Saturday, 17 September 2011

“Bantuismos na construção poética de Agostinho Neto”





O discurso poético de António Agostinho Neto foi largamente influenciado por uma série de “bantuísmos” como forma propositada de marcar a identidade bantu na poesia, numa sociedade colonial em que tal civilização era rejeitada.

A afirmação pertence ao historiador Simão Souinduila, consultor do Centro Internacional das Civilizações Bantu, quando comentava hoje, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, sobre o tema “Bantuismos na construção poética de Agostinho Neto”.

Souindoula, que é igualmente perito do Fundo da Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), considerou “muito influenciada, a poesia de Neto, no idioma materno (Kimbundo), o que levou que pouco depois da independência nacional, tomasse como algumas das suas principais decisões de cunho cultural a adopção do acordo sobre o estudo e valorização das línguas nacionais e a criação da UEA e consecutiva eleição dos corpos gerentes.

Disse que o “bantuismo” de Agostinho Neto reflectido de diversas formas, em língua materna kimbundo, representa um conjunto de vocábulos com sistema de concordância com línguas de países da África Central.

No caso específico de Angola, disse que o poeta Neto inculcava nas obras termos como “Kitanda”, “Kalunga”, “Mussunda”, “Kinaxixi”, “Ingombota” e “Kitandeira”, “cubata”, “Musekes”, entre vários outros.

Apontou como um dos exemplos de “pura influência bantu” a palavra Kitanda que, em Umbundo recebe um prefixo, chamando-se “Otchitanda”.

“Neto não estava preocupado a escrever para os timorenses e cabo-verdianos (não são bantu). A sua intenção era dar ênfase à sua civilização, por meio da poesia”, defendeu o perito da UNESCO, para quem, “se quisesse, Agostinho Neto teria feito poesia em linguagem clássica”.

Referiu ainda a introdução do “K” e “W” na escrita da moeda nacional, o Kwanza, ao contrário de “Cuanza”, como uma decisão histórico-cultural, que terá contribuído para introdução no alfabeto da língua de Camões (português), das consoantes “k”, “y” e “w”.

“Agostinho Neto deixa uma poesia platónica, de leitura legível (não obriga ao leitor recorrer ao dicionário para perceber o lê), uma obra que serviu de balizas e orientação para o nacionalismo angolano”, frisou Simão Souindoula, que reconhece a dimensão cultural e social da sua poesia como sendo provocatória para o regime da época.


[Aqui]


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Souindoula, que é igualmente perito do Fundo da Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), considerou “muito influenciada, a poesia de Neto, no idioma materno (Kimbundo), o que levou que pouco depois da independência nacional, tomasse como algumas das suas principais decisões de cunho cultural a adopção do acordo sobre o estudo e valorização das línguas nacionais e a criação da UEA e consecutiva eleição dos corpos gerentes.

Disse que o “bantuismo” de Agostinho Neto reflectido de diversas formas, em língua materna kimbundo, representa um conjunto de vocábulos com sistema de concordância com línguas de países da África Central.

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