Wednesday 26 January 2011

Feminismo Negro Brasileiro [Actualizado]





"No Brasil se produziu a forma mais perversa de racismo que existe no mundo"

"Entre a esquerda e a direita eu sei que eu continuo preta"

"Gilberto Freyre é um dano para as mulheres negras, um dano psíquico, um dano emocional, um dano brutal"






N.B.

- Se "no Brasil se produziu a forma mais perversa de racismo que existe no mundo", Angola nao lhe ficou atras. E com a agravante de o racismo aqui ser camuflado e passar impunemente sob o "manto negro" de o pais ser de "maioria negra" - mas tambem o era a Africa do Sul do Apartheid - e o governo pos-independencia ser constituido maioritariamente por negros - mas quem disse que os negros, sobretudo quando no poder (... primeiro, segundo, terceiro, ou quarto...), nao sao capazes de praticar racismo, ou da sua pratica serem coniventes e cumplices activos ou passivos, contra os seus congeneres, particularmente quando estes sao mulheres e, especialmente, quando vulneraveis pelas mais diversas razoes?

Um outro factor de agravamento do caso de Angola e' que, pelo menos aparentemente, a estratificacao socio-economica e cultural com base na cor da pele entre negros e mesticos no Brasil nao tera' sido tao marcada como em Angola - nisso o Brasil parece assemelhar-se mais aos EUA - sendo que em Angola aos mesticos se juntam os caboverdeanos (veja-se o que se diz a esse respeito neste post e tambem neste) e, ja' agora, embora relativamente poucos, os indianos ... sendo que todos os complexos dai resultantes se reflectem de forma mais ou menos evidente nesta orgia ...

- Se "Gilberto Freyre é um dano para as mulheres negras (brasileiras), um dano psíquico, um dano emocional, um dano brutal" - veja-se, a este proposito, os comentarios a este post -, na medida em que as suas teorias foram adoptadas em Angola, tanto no periodo colonial (Lusotropicalismo), como no pos-colonial - e agora mais do que nunca, com a construcao da "nacao crioula" sob a "neofita ideologia dos (pretensos) afectos" - ele nao o e' menos para as mulheres negras de Angola.

Certamente para mim que, por (entre outros atrevimentos e crimes de lesa-patria, ter-me formado ao nivel do mestrado numa area "nao tradicionalmente feminina" e, certamente, "nao muito adequada a negras" - estas sao, supostamente, exclusivamente destinadas ao lugar social de "parideiras em serie", especialmente "ao servico da reproducao da nacao crioula", nao importa sob que "termos e condicoes"... -, por uma alta escola fora do mundo lusofono, ja' para nao mencionar os "assassinios a sangue frio" de "coitados" e "svengalis"...), ter ousado, ha' ja' varios anos, afirmar publica e frontalmente a minha identidade negra, entre outros lugares, aqui, onde me refiro explicitamente ao lusotropicalismo, e vir denunciando varias formas de racismo e sexismo, abertas e veladas, directas e indirectas, em particular contra as mulheres negras (e que me seja permitida a redundancia: contra mim!), que em Angola e no mundo lusofono em geral passam por "tudo menos isso" (de facto, chegam a passar por "amor", "amizade", "carinho" ou "afecto"...), tenho sido alvo da mais soez, sordida, brutal, monstruosa e traumatica campanha , com todo o tipo de ataques, insultos, ultrajes e ameacas, incluindo de morte (!), pelo meio, movida por homens e mulheres, negros, brancos e mesticos, de esquerda e de direita, visando a minha desumanizacao e desestruturacao psicologica, degradacao moral, objectificacao sexual, aniquilamento pessoal e descredito academico-profissional e, pior do que isso, tentando transformar-me de vitima em perpetradora
(... tal como, alias, o movimento da "consciencia negra" no Brasil tem sido denegrido, deturpado, difamado e perversamente transformado em "racismo negro"...), numa certa "lusosfera" e "imprensa angolana" bem identificadas, assim ferindo de morte os meus mais elementares direitos humanos e civicos, tal como aqui referidos...

Sendo que, no que a este blog especificamente diz respeito, tudo comecou quando me atrevi a questionar uma flagrante violacao dos direitos a privacidade e intimidade de um certo grupo de "mamas do Lwena"... tal como os meus veem sendo sistematica e impunemente violados por homens de todas as racas, 'liderados' pela mesma "mulher", digo "ninfa", branca racista, em ambos os casos usando de seus 'amplos p(h)oderes'!

De facto, desde a publicacao do meu primeiro livro de poemas, mas mais incisivamente desde a criacao deste blog, tenho vivido o maior pesadelo da minha vida (...e cada vez tenho menos duvidas que tal nao aconteceria se eu nao fosse negra...) - nao o desejo a nenhuma mulher, negra ou nao!

E tudo isso, fundamentalmente embora nao exclusivamente, porque em Angola, ao contrario do que se passa no Brasil, ou nos EUA e, ja' agora, na Africa do Sul, apesar de algumas aparencias em contrario, ainda nao existe "consciencia negra" - pelo menos formalmente estruturada, organizada, vocal e expressiva - (... e por vezes pergunto-me se havera' mesmo "alguma consciencia"! ...) e muito menos "feminismo negro"... De facto, bem analisada a realidade, nem "feminismo" digno desse nome ha' naquele pais - e lamento-o de algum modo, embora consiga "passar bem sem ele" e apesar de ter os meus issues com o feminismo 'tradicional' de inspiracao eurocentrica que (ainda) domina exclusivamente certos circulos ditos "de esquerda" em praticamente todo o mundo lusofono!

Mas, como dizia uma "alta representante da negritude branca pos-colonial", ou "negra com mentalidade de escrava de roca de cacau": convem sabermos sempre o que nos espera!

E... sim: esquerda ou direita, eu sei que sou sempre preta!





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Ciclos

Simone de Beauvoir in Africa: Issues of African Feminist Thought

Shadeism

Black Women's Burden

Reflectindo





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N.B.

- Se "no Brasil se produziu a forma mais perversa de racismo que existe no mundo", Angola nao lhe ficou atras. E com a agravante de o racismo aqui ser camuflado e passar impunemente sob o "manto negro" de o pais ser de "maioria negra" - mas tambem o era a Africa do Sul do Apartheid - e o governo pos-independencia ser constituido maioritariamente por negros - mas quem disse que os negros, sobretudo quando no poder (... primeiro, segundo, terceiro, ou quarto...), nao sao capazes de praticar racismo, ou da sua pratica serem coniventes e cumplices activos ou passivos, contra os seus congeneres, particularmente quando estes sao mulheres e, especialmente, quando vulneraveis pelas mais diversas razoes?

Um outro factor de agravamento do caso de Angola e' que, pelo menos aparentemente, a estratificacao socio-economica e cultural com base na cor da pele entre negros e mesticos no Brasil nao tera' sido tao marcada como em Angola - nisso o Brasil parece assemelhar-se mais aos EUA - sendo que em Angola aos mesticos se juntam os caboverdeanos (veja-se o que se diz a esse respeito neste post e tambem neste) e, ja' agora, embora relativamente poucos, os indianos ... sendo que todos os complexos dai resultantes se reflectem de forma mais ou menos evidente nesta orgia ...

- Se "Gilberto Freyre é um dano para as mulheres negras (brasileiras), um dano psíquico, um dano emocional, um dano brutal" - veja-se, a este proposito, os comentarios a este post -, na medida em que as suas teorias foram adoptadas em Angola, tanto no periodo colonial (Lusotropicalismo), como no pos-colonial - e agora mais do que nunca, com a construcao da "nacao crioula" sob a "neofita ideologia dos (pretensos) afectos" - ele nao o e' menos para as mulheres negras de Angola.

Certamente para mim que, por (entre outros atrevimentos e crimes de lesa-patria, ter-me formado ao nivel do mestrado numa area "nao tradicionalmente feminina" e, certamente, "nao muito adequada a negras" - estas sao, supostamente, exclusivamente destinadas ao lugar social de "parideiras em serie", especialmente "ao servico da reproducao da nacao crioula", nao importa sob que "termos e condicoes"... -, por uma alta escola fora do mundo lusofono, ja' para nao mencionar os "assassinios a sangue frio" de "coitados" e "svengalis"...), ter ousado, ha' ja' varios anos, afirmar publica e frontalmente a minha identidade negra, entre outros lugares, aqui, onde me refiro explicitamente ao lusotropicalismo, e vir denunciando varias formas de racismo e sexismo, abertas e veladas, directas e indirectas, em particular contra as mulheres negras (e que me seja permitida a redundancia: contra mim!), que em Angola e no mundo lusofono em geral passam por "tudo menos isso" (de facto, chegam a passar por "amor", "amizade", "carinho" ou "afecto"...), tenho sido alvo da mais soez, sordida, brutal, monstruosa e traumatica campanha , com todo o tipo de ataques, insultos, ultrajes e ameacas, incluindo de morte (!), pelo meio, movida por homens e mulheres, negros, brancos e mesticos, de esquerda e de direita, visando a minha desumanizacao e desestruturacao psicologica, degradacao moral, objectificacao sexual, aniquilamento pessoal e descredito academico-profissional e, pior do que isso, tentando transformar-me de vitima em perpetradora
(... tal como, alias, o movimento da "consciencia negra" no Brasil tem sido denegrido, deturpado, difamado e perversamente transformado em "racismo negro"...), numa certa "lusosfera" e "imprensa angolana" bem identificadas, assim ferindo de morte os meus mais elementares direitos humanos e civicos, tal como aqui referidos...

Sendo que, no que a este blog especificamente diz respeito, tudo comecou quando me atrevi a questionar uma flagrante violacao dos direitos a privacidade e intimidade de um certo grupo de "mamas do Lwena"... tal como os meus veem sendo sistematica e impunemente violados por homens de todas as racas, 'liderados' pela mesma "mulher", digo "ninfa", branca racista, em ambos os casos usando de seus 'amplos p(h)oderes'!

De facto, desde a publicacao do meu primeiro livro de poemas, mas mais incisivamente desde a criacao deste blog, tenho vivido o maior pesadelo da minha vida (...e cada vez tenho menos duvidas que tal nao aconteceria se eu nao fosse negra...) - nao o desejo a nenhuma mulher, negra ou nao!

E tudo isso, fundamentalmente embora nao exclusivamente, porque em Angola, ao contrario do que se passa no Brasil, ou nos EUA e, ja' agora, na Africa do Sul, apesar de algumas aparencias em contrario, ainda nao existe "consciencia negra" - pelo menos formalmente estruturada, organizada, vocal e expressiva - (... e por vezes pergunto-me se havera' mesmo "alguma consciencia"! ...) e muito menos "feminismo negro"... De facto, bem analisada a realidade, nem "feminismo" digno desse nome ha' naquele pais - e lamento-o de algum modo, embora consiga "passar bem sem ele" e apesar de ter os meus issues com o feminismo 'tradicional' de inspiracao eurocentrica que (ainda) domina exclusivamente certos circulos ditos "de esquerda" em praticamente todo o mundo lusofono!

Mas, como dizia uma "alta representante da negritude branca pos-colonial", ou "negra com mentalidade de escrava de roca de cacau": convem sabermos sempre o que nos espera!

E... sim: esquerda ou direita, eu sei que sou sempre preta!





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Ciclos

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Reflectindo

7 comments:

José Sousa said...

Não concordo com isso. Vai lá no meu blogue e fica sabendo a realidade sobre o racismo. Ninguém é diferente de alguém. Somos todos iguais.
www.congulolundo.blogspot.com

Um abraço

Koluki said...

Jose' Sousa,

Como me dirige uma "ordem", respondo-lhe com outra:

"va'" (... nao o trato por tu, porque nao o conheco de parte nenhuma e agradecia que me retribuisse o gesto...) la' perguntar a alguma Mulher Negra (Africana no Brasil, nos EUA ou em Africa), essas mulheres que "pariram" as tais "nacoes crioulas" se elas se sentem (sentiram) as mulheres mais felizes e dignificadas do mundo por o serem (terem sido) sob os "termos e condicoes" em que o foram (sao)! E talvez "fique" sabendo a realidade do racismo por quem dele e' (sempre foi) vitima!!!


E, ja' agora, "va' la'" tambem ao link do primeiro 'aqui' que coloquei no post e "leia" e, se possivel, "reflicta", nisto:


"Freyre é toda uma instituição na academia e na sociedade brasileira como um todo. Como podemos ver uma crítica tão severa dirigida a ele por uma representante de uma organização de mulheres negras? Somos levados a pensar, pelo menos, pelo menos, que se grupos que são sistematicamente excluídos de negociarem suas concepções de mundo com a sociedade como um todo, pudessem fazê-lo, a possibilidade de que um discurso como o de Gilberto Freyre fosse mantido seria dificultada em enorme medida."

Finalmente:

"Comece" por aprender a respeitar a sensibilidade e pontos de vista das Mulheres Negras sobre si proprias e o seu papel/lugar na sociedade ao longo dos seculos ate' a actualidade e talvez "comece" a aprender a ultrapassar o "seu" proprio racismo.

Porque nao: nao somos (nunca fomos) todos iguais!

Surama Caggiano said...

Concordo com você Koluki! Não somos todos iguais e por que seriamos? a questão não é a de sermos iguais e sim de se respeitar que somos diferentes! o racismo não lida simplismente com o indivíduo, com o físico! o racismo se conecta com a ignorância, o odio, a perversidade.

Surama

Koluki said...

Muito obrigada pelo seu sensivel e esclarecedor comentario, Surama.

Alexandra said...

Thank you for your research on this topic. As a black and woman I feel very proud and hopeful when I read articles such as yours. So often serious issues affecting black women are disregarded by the main stream and many times when discussed is on a framework and terms determined by others that all but black or women, and for some reason seem to be believe they are more capable to understand and explain our feelings.

Keep up the good work.

Koluki said...

Thanks for your encouraging and perceptive comment Alexandra.

There's little more that I can add at the moment, except to call your attention to my last post, where other angles of all these questions are presented:

http://koluki.blogspot.com/2011/02/imperial-leather-sexo-raca-genero-e.html

Koluki said...

Aproveito esta ocasiao para transcrever para aqui o seguinte extracto de uma pagina da UEA (de uma entrevista de finais dos anos 80 ou principio dos 90) - nao deixando de notar que detesto a foto que la' esta' (ja' pedi varias vezes que a substituissem, mas... parece que alguem la' "lhe acha muita piada"...) e lamento a ma' transcricao dos poemas que la' figuram:

“Mulher, angolana, africana e negra. Estas são as chaves da minha identidade. Há nelas as componentes ontológicas, históricas e culturais com que acedo ao universo e elas são necessárias quer para se aceder ao código estético que conforma o meu programa poético, quer para se entender a minha postura perante a vida e o mundo”.

[http://www.uea-angola.org/bioquem.cfm?ID=114]