Engracado…
Nasci, cresci e vivi a maior parte da minha vida em Angola, tendo andado por pelo menos 14 das suas provincias, habitado em varios bairros de Luanda e convivido com pessoas de praticamente todos os meios sociais, mas, para falar minha verdade, nao me lembro de alguma vez ter visto uma familia assim antes da independencia. Depois da independencia, lembro-me de apenas uma, em Luanda: tinham um ou uma ‘mona’, nao sei se tiveram mais ou se ainda estao juntos. E de outra, em Benguela: o velho Norton, que vivia no seu kraal com as ‘suas quatro pretas’ (que mal falavam portugues, portanto nao se podiam expressar como essa mama do cartoon...) e um rol de seus ‘monas mundele’ a perder de vista e de conta – a ‘sua branca legitima’ dizia-se viver em Portugal com os seus respectivos ‘monas mundele legitimos’.
Mas e' provavel que, com ‘mundeles’ de tantas nacionalidades a entrar e a fixar-se no pais durante estes anos que tenho vivido fora (e atendendo ao facto de alguns deles depois de uns meros cinco anitos, com a chamada "mentalidade de Tarzan", ja' se permitirem "cantar de galo" sobre coisas como o 27 de Maio e a Angolanidade, nao admira que tambem ja' queiram que os seus 'monas', apenas devido a cor da sua pele (!), sejam presidentes do pais...), ja’ possam haver mais (duas ou tres?) familias parecidas com essa… no entanto, nunca vi nenhuma em qualquer das vezes que fui ao pais durante este periodo.
Mas sei de muitas maes de ‘monas mundele ilegitimos’, antes e depois da independencia...
[auto-censurado]
Sei tambem de uma que, embora nao possa ser considerada "mae de mona mundele ilegitimo", responderia a essa pergunta do assanhado mona do cartoon mais ou menos assim: “claro, meu baby boy, desde que, embora nao deixes de te divertir, estudes muito e bem, nao te deixes dominar por vicios, nao andes a desgracar a vida de filhas ou filhos alheios, criados com honra e dignidade pelos seus sacrificados pais… desde que te assumas como um Homem integro, recto, honesto, lucido e responsavel em todos os aspectos da tua vida publica e privada… desde que sejas um verdadeiro patriota e um cidadao exemplar em todas as circunstancias, desde que nao discrimines ninguem seja porque razao for… desde que te candidates democraticamente em pe’ de igualdade com qualquer outro candidato e facas uma campanha impecavel que te leve a uma inquestionavel vitoria por merito proprio… claro, meu baby boy, mais ou menos bronzeadinho, yes you can!”
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P.S.: Na verdade, varios dias depois de ter escrito isto, vieram-me a memoria outras duas “familias (mais ou menos) como essa” na Luanda do pos-independencia (… um esquecimento que talvez Freud explicaria?)...
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