que me dirigiu a pergunta acima transcrita foi a mesma que antes me havia enviado, "sem qualquer razao aparente", tambem por email, o link para Este Post...

Koluki said...

E, ja' agora tambem, de baratas escreveu-se algures depois da publicacao da primeira versao deste post que nao as havia mencionado...

Koluki said...

Mais me cabe acrescentar que, ao contrario dos outros personagens ate' agora retratados nesta serie, nao conheco, nunca conheci, nem nunca sequer me cruzei ou comuniquei de qualquer modo com, o personagem desta historia...
Mas, pelos vistos, ele "conhece-me muito bem"!

Koluki said...

E... com tantos ja' agora, porque nao mais um?
Este, por exemplo...

Koluki said...

E... ainda mais um, acabado de encontrar:

Director do «Ja» à beira da cadeia

O director do Jornal de Angola, Luís Fernando, corre sérios riscos de
ir parar
às celas da Dnic por sistematicamente se furtar a responder a várias
notificações daquela instituição policial. Angolense soube junto de
fonte
ligada àquele diário que Luís Fernando foi notificado por três vezes
e em
nenhuma delas se dignou apresentar-se à Polícia. Caso continue a
incorrer
nessa atitude, ele será declarado contumaz e a polícia ver-se-á
obrigada a
emitir um mandato de captura.
Luís Fernando, ao que apurámos, está a ser objecto de várias queixas
movidas
por várias pessoas que se sentiram atingidas pelos comentários de
Paulina
Frazão, Afonso Bunga e Rui Tristão, pseudónimos usados por um trio de
colunistas que surgiu sobretudo no ano passado com textos de opinião
em
defesa do regime e visando geralmente a imprensa privada de Luanda. A
coberto do anonimato, os seus comentários eram em regra extremamente
críticos, resvalando na maior parte dos casos para o insulto gratuito
e a
difamação. Responsáveis de vários órgãos de informação chegaram a ser
acusados de comportamento indecoroso e corrupto.
Segundo a fonte, são vários os processos que correm neste momento na
Dnic
contra Luís Fernando, chamado a responder em nome de Paulina Frazão.
Em
privado, o director do Jornal de Angola tem dito que não tem de
responder a
processo nenhum por desconhecer, por exemplo, quem é Paulina Frazão,
considerado um dos mais cáusticos dos colunistas em causa. No
entanto, esta
atitude de Luís Fernando entra em contradição com declarações que o
próprio
fez recentemente num magazine dominical da Luanda Antena Comercial
(Lac),
conduzida pelo jornalista e deputado Adelino Marques de Almeida. Na
ocasião
afirmou estar disposto a resolver em foro judicial pendências como
estas.

(in http://br.groups.yahoo.com/group/AngolaNews/messages/771?expand=1)