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Wednesday, 18 July 2018

AFINALE?!







[AQUI]


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&

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That Land




N.B.:

Dizer, nesta altura do campeonato – depois de ter passado por tudo isto e especialmente por isto – que se me esgotaram totalmente o tempo e a paciencia para este tipo de propaganda tribalista, genocidario-racista, colonial-fascista e de extrema direita neo-nazi seria, no minimo, uma redundancia: expressei-o terminantemente aqui e os posts indicados acima, entre varios outros neste blog, explicam-no a saciedade! E, apenas para fazer um “ponto de ordem” (...de honra!...), acrescento-lhes A Negacao e Afirmacao de Agostinho Neto.

Mas, uma vez que, de todas as pecas delirantes que “me foram dedicadas” ate’ agora, esta e’ a mais ridiculamente doentia e esquizofrenica (ou, simplesmente, disgusting!), porque totalmente desprovida de qualquer base material e factual de sustentacao argumentativa, logo totalmente falaciosa - onde e’ que eu ja’ falei de ‘argumentos non sequitur’? - e em aberta contravencao a todas as disposicoes nacionais, regionais e internacionais sobre os Direitos Humanos e os Direitos dos Povos [para quem ainda nao era nascido na altura, ou passou completamente ao largo do 27 de Maio de 1977, ou, "mais perto de casa", da Sexta Feira Sangrenta, este (juntamente com outros recentes e continuos vomitos de odio propalados pelo ‘Novo Jornal’ em que se fala, por exemplo, de “monstros raciais e taras tribais” e de “encarcerar os tribalistas”; ou, ja’ agora, tambem pelo ‘O Pais’, em que se fala de “baratas” a boa maneira genocidaria Rwandesa…) era precisamente o tipo de ‘perola propagandistica’ para a diabolizacao das suas vitimas e intoxicacao e manipulacao da opiniao publica com que se “batia no ferro quente” imediatamente antes e depois daquela(s) data(s) fatidica(s)!], dou-me ao trabalho de deixar aqui sobre ela apenas as seguintes “notas tecnicas”:

(…) O Reino do Kongo, cuja sede era em Mbanza Kongo, totalmente dentro das actuais fronteiras de Angola, estendia-se, na era pre-colonial, por uma regiao que, a Sul, ia ate’ a Ilha de Luanda e, a Norte, compreendia os actuais (ou partes significativas destes) Kongo Brazzaville, Gabao e Kongo Kinshasa, sendo que deste, actual RDC, areas houve que pouca ou nenhuma relacao directa, ou historicamente relevante, tiveram com o Reino do Kongo. E’ o caso do seu extremo Norte, de onde era originario Mobutu que, note-se, nao era baKongo, mas sim NgBandi (o mesmo se passa no caso da regiao Leste/Grandes Lagos da RDC, de onde sao provenientes os Kabila, que pertencem a etnia Luba e nao baKongo). Portanto, nem a actual RDC na sua totalidade, nem Mobutu, podem com propriedade ser considerados “sucessores” (certamente nao unicos) do Reino do Kongo – quanto mais nao seja porque Mobutu, como aqui se regista, assumiu o poder pela forca contra os legitimos titulares do primeiro governo independente daquele pais, Lumumba e Kasavubu, este sim, um baKongo;

(…) A “authenticite” nao foi uma 'doutrina politico-ideologica': foi, quanto muito, uma 'directriz de afirmacao identitaria nacional', que tanto nao foi culturalmente totalizante, nem na RDC, nem nos outros “paises sucessores do Reino do Kongo”, que conviveu com, por exemplo, La Sapologie e os movimentos musicais multiculturais e multi-etnicos locais, regionais e trans-continentais de que aqui se fala um pouco;

(...) Assumir a identidade e valorizar e divulgar a cultura de origem nao significa tribalismo. Tribalismo, tal como racismo, e' usar a identidade (tribal ou racica) para hostilizar, denegrir, diabolizar, humilhar, achincalhar e tentar aniquilar (simbolica ou realmente) os que nao pertencem a essa mesma tribo ou raca e respectivas culturas. E, assim sendo, aquilo que faz o autor do artigo aqui em questao, tal como os seus correlegionarios, e' precisamente, e para dizer o minimo, tribalismo e racismo! E, por isso, eles sim, deveriam ser nada mais, nada menos do que encarcerados!

(…) Seria de todo o interesse do ponto de vista do conhecimento historico-cientifico que se explicassem, demonstrassem e provassem cabalmente, por um lado, a ‘implicacao’ do Reino do Kongo no alegado “exterminio dos Khoisan” e, por outro, as suas alegadas “ligacoes e afinidades”, doutrinarias ou outras, com os Boers - talvez devam pedir a Mandela, como descendente dos Khoisan e ex-prisioneiro dos Boers, os seus insights sobre o assunto;

(…) Se algum “autoctone”, em algum momento, advogou, promoveu e praticou a “descolonizacao completa” de Angola (e de Mocambique), ele nao foi “descendente do Reino do Kongo”: a Historia tem em registo quem e como assumiu totalmente o poder pos-independencia nesse(s) pais(es); sendo que, no caso de Angola, muito gracas ao apoio de um dos “sucessores do Reino do Kongo”, o Kongo Brazaville, em oposicao directa ao Kongo de Mobutu... E, nao fossem reconhecimentos desse facto como este, dir-se-ia que ha' em todo esse irresponsavel delirio racista, xenofobo, tribalista e anti-Bakongo muito do que, com toda a propriedade, se pode e deve chamar "cuspir no prato em que se debicou"!

(…) Tanto quanto “retornar ao patamar tecno-juridico-administrativo” que Angola teve antes da independencia significa, ou pode significar, “recolonizacao” ou “neo-colonialismo”, seria de toda a conveniencia explicar-se, de preferencia “tecnica, juridica e administrativamente”, como e porque que essa e’ a unica via possivel e desejavel para que se atinja tal patamar. Um possivel ponto de partida para essa discussao pode ser encontrado, por exemplo, aqui;

(…) Finalmente, no que pessoalmente me possa tocar directamente em relacao a todas essas e, possivelmente, outras questoes relativas, tenho apenas a parafrasear aquele que, agora caminhando para o fim dos seus dias, para garantir o seu “lugar no reino dos ceus” comeca a render-se a Verdade Historica, Fidel Castro: A Historia Me Absolvera’!

[P.S.: Curiosamente, dois dias depois de isto escrito, Joseph Kabila efectua uma 'visita relampago' ao seu homologo Angolano para reafirmar os lacos entre os dois paises]




Ainda outro take sobre a mesma leitura:

O argumento basico dos apostolos da 'recolonizacao' e’ o de que todos os males de que a Africa pos-colonial enferma teem na sua origem a independencia e a saida dos colonos: "os negros sao congenitamente incapazes de se auto-governar e de criar prosperidade economico-social (sao predadores, bebados ou bufos, vida deles e’ so’ fazere bwe’ de kilapie’, roubar e matarem-se uns aos outros, e mesmo depois de terem passado pela universidade teem que tirar os sapatos para poderem contar ate' doze! E, na verdade, nao fossem os europeus, especialmente os etnologos e antropologos, nem as suas proprias culturas eles conheceriam!)"!

E os numeros e imagens das guerras, da pobreza e do subdesenvolvimento, especialmente se em comparacao com alguns paises de outras regioes do mundo (e.g. Asia e America Latina) que partiram do mesmo nivel de desenvolvimento (ou pelo menos de PIBpc) aquando das independencias africanas nos anos 60, estao ai para o demonstrar a saciedade: "o problema de Africa nao e’ outro senao os Africanos"!
Mas, mais do que isso, "se alguma vez a Africa ostentou algum progresso, foi durante o periodo colonial, logo, sem os Europeus e/ou os seus descendentes directos a Africa esta’ condenada a pobreza, subdesenvolvimento e fracasso total e eterno… logo, a unica saida possivel desse ciclo vicioso e’ a 'recolonizacao'"!

E' isto, alias, que une alguns negros e brancos, esquerdistas e direitistas, nessa canoa furada (ou, mais uma vez, de como os extremos se tocam...): i.e. aqueles que professam e sempre professaram a "supremacia euro-caucasiana" (e seus lacaios) e alguns dos que honestamente sao criticos do poder pos-independencia em Africa [com o Zimbabwe de Mugabe como grande ponto de convergencia entre esses dois afluentes - vejam-se, no entanto as posicoes (conflituosas?) de Graca Machel sobre essa questao: aqui e aqui]... Sendo que, pelo meio, ha' alguns que, como eu, nao estando seguramente do lado dos primeiros e nao necessariamente sempre do lado dos segundos, apenas tentam separar as aguas entre esses dois rios... [por isso reagi deste modo as recomendacoes do Prof. Paul Collier sobre a economia angolana - retomadas aqui e aqui - o qual, por coincidencia, foi tambem professor da Dambisa Moyo, que no seu Dead Aid advoga, nada mais nada menos, que o remedio para todos os problemas actuais de Africa esta' no fim imediato (dentro de 5 anos) da Ajuda ao Desenvolvimento (ou, como dizia a outra "experta" em patetices, "for God's sakes stop aid!") e o recurso dos estados africanos aos mercados financeiros internacionais (... nao, nada vagamente parecido com a criacao das bases para um desenvolvimento, nao apenas economico-financeiro, mas tambem e sobretudo socio-cultural, endogeno e sustentavel...), tendo-o feito num momento em que aqueles se encontra(va)m em profunda crise e num contexto em que a esmagadora maioria das economias africanas nao tem credit ratings que lhes garantam qualquer acesso significativo a tais mercados - veja-se a esse respeito o que no ultimo paragrafo deste artigo se diz sobre a economia Mocambicana... - e sendo que, tambem por coincidencia, para esses mercados ela trabalha...], e por isso acabam(os) sendo vitimas de tentativas de afogamento por ambos os lados!

Ha' ainda um terceiro afluente que e' alimentado pelos proprios circulos do poder de estado de alguns paises africanos e de algumas organizacoes regionais no continente que se tornaram aid dependent, tanto em termos tecnicos como financeiros - para estes, os contingentes de estrangeiros [ex-colonos ou nao; embora isto nao deixe de me trazer a lembranca um alto dirigente da nomenkatura angolana que, nao ha' muito tempo, foi a Portugal declarar que "nos precisamos do homem portugues"... nada contra, se isso nao soasse claramente a "nos precisamos do ex-colono (porque nao estamos a dar conta do recado)"... e menos ainda contra se ele tivesse sido mais especifico e declarasse algo como "nos precisamos prioritariamente de tecnicos qualificados" e acrescentasse, ainda que apenas implicitamente, "porque e' imperioso que invistamos em capital humano e nos precisamos mais ainda do homem angolano, quanto mais nao seja porque foi ele que nos colocou e nos mantem no poder e perante ele temos o dever e a obrigacao de lhe prover e aos seus filhos a formacao adequada para que os angolanos possam competir em pe' de igualdade com qualquer estrangeiro num mundo cada vez mais globalizado!") funcionam como um "buffer" entre os governos/aparelhos de estado e os respectivos povos, que lhes assegura a manutencao do poder e a perpetuacao de determinados individuos em certos cargos, bem como os seus hefty revenue streams e a possibilidade de "brilharem" sozinhos sem quaisquer entraves - era, em parte, a este fenomeno e as suas consequencias socio-culturais a que aqui me referia...

O unico contra-argumento plausivel a essa “inevitabilidade historica” seria se se pudessem encontrar na Africa pre-colonial exemplos de sistemas culturais capazes de gerar, pelo menos potencialmente, estabilidade politica e desenvolvimento economico-social. Aparentemente sim: “(…) o antigo Reino do Congo, notabilizado por ser, então e aparentemente, o único reino organizado na África sub-saariana. (...) Esse palmarés de primeiro entre os reinos sub-saarianos a ter contacto com a Europa e a ter relações diplomáticas com a Santa Sé foi - e continua a ser. .. – motivo de orgulho para os súbditos do rei do Congo e seus actuais descendentes.” Mas… esse mesmo Reino emblematico e paradigmatico “teve como successor o maior emblema e paradigma de fracasso em todas as frentes na Africa pos-colonial: o Congo de Mobutu”!

E, pior do que isso, os seus “actuais descendentes” e “apostolos de Mobutu e da neo-authenticite’”, mesmo quando se apresentam com creditos e meritos profissionais e academicos reconhecidos, sao “monstros racistas e tarados tribais a encarcerar” e “baratas” a eliminar da face da terra: “(…) eles sao, como os boers (e ao contrario de Agostinho Neto - casado civilizadamente com uma mulher branca e que declarou "nao havera' perdao (!) para os 'apostolos da neo-authenticite' do 27 de Maio"...; ou de Mandela - que se divorciou pessoal e politicamente da sua "profeta da neo-authenticite' primeira esposa" e que "so' nao fez o impossivel para nao 'desagradar' os brancos sul-africanos, boers incluidos"...), declaradamente neo-nazis e praticam o primado do dinheiro sobre o direito; o suborno e a falsificação de documentos; a instilação dum racismo e tribalismo como nunca existira na vida económico-social; a distorção de factos históricos e sociais; a intriga e a subserviência; o nepotismo; e, com todas estas armas, a sabotagem subreptícia dos esforços para pôr Angola a funcionar no patamar técno-jurídico-administrativo que já tivera antes da independência.”!

"Logo, 'recolonizacao' e’ o unico caminho a seguir e quem se atreva a 'levantar um dedo ou a bater uma tecla em contrario'... convem saber sempre o que lhe espera!"

Portanto:

QUE VIVA A RECOLONIZACAO!!!
RECOLONIZATION OYE’!!!



(...) Mas, na verdade, nao fosse a gravidade das questoes acima referidas, poderiamos ter poupado o ja' pouco tempo e paciencia que nos restam para todo esse nonsense a mistura com pure evil (!): e' que tudo isso parece claramente nao passar de uma "questao de inteligencia" ou, dito de outro modo, de "competicao pela paridade (ou supremacia?) da etnia, da raca e do genero no dominio intelectual" (poderia dize-lo ainda de outro modo, mas voltar a falar em inveja, ciumes, odio e afins, seria tambem mais do que uma redundancia neste blog... onde e' que por aqui ja' se falou em "inveja dos brains"?)... Senao vejamos (citando da mesma edicao do NJ acima referida):

(...) Os seus “apóstolos” não esmoreceram, nem quando encontraram situações imprevistas como mulatos com os pais, os quatro avós, os oito bisavós e os dezasseis trisavós nados, vividos, mortos e enterrados em Angola; angolanos negros tão ou mais inteligentes que eles e se não deixaram enganar; outros africanos subsaarianos nascidos em Angola (e, não raro de segunda ou até terceira geração) que não abdicam da sua actual nacionalidade e não alinham nos “cantos de sereia” dos apóstolos da neooauthenticité.

(...) O que devemos fazer pela Pátria? Provar à sociedade que o talento assusta os medíocres’ como tão bem descreveu José Alberto Gueiros há mais de 25 anos no extinto Jornal da Bahia - “assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas, boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher no seu círculo de convivência por medo de perder os seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar” O que devemos, perante este cenário, continuar a fazer pela Pátria? Demonstrar à opinião pública que os medíocres, que não aprendem nada com nada, são obstinados na conquista de lugares de destaque. O que devemos continuar a fazer pela Pátria? Pôr em evidência que os medíocres entrincheirados em posições de chefia denotam um medo indisfarçável da inteligência. O que devemos incessantemente continuar a fazer pela Pátria? Desenterrar a famosa trova de Ruy Barbosa: “Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vezes fico pensando que a burrice é uma ciência”

(...) Como diria o meu amigo Rainer (aprendeu nos Acores): Eta Corisco!...
Bem...! Que tal um 'cruzamento de referencias' com a minha confissao... ou com este "caso"... ou com os meus Boers... ou com os meus Khoisan...?!

(...) E... creio que Ruy Barbosa subscreveria esta: "ha' tanto kabungado tarado e monstruoso com bigodinho a Hitler e a espumar da boca com a lingua de serpente de fora, auto-convencido que e' super-inteligente e talentoizo (...e' que... Deus e' poderoizo!...) por ai a solta, que as vezes fico pensando que a kabunguice e' uma ciencia"!

(...) E, ja' agora, alguem reparou em como o obus dos "monstros raciais e taras tribais" foi lancado para o meu kintal em retaliacao directa e imediata ao comentario a este post e a este ?!... O que nos remete para "outras questoes", nomeadamente "quem e' quem, quem e' amigo de quem, quem se senta a mesa de quem e quem 'debica no prato' de quem"! Mas essas ja' aqui foram, pelo menos parcialmente, abordadas...

(...) Talvez nao seja de todo despiciendo relembrar aqui o meu "celebre debate" com o Negro Ugandes ('tao ou mais inteligente do que eu') Dennis Matanda no (agora infelizmente "desaparecido em combate") Africanpath, sobre a "recolonizacao". Como quem o seguiu de perto (e entenda bem Ingles) tera' anotado, eu comecei por responder ao seu primeiro "Call for Recolonization" com um comentario em que me declarava "un-comfortably numb" ("de-construcao" minha do titulo dos Pink Floyd que, mais recentemente, por aqui passei a volta deste post ), ao que se seguiu o meu primeiro artigo naquele site, como guest blogger, sobre a questao ("Are We All Losing The Plot?"). O Dennis respondeu imediatamente num outro artigo ("We Africans Have Lost The Plot a Long Time Ago") em que reiterava as suas posicoes iniciais, ao que eu voltei a carga tambem com um segundo artigo ("Are We All Losing The Plot? - Part II"), tendo dele obtido a seguinte resposta:

Recovering from an Intellectual Blow

Koluki, I finally got round to reading this article - and I can tell you that I have been blown away - completely. Having said that, you have made a case for the shifting of blame from the leaders of present day African countries to the history of their different nations. But is that not the problem? How can a people who have been showed these examples not react to them? How can we not look into history and 'force' our present leaders to do their good deeds? Lastly, how can we not blame our current leaders yet they, like our historical leaders, are not attempting to be students of history or leadership? That is the core of my argument. If we had leaders in the past, why do we have presidents today?
Again, your article is excellent - and I am bowled over.

Dennis Matanda


Bem, se "recovering from an intellectual blow" e "your article is excellent - and I am bowled over - completely" nao e' "cair no canto da sereia", o que quer que isso signifique...

[E abro aqui um parentesis para notar o seguinte: Este debate e, em particular, esta resposta do Dennis Matanda (e tambem estes artigos de dois jovens Sul-Africanos, ou este debate na blogosfera Mocambicana), e' bem emblematico da diferenca cultural estrutural e estruturante em relacao aquilo que (nao) e' o nivel do "debate" entre os angolanos (ou apenas alguns? ... ou apenas alguns "jornalistas"?... ou apenas alguns "intelectuais"?...): ali debateram-se seriamente ideias e conviccoes fortes e profundas sobre questoes extremamente sensiveis, tendo havido por parte do "derrotado" a hombridade, decencia, educacao, civilidade e elegancia de reconhecer a sua "derrota" e os meritos dos argumentos do adversario - mesmo sendo estes protagonizados por uma mulher (e, acrescente-se, negra!)... O que teriamos (temos tido) nos "pretensos debates" com angolanos? Nada mais do que os ataques ad hominem (... "ad mulher ", incluindo a sua vida intima e privada, ao seu corpo e a sua suposta sexualidade!...), o abuso e insulto mais baixo e soez, a tentativa de humilhacao, degradacao moral e espiritual, objectificacao sexual e destruicao fisica, psicologica e profissional (!) sem quaisquer escrupulos... E' essa a "mentalidade" da generalidade dos (ou de apenas alguns?... ou de apenas alguns "jornalistas"?... ou de apenas alguns "intelectuais"?...) angolanos!]

(...) E... quem diz, pateticamente, "resistir" (em vao) a este 'canto da sereia' e'... psicopata (ruim da cabeca) e... kabungadu (ou doente do pe')!

(...lol...)



ADENDA

"MANDELA, MOBUTU & ME"



In this stunning memoir, veteran Washington Post correspondent Lynne Duke takes readers on a wrenching but riveting journey through Africa during the pivotal 1990s and brilliantly illuminates a continent where hope and humanity thrive amid unimaginable depredation and horrors.

For four years as her newspaper's Johannesburg bureau chief, Lynne Duke cut a rare figure as a black American woman foreign correspondent as she raced from story to story in numerous countries of central and southern Africa. From the battle zones of Congo-Zaire to the quest for truth and reconciliation in South Africa; from the teeming displaced person’s camps of Angola and the killing field of the Rwanda genocide to the calming Indian Ocean shores of Mozambique.

She interviewed heads of state, captains of industry, activists, tribal leaders, medicine men and women, mercenaries, rebels, refugees, and ordinary, hardworking people. And it is they, the ordinary people of Africa, who fueled the hope and affection that drove Duke’s reporting. The nobility of the ordinary African struggles, so often absent from accounts of the continent, is at the heart of Duke’s searing story.

[from the hardcover edition]



Duke covered southern Africa as Johannesburg bureau chief for The Washington Post from 1995 to 1999. Her engaging memoir provides a close-up look at the fall of Mobutu Sese Seko in the former Zaire, the ascendance of Nelson Mandela in South Africa, dramatic high points of South Africa's Truth and Reconciliation Commission, and many poignant vignettes of everyday African life from Cape Town to Kigali. "Armed with attitude and ready for anything," she finds that being black and female is sometimes, but not always, an occupational asset. Knowing that her dispatches will help shape American perceptions of a region she cares deeply about, she works hard to balance her anger at the brutality and venality of "ugly Africa" against her admiration for Mandela and for the fortitude and ingenuity of ordinary Africans. Equally deft at presenting vivid eyewitness descriptions and concise evaluations of failed policies, whether African or American, Duke has given us a glimpse of what first-rate reporting on Africa can be.

[from Foreign Affairs]



Pictures: Mandela's 1997 mediation efforts between Mobutu and Laurent Kabila
[That's Afrika and That's Madiba For You!]








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N.B.:

Dizer, nesta altura do campeonato – depois de ter passado por tudo isto e especialmente por isto – que se me esgotaram totalmente o tempo e a paciencia para este tipo de propaganda tribalista, genocidario-racista, colonial-fascista e de extrema direita neo-nazi seria, no minimo, uma redundancia: expressei-o terminantemente aqui e os posts indicados acima, entre varios outros neste blog, explicam-no a saciedade! E, apenas para fazer um “ponto de ordem” (...de honra!...), acrescento-lhes A Negacao e Afirmacao de Agostinho Neto.

Mas, uma vez que, de todas as pecas delirantes que “me foram dedicadas” ate’ agora, esta e’ a mais ridiculamente doentia e esquizofrenica (ou, simplesmente, disgusting!), porque totalmente desprovida de qualquer base material e factual de sustentacao argumentativa, logo totalmente falaciosa - onde e’ que eu ja’ falei de ‘argumentos non sequitur’? - e em aberta contravencao a todas as disposicoes nacionais, regionais e internacionais sobre os Direitos Humanos e os Direitos dos Povos [para quem ainda nao era nascido na altura, ou passou completamente ao largo do 27 de Maio de 1977, ou, "mais perto de casa", da Sexta Feira Sangrenta, este (juntamente com outros recentes e continuos vomitos de odio propalados pelo ‘Novo Jornal’ em que se fala, por exemplo, de “monstros raciais e taras tribais” e de “encarcerar os tribalistas”; ou, ja’ agora, tambem pelo ‘O Pais’, em que se fala de “baratas” a boa maneira genocidaria Rwandesa…) era precisamente o tipo de ‘perola propagandistica’ para a diabolizacao das suas vitimas e intoxicacao e manipulacao da opiniao publica com que se “batia no ferro quente” imediatamente antes e depois daquela(s) data(s) fatidica(s)!], dou-me ao trabalho de deixar aqui sobre ela apenas as seguintes “notas tecnicas”:

(…) O Reino do Kongo, cuja sede era em Mbanza Kongo, totalmente dentro das actuais fronteiras de Angola, estendia-se, na era pre-colonial, por uma regiao que, a Sul, ia ate’ a Ilha de Luanda e, a Norte, compreendia os actuais (ou partes significativas destes) Kongo Brazzaville, Gabao e Kongo Kinshasa, sendo que deste, actual RDC, areas houve que pouca ou nenhuma relacao directa, ou historicamente relevante, tiveram com o Reino do Kongo. E’ o caso do seu extremo Norte, de onde era originario Mobutu que, note-se, nao era baKongo, mas sim NgBandi (o mesmo se passa no caso da regiao Leste/Grandes Lagos da RDC, de onde sao provenientes os Kabila, que pertencem a etnia Luba e nao baKongo). Portanto, nem a actual RDC na sua totalidade, nem Mobutu, podem com propriedade ser considerados “sucessores” (certamente nao unicos) do Reino do Kongo – quanto mais nao seja porque Mobutu, como aqui se regista, assumiu o poder pela forca contra os legitimos titulares do primeiro governo independente daquele pais, Lumumba e Kasavubu, este sim, um baKongo;

(…) A “authenticite” nao foi uma 'doutrina politico-ideologica': foi, quanto muito, uma 'directriz de afirmacao identitaria nacional', que tanto nao foi culturalmente totalizante, nem na RDC, nem nos outros “paises sucessores do Reino do Kongo”, que conviveu com, por exemplo, La Sapologie e os movimentos musicais multiculturais e multi-etnicos locais, regionais e trans-continentais de que aqui se fala um pouco;

(...) Assumir a identidade e valorizar e divulgar a cultura de origem nao significa tribalismo. Tribalismo, tal como racismo, e' usar a identidade (tribal ou racica) para hostilizar, denegrir, diabolizar, humilhar, achincalhar e tentar aniquilar (simbolica ou realmente) os que nao pertencem a essa mesma tribo ou raca e respectivas culturas. E, assim sendo, aquilo que faz o autor do artigo aqui em questao, tal como os seus correlegionarios, e' precisamente, e para dizer o minimo, tribalismo e racismo! E, por isso, eles sim, deveriam ser nada mais, nada menos do que encarcerados!

(…) Seria de todo o interesse do ponto de vista do conhecimento historico-cientifico que se explicassem, demonstrassem e provassem cabalmente, por um lado, a ‘implicacao’ do Reino do Kongo no alegado “exterminio dos Khoisan” e, por outro, as suas alegadas “ligacoes e afinidades”, doutrinarias ou outras, com os Boers - talvez devam pedir a Mandela, como descendente dos Khoisan e ex-prisioneiro dos Boers, os seus insights sobre o assunto;

(…) Se algum “autoctone”, em algum momento, advogou, promoveu e praticou a “descolonizacao completa” de Angola (e de Mocambique), ele nao foi “descendente do Reino do Kongo”: a Historia tem em registo quem e como assumiu totalmente o poder pos-independencia nesse(s) pais(es); sendo que, no caso de Angola, muito gracas ao apoio de um dos “sucessores do Reino do Kongo”, o Kongo Brazaville, em oposicao directa ao Kongo de Mobutu... E, nao fossem reconhecimentos desse facto como este, dir-se-ia que ha' em todo esse irresponsavel delirio racista, xenofobo, tribalista e anti-Bakongo muito do que, com toda a propriedade, se pode e deve chamar "cuspir no prato em que se debicou"!

(…) Tanto quanto “retornar ao patamar tecno-juridico-administrativo” que Angola teve antes da independencia significa, ou pode significar, “recolonizacao” ou “neo-colonialismo”, seria de toda a conveniencia explicar-se, de preferencia “tecnica, juridica e administrativamente”, como e porque que essa e’ a unica via possivel e desejavel para que se atinja tal patamar. Um possivel ponto de partida para essa discussao pode ser encontrado, por exemplo, aqui;

(…) Finalmente, no que pessoalmente me possa tocar directamente em relacao a todas essas e, possivelmente, outras questoes relativas, tenho apenas a parafrasear aquele que, agora caminhando para o fim dos seus dias, para garantir o seu “lugar no reino dos ceus” comeca a render-se a Verdade Historica, Fidel Castro: A Historia Me Absolvera’!

[P.S.: Curiosamente, dois dias depois de isto escrito, Joseph Kabila efectua uma 'visita relampago' ao seu homologo Angolano para reafirmar os lacos entre os dois paises]




Ainda outro take sobre a mesma leitura:

O argumento basico dos apostolos da 'recolonizacao' e’ o de que todos os males de que a Africa pos-colonial enferma teem na sua origem a independencia e a saida dos colonos: "os negros sao congenitamente incapazes de se auto-governar e de criar prosperidade economico-social (sao predadores, bebados ou bufos, vida deles e’ so’ fazere bwe’ de kilapie’, roubar e matarem-se uns aos outros, e mesmo depois de terem passado pela universidade teem que tirar os sapatos para poderem contar ate' doze! E, na verdade, nao fossem os europeus, especialmente os etnologos e antropologos, nem as suas proprias culturas eles conheceriam!)"!

E os numeros e imagens das guerras, da pobreza e do subdesenvolvimento, especialmente se em comparacao com alguns paises de outras regioes do mundo (e.g. Asia e America Latina) que partiram do mesmo nivel de desenvolvimento (ou pelo menos de PIBpc) aquando das independencias africanas nos anos 60, estao ai para o demonstrar a saciedade: "o problema de Africa nao e’ outro senao os Africanos"!
Mas, mais do que isso, "se alguma vez a Africa ostentou algum progresso, foi durante o periodo colonial, logo, sem os Europeus e/ou os seus descendentes directos a Africa esta’ condenada a pobreza, subdesenvolvimento e fracasso total e eterno… logo, a unica saida possivel desse ciclo vicioso e’ a 'recolonizacao'"!

E' isto, alias, que une alguns negros e brancos, esquerdistas e direitistas, nessa canoa furada (ou, mais uma vez, de como os extremos se tocam...): i.e. aqueles que professam e sempre professaram a "supremacia euro-caucasiana" (e seus lacaios) e alguns dos que honestamente sao criticos do poder pos-independencia em Africa [com o Zimbabwe de Mugabe como grande ponto de convergencia entre esses dois afluentes - vejam-se, no entanto as posicoes (conflituosas?) de Graca Machel sobre essa questao: aqui e aqui]... Sendo que, pelo meio, ha' alguns que, como eu, nao estando seguramente do lado dos primeiros e nao necessariamente sempre do lado dos segundos, apenas tentam separar as aguas entre esses dois rios... [por isso reagi deste modo as recomendacoes do Prof. Paul Collier sobre a economia angolana - retomadas aqui e aqui - o qual, por coincidencia, foi tambem professor da Dambisa Moyo, que no seu Dead Aid advoga, nada mais nada menos, que o remedio para todos os problemas actuais de Africa esta' no fim imediato (dentro de 5 anos) da Ajuda ao Desenvolvimento (ou, como dizia a outra "experta" em patetices, "for God's sakes stop aid!") e o recurso dos estados africanos aos mercados financeiros internacionais (... nao, nada vagamente parecido com a criacao das bases para um desenvolvimento, nao apenas economico-financeiro, mas tambem e sobretudo socio-cultural, endogeno e sustentavel...), tendo-o feito num momento em que aqueles se encontra(va)m em profunda crise e num contexto em que a esmagadora maioria das economias africanas nao tem credit ratings que lhes garantam qualquer acesso significativo a tais mercados - veja-se a esse respeito o que no ultimo paragrafo deste artigo se diz sobre a economia Mocambicana... - e sendo que, tambem por coincidencia, para esses mercados ela trabalha...], e por isso acabam(os) sendo vitimas de tentativas de afogamento por ambos os lados!

Ha' ainda um terceiro afluente que e' alimentado pelos proprios circulos do poder de estado de alguns paises africanos e de algumas organizacoes regionais no continente que se tornaram aid dependent, tanto em termos tecnicos como financeiros - para estes, os contingentes de estrangeiros [ex-colonos ou nao; embora isto nao deixe de me trazer a lembranca um alto dirigente da nomenkatura angolana que, nao ha' muito tempo, foi a Portugal declarar que "nos precisamos do homem portugues"... nada contra, se isso nao soasse claramente a "nos precisamos do ex-colono (porque nao estamos a dar conta do recado)"... e menos ainda contra se ele tivesse sido mais especifico e declarasse algo como "nos precisamos prioritariamente de tecnicos qualificados" e acrescentasse, ainda que apenas implicitamente, "porque e' imperioso que invistamos em capital humano e nos precisamos mais ainda do homem angolano, quanto mais nao seja porque foi ele que nos colocou e nos mantem no poder e perante ele temos o dever e a obrigacao de lhe prover e aos seus filhos a formacao adequada para que os angolanos possam competir em pe' de igualdade com qualquer estrangeiro num mundo cada vez mais globalizado!") funcionam como um "buffer" entre os governos/aparelhos de estado e os respectivos povos, que lhes assegura a manutencao do poder e a perpetuacao de determinados individuos em certos cargos, bem como os seus hefty revenue streams e a possibilidade de "brilharem" sozinhos sem quaisquer entraves - era, em parte, a este fenomeno e as suas consequencias socio-culturais a que aqui me referia...

O unico contra-argumento plausivel a essa “inevitabilidade historica” seria se se pudessem encontrar na Africa pre-colonial exemplos de sistemas culturais capazes de gerar, pelo menos potencialmente, estabilidade politica e desenvolvimento economico-social. Aparentemente sim: “(…) o antigo Reino do Congo, notabilizado por ser, então e aparentemente, o único reino organizado na África sub-saariana. (...) Esse palmarés de primeiro entre os reinos sub-saarianos a ter contacto com a Europa e a ter relações diplomáticas com a Santa Sé foi - e continua a ser. .. – motivo de orgulho para os súbditos do rei do Congo e seus actuais descendentes.” Mas… esse mesmo Reino emblematico e paradigmatico “teve como successor o maior emblema e paradigma de fracasso em todas as frentes na Africa pos-colonial: o Congo de Mobutu”!

E, pior do que isso, os seus “actuais descendentes” e “apostolos de Mobutu e da neo-authenticite’”, mesmo quando se apresentam com creditos e meritos profissionais e academicos reconhecidos, sao “monstros racistas e tarados tribais a encarcerar” e “baratas” a eliminar da face da terra: “(…) eles sao, como os boers (e ao contrario de Agostinho Neto - casado civilizadamente com uma mulher branca e que declarou "nao havera' perdao (!) para os 'apostolos da neo-authenticite' do 27 de Maio"...; ou de Mandela - que se divorciou pessoal e politicamente da sua "profeta da neo-authenticite' primeira esposa" e que "so' nao fez o impossivel para nao 'desagradar' os brancos sul-africanos, boers incluidos"...), declaradamente neo-nazis e praticam o primado do dinheiro sobre o direito; o suborno e a falsificação de documentos; a instilação dum racismo e tribalismo como nunca existira na vida económico-social; a distorção de factos históricos e sociais; a intriga e a subserviência; o nepotismo; e, com todas estas armas, a sabotagem subreptícia dos esforços para pôr Angola a funcionar no patamar técno-jurídico-administrativo que já tivera antes da independência.”!

"Logo, 'recolonizacao' e’ o unico caminho a seguir e quem se atreva a 'levantar um dedo ou a bater uma tecla em contrario'... convem saber sempre o que lhe espera!"

Portanto:

QUE VIVA A RECOLONIZACAO!!!
RECOLONIZATION OYE’!!!



(...) Mas, na verdade, nao fosse a gravidade das questoes acima referidas, poderiamos ter poupado o ja' pouco tempo e paciencia que nos restam para todo esse nonsense a mistura com pure evil (!): e' que tudo isso parece claramente nao passar de uma "questao de inteligencia" ou, dito de outro modo, de "competicao pela paridade (ou supremacia?) da etnia, da raca e do genero no dominio intelectual" (poderia dize-lo ainda de outro modo, mas voltar a falar em inveja, ciumes, odio e afins, seria tambem mais do que uma redundancia neste blog... onde e' que por aqui ja' se falou em "inveja dos brains"?)... Senao vejamos (citando da mesma edicao do NJ acima referida):

(...) Os seus “apóstolos” não esmoreceram, nem quando encontraram situações imprevistas como mulatos com os pais, os quatro avós, os oito bisavós e os dezasseis trisavós nados, vividos, mortos e enterrados em Angola; angolanos negros tão ou mais inteligentes que eles e se não deixaram enganar; outros africanos subsaarianos nascidos em Angola (e, não raro de segunda ou até terceira geração) que não abdicam da sua actual nacionalidade e não alinham nos “cantos de sereia” dos apóstolos da neooauthenticité.

(...) O que devemos fazer pela Pátria? Provar à sociedade que o talento assusta os medíocres’ como tão bem descreveu José Alberto Gueiros há mais de 25 anos no extinto Jornal da Bahia - “assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas, boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher no seu círculo de convivência por medo de perder os seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar” O que devemos, perante este cenário, continuar a fazer pela Pátria? Demonstrar à opinião pública que os medíocres, que não aprendem nada com nada, são obstinados na conquista de lugares de destaque. O que devemos continuar a fazer pela Pátria? Pôr em evidência que os medíocres entrincheirados em posições de chefia denotam um medo indisfarçável da inteligência. O que devemos incessantemente continuar a fazer pela Pátria? Desenterrar a famosa trova de Ruy Barbosa: “Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vezes fico pensando que a burrice é uma ciência”

(...) Como diria o meu amigo Rainer (aprendeu nos Acores): Eta Corisco!...
Bem...! Que tal um 'cruzamento de referencias' com a minha confissao... ou com este "caso"... ou com os meus Boers... ou com os meus Khoisan...?!

(...) E... creio que Ruy Barbosa subscreveria esta: "ha' tanto kabungado tarado e monstruoso com bigodinho a Hitler e a espumar da boca com a lingua de serpente de fora, auto-convencido que e' super-inteligente e talentoizo (...e' que... Deus e' poderoizo!...) por ai a solta, que as vezes fico pensando que a kabunguice e' uma ciencia"!

(...) E, ja' agora, alguem reparou em como o obus dos "monstros raciais e taras tribais" foi lancado para o meu kintal em retaliacao directa e imediata ao comentario a este post e a este ?!... O que nos remete para "outras questoes", nomeadamente "quem e' quem, quem e' amigo de quem, quem se senta a mesa de quem e quem 'debica no prato' de quem"! Mas essas ja' aqui foram, pelo menos parcialmente, abordadas...

(...) Talvez nao seja de todo despiciendo relembrar aqui o meu "celebre debate" com o Negro Ugandes ('tao ou mais inteligente do que eu') Dennis Matanda no (agora infelizmente "desaparecido em combate") Africanpath, sobre a "recolonizacao". Como quem o seguiu de perto (e entenda bem Ingles) tera' anotado, eu comecei por responder ao seu primeiro "Call for Recolonization" com um comentario em que me declarava "un-comfortably numb" ("de-construcao" minha do titulo dos Pink Floyd que, mais recentemente, por aqui passei a volta deste post ), ao que se seguiu o meu primeiro artigo naquele site, como guest blogger, sobre a questao ("Are We All Losing The Plot?"). O Dennis respondeu imediatamente num outro artigo ("We Africans Have Lost The Plot a Long Time Ago") em que reiterava as suas posicoes iniciais, ao que eu voltei a carga tambem com um segundo artigo ("Are We All Losing The Plot? - Part II"), tendo dele obtido a seguinte resposta:

Recovering from an Intellectual Blow

Koluki, I finally got round to reading this article - and I can tell you that I have been blown away - completely. Having said that, you have made a case for the shifting of blame from the leaders of present day African countries to the history of their different nations. But is that not the problem? How can a people who have been showed these examples not react to them? How can we not look into history and 'force' our present leaders to do their good deeds? Lastly, how can we not blame our current leaders yet they, like our historical leaders, are not attempting to be students of history or leadership? That is the core of my argument. If we had leaders in the past, why do we have presidents today?
Again, your article is excellent - and I am bowled over.

Dennis Matanda


Bem, se "recovering from an intellectual blow" e "your article is excellent - and I am bowled over - completely" nao e' "cair no canto da sereia", o que quer que isso signifique...

[E abro aqui um parentesis para notar o seguinte: Este debate e, em particular, esta resposta do Dennis Matanda (e tambem estes artigos de dois jovens Sul-Africanos, ou este debate na blogosfera Mocambicana), e' bem emblematico da diferenca cultural estrutural e estruturante em relacao aquilo que (nao) e' o nivel do "debate" entre os angolanos (ou apenas alguns? ... ou apenas alguns "jornalistas"?... ou apenas alguns "intelectuais"?...): ali debateram-se seriamente ideias e conviccoes fortes e profundas sobre questoes extremamente sensiveis, tendo havido por parte do "derrotado" a hombridade, decencia, educacao, civilidade e elegancia de reconhecer a sua "derrota" e os meritos dos argumentos do adversario - mesmo sendo estes protagonizados por uma mulher (e, acrescente-se, negra!)... O que teriamos (temos tido) nos "pretensos debates" com angolanos? Nada mais do que os ataques ad hominem (... "ad mulher ", incluindo a sua vida intima e privada, ao seu corpo e a sua suposta sexualidade!...), o abuso e insulto mais baixo e soez, a tentativa de humilhacao, degradacao moral e espiritual, objectificacao sexual e destruicao fisica, psicologica e profissional (!) sem quaisquer escrupulos... E' essa a "mentalidade" da generalidade dos (ou de apenas alguns?... ou de apenas alguns "jornalistas"?... ou de apenas alguns "intelectuais"?...) angolanos!]

(...) E... quem diz, pateticamente, "resistir" (em vao) a este 'canto da sereia' e'... psicopata (ruim da cabeca) e... kabungadu (ou doente do pe')!

(...lol...)



ADENDA

"MANDELA, MOBUTU & ME"



In this stunning memoir, veteran Washington Post correspondent Lynne Duke takes readers on a wrenching but riveting journey through Africa during the pivotal 1990s and brilliantly illuminates a continent where hope and humanity thrive amid unimaginable depredation and horrors.

For four years as her newspaper's Johannesburg bureau chief, Lynne Duke cut a rare figure as a black American woman foreign correspondent as she raced from story to story in numerous countries of central and southern Africa. From the battle zones of Congo-Zaire to the quest for truth and reconciliation in South Africa; from the teeming displaced person’s camps of Angola and the killing field of the Rwanda genocide to the calming Indian Ocean shores of Mozambique.

She interviewed heads of state, captains of industry, activists, tribal leaders, medicine men and women, mercenaries, rebels, refugees, and ordinary, hardworking people. And it is they, the ordinary people of Africa, who fueled the hope and affection that drove Duke’s reporting. The nobility of the ordinary African struggles, so often absent from accounts of the continent, is at the heart of Duke’s searing story.

[from the hardcover edition]



Duke covered southern Africa as Johannesburg bureau chief for The Washington Post from 1995 to 1999. Her engaging memoir provides a close-up look at the fall of Mobutu Sese Seko in the former Zaire, the ascendance of Nelson Mandela in South Africa, dramatic high points of South Africa's Truth and Reconciliation Commission, and many poignant vignettes of everyday African life from Cape Town to Kigali. "Armed with attitude and ready for anything," she finds that being black and female is sometimes, but not always, an occupational asset. Knowing that her dispatches will help shape American perceptions of a region she cares deeply about, she works hard to balance her anger at the brutality and venality of "ugly Africa" against her admiration for Mandela and for the fortitude and ingenuity of ordinary Africans. Equally deft at presenting vivid eyewitness descriptions and concise evaluations of failed policies, whether African or American, Duke has given us a glimpse of what first-rate reporting on Africa can be.

[from Foreign Affairs]



Pictures: Mandela's 1997 mediation efforts between Mobutu and Laurent Kabila
[That's Afrika and That's Madiba For You!]


Wednesday, 13 June 2012

Sobre o Movimento Estudantil (VI)



"Ao longo de 1975, grupos de professores prepararam teses sobre o Ensino em
Angola que foram debatidas no I Grande Encontro Nacional de Educação, entre 23 de Outubro e 5 de Novembro de 1975. O encontro decorria numa altura em que o estado do Ensino estava “calamitoso”, carente de uma descolonização que “libertasse as mentes para a criação de um homem novo” e permitisse o acesso dos mais desfavorecidos, com o desmantelamento das estruturas coloniais. 

Responsáveis pelo MPLA discursaram na sessão de abertura. Lopo do Nascimento falou na necessidade de “formar uma nova mentalidade”, porque a história da educação em Angola juntava a história da sociedade tradicional e a história da sociedade colonial fascista, e a última não lhes interessava. O novo Director Geral do MEC, engenheiro Guerra Marques, falou no “entorpecimento” do ensino colonial decorrente da “máquina colonial‐fascista”.

Além dos conteúdos programáticos o Encontro da Educação discutiu a definição
politico‐ideológica da escola, a sua relação com a produção, a organização das
estruturas escolares na fase da Resistência Popular Generalizada e o escalonamento
dos graus de ensino. “(…) Foram apresentadas centenas de teses. Creio que teve
forte impacto nos professores angolanos apesar do seu escasso número e limitada
preparação (…)”. 

Os objectivos para a Educação ficaram assentes: “elevar o nível de vida” do povo e criar “um Homem Novo Angolano”. Este novo angolano não podia ter os “vícios” da “(…) mistificação colonial, neo‐colonial e imperialista; do dogmatismo e idealismo; da exploração do homem pelo homem, da ignorância e obscurantismo (…)”.

A metodologia devia seguir a linha política do MPLA, obedecendo a dois princípios:
criação de um sistema de aprendizagem, no qual a força principal era o trabalho do
povo, e a promoção de um ensino ligado à produção colectiva."



Lúcio Lara encerrou o encontro com um discurso marcado pelo confronto com
a UNITA e a FNLA. “(…) Na etapa actual (…) a vitória militar torna‐se condição das
conquistas noutras frentes. Eis porque a tarefa fundamental da escola será tornar‐se
uma arma de resistência popular contra a agressão imperialista. As escolas (…) não
poderão perder de vista a ideia de que se devem preparar para a guerra. Todos os seus componentes devem aprender a enfrentar situações de confronto, aprender a
defender‐se e a atacar o inimigo (…)”. O responsável do MPLA preconizou o ensino
gratuito e obrigatório, a adaptação dos conteúdos às realidades angolanas e a eliminação das matérias sem aplicação prática. Defendeu a abertura do ensino médio e universitário aos trabalhadores com prática na produção e aos que se viram
impossibilitados de o frequentarem. Recordou os valores políticos fundamentais do
MPLA: reforma agrária, reconstrução nacional, poder popular, resistência popular
generalizada, solidariedade. “(…) Nós queremos um ensino verdadeiramente popular, (…) este ensino deve beneficiar as camadas mais exploradas do nosso povo, aquelas que até agora têm sido mantidas, meu grado seu, no obscurantismo (…)”.


[Extracto daqui]


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"Ao longo de 1975, grupos de professores prepararam teses sobre o Ensino em
Angola que foram debatidas no I Grande Encontro Nacional de Educação, entre 23 de Outubro e 5 de Novembro de 1975. O encontro decorria numa altura em que o estado do Ensino estava “calamitoso”, carente de uma descolonização que “libertasse as mentes para a criação de um homem novo” e permitisse o acesso dos mais desfavorecidos, com o desmantelamento das estruturas coloniais. 

Responsáveis pelo MPLA discursaram na sessão de abertura. Lopo do Nascimento falou na necessidade de “formar uma nova mentalidade”, porque a história da educação em Angola juntava a história da sociedade tradicional e a história da sociedade colonial fascista, e a última não lhes interessava. O novo Director Geral do MEC, engenheiro Guerra Marques, falou no “entorpecimento” do ensino colonial decorrente da “máquina colonial‐fascista”.

Além dos conteúdos programáticos o Encontro da Educação discutiu a definição
politico‐ideológica da escola, a sua relação com a produção, a organização das
estruturas escolares na fase da Resistência Popular Generalizada e o escalonamento
dos graus de ensino. “(…) Foram apresentadas centenas de teses. Creio que teve
forte impacto nos professores angolanos apesar do seu escasso número e limitada
preparação (…)”. 

Os objectivos para a Educação ficaram assentes: “elevar o nível de vida” do povo e criar “um Homem Novo Angolano”. Este novo angolano não podia ter os “vícios” da “(…) mistificação colonial, neo‐colonial e imperialista; do dogmatismo e idealismo; da exploração do homem pelo homem, da ignorância e obscurantismo (…)”.

A metodologia devia seguir a linha política do MPLA, obedecendo a dois princípios:
criação de um sistema de aprendizagem, no qual a força principal era o trabalho do
povo, e a promoção de um ensino ligado à produção colectiva."



Lúcio Lara encerrou o encontro com um discurso marcado pelo confronto com
a UNITA e a FNLA. “(…) Na etapa actual (…) a vitória militar torna‐se condição das
conquistas noutras frentes. Eis porque a tarefa fundamental da escola será tornar‐se
uma arma de resistência popular contra a agressão imperialista. As escolas (…) não
poderão perder de vista a ideia de que se devem preparar para a guerra. Todos os seus componentes devem aprender a enfrentar situações de confronto, aprender a
defender‐se e a atacar o inimigo (…)”. O responsável do MPLA preconizou o ensino
gratuito e obrigatório, a adaptação dos conteúdos às realidades angolanas e a eliminação das matérias sem aplicação prática. Defendeu a abertura do ensino médio e universitário aos trabalhadores com prática na produção e aos que se viram
impossibilitados de o frequentarem. Recordou os valores políticos fundamentais do
MPLA: reforma agrária, reconstrução nacional, poder popular, resistência popular
generalizada, solidariedade. “(…) Nós queremos um ensino verdadeiramente popular, (…) este ensino deve beneficiar as camadas mais exploradas do nosso povo, aquelas que até agora têm sido mantidas, meu grado seu, no obscurantismo (…)”.


[Extracto daqui]


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Tuesday, 22 May 2012

E POR FALAR EM "ESTADO DE DIREITO"...





(…)
A imposicao da chamada “ditadura do proletariado” fez com que os cidadaos se vissem privados, durante quase duas decadas, quer do direito fundamental ao voto, quer do direito de emitirem livremente as suas opinioes, num pais onde a imprensa era, ate’ ha’ bem pouco tempo, inteiramente controlada pelo partido-estado; de professarem, sem constrangimentos, as suas confissoes religiosas; ou ainda de educarem os seus filhos de acordo com os valores eticos e morais, herdados quer da cultura tradicional angolana, quer do contacto com os europeus, que noutros tempos fizeram com que Angola pudesse ser considerada um "pais civilizado".
(…)
Enterrada que esta’ essa fase obscura da vida do pais, mantem-se, no entanto, a questao de como compatibilizar a existencia de tais estruturas tradicionais com o principio da separacao de poderes, que e’ uma das exigencias basicas para a construcao de um verdadeiro Estado de direito.

[Extractos de "O Cidadao em Angola" - 1993]




(…)
A imposicao da chamada “ditadura do proletariado” fez com que os cidadaos se vissem privados, durante quase duas decadas, quer do direito fundamental ao voto, quer do direito de emitirem livremente as suas opinioes, num pais onde a imprensa era, ate’ ha’ bem pouco tempo, inteiramente controlada pelo partido-estado; de professarem, sem constrangimentos, as suas confissoes religiosas; ou ainda de educarem os seus filhos de acordo com os valores eticos e morais, herdados quer da cultura tradicional angolana, quer do contacto com os europeus, que noutros tempos fizeram com que Angola pudesse ser considerada um "pais civilizado".
(…)
Enterrada que esta’ essa fase obscura da vida do pais, mantem-se, no entanto, a questao de como compatibilizar a existencia de tais estruturas tradicionais com o principio da separacao de poderes, que e’ uma das exigencias basicas para a construcao de um verdadeiro Estado de direito.

[Extractos de "O Cidadao em Angola" - 1993]

Thursday, 17 May 2012

Sobre o Movimento Estudantil (IV)


 [Salvador Correia/Mutu ya Kevela durante o ME: Nesta foto pode ver-se o Buca - primeiro de pe' do lado esquerdo e o Tirso, estudante da Escola Industrial - terceiro depois do Buca]*


"O Salvador Correia tornou‐se sede de convívio e dos plenários de Luanda. “(…) Os estudantes começaram a despertar para a vida associativa (…) em assembleias muito participadas, com muito entusiasmo (…). Vivia‐se um espaço de democracia pautada pelos intervenientes. Começou a esbater‐se a separação entre liceus e escolas comerciais e industriais. Foi um passo importante para acabar com a discriminação económica e social. E alguns começaram a participar. Por esta altura ou um pouco mais tarde começou a ser visível a africanização da sociedade angolana. Nesse sentido, a Pró‐AEESL decidiu substituir os nomes portugueses dos estabelecimentos de ensino por outros da História de Angola. Assim, o Liceu D. Guiomar de Lencastre, ou Liceu Feminino, passou a chamar‐se N’Zinga M’Bandi, o Liceu Salvador Correia ficou Mutu Ya Kevela, o Liceu Paulo Dias de Novais designou‐se por N’Gola Kiluanji, a Escola Industrial transformou‐se em Bula Matadi e a Comercial Vicente Ferreira ficou 1º de Maio."
[Entrevista a Timóteo Macedo]


[Liceu D. Guiomar de Lencastre/Nzinga Mbandi: novamente o Tirso, no centro, tendo ao seu lado e a sua frente as manas filhas da cantora Lily Tchiumba - com uma delas, a Paula, viria a partilhar algumas aventuras anos depois no eixo Lubango/Namibe; encostada ao pilar a Arlete Bolonhes - ela foi, comigo, uma das duas que representamos as alunas durante algum tempo no Conselho Directivo do Liceu; encontramo-nos nos ultimos anos na Africa do Sul, onde ela reside, tendo uma das ocasioes sido 'reportada' aqui - ela esta' em conversa comigo no canto inferior esquerdo da composicao fotografica]*


“(…) Escolhi o nome de uma rainha angolana. Tinha de ser mulher, a rainha N’Zinga M’Bandi que se tinha distinguido. Eu e outras alunas fomos à fachada do liceu para tentarmos arrancar as letras, mas eram num metal pesado, foi impossível. Depois mudaram e ficou N’Zinga M’Bandi (…)”.

[Entrevista a Maria Adelina Batista]


[foto: Buca Boavida, 1996]

COMENTARIO: Quem "deu" o nome Nzinga Mbandi ao "meu liceu"? Nao creio que tenha sido uma so' pessoa em particular. Mas ainda que assim o tenha sido, o importante naquela altura era nao so' "(re)nomea-lo" mas "faze-lo" Nzinga Mbandi. E quem melhor do que as "meninas de origem Africana" aqui referidas para o fazer? Como aqui afirmei: "O Liceu Feminino Produziu tanto Meninas Guiomares de Lencastres, protegidas na Sala das Professoras… Como Mulheres desprotegidas na Cerca, que o fizeram Nzinga Mbandi"... Porque nao, nao somos, nunca fomos "todas iguais"!

E fizemo-lo (e aqui nao posso deixar de fazer uma mencao especial 'a Mila') em varias frentes: organizando as nossas varias reunioes e RGAs, participando no Conselho Directivo, organizando e participando em actividades politico-culturais e desportivas, fazendo os nossos jornais murais, comecando a cultivar lavras de legumes no quintal traseiro do liceu,
 participando nas campanhas de producao e de alfabetizacao, etc., etc., etc....

Mas, acima de tudo, ficamos la' para o que desse e viesse (... no meu caso mesmo depois de a minha familia mais proxima ter tambem "bazado" para Portugal por razoes ponderosas!...) e, ao contrario do que ja' fui cavilosamente acusada de "nao ter sido capaz de fazer" por uma certa vulta de triste memoria, AGUENTAMOS A (nossa) DIPANDA e, pelo menos no meu caso, AGUENTAMOS ESTOICAMENTE TODAS AS INTEMPERIES DA 'UGGLY AFRIKA'!...


Et pourtant...

 Eramos da "Mocidade Portuguesa"!!!...


*[fotos propriedade da autora deste blog]


 [Salvador Correia/Mutu ya Kevela durante o ME: Nesta foto pode ver-se o Buca - primeiro de pe' do lado esquerdo e o Tirso, estudante da Escola Industrial - terceiro depois do Buca]*


"O Salvador Correia tornou‐se sede de convívio e dos plenários de Luanda. “(…) Os estudantes começaram a despertar para a vida associativa (…) em assembleias muito participadas, com muito entusiasmo (…). Vivia‐se um espaço de democracia pautada pelos intervenientes. Começou a esbater‐se a separação entre liceus e escolas comerciais e industriais. Foi um passo importante para acabar com a discriminação económica e social. E alguns começaram a participar. Por esta altura ou um pouco mais tarde começou a ser visível a africanização da sociedade angolana. Nesse sentido, a Pró‐AEESL decidiu substituir os nomes portugueses dos estabelecimentos de ensino por outros da História de Angola. Assim, o Liceu D. Guiomar de Lencastre, ou Liceu Feminino, passou a chamar‐se N’Zinga M’Bandi, o Liceu Salvador Correia ficou Mutu Ya Kevela, o Liceu Paulo Dias de Novais designou‐se por N’Gola Kiluanji, a Escola Industrial transformou‐se em Bula Matadi e a Comercial Vicente Ferreira ficou 1º de Maio."
[Entrevista a Timóteo Macedo]


[Liceu D. Guiomar de Lencastre/Nzinga Mbandi: novamente o Tirso, no centro, tendo ao seu lado e a sua frente as manas filhas da cantora Lily Tchiumba - com uma delas, a Paula, viria a partilhar algumas aventuras anos depois no eixo Lubango/Namibe; encostada ao pilar a Arlete Bolonhes - ela foi, comigo, uma das duas que representamos as alunas durante algum tempo no Conselho Directivo do Liceu; encontramo-nos nos ultimos anos na Africa do Sul, onde ela reside, tendo uma das ocasioes sido 'reportada' aqui - ela esta' em conversa comigo no canto inferior esquerdo da composicao fotografica]*


“(…) Escolhi o nome de uma rainha angolana. Tinha de ser mulher, a rainha N’Zinga M’Bandi que se tinha distinguido. Eu e outras alunas fomos à fachada do liceu para tentarmos arrancar as letras, mas eram num metal pesado, foi impossível. Depois mudaram e ficou N’Zinga M’Bandi (…)”.

[Entrevista a Maria Adelina Batista]


[foto: Buca Boavida, 1996]

COMENTARIO: Quem "deu" o nome Nzinga Mbandi ao "meu liceu"? Nao creio que tenha sido uma so' pessoa em particular. Mas ainda que assim o tenha sido, o importante naquela altura era nao so' "(re)nomea-lo" mas "faze-lo" Nzinga Mbandi. E quem melhor do que as "meninas de origem Africana" aqui referidas para o fazer? Como aqui afirmei: "O Liceu Feminino Produziu tanto Meninas Guiomares de Lencastres, protegidas na Sala das Professoras… Como Mulheres desprotegidas na Cerca, que o fizeram Nzinga Mbandi"... Porque nao, nao somos, nunca fomos "todas iguais"!

E fizemo-lo (e aqui nao posso deixar de fazer uma mencao especial 'a Mila') em varias frentes: organizando as nossas varias reunioes e RGAs, participando no Conselho Directivo, organizando e participando em actividades politico-culturais e desportivas, fazendo os nossos jornais murais, comecando a cultivar lavras de legumes no quintal traseiro do liceu,
 participando nas campanhas de producao e de alfabetizacao, etc., etc., etc....

Mas, acima de tudo, ficamos la' para o que desse e viesse (... no meu caso mesmo depois de a minha familia mais proxima ter tambem "bazado" para Portugal por razoes ponderosas!...) e, ao contrario do que ja' fui cavilosamente acusada de "nao ter sido capaz de fazer" por uma certa vulta de triste memoria, AGUENTAMOS A (nossa) DIPANDA e, pelo menos no meu caso, AGUENTAMOS ESTOICAMENTE TODAS AS INTEMPERIES DA 'UGGLY AFRIKA'!...


Et pourtant...

 Eramos da "Mocidade Portuguesa"!!!...


*[fotos propriedade da autora deste blog]

Friday, 2 March 2012

NO "DIA DA MULHER ANGOLANA"... [R]*




Pela estrada desce a noite...
Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvilias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.

Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...

Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...

Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo Mãe-Negra!

Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar...

Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta, bem calada.

É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada

Alda Lara


( ... Ha' quem continue a "saber tudo" e quem continue a "nao saber nada"... a questao e': "quem e' quem e quem sabe o que sobre o que"...)


Ngongo ya Biluka (Lourdes Van Dunem)


(NB: a cancao da saudosa Lourdes Van Dunem que eu queria realmente colocar aqui era o Monami. Mas, como nao a tenho, podera' ouvi-la no Kurikutela)


(Foto daqui)




*[Postado inicialmente a 02/03/2007]

Post Relacionado:

Ainda Sobre o Dia da Mulher Angolana




Pela estrada desce a noite...
Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvilias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.

Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...

Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...

Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo Mãe-Negra!

Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar...

Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta, bem calada.

É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada

Alda Lara


( ... Ha' quem continue a "saber tudo" e quem continue a "nao saber nada"... a questao e': "quem e' quem e quem sabe o que sobre o que"...)


Ngongo ya Biluka (Lourdes Van Dunem)


(NB: a cancao da saudosa Lourdes Van Dunem que eu queria realmente colocar aqui era o Monami. Mas, como nao a tenho, podera' ouvi-la no Kurikutela)


(Foto daqui)




*[Postado inicialmente a 02/03/2007]

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Ainda Sobre o Dia da Mulher Angolana

Sunday, 27 November 2011

Paula Santana: "O Que Ficou Por Dizer"... (actualizado)




[imagem daqui]


Depois do percurso, muito ficou e ficara’ ainda por dizer.
Mas, para ja’, ha’ algumas coisas que nao podem deixar de ser ditas.
Nomeadamente, que toda esta campanha, que agora parece ter atingido o “extase”, na blogosfera, com a recente implosao (?) de Ana Clara Guerra Marques (ACGM) e a explosao (!) de Reginaldo Silva (RS) (... e' no que dao egos super-deficitarios e hiper-inflacionados: implodem ou explodem!... e nao sera' de todo despiciendo notar aqui, mais uma vez, a "coincidencia" de ambos serem "would be economists" frustrados e... extremamente arrogantes nessa materia!... e com a agravante de serem ambos racistas e sexistas - embora cada um "a sua maneira"...), teve alguns ‘temas recorrentes’ e um ‘nucleo duro’.

Dentre os 'temas recorrentes' ressaltam:

i) Os meus posicionamentos sobre a Identidade com particular incidencia nas questoes de genero, raca e etnia;

ii) A publicacao do meu primeiro livro, a poesia nele contida e a minha entrada
(... “prematura?”... “imerecida?”...) para a Uniao dos Escritores Angolanos (UEA) – na qual fui a primeira Mulher Negra a ser admitida e, durante alguns anos apos a minha entrada, o seu membro mais jovem;

iii) A minha vida privada e a minha (imaginada, fantasiada, conspurcada e vilipendiada!) sexualidade, associadas ao “ultrajante” facto de ter permanecido mae solteira, por entre insinuacoes de ter sido a “predadora” responsavel pela morte dos dois companheiros mais significativos da minha vida (Tirso Amaral e David Mestre)...;

iv) A minha alegada “fuga” do pais e os ditos “crimes de lesa-patria” que venho sendo acusada de entretanto ter cometido: e.g. a lideranca do “Movimento dos Estudantes pela Paz” e o seu “Manifesto pelo Direito a Vida”, considerados, no minimo, “inconvenientes” no explosivo contexto politico-militar em que ocorreram; ou o meu trabalho no/para o Secretariado da SADC, em que fui a primeira Angolana a entrar de forma independente do Estado Angolano e por concurso internacional e onde fui trabalhar, ao servico da UE, directamente com alguem considerado “o inimigo”, nao so' por ter encetado um processo de reestruturacao da organizacao que fez "muito boa gente" temer pelos seus postos que julgavam ser "para a vida" e hostilizar, ostracizar e perseguir "gente nova" como eu, mas tambem e sobretudo por representar um pais “atipico” na regiao e que nao fez parte dos paises da “Linha da Frente”, o qual assumiu o mais alto cargo na organizacao em detrimento da candidata de Angola...;

v) O facto de eu ter "ousado" denunciar as "bandeiras" de alguns angolanos na SADC (relatadas AQUI em algum detalhe) e, muito particularmente, a minha saida da organizacao em protesto por um ataque pornografico que me foi feito por um deles...;


Sobre todos esses temas, verdadeiramente nao pretendo dizer muito mais do que o que neste blog ja’ disse – de facto, nao tivessem eles sido forcados, ainda que cobarde, irresponsavel e aviltantemente por detras de cortinas de fumo e de ferro, para as “parangonas” da imprensa, por alguns dos agentes dessa campanha, e.g. Gustavo Costa (GC), Inocencia Mata (IM) e Elizabeth Ceita (EC) e, na blogosfera, por ACGM e RS, eu nunca os teria abordado em publico!

Ja’ sobre o ‘nucleo duro’ nao posso deixar de me expandir um pouco mais:

Esse ‘nucleo duro’ e’ constituido por gente como os ja’ citados RS, IM e EC, a que mais recentemente se foi juntar uma “nova geracao” constituida por gente como ACGM e, 'nos bastidores', por outros como os que prefiro continuar a referir aqui apenas pelas iniciais FVL e AM, so' para citar estes. Todos eles teem uma coisa em comum: a lideranca, filiacao ou associacao ao partido Bloco Democratico (BD), ex- FpD. E a alguns deles une algo mais longinquo, e por isso menos perceptivel, mas perene: a sua militancia em, ou simpatia por, grupos considerados de “extrema esquerda”, e acrescente-se “totalitaria!” - pelo menos, no contexto angolano, relativamente 'a ‘mainstream’ representada pelo MPLA -, desde os tempos do movimento Associativo Estudantil de Luanda durante o chamado PREC (Periodo Revolucionario em Curso) de 1974-76. Foi nesse periodo que os meus passos se cruzaram com os de alguns deles e foi tambem ali que se separaram...

Efectivamente, foi ali que me dei conta da sua postura sobranceira de “dedo em riste e nariz empinado” (a que aqui me referia) para com jovens como eu... E’ que, para eles, ja’ naquela altura, ser-se do MPLA ou da JMPLA significava ser-se “inferior”, “superficial”, “estupido”, “inculto”, “lambebotas”, “servidor do poder”, “pequeno-burgues(a)”, “lumpen” e outros epipetos do genero, como os entao equivalentes, para as raparigas, aos actuais “catorzinha” e “predadora”, para nao referir outros mais “pesados”!...

Assim (...o que, curiosamente, me faz recuar a este post e revisitar este poema...), se eu nao fazia parte dos seus grupos ou nao frequentava os seus circulos, rejeitava pedidos de namoro de alguns rapazes da "malta dos seus liceus", nao passava a vida a recitar trechos de Mao, Staline ou Enver Hoxha (sobretudo deste!) e, pior do que tudo isso, usava calcas LaFinesse ou outras roupas “da moda” na altura, para alguns membros (especialmente as 'cavalheiras') desse tal ‘nucleo duro’, que ja’ entao se auto-consideravam os “unicos e verdadeiros intelectuais e donos de toda a verdade sobre todo o mundo” (... porem, nao que se dedicassem exactamente a criacao, a arte, a poesia, a literatura, ou a musica - mas apenas e tao so' a leituras apressadas e mal digeridas de todo o tipo de ideologias de extrema esquerda importadas em decima primeira mao - e alguns, como RS, ao ponto de arrogantemente "dispensarem" os estudos superiores - do que agora se "arrependem (?)" amargamente!...), nao era porque eu realmente acreditava nos ideais que perseguia como outros jovens atraves da JMPLA, ou porque preferia ir trabalhar nas campanhas de producao ou de alfabetizacao, ou porque realmente nao gostava dos tais rapazes ao ponto de namorar com eles, ou porque preferia ler Marx, Engels, Lenine ou Freud (sobretudo este!), ou estudar para os exames do liceu e, mais do que tudo isso, as roupas que eu usava, ou tinha-as trazido de Portugal aquando das ferias familiares que recentemente la’ tinhamos passado, ou tinham sido desenhadas por mim e costuradas pela minha mae, ou tinham sido compradas numa 'boutique' ou nos entao pervasivos 'fardos' de rua com dinheiro do meu salario – sim!... o primeiro dinheirinho, ainda que apenas simbolico, que ganhei foi-me pago pelo MPLA quando trabalhei no DOM/DORGAN...

Portanto, tudo temas recorrentes que voltaram a aparecer nos intersticios da sordida campanha com que tenho sido vergastada nos ultimos tempos e... tudo temas recorrentes nos intersticios do discurso (aberto ou velado, mas em todo o caso cinico, hipocrita e de falsa moral!) do BD sobre “valores e principios”, atraves do qual mais nao teem do que revelado o que aqui designei a sua postura de "um radicalismo (embora raramente assumido abertamente) dito 'de esquerda' em termos politico-ideologicos e de ideais economicos, associado a um conservadorismo marcadamente 'de direita' e, no limite, de matizes a rocar o puro reaccionarismo (quando nao o mais despudorado neocolonialismo e racismo - em exacta equivalencia ao dito 'endocolonialismo' de que alguns acusam o partido no poder), em termos socio-culturais."! ...

Nao que eu tenha o que quer que seja contra os “valores e principios morais” – bem pelo contrario! De facto, tal como se verificou no periodo do PREC (... e continuo aqui a abster-me, quanto mais nao seja por uma questao de higiene e sanidade fisica, mental, intelectual e social, de abordar a vida privada e/ou a sexualidade dos meus atacantes mais do que o fiz aqui...), se alguma coisa se tem passado nessa campanha tem sido a tentativa, a golpes de (aka)martelo, por parte de pessoas que nem sequer me conhecem (!), de “(des)estruturacao” do meu sistema de valores e principios morais e etico-religiosos, “(des)caracterizacao” da minha personalidade e identidade e “(des)construcao” da minha estabilidade psicologica e integridade moral para aceitar, acomodar e praticar “valores e principios” como o racismo e a pornografia (viz. ACGM), a poligamia e/ou a objectificacao sexual da mulher, a sua anulacao intelectual, assassinio de caracter e tentativa de aniquilamento pessoal e profissional (viz. RS), ou os complexos de superioridade, os preconceitos sociais e etnico-tribais, o pretensiosismo obnoxio, o pseudo-intelectualismo obtuso, a demagogia ideologica e o extremo elitismo bacoco e anti-social (viz. IM e EC), ou ainda a total estigmatizacao social das maes solteiras e a completa desculpabilizacao da irresponsabilidade paterna comum a todos eles!... - O que nao deixa de ser notavel quando vindo de uma "geracao Y" cuja percentagem de "casamentos felizes para sempre" sera', se tanto, inferior a 0,001 por cento e de membros da "geracao R" cuja percentagem equivalente se situa ainda mais abaixo... Ja' para nao falar no numero de casos, sobretudo nesta ultima geracao, de maes solteiras com dois ou mais filhos de pais diferentes!...

E... menos ainda que eu seja militante do MPLA! Deixei de o ser em 1978/79 e nunca mais voltei para tras – ja’ o disse varias vezes e repito-o: nao tenho, nem pretendo ter, qualquer filiacao ou pretensao politico-partidaria!

Mas, mais uma vez, e’ aqui que os nossos passos se cruzam e descruzam: o ‘nucleo duro’ do BD continua a apelidar-me, aberta ou veladamente, “servidora do poder” que “deve ser posta no seu devido lugar” e, neste particular momento politico no pais, como RS fez questao de "deixar saber" na sua explosao usando as suas vestes de Big Brother: "a um ano das eleicoes, o ambiente aquece e... ha' que, nao so' recorrer ao 'hacking' e 'sabotagem' dos emails e blogs do/as 'servidore/as do poder', como "denuncia-las" como "predadoras" com nome completo e foto(s) a acompanhar, mais umas palavras "metidas na boca" para reforcar!... Mas, como aqui referia "(...) por forma a fazerem-me passar por "demente" e "elucubradora" de "fantasmas" que nunca existiram, caso eu sobre eles me pronunciasse, ou deles me tentasse defender!"

E e’ aqui que os “temas recorrentes” que mencionei no inicio assumem uma dimensao particularmente critica perante este ‘nucleo duro’:

- Nele pontifica um grupo cujos apelidos adquiriram uma “equivalencia automatica” 'a palavra “intelectual”: como “engolir” o facto de que 'todo o mundo' como eu tenha sido admitida na “catedral dos intelectuais angolanos” (a UEA) primeiro do que eles, ou que as suas 'damas', 'madames', 'donas', 'femeas' e 'cavalheiras'?!... Ou que 'todo o mundo' como eu tenha entre as suas amizades gente que eles julgavam dever pertencer exclusivamente aos seus "circulos restritos"?!... Ou ainda que a 'estrela candente da literatura angolana' se permitisse dedicar um livro de poemas a 'todo o mundo' como eu?!... Ou, mais ainda, que 'todo o mundo' como eu tivesse sido a primeira angolana a criar um blog bilingue e multitematico, com notavel sucesso tanto a nivel local como global?!...

- Nele pontifica um grupo predominantemente de ascendencia Caboverdiana e/ou Saotomense, ou seja, o sub-grupo "crioulo" a quem o regime colonial portugues concedeu "direitos especiais" relativamente aos "indigenas" de Angola (como aqui, ou aqui, se pode constatar) - independentemente de alguns deles reclamarem ter participado, directa ou indirectamente, na "luta anti-colonial", o que nao significa necessariamente "luta de libertacao nacional" em todo e cada um caso e contexto especifico, uma vez que a luta contra o colonialismo e o fascismo foi transversal a todas as ex-colonias portuguesas e a varios extractos socio-politicos e comum a Portugal - nao tera' sido certamente por acaso que um deles, durante o PREC, liderava em Luanda os designados "Comites Amilcar Cabral" (CACs)... o que talvez explique a sua defesa, ainda que "(mal) encapotada" dos ideais da "recolonizacao"... - assim, como "nao empolar" o facto circunstancial de alguem como eu, que afirma "nao se identificar como crioula", viver fora do pais, ainda que por razoes de forca maior e originadas no proprio pais (...e, em grande medida, com a nefasta contribuicao - leia-se "empurrao"! - de alguns deles!...), ao contrario deles cujas "raizes mais profundas" sao frequentemente questionadas?!... E apesar de alguns deles terem vivido, ou ainda viverem permanentemente fora do pais, e em alguns casos ha' mais tempo do que eu - tendo alguns deles (viz. IM e EC) o topete de me dirigirem ataques nessa base a partir das suas 'catedras' no estrangeiro, onde teem vivido confortavelmente a maior parte das suas vidas!... Como nao apoiar, implicita ou explicitamente, como elementos desse grupo o teem feito, alguem como ACGM nas suas posturas sobre questoes como a lingua, a arte, a cultura, a identidade, a sexualidade das mulheres negras, a raca e o racismo?!...

- Nele pontifica um grupo que, por via de regra e quanto mais nao seja devido as suas inclinacoes "libertarias (de 'libertinagem'!) de esquerda" - onde, de resto, a pornografia figura "ideologicamente" como uma "forma superior de arte"!... -, nao tem propriamente o que se pode chamar vidas familiares e/ou sexuais "estaveis e regradas" - apesar de nos ultimos anos tenderem a gravitar a volta das instituicoes da Igreja Catolica, como a Radio Ecclesia e a Universidade Catolica de Angola, como aqui referi... E isso ja' era assim, e sobretudo (!), durante o PREC, em que se algo se pode dizer sobre a minha conduta nesse dominio e' que eu nunca fiz parte das suas 'orgias e bacanais': como, entao, nao tratar a todo o custo e a qualquer preco de devassar a minha vida privada em busca de "razoes para justificar" o ataque pornografico que me foi feito na SADC enquanto me inventavam um qualquer "relacionamento intimo" com o Secretario Executivo daquela organizacao?!... E, pelo caminho, tentar "desculpabilizar a irresponsabilidade paterna do pai do meu filho" (... coisa que nem ele proprio alguma vez ousou fazer!...), como RS fez tema recorrente no seu blog, embora finalmente tenha acabado por confessar que NAO ME CONHECE de facto: "(...) ela nao tinha nada que se armar em virgem estuprada que ficou gravida!... Afinal trata-se de alguem que ja' esteve muito perto da sarjeta!"... E, mais ainda, fazendo "vista grossa" aos ataques pornograficos de ACGM sobre mim?! Alias, para eles, todo este desaguizado com ACGM mais nao passou do que uma "sexualmente excitante" mud fight a preto e branco entre duas "miudas" que, para o 'positivo' ou o 'negativo', representam (...supostamente "sem quaisquer diferencas reais ou imaginarias" ...) as suas "fantasias mais profundas - reais ou imaginarias"!...
BUT: guess who, in spite of having won all rounds, ends up completely down in the mud at their hands?... A PRETA!!!

- Nele pontifica um grupo que se pretende afirmar como "campeao da democracia e dos direitos humanos": como aceitar que 'todo o mundo' como eu tenha protagonizado, independentemente (e ate' 'a revelia!) deles, alguns actos significativos na luta pela democracia multipartidaria, supra-etnica e supra-racial, pela liberalizacao economica e pelos direitos humanos, civicos e politicos dos Angolanos, passando pelas minhas contribuicoes para as lutas pela paz e a cidadania (sendo de notar que eles se mantiveram conspicuamente ausentes, quando nao a ele abertamente hostis, do movimento a volta do "Manifesto pelo Direito a Vida" e de outras actividades da Comunidade Angolana em prol da paz e da democracia que na altura tiveram lugar em Portugal, onde os seus membros mais proeminentes na altura residiam...), pela liberdade de imprensa ou a equidade/paridade do genero?!... Ou como "aceitar" que 'todo o mundo' como eu, que julgavam "dever estar 'cega, lobotomizada e incondicionalmente' ao seu servico", se permita pronunciar assim sobre a forma como eles reagiram a sua derrota e (quase) extincao nas ultimas legislativas?!...

- Nele pontifica um grupo com um numero significativo de economistas: como "aceitar" que 'todo o mundo' como eu tenha um grau de qualificacao em economia superior ao seu e obtido numa das mais reputadas escolas de economia do mundo (e sem qualquer apoio do estado angolano!) e que tenha exercido funcoes tecnicas e academico-profissionais ao nivel regional ou internacional (atraves de concurso publico e, nunca sera' demais nota-lo: sem qualquer apoio do estado angolano!...) que nenhum deles ainda exerceu?!... Como "mastigar" o facto de o meu artigo "Angola, Petroleo e Economia Pos-Conflito: Que Fazer?" e, em geral, a minha serie de cronicas para o SA, tenham tido o impacto que tiveram, tanto dentro, como fora do pais?!... Como "engolir" o 'atrevimento' de 'todo o mundo' como eu questionar um dos seus lideres maximos nestes termos?!... Ou que tenha tido o "topete" de lhes fazer "sugestoes" como esta ou esta?!...

Perante tudo isso, nao me causa muita surpresa que eu apareca agora nas suas "parangonas" apelidada de "predadora!": era preciso "linchar-me" em praca publica de uma vez por todas! ... E' que, afinal de contas, tal como durante o PREC, a intromissao abusiva na vida privada e familiar (... para o que, infelizmente, encontram, ou teem sabido forjar, terreno fertil, na minha familia...), a manipulacao e a chantagem emocional, a intriga, a calunia, a difamacao, a conspiracao e o assassinio de caracter sempre foram as suas armas predilectas para o aniquilamento, real ou virtual, dos seus adversarios - reais ou imaginarios!

... "Mudanca para Melhor"?!... "Democracia"?!... "Tolerancia Politica"?!... "Modernidade"?!... "Esquerda Solidaria"?!... "Valores e Principios Morais, Eticos e Deontologicos"?!... "Intelectualismo"?!... "Preocupacoes com as Questoes de Genero, Raca e Etnia"?!... "Respeito pela Identidade e a Diversidade"?!... "Respeito pelas Mulheres, Criancas e Jovens"?!... "Defesa da Liberdade de Expressao e Opiniao"?!... "Defesa dos Mais Elementares Direitos Humanos e de Cidadania"?!...

[imagem daqui]

Meus caro/as, so' nao vos digo NAO ME FACAM RIR porque so' sao capazes de me fazer chorar, nem CRESCAM E APARECAM porque, como alias fazem sempre muita questao de frizar e "impor", sao todo/as muito "kotas", mais velho/as e "muito mais importantes" do que eu, mas, do alto da SOBRIEDADE e da MATURIDADE dos meus 50 anos + 1 de vida, sempre vos digo:


ENOUGH IS ENOUGH!!!

[... and please, pretty please, DON'T keep in touch!...]


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[imagem daqui]


Depois do percurso, muito ficou e ficara’ ainda por dizer.
Mas, para ja’, ha’ algumas coisas que nao podem deixar de ser ditas.
Nomeadamente, que toda esta campanha, que agora parece ter atingido o “extase”, na blogosfera, com a recente implosao (?) de Ana Clara Guerra Marques (ACGM) e a explosao (!) de Reginaldo Silva (RS) (... e' no que dao egos super-deficitarios e hiper-inflacionados: implodem ou explodem!... e nao sera' de todo despiciendo notar aqui, mais uma vez, a "coincidencia" de ambos serem "would be economists" frustrados e... extremamente arrogantes nessa materia!... e com a agravante de serem ambos racistas e sexistas - embora cada um "a sua maneira"...), teve alguns ‘temas recorrentes’ e um ‘nucleo duro’.

Dentre os 'temas recorrentes' ressaltam:

i) Os meus posicionamentos sobre a Identidade com particular incidencia nas questoes de genero, raca e etnia;

ii) A publicacao do meu primeiro livro, a poesia nele contida e a minha entrada
(... “prematura?”... “imerecida?”...) para a Uniao dos Escritores Angolanos (UEA) – na qual fui a primeira Mulher Negra a ser admitida e, durante alguns anos apos a minha entrada, o seu membro mais jovem;

iii) A minha vida privada e a minha (imaginada, fantasiada, conspurcada e vilipendiada!) sexualidade, associadas ao “ultrajante” facto de ter permanecido mae solteira, por entre insinuacoes de ter sido a “predadora” responsavel pela morte dos dois companheiros mais significativos da minha vida (Tirso Amaral e David Mestre)...;

iv) A minha alegada “fuga” do pais e os ditos “crimes de lesa-patria” que venho sendo acusada de entretanto ter cometido: e.g. a lideranca do “Movimento dos Estudantes pela Paz” e o seu “Manifesto pelo Direito a Vida”, considerados, no minimo, “inconvenientes” no explosivo contexto politico-militar em que ocorreram; ou o meu trabalho no/para o Secretariado da SADC, em que fui a primeira Angolana a entrar de forma independente do Estado Angolano e por concurso internacional e onde fui trabalhar, ao servico da UE, directamente com alguem considerado “o inimigo”, nao so' por ter encetado um processo de reestruturacao da organizacao que fez "muito boa gente" temer pelos seus postos que julgavam ser "para a vida" e hostilizar, ostracizar e perseguir "gente nova" como eu, mas tambem e sobretudo por representar um pais “atipico” na regiao e que nao fez parte dos paises da “Linha da Frente”, o qual assumiu o mais alto cargo na organizacao em detrimento da candidata de Angola...;

v) O facto de eu ter "ousado" denunciar as "bandeiras" de alguns angolanos na SADC (relatadas AQUI em algum detalhe) e, muito particularmente, a minha saida da organizacao em protesto por um ataque pornografico que me foi feito por um deles...;


Sobre todos esses temas, verdadeiramente nao pretendo dizer muito mais do que o que neste blog ja’ disse – de facto, nao tivessem eles sido forcados, ainda que cobarde, irresponsavel e aviltantemente por detras de cortinas de fumo e de ferro, para as “parangonas” da imprensa, por alguns dos agentes dessa campanha, e.g. Gustavo Costa (GC), Inocencia Mata (IM) e Elizabeth Ceita (EC) e, na blogosfera, por ACGM e RS, eu nunca os teria abordado em publico!

Ja’ sobre o ‘nucleo duro’ nao posso deixar de me expandir um pouco mais:

Esse ‘nucleo duro’ e’ constituido por gente como os ja’ citados RS, IM e EC, a que mais recentemente se foi juntar uma “nova geracao” constituida por gente como ACGM e, 'nos bastidores', por outros como os que prefiro continuar a referir aqui apenas pelas iniciais FVL e AM, so' para citar estes. Todos eles teem uma coisa em comum: a lideranca, filiacao ou associacao ao partido Bloco Democratico (BD), ex- FpD. E a alguns deles une algo mais longinquo, e por isso menos perceptivel, mas perene: a sua militancia em, ou simpatia por, grupos considerados de “extrema esquerda”, e acrescente-se “totalitaria!” - pelo menos, no contexto angolano, relativamente 'a ‘mainstream’ representada pelo MPLA -, desde os tempos do movimento Associativo Estudantil de Luanda durante o chamado PREC (Periodo Revolucionario em Curso) de 1974-76. Foi nesse periodo que os meus passos se cruzaram com os de alguns deles e foi tambem ali que se separaram...

Efectivamente, foi ali que me dei conta da sua postura sobranceira de “dedo em riste e nariz empinado” (a que aqui me referia) para com jovens como eu... E’ que, para eles, ja’ naquela altura, ser-se do MPLA ou da JMPLA significava ser-se “inferior”, “superficial”, “estupido”, “inculto”, “lambebotas”, “servidor do poder”, “pequeno-burgues(a)”, “lumpen” e outros epipetos do genero, como os entao equivalentes, para as raparigas, aos actuais “catorzinha” e “predadora”, para nao referir outros mais “pesados”!...

Assim (...o que, curiosamente, me faz recuar a este post e revisitar este poema...), se eu nao fazia parte dos seus grupos ou nao frequentava os seus circulos, rejeitava pedidos de namoro de alguns rapazes da "malta dos seus liceus", nao passava a vida a recitar trechos de Mao, Staline ou Enver Hoxha (sobretudo deste!) e, pior do que tudo isso, usava calcas LaFinesse ou outras roupas “da moda” na altura, para alguns membros (especialmente as 'cavalheiras') desse tal ‘nucleo duro’, que ja’ entao se auto-consideravam os “unicos e verdadeiros intelectuais e donos de toda a verdade sobre todo o mundo” (... porem, nao que se dedicassem exactamente a criacao, a arte, a poesia, a literatura, ou a musica - mas apenas e tao so' a leituras apressadas e mal digeridas de todo o tipo de ideologias de extrema esquerda importadas em decima primeira mao - e alguns, como RS, ao ponto de arrogantemente "dispensarem" os estudos superiores - do que agora se "arrependem (?)" amargamente!...), nao era porque eu realmente acreditava nos ideais que perseguia como outros jovens atraves da JMPLA, ou porque preferia ir trabalhar nas campanhas de producao ou de alfabetizacao, ou porque realmente nao gostava dos tais rapazes ao ponto de namorar com eles, ou porque preferia ler Marx, Engels, Lenine ou Freud (sobretudo este!), ou estudar para os exames do liceu e, mais do que tudo isso, as roupas que eu usava, ou tinha-as trazido de Portugal aquando das ferias familiares que recentemente la’ tinhamos passado, ou tinham sido desenhadas por mim e costuradas pela minha mae, ou tinham sido compradas numa 'boutique' ou nos entao pervasivos 'fardos' de rua com dinheiro do meu salario – sim!... o primeiro dinheirinho, ainda que apenas simbolico, que ganhei foi-me pago pelo MPLA quando trabalhei no DOM/DORGAN...

Portanto, tudo temas recorrentes que voltaram a aparecer nos intersticios da sordida campanha com que tenho sido vergastada nos ultimos tempos e... tudo temas recorrentes nos intersticios do discurso (aberto ou velado, mas em todo o caso cinico, hipocrita e de falsa moral!) do BD sobre “valores e principios”, atraves do qual mais nao teem do que revelado o que aqui designei a sua postura de "um radicalismo (embora raramente assumido abertamente) dito 'de esquerda' em termos politico-ideologicos e de ideais economicos, associado a um conservadorismo marcadamente 'de direita' e, no limite, de matizes a rocar o puro reaccionarismo (quando nao o mais despudorado neocolonialismo e racismo - em exacta equivalencia ao dito 'endocolonialismo' de que alguns acusam o partido no poder), em termos socio-culturais."! ...

Nao que eu tenha o que quer que seja contra os “valores e principios morais” – bem pelo contrario! De facto, tal como se verificou no periodo do PREC (... e continuo aqui a abster-me, quanto mais nao seja por uma questao de higiene e sanidade fisica, mental, intelectual e social, de abordar a vida privada e/ou a sexualidade dos meus atacantes mais do que o fiz aqui...), se alguma coisa se tem passado nessa campanha tem sido a tentativa, a golpes de (aka)martelo, por parte de pessoas que nem sequer me conhecem (!), de “(des)estruturacao” do meu sistema de valores e principios morais e etico-religiosos, “(des)caracterizacao” da minha personalidade e identidade e “(des)construcao” da minha estabilidade psicologica e integridade moral para aceitar, acomodar e praticar “valores e principios” como o racismo e a pornografia (viz. ACGM), a poligamia e/ou a objectificacao sexual da mulher, a sua anulacao intelectual, assassinio de caracter e tentativa de aniquilamento pessoal e profissional (viz. RS), ou os complexos de superioridade, os preconceitos sociais e etnico-tribais, o pretensiosismo obnoxio, o pseudo-intelectualismo obtuso, a demagogia ideologica e o extremo elitismo bacoco e anti-social (viz. IM e EC), ou ainda a total estigmatizacao social das maes solteiras e a completa desculpabilizacao da irresponsabilidade paterna comum a todos eles!... - O que nao deixa de ser notavel quando vindo de uma "geracao Y" cuja percentagem de "casamentos felizes para sempre" sera', se tanto, inferior a 0,001 por cento e de membros da "geracao R" cuja percentagem equivalente se situa ainda mais abaixo... Ja' para nao falar no numero de casos, sobretudo nesta ultima geracao, de maes solteiras com dois ou mais filhos de pais diferentes!...

E... menos ainda que eu seja militante do MPLA! Deixei de o ser em 1978/79 e nunca mais voltei para tras – ja’ o disse varias vezes e repito-o: nao tenho, nem pretendo ter, qualquer filiacao ou pretensao politico-partidaria!

Mas, mais uma vez, e’ aqui que os nossos passos se cruzam e descruzam: o ‘nucleo duro’ do BD continua a apelidar-me, aberta ou veladamente, “servidora do poder” que “deve ser posta no seu devido lugar” e, neste particular momento politico no pais, como RS fez questao de "deixar saber" na sua explosao usando as suas vestes de Big Brother: "a um ano das eleicoes, o ambiente aquece e... ha' que, nao so' recorrer ao 'hacking' e 'sabotagem' dos emails e blogs do/as 'servidore/as do poder', como "denuncia-las" como "predadoras" com nome completo e foto(s) a acompanhar, mais umas palavras "metidas na boca" para reforcar!... Mas, como aqui referia "(...) por forma a fazerem-me passar por "demente" e "elucubradora" de "fantasmas" que nunca existiram, caso eu sobre eles me pronunciasse, ou deles me tentasse defender!"

E e’ aqui que os “temas recorrentes” que mencionei no inicio assumem uma dimensao particularmente critica perante este ‘nucleo duro’:

- Nele pontifica um grupo cujos apelidos adquiriram uma “equivalencia automatica” 'a palavra “intelectual”: como “engolir” o facto de que 'todo o mundo' como eu tenha sido admitida na “catedral dos intelectuais angolanos” (a UEA) primeiro do que eles, ou que as suas 'damas', 'madames', 'donas', 'femeas' e 'cavalheiras'?!... Ou que 'todo o mundo' como eu tenha entre as suas amizades gente que eles julgavam dever pertencer exclusivamente aos seus "circulos restritos"?!... Ou ainda que a 'estrela candente da literatura angolana' se permitisse dedicar um livro de poemas a 'todo o mundo' como eu?!... Ou, mais ainda, que 'todo o mundo' como eu tivesse sido a primeira angolana a criar um blog bilingue e multitematico, com notavel sucesso tanto a nivel local como global?!...

- Nele pontifica um grupo predominantemente de ascendencia Caboverdiana e/ou Saotomense, ou seja, o sub-grupo "crioulo" a quem o regime colonial portugues concedeu "direitos especiais" relativamente aos "indigenas" de Angola (como aqui, ou aqui, se pode constatar) - independentemente de alguns deles reclamarem ter participado, directa ou indirectamente, na "luta anti-colonial", o que nao significa necessariamente "luta de libertacao nacional" em todo e cada um caso e contexto especifico, uma vez que a luta contra o colonialismo e o fascismo foi transversal a todas as ex-colonias portuguesas e a varios extractos socio-politicos e comum a Portugal - nao tera' sido certamente por acaso que um deles, durante o PREC, liderava em Luanda os designados "Comites Amilcar Cabral" (CACs)... o que talvez explique a sua defesa, ainda que "(mal) encapotada" dos ideais da "recolonizacao"... - assim, como "nao empolar" o facto circunstancial de alguem como eu, que afirma "nao se identificar como crioula", viver fora do pais, ainda que por razoes de forca maior e originadas no proprio pais (...e, em grande medida, com a nefasta contribuicao - leia-se "empurrao"! - de alguns deles!...), ao contrario deles cujas "raizes mais profundas" sao frequentemente questionadas?!... E apesar de alguns deles terem vivido, ou ainda viverem permanentemente fora do pais, e em alguns casos ha' mais tempo do que eu - tendo alguns deles (viz. IM e EC) o topete de me dirigirem ataques nessa base a partir das suas 'catedras' no estrangeiro, onde teem vivido confortavelmente a maior parte das suas vidas!... Como nao apoiar, implicita ou explicitamente, como elementos desse grupo o teem feito, alguem como ACGM nas suas posturas sobre questoes como a lingua, a arte, a cultura, a identidade, a sexualidade das mulheres negras, a raca e o racismo?!...

- Nele pontifica um grupo que, por via de regra e quanto mais nao seja devido as suas inclinacoes "libertarias (de 'libertinagem'!) de esquerda" - onde, de resto, a pornografia figura "ideologicamente" como uma "forma superior de arte"!... -, nao tem propriamente o que se pode chamar vidas familiares e/ou sexuais "estaveis e regradas" - apesar de nos ultimos anos tenderem a gravitar a volta das instituicoes da Igreja Catolica, como a Radio Ecclesia e a Universidade Catolica de Angola, como aqui referi... E isso ja' era assim, e sobretudo (!), durante o PREC, em que se algo se pode dizer sobre a minha conduta nesse dominio e' que eu nunca fiz parte das suas 'orgias e bacanais': como, entao, nao tratar a todo o custo e a qualquer preco de devassar a minha vida privada em busca de "razoes para justificar" o ataque pornografico que me foi feito na SADC enquanto me inventavam um qualquer "relacionamento intimo" com o Secretario Executivo daquela organizacao?!... E, pelo caminho, tentar "desculpabilizar a irresponsabilidade paterna do pai do meu filho" (... coisa que nem ele proprio alguma vez ousou fazer!...), como RS fez tema recorrente no seu blog, embora finalmente tenha acabado por confessar que NAO ME CONHECE de facto: "(...) ela nao tinha nada que se armar em virgem estuprada que ficou gravida!... Afinal trata-se de alguem que ja' esteve muito perto da sarjeta!"... E, mais ainda, fazendo "vista grossa" aos ataques pornograficos de ACGM sobre mim?! Alias, para eles, todo este desaguizado com ACGM mais nao passou do que uma "sexualmente excitante" mud fight a preto e branco entre duas "miudas" que, para o 'positivo' ou o 'negativo', representam (...supostamente "sem quaisquer diferencas reais ou imaginarias" ...) as suas "fantasias mais profundas - reais ou imaginarias"!...
BUT: guess who, in spite of having won all rounds, ends up completely down in the mud at their hands?... A PRETA!!!

- Nele pontifica um grupo que se pretende afirmar como "campeao da democracia e dos direitos humanos": como aceitar que 'todo o mundo' como eu tenha protagonizado, independentemente (e ate' 'a revelia!) deles, alguns actos significativos na luta pela democracia multipartidaria, supra-etnica e supra-racial, pela liberalizacao economica e pelos direitos humanos, civicos e politicos dos Angolanos, passando pelas minhas contribuicoes para as lutas pela paz e a cidadania (sendo de notar que eles se mantiveram conspicuamente ausentes, quando nao a ele abertamente hostis, do movimento a volta do "Manifesto pelo Direito a Vida" e de outras actividades da Comunidade Angolana em prol da paz e da democracia que na altura tiveram lugar em Portugal, onde os seus membros mais proeminentes na altura residiam...), pela liberdade de imprensa ou a equidade/paridade do genero?!... Ou como "aceitar" que 'todo o mundo' como eu, que julgavam "dever estar 'cega, lobotomizada e incondicionalmente' ao seu servico", se permita pronunciar assim sobre a forma como eles reagiram a sua derrota e (quase) extincao nas ultimas legislativas?!...

- Nele pontifica um grupo com um numero significativo de economistas: como "aceitar" que 'todo o mundo' como eu tenha um grau de qualificacao em economia superior ao seu e obtido numa das mais reputadas escolas de economia do mundo (e sem qualquer apoio do estado angolano!) e que tenha exercido funcoes tecnicas e academico-profissionais ao nivel regional ou internacional (atraves de concurso publico e, nunca sera' demais nota-lo: sem qualquer apoio do estado angolano!...) que nenhum deles ainda exerceu?!... Como "mastigar" o facto de o meu artigo "Angola, Petroleo e Economia Pos-Conflito: Que Fazer?" e, em geral, a minha serie de cronicas para o SA, tenham tido o impacto que tiveram, tanto dentro, como fora do pais?!... Como "engolir" o 'atrevimento' de 'todo o mundo' como eu questionar um dos seus lideres maximos nestes termos?!... Ou que tenha tido o "topete" de lhes fazer "sugestoes" como esta ou esta?!...

Perante tudo isso, nao me causa muita surpresa que eu apareca agora nas suas "parangonas" apelidada de "predadora!": era preciso "linchar-me" em praca publica de uma vez por todas! ... E' que, afinal de contas, tal como durante o PREC, a intromissao abusiva na vida privada e familiar (... para o que, infelizmente, encontram, ou teem sabido forjar, terreno fertil, na minha familia...), a manipulacao e a chantagem emocional, a intriga, a calunia, a difamacao, a conspiracao e o assassinio de caracter sempre foram as suas armas predilectas para o aniquilamento, real ou virtual, dos seus adversarios - reais ou imaginarios!

... "Mudanca para Melhor"?!... "Democracia"?!... "Tolerancia Politica"?!... "Modernidade"?!... "Esquerda Solidaria"?!... "Valores e Principios Morais, Eticos e Deontologicos"?!... "Intelectualismo"?!... "Preocupacoes com as Questoes de Genero, Raca e Etnia"?!... "Respeito pela Identidade e a Diversidade"?!... "Respeito pelas Mulheres, Criancas e Jovens"?!... "Defesa da Liberdade de Expressao e Opiniao"?!... "Defesa dos Mais Elementares Direitos Humanos e de Cidadania"?!...

[imagem daqui]

Meus caro/as, so' nao vos digo NAO ME FACAM RIR porque so' sao capazes de me fazer chorar, nem CRESCAM E APARECAM porque, como alias fazem sempre muita questao de frizar e "impor", sao todo/as muito "kotas", mais velho/as e "muito mais importantes" do que eu, mas, do alto da SOBRIEDADE e da MATURIDADE dos meus 50 anos + 1 de vida, sempre vos digo:


ENOUGH IS ENOUGH!!!

[... and please, pretty please, DON'T keep in touch!...]


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Saturday, 10 September 2011

PERSONAGENS (IV) - R*




(...)
Nós mesmos
Os contratados
A queimar vida nos cafezais
Os homens negros ignorantes
Que devem respeitar o branco
E temer o rico

Somos os teus filhos
Dos bairros de pretos
Com fome e com sede
Com vergonha de te chamarmos mãe
(...)



Extracto de “Adeus à Hora da Largada”
Agostinho Neto


O EXECRAVEL PUTO PE'-DESCALÇO

Execravel... um puto? Ideia insuportavel!
Mas sim, era um puto. E sim, era execravel.
Nao um desses surpreendentemente imaginativos, empaticos e geralmente de bom fundo, “meninos de rua”, filhos da inclusiva exclusao pos-dipanda.
Tinha sido um puto pre'-dipanda.
[Pe'-descalço. Recalcado. Complexado.]

Alimentado a acre de kikwanga e aspereza de mfumbwa.
Sem a suavidade do funge e a amenidade da kizaka.
Sem a doçura do mikate e a convivialidade do safu.
Crescera boçal e pobre de espirito.
Sem inocencia. Sem meninice.
Sem a magia encantatoria das estorias de adormecer Bantu.
So' pesadelos: de mulheres negras violadas e monas mundele esquartejados a catanada em roças de cafe'.
Que especie de mulheres e monas podiam ser aqueles, senao insuportaveis?! Sussuravam-lhe os seus kazumbis – os unicos que lhe visitavam os sonhos.
[Pesadelos.]

Sim, cresceu dizendo-se 'so' podiam ser umas insuportaveis putas; seus monas nao mereciam outro destino senao a rejeiçao, o apagamento'.

Definitivamente, nao havia outro remedio senao acabar de vez com "aquela mulataria", como dizia um seu companheiro de infancia traumatizada - esse outro, conterraneo de contratados do sul nas roças de cafe' do norte do pais, que mais tarde, porem quando ainda lhe faltava "a coragem de ser angolano", haveria de tentar exorcisar os seus kazumbis, kalundus, traumas e complexos junto de uma inglesa que lhe lia Shakespeare para adormecer sem musica de fundo, acabando, depois de ela lhe ter passado um falso diploma de "cura" (que, aparentemente, tambem o creditava como economista especialista em crises financeiras internacionais e perito em transparencia nas industrias extractivas, entre outras curiosidades e enfermidades afins, tais como "life-long entitlement to ghost writers"...), por produzir, sob o olhar silencioso de Freud, uma copiosa prole negra para mostrar ao mundo (e sobretudo as negras que ao longo da sua ainda curta, mas aventurosa vida o tinham rejeitado, ou com as quais apenas delirara nos breves intervalos dos seus pesadelos - sendo que pelo menos a uma delas tera' "approached" com uma proposta bem a "capitalist nigger": "olha, os mais velhos estao a nos dizer que devemos namorar com as nossas 'manas' e gastar o nosso dinheiro com elas - assim, at the end of the day, o dinheiro fica dentro da nossa comunidade... e sabes uma coisa? Uma das minhas irmas esta' a guarda de diamantes no valor de milhoes, muitos milhoes mesmo!"... Seguindo-se que a dita "approached", sem um comentario, fechou-lhe a porta na cara, ainda que apenas 'figurativamente', e nunca mais o quis ver!) a sua "imensa masculinidade africana"...

Com tanto negro como eu por ai?! - auto-flagelava-se a cada passo dos seus execravelmente descalços pes na vertiginosa descida aos nauseabundos esgotos da sua triste memoria. Mesmo, e sobretudo, depois de ter deixado a pobre aldeia de Tomasse privada do seu idiota de estimacao, ido para a capital dar mau nome aos Bakongo, sido adoptado como filho da exclusiva inclusao pos-dipanda e calçado os devidos sapatos de ouro do poder de estado da "naçao crioula"; quando passou a transportar os seus pesadelos de execravel puto pe'-descalço, que nunca deixaria de ser, para a pagina impressa - escolhendo ritualmente para o efeito as datas de nascimento dos monas visados.
[Esgoto. Barata. Genocida.]

Impossibilitado de acender fogueiras para os queimar nos putridos esgotos que habitava, ou de os enterrar vivos no seu ja' completamente fundo tugurio, continuou, aí, a esquartejar a tinta vermelha de sangue mulheres negras, especialmente se “nao casadas”, mais seus monas (enquanto, com medo de perder o emprego, idolatrava e lambia os pes calçados de botas dos seus, novos-ex-roceiros de cafe', patroes) mundele.
[Boçal. Lacaio. Subserviente. Verme.]

Convenceu-se de que podia escrever algo como a "Memoria de Minhas Putas Tristes" de Garcia Marquez (cuja mae sabia ler, certamente contar-lhe encantatorias estorias de adormecer e ensinar-lhe a respeitar as mulheres - "putas" que fossem!...) e alcançar a eternidade dos Nobeis.

Nunca conseguiria mais do que alcançar a eternidade dos ratos e baratas de esgoto.
[Execravelmente Pe'-Descalço!]

*(First posted 27/11/09 - repostado a 25/01/10 e hoje, 10/09/11,
a proposito desta materia - que me fez lembrar da estoria dos "100 MIL CONTOS DO ABRIGADA"!!!)


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ADENDA

Prémio Maboque de Jornalismo é um embuste?

O Prémio Maboque de jornalismo, criado por essa empresa para agraciar profissionais da Comunicação Social que se destaquem no período de Janeiro a Setembro de cada ano, continua a revelar que o seu propósito é agradecer jornalistas dos órgãos públicos e os pró-regime, pela vassalagem e propaganda que prestaram e/ou têm prestado ao sistema governante.
O vencedor da última edição, Luís Fernando, antigo director do Jornal de Angola e actualmente d’O País, que sempre foi (é) um propagandista ao serviço do sistema político, é bem a prova do que acabámos de afirmar, pois, ao longo dos oito meses, não fez por merecer.
Não é justo que, por três reportagens, duas no exterior do país e uma em Angola, se lhe entregue o prémio de mão beijada, quando há colegas que ao longo desse tempo elaboraram mais e melhores trabalhos, particularmente de órgãos privados, o Semanário Angolense incluído, modéstia à parte. Foi uma injustiça dar o prémio a Luís Fernando, em detrimento de colegas que fizeram trabalhos com mais regularidade, ao longo destes nove meses.
Fonte digna de fé revelou-nos que, à última hora, o prémio foi retirado ao programa Debate Informativo, da Rádio Ecclesia, para ser oferecido a Luís Fernando, por uma ordem «vinda de cima». Portanto, o Prémio Maboque é um embuste, uma charada.
A nossa suspeita é ainda reforçada pelo facto de, ao longo das 19 edições, apenas dois jornalistas, do mesmo órgão privado (Semanário Angolense), conquistaram, meritoriamente, o galardão. Trata-se, nomeadamente, de Severino Carlos e Silva Candembo, que deixaram o corpo de jurados sem hipótese. Essa atribuição também visou dar a imagem de que o Prémio Maboque não está comprometido com o partido no poder.
Aliás, o seu suposto proprietário, Armindo César, foi um destacado dirigente da organização juvenil do MPLA, a JMPLA, membro dessa formação política, não devendo premiar jornalistas de órgãos que criticam o governo e o partido que o suporta.
Ao jornalista António Freitas, então director adjunto do semanário Agora, apesar de reconhecermos a sua capacidade técnica e profissional, só foi entregue o prémio por ter feito uma entrevista a Arkadi Gaidamak, parceiro do Governo na compra de armas durante a guerra, em que também esteve envolvido o francês Pierre Falcone.
A maior parte das edições foi oferecida a trabalhadores da Televisão Pública de Angola, Rádio Nacional de Angola e ao Jornal de Angola e da LAC, criada em 1992, pelo MPLA.
Se, na verdade, o Prémio Maboque de Jornalismo tivesse sido criado para premiar qualquer profissional que o merecesse, sem se olhar para a linha editorial do órgão para o qual trabalha e o facto de criticar as autoridades governamentais, o partido no poder e outros órgãos afins, jor¬nalistas como […] entre muitos outros já o teriam vencido.
Caso esses jornalistas trabalhassem nos órgãos públicos, não haja dúvida de que já teriam ganho o Prémio Maboque. Apraz perguntar, o que João Melo, Maria Luísa Fançony, Luís Fernando e outros propagandistas do regime terão feito mais e melhor do que aqueles escribas, alguns dos quais foram os pioneiros do jornalismo angolano e o revolucionaram. Inspiraram muitos dos jornalistas que surgiram posteriormente. Julgamos, por isso, que o Prémio Maboque devia destinar-se apenas aos jornalistas dos órgãos de comunicação estatais. A discriminação é deveras óbvia e gritante.
Não poderíamos terminar sem nos reportarmos à Angop, agência noticiosa pela qual passaram muitos dos jornalistas que agora exercem noutros órgãos. Uma grande escola, a Angop. Só para citar alguns, são os casos Graça Campos, Aguiar dos Santos, Silva Candembo, Salas Neto, Severino Carlos, Pascoal Mukuna, Cristóvão Neto, Francisco Alexandre, José Caetano, Siona Casimiro, Nhuca Júnior, entre centenas de outros.
Este parêntese sobre a agência serve para protestar contra a exclusão a que os seus jornalistas têm sido submetidos pelo Prémio Maboque. Não concordamos! Em próximas edições, esses profissionais deviam também ter direito a concorrer, pois eles são tão jornalistas quanto os outros.

Presidente do júri

A presidente do júri, Maria Ramos, que não tem formação jornalística, devia ter a humildade e a honestidade de recusar o convite para ocupar tal cargo, por não estar à altura de avaliar o trabalho dos jornalistas. Aliás, os próprios organizadores do prémio deviam ser mais exigentes neste aspecto. Maria Ramos desconhece o que é um lead, uma reportagem, uma crónica, um editorial e outros géneros jornalísticos.
Ela está lá como mera figura decorativa, pois o presidente do júri de qualquer concurso deve dar uma opinião abalizada sobre as matérias que concorrem, sob pena de fazer papel ridículo por não entender patavina. Aconselhamos, por isso, a Maboque a que futuramente a constitua um corpo de jurado só de jornalistas.
Apesar de que, de uma forma geral, os jornalistas têm uma sólida cultura geral, não seria produtivo, por exemplo, que integrassem um júri para um prémio de direito, economia, finanças, construção civil e outras respeitáveis profissões. Infelizmente, muita gente acha que se pode imiscuir nos domínios do jornalismo, banalizando-o.
Portanto, cada macaco no seu galho! ■
PM
[in Semanario Angolense, Luanda, edicao #434 de 17/09/11]




(...)
Nós mesmos
Os contratados
A queimar vida nos cafezais
Os homens negros ignorantes
Que devem respeitar o branco
E temer o rico

Somos os teus filhos
Dos bairros de pretos
Com fome e com sede
Com vergonha de te chamarmos mãe
(...)



Extracto de “Adeus à Hora da Largada”
Agostinho Neto


O EXECRAVEL PUTO PE'-DESCALÇO

Execravel... um puto? Ideia insuportavel!
Mas sim, era um puto. E sim, era execravel.
Nao um desses surpreendentemente imaginativos, empaticos e geralmente de bom fundo, “meninos de rua”, filhos da inclusiva exclusao pos-dipanda.
Tinha sido um puto pre'-dipanda.
[Pe'-descalço. Recalcado. Complexado.]

Alimentado a acre de kikwanga e aspereza de mfumbwa.
Sem a suavidade do funge e a amenidade da kizaka.
Sem a doçura do mikate e a convivialidade do safu.
Crescera boçal e pobre de espirito.
Sem inocencia. Sem meninice.
Sem a magia encantatoria das estorias de adormecer Bantu.
So' pesadelos: de mulheres negras violadas e monas mundele esquartejados a catanada em roças de cafe'.
Que especie de mulheres e monas podiam ser aqueles, senao insuportaveis?! Sussuravam-lhe os seus kazumbis – os unicos que lhe visitavam os sonhos.
[Pesadelos.]

Sim, cresceu dizendo-se 'so' podiam ser umas insuportaveis putas; seus monas nao mereciam outro destino senao a rejeiçao, o apagamento'.

Definitivamente, nao havia outro remedio senao acabar de vez com "aquela mulataria", como dizia um seu companheiro de infancia traumatizada - esse outro, conterraneo de contratados do sul nas roças de cafe' do norte do pais, que mais tarde, porem quando ainda lhe faltava "a coragem de ser angolano", haveria de tentar exorcisar os seus kazumbis, kalundus, traumas e complexos junto de uma inglesa que lhe lia Shakespeare para adormecer sem musica de fundo, acabando, depois de ela lhe ter passado um falso diploma de "cura" (que, aparentemente, tambem o creditava como economista especialista em crises financeiras internacionais e perito em transparencia nas industrias extractivas, entre outras curiosidades e enfermidades afins, tais como "life-long entitlement to ghost writers"...), por produzir, sob o olhar silencioso de Freud, uma copiosa prole negra para mostrar ao mundo (e sobretudo as negras que ao longo da sua ainda curta, mas aventurosa vida o tinham rejeitado, ou com as quais apenas delirara nos breves intervalos dos seus pesadelos - sendo que pelo menos a uma delas tera' "approached" com uma proposta bem a "capitalist nigger": "olha, os mais velhos estao a nos dizer que devemos namorar com as nossas 'manas' e gastar o nosso dinheiro com elas - assim, at the end of the day, o dinheiro fica dentro da nossa comunidade... e sabes uma coisa? Uma das minhas irmas esta' a guarda de diamantes no valor de milhoes, muitos milhoes mesmo!"... Seguindo-se que a dita "approached", sem um comentario, fechou-lhe a porta na cara, ainda que apenas 'figurativamente', e nunca mais o quis ver!) a sua "imensa masculinidade africana"...

Com tanto negro como eu por ai?! - auto-flagelava-se a cada passo dos seus execravelmente descalços pes na vertiginosa descida aos nauseabundos esgotos da sua triste memoria. Mesmo, e sobretudo, depois de ter deixado a pobre aldeia de Tomasse privada do seu idiota de estimacao, ido para a capital dar mau nome aos Bakongo, sido adoptado como filho da exclusiva inclusao pos-dipanda e calçado os devidos sapatos de ouro do poder de estado da "naçao crioula"; quando passou a transportar os seus pesadelos de execravel puto pe'-descalço, que nunca deixaria de ser, para a pagina impressa - escolhendo ritualmente para o efeito as datas de nascimento dos monas visados.
[Esgoto. Barata. Genocida.]

Impossibilitado de acender fogueiras para os queimar nos putridos esgotos que habitava, ou de os enterrar vivos no seu ja' completamente fundo tugurio, continuou, aí, a esquartejar a tinta vermelha de sangue mulheres negras, especialmente se “nao casadas”, mais seus monas (enquanto, com medo de perder o emprego, idolatrava e lambia os pes calçados de botas dos seus, novos-ex-roceiros de cafe', patroes) mundele.
[Boçal. Lacaio. Subserviente. Verme.]

Convenceu-se de que podia escrever algo como a "Memoria de Minhas Putas Tristes" de Garcia Marquez (cuja mae sabia ler, certamente contar-lhe encantatorias estorias de adormecer e ensinar-lhe a respeitar as mulheres - "putas" que fossem!...) e alcançar a eternidade dos Nobeis.

Nunca conseguiria mais do que alcançar a eternidade dos ratos e baratas de esgoto.
[Execravelmente Pe'-Descalço!]

*(First posted 27/11/09 - repostado a 25/01/10 e hoje, 10/09/11,
a proposito desta materia - que me fez lembrar da estoria dos "100 MIL CONTOS DO ABRIGADA"!!!)


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Black Masculinit(ies)y and Domestic Violence

"O Crime de Lesa-Patria!"

Sabes?

Confissao a Sant'Ana da Muxima

Certo ou Errado?

Falando de Etica Jornalistica

Media Freedom(s) Quo Vadis?

Sim Senhora Ministra?

Terra Queimada

"A Mesa Redonda"

A Proposito dos Monologos da Vagina







ADENDA

Prémio Maboque de Jornalismo é um embuste?

O Prémio Maboque de jornalismo, criado por essa empresa para agraciar profissionais da Comunicação Social que se destaquem no período de Janeiro a Setembro de cada ano, continua a revelar que o seu propósito é agradecer jornalistas dos órgãos públicos e os pró-regime, pela vassalagem e propaganda que prestaram e/ou têm prestado ao sistema governante.
O vencedor da última edição, Luís Fernando, antigo director do Jornal de Angola e actualmente d’O País, que sempre foi (é) um propagandista ao serviço do sistema político, é bem a prova do que acabámos de afirmar, pois, ao longo dos oito meses, não fez por merecer.
Não é justo que, por três reportagens, duas no exterior do país e uma em Angola, se lhe entregue o prémio de mão beijada, quando há colegas que ao longo desse tempo elaboraram mais e melhores trabalhos, particularmente de órgãos privados, o Semanário Angolense incluído, modéstia à parte. Foi uma injustiça dar o prémio a Luís Fernando, em detrimento de colegas que fizeram trabalhos com mais regularidade, ao longo destes nove meses.
Fonte digna de fé revelou-nos que, à última hora, o prémio foi retirado ao programa Debate Informativo, da Rádio Ecclesia, para ser oferecido a Luís Fernando, por uma ordem «vinda de cima». Portanto, o Prémio Maboque é um embuste, uma charada.
A nossa suspeita é ainda reforçada pelo facto de, ao longo das 19 edições, apenas dois jornalistas, do mesmo órgão privado (Semanário Angolense), conquistaram, meritoriamente, o galardão. Trata-se, nomeadamente, de Severino Carlos e Silva Candembo, que deixaram o corpo de jurados sem hipótese. Essa atribuição também visou dar a imagem de que o Prémio Maboque não está comprometido com o partido no poder.
Aliás, o seu suposto proprietário, Armindo César, foi um destacado dirigente da organização juvenil do MPLA, a JMPLA, membro dessa formação política, não devendo premiar jornalistas de órgãos que criticam o governo e o partido que o suporta.
Ao jornalista António Freitas, então director adjunto do semanário Agora, apesar de reconhecermos a sua capacidade técnica e profissional, só foi entregue o prémio por ter feito uma entrevista a Arkadi Gaidamak, parceiro do Governo na compra de armas durante a guerra, em que também esteve envolvido o francês Pierre Falcone.
A maior parte das edições foi oferecida a trabalhadores da Televisão Pública de Angola, Rádio Nacional de Angola e ao Jornal de Angola e da LAC, criada em 1992, pelo MPLA.
Se, na verdade, o Prémio Maboque de Jornalismo tivesse sido criado para premiar qualquer profissional que o merecesse, sem se olhar para a linha editorial do órgão para o qual trabalha e o facto de criticar as autoridades governamentais, o partido no poder e outros órgãos afins, jor¬nalistas como […] entre muitos outros já o teriam vencido.
Caso esses jornalistas trabalhassem nos órgãos públicos, não haja dúvida de que já teriam ganho o Prémio Maboque. Apraz perguntar, o que João Melo, Maria Luísa Fançony, Luís Fernando e outros propagandistas do regime terão feito mais e melhor do que aqueles escribas, alguns dos quais foram os pioneiros do jornalismo angolano e o revolucionaram. Inspiraram muitos dos jornalistas que surgiram posteriormente. Julgamos, por isso, que o Prémio Maboque devia destinar-se apenas aos jornalistas dos órgãos de comunicação estatais. A discriminação é deveras óbvia e gritante.
Não poderíamos terminar sem nos reportarmos à Angop, agência noticiosa pela qual passaram muitos dos jornalistas que agora exercem noutros órgãos. Uma grande escola, a Angop. Só para citar alguns, são os casos Graça Campos, Aguiar dos Santos, Silva Candembo, Salas Neto, Severino Carlos, Pascoal Mukuna, Cristóvão Neto, Francisco Alexandre, José Caetano, Siona Casimiro, Nhuca Júnior, entre centenas de outros.
Este parêntese sobre a agência serve para protestar contra a exclusão a que os seus jornalistas têm sido submetidos pelo Prémio Maboque. Não concordamos! Em próximas edições, esses profissionais deviam também ter direito a concorrer, pois eles são tão jornalistas quanto os outros.

Presidente do júri

A presidente do júri, Maria Ramos, que não tem formação jornalística, devia ter a humildade e a honestidade de recusar o convite para ocupar tal cargo, por não estar à altura de avaliar o trabalho dos jornalistas. Aliás, os próprios organizadores do prémio deviam ser mais exigentes neste aspecto. Maria Ramos desconhece o que é um lead, uma reportagem, uma crónica, um editorial e outros géneros jornalísticos.
Ela está lá como mera figura decorativa, pois o presidente do júri de qualquer concurso deve dar uma opinião abalizada sobre as matérias que concorrem, sob pena de fazer papel ridículo por não entender patavina. Aconselhamos, por isso, a Maboque a que futuramente a constitua um corpo de jurado só de jornalistas.
Apesar de que, de uma forma geral, os jornalistas têm uma sólida cultura geral, não seria produtivo, por exemplo, que integrassem um júri para um prémio de direito, economia, finanças, construção civil e outras respeitáveis profissões. Infelizmente, muita gente acha que se pode imiscuir nos domínios do jornalismo, banalizando-o.
Portanto, cada macaco no seu galho! ■
PM
[in Semanario Angolense, Luanda, edicao #434 de 17/09/11]