Tuesday 11 January 2011

Sobre a Inveja e o Ódio (R)*



A INVEJA E O ÓDIO SEGUNDO SÃO TOMÁS DE AQUINO
A inveja (junto com a avareza) é um dos vícios capitais mais detestáveis. A inveja, in-vidia, invidentia, é não-ver, não querer ver o bem do outro.


AS METÁFORAS DA INVEJA

A inveja é podridão

1. A propósito de Prov 14, 30: "A inveja é a podridão dos ossos", comenta Gregório (Mor. 6, 7): "Pelo vício da inveja, desfazem-se aos olhos de Deus os bons atos das virtudes". (Malo, 10, 2 sc 1) "Sed contra. Est quod Gregorius dicit exponens id quod habetur Prov. XIV, 30: putredo ossium invidia. Per livoris (inquit) vitium ante dei oculos pereunt bene acta virtutum."

Roer-se de inveja

2. A inveja é comparada à traça, que rói ocultamente as vestes, pois dilacera o amor e, por isso, desfaz a unidade. (Cat. Aur. in Matt 6, 14) "Allegorice autem... tinea, quae vestes latenter rodit, invidia est, quae bonum studium lacerat, et per hoc compactionem unitatis dissipat."
3. Roído pela inveja (Super Ev Mt cp 6 lc 5) "Per invidiam corroduntur."

A inveja é tortuosa, como a cobra. A inveja é sombria e tenebrosa

4. Distorcer é entortar o que era reto. Daí que por cobra tortuosa se entendam aquelas criaturas cuja beleza se obscureceu pelo pecado e distorceram sua retidão, principalmente o diabo, por quem a inveja entrou no mundo. De sua tenebrosidade fala Jó : "Dorme em sombras; esconde-se entre as canas". (In II Sent.) "Distortum enim est quod rectitudine obliquatur. Et ideo per hunc colubrum tortuosum creaturae illae intelligi possunt quarum pulchritudo est per peccatum obscurata et rectitudo obliquata, et praecipue diabolum, cujus invidia mors intravit in orbem terrarum, Sap. 3, et de umbrositate ejus dicitur Job 40, 16: sub umbra dormit in secreto."

O fedor da inveja

5. Mas para outros é na verdade odor da morte que leva à morte, isto é, da inveja e maldade que ocasionalmente os conduzem (os invejosos) à morte eterna... "Sed aliis quidem est odor mortis in mortem, id est, invidiae et malitiae occasionaliter ducentis eos in mortem aeternam, illis scilicet qui invidebant... "


O espinho da inveja

6. Outros, porém, espicaçados pelo espinho da inveja... (Catena Aurea in Lucam cp 11 lc 4) "Alii vero paribus stimulati livoris aculeis."
7. Movidos pelo espinho da inveja. (Catena Aurea in Lc cp 7 lc 3) "Invidia stimulante... "


A inveja morde

8. Alguns estavam mordidos de inveja. (Catena Aurea in Mt cp 20 lc 1) "Hoc ut ostendat aliquos esse invidia morsos..."


A inveja é cega

9. Atingidos pela cegueira da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 21 lc 1) "Sed invidia caecatos scribas et pharisaeos..."

10. Porque estavam completamente dominados pela cegueira da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 27 lc 4) "Quia eos omnino invidia excaecaverat"


A inveja queima

11. Torturados de inveja, queimados de inveja. (Catena Aurea in Mt cp 21 lc 4) "...Invidia torquebantur. itaque non sufferentes in pectore suo invidiae stimulantis ardorem..."
12. A febre da inveja. (Super Ev Mt cp 8 lc 3) "Haec febricitabat, scilicet synagoga, febre scilicet invidiae."


A inveja envenena

13. O veneno da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 22 lc 5) "Ex hoc autem intelligimus venena invidiae superari posse, sed difficile quiescere."

O arroto da inveja

14. O arroto da inveja. (Sermones 2, ps 3) "Difficile est quod cor plenum invidia non eructet quandoque aliquid ex illo, quia ex abundantia cordis os loquitur."

A inveja avinagra

15. A inveja é representada pelo vinagre. (Super Ev. Io. cp 19, lc 5) "Mystice autem per haec tria signantur tria mala quae in iudaeis erant: scilicet invidia per acetum etc."

A inveja dói

16. Há certos pecados que são dores, como a acídia e a inveja. (In IV Sent. d 17, q 2, a 1, 5)"Sed quaedam peccata sunt dolores, sicut invidia et accidia."

Outros aspectos da inveja

17. Vejo, mas não invejo... (Catena Aurea in Io. cp9 lc 4) "Video, sed non invideo." (trocadilho de Santo Agostinho)

18. Não há nada mais vil do que a inveja. (Catena Aurea in Io. cp 4 lc 9) "Nihil enim livore et invidia deterius."

19. Freqüentemente os soberbos julgam os outros superiores em muitas coisas, sem no entanto deixarem de se considerar mais dignos delas, por causa dos bens em que os outros parecem superá-los, da própria soberba nasce um zelo de inveja. (In II Sent. d 21 q 2 a 1 r 1) "Unde superbi frequenter alios se superiores in multis aestimant, qui tamen multa sibi magis digna esse cogitant, propter alia bona in quibus alios excedere videntur: et ideo ex ipsa superbia invidiae zelus oritur."

20. (O ódio pode surgir também...) quando alguém por semelhança impede a fruição da realidade amada por alguém que a ama. E isto se dá em todas as coisas que não podem ser simultaneamente possuídas por vários, como é o caso das coisas materiais. Daí que quem ama o proveito ou o prazer de algo, impeça a fruição desse algo por outro que, tal como ele, quer se apropriar daquilo. Daí o ciúme, que não suporta participação no amado, e a inveja, que pensa que o bem do outro é obstáculo para seu próprio bem. (In II Sent. d 27, q 1, a 1, ad 3) "Secundo quando aliquis ex ipsa similitudine impedit amantem ab amati fruitione; et hoc invenitur in omnibus rebus quae non possunt simul a multis haberi, sicut sunt res temporales; unde qui amat lucrum de aliqua re, vel delectationem, impeditur a fruitione sui amati per alium, qui sibi vult similiter illud appropriare; et hinc oritur zelotypia, quae non patitur consortium in amato; et invidia, inquantum bonum alterius aestimatur impeditivum boni proprii."

21. Há certos pecados que se cometem por tristeza, como a acídia e a inveja. (In IV Sent. d 17, q 2, a 2, 1) "Sed quaedam peccata per tristitiam committuntur, sicut acidia et invidia."

22. (Nos condenados do inferno) Agiganta-se o ódio e a inveja, porque preferem ser mais torturados com muitos do que menos torturados sozinhos. (In IV Sent. d 50, q 2, a 1, ad3) " (...) Superexcrescet odium et invidia, quod eligerent torqueri magis cum multis quam minus soli."

23. Só a soberba e a inveja são pecados puramente espirituais, portanto do âmbito possível dos demônios. (I, 63, 2 ad 2) "Sola superbia et invidia sunt pure spiritualia peccata, quae daemonibus competere possunt."

24. Como a inveja se sente da glória de outrem enquanto ela diminui a glória desejada, apenas sentimos inveja daqueles a quem pretendemos igualar-nos ou a quem, em glória, nos preferimos; o que não se verifica quanto aos que estão de nós muito distantes. Com efeito, ninguém a não ser um louco, se empenha em se igualar ou superar em glória os que são muito maiores: não só o rei não inveja o plebeu; também o plebeu não inveja o rei. E, assim, um homem não inveja os que estão muito longe por lugar, tempo ou prestígio; mas os que estão perto - esses são os que incomodam - e aos quais ele quer se igualar ou superar. (II-II, 36, 1, ad 2) "Quia invidia est de gloria alterius inquantum diminuit gloriam quam quis appetit, consequens est ut ad illos tantum invidia habeatur quibus homo vult se aequare vel praeferre in gloria. Hoc autem non est respectu multum a se distantium, nullus enim, nisi insanus, studet se aequare vel praeferre in gloria his qui sunt multo eo maiores, puta plebeius homo regi; vel etiam rex plebeio, quem multum excedit. Et ideo his qui multum distant vel loco vel tempore vel statu homo non invidet, sed his qui sunt propinqui, quibus se nititur aequare vel praeferre."

25. Ninguém inveja o que é possuído comumente por muitos: ninguém inveja, por exemplo, que outro possa conhecer a verdade, o que é possível para todos, mas talvez a excelência desse conhecimento. (I-II, 28, 4 ad 2) "Non autem proprie ex his quae integre possunt a multis possideri, nullus enim invidet alteri de cognitione veritatis, quae a multis integre cognosci potest; sed forte de excellentia circa cognitionem huius."

26. É freqüente que homens que exercem o mesmo ofício se comportem insidiosa e invejosamente entre si. É como diz o provérbio: "oleiro inveja oleiro" e não carpinteiro. (Super Ev. Io cp 3, lc 4) "Nam communiter videmus hic, homines eiusdem artis insidiose et invide se habere ad invicem. Figulus figulo invidet, non autem fabro."

27. Como os soberbos freqüentemente julgam os outros superiores a si em muitas coisas (...) da própria soberba nasce a inveja (In II Sent. d 21, q 2, a 1, ad 1) "Unde superbi frequenter alios se superiores in multis aestimant (...) et ideo ex ipsa superbia invidiae zelus oritur. "

28. Pois diz Gregório: "Quando a podridão da inveja corrompe o coração já vencido, os próprios sinais exteriores indicam quão gravemente o desvario instiga o ânimo: o rosto empalidece, os olhos se abatem, a mente se inflama, os membros esfriam, a imaginação se enraivece e os dentes rangem". (II-II, 36 , 2, 4) "Dicit enim Gregorius, V Moral., cum devictum cor livoris putredo corruperit, ipsa quoque exteriora indicant quam graviter animum vesania instigat, color quippe pallore afficitur, oculi deprimuntur, mens accenditur, membra frigescunt, fit in cogitatione rabies, in dentibus stridor."

29. Há pecados que se cometem não para ganhar algo, mas só para destruir, como é o caso do homicídio, da inveja e outros que tais (In II Sent. d 35, q. 1, a5 ex). "Aliquod enim peccatum est quod est ad corrumpendum, et non ad aliquid acquirendum, ut patet in homicidio et invidia, et hujusmodi. "

30. Da inveja nasce o ódio (II-II, 34, 6, c) "Ex invidia oritur odium."

31. A ira pode ser boa ou má; ao contrário da inveja, que basta nomeá-la, e já soa como algo mau. (II-II, 158, 1 , c) "Et ideo invidia, mox nominata, sonat aliquid mali, ut Philosophus dicit, in II Ethic.. hoc autem non convenit irae, quae est appetitus vindictae, potest enim vindicta et bene et male appeti."

32. A inveja, em geral, procede da soberba. Com efeito, a tristeza pelo bem alheio dá-se no homem porque aparece como obstáculo à própria excelência. (De Malo 8, 1, ad 5) "Invidia, ut in pluribus, ex superbia oritur; propter hoc enim homo maxime tristatur de bono alterius, quia est propriae excellentiae impeditivum."

33. Os pusilânimes são propensos à inveja pois, como se diz no livro de Jó, a inveja mata os pequenos. E isto com razão, pois o medíocre acha que a prosperidade de outro impede a sua: o que é próprio de almas pequenas. (In Iob cp 5) "Quidam vero sunt pusillanimes et hi proni sunt ad invidiam, unde subdit et parvulum occidit invidia, et hoc rationabiliter dicitur: invidia enim nihil aliud est quam tristitia de prosperitate alicuius inquantum prosperitas illius aestimatur propriae prosperitatis impeditiva; hoc autem ad parvitatem animi pertinet."

34. Fugir dos olhos do invejoso, evitar que seu olhar caia sobre nossas acções. (Super Ev. Io. cp 5, lc 2) "Ut declinemus et fugiamus oculos invidorum ab omnibus operibus nostris."

35. A inveja como espírito de competição. (Super I Ad Cor. cp14 lc 1) "Et ex hoc consurgit aemulatio, quae est invidia."

36. Quem odeia, olha com olhos maus e invejosos a quem odeia (Catena Aurea in Mc cp 7 lc 2) "Nam qui odit, oculum malum et invidum habet ad eum quem odit."



*(First posted February 2007)


A INVEJA E O ÓDIO SEGUNDO SÃO TOMÁS DE AQUINO
A inveja (junto com a avareza) é um dos vícios capitais mais detestáveis. A inveja, in-vidia, invidentia, é não-ver, não querer ver o bem do outro.


AS METÁFORAS DA INVEJA

A inveja é podridão

1. A propósito de Prov 14, 30: "A inveja é a podridão dos ossos", comenta Gregório (Mor. 6, 7): "Pelo vício da inveja, desfazem-se aos olhos de Deus os bons atos das virtudes". (Malo, 10, 2 sc 1) "Sed contra. Est quod Gregorius dicit exponens id quod habetur Prov. XIV, 30: putredo ossium invidia. Per livoris (inquit) vitium ante dei oculos pereunt bene acta virtutum."

Roer-se de inveja

2. A inveja é comparada à traça, que rói ocultamente as vestes, pois dilacera o amor e, por isso, desfaz a unidade. (Cat. Aur. in Matt 6, 14) "Allegorice autem... tinea, quae vestes latenter rodit, invidia est, quae bonum studium lacerat, et per hoc compactionem unitatis dissipat."
3. Roído pela inveja (Super Ev Mt cp 6 lc 5) "Per invidiam corroduntur."

A inveja é tortuosa, como a cobra. A inveja é sombria e tenebrosa

4. Distorcer é entortar o que era reto. Daí que por cobra tortuosa se entendam aquelas criaturas cuja beleza se obscureceu pelo pecado e distorceram sua retidão, principalmente o diabo, por quem a inveja entrou no mundo. De sua tenebrosidade fala Jó : "Dorme em sombras; esconde-se entre as canas". (In II Sent.) "Distortum enim est quod rectitudine obliquatur. Et ideo per hunc colubrum tortuosum creaturae illae intelligi possunt quarum pulchritudo est per peccatum obscurata et rectitudo obliquata, et praecipue diabolum, cujus invidia mors intravit in orbem terrarum, Sap. 3, et de umbrositate ejus dicitur Job 40, 16: sub umbra dormit in secreto."

O fedor da inveja

5. Mas para outros é na verdade odor da morte que leva à morte, isto é, da inveja e maldade que ocasionalmente os conduzem (os invejosos) à morte eterna... "Sed aliis quidem est odor mortis in mortem, id est, invidiae et malitiae occasionaliter ducentis eos in mortem aeternam, illis scilicet qui invidebant... "


O espinho da inveja

6. Outros, porém, espicaçados pelo espinho da inveja... (Catena Aurea in Lucam cp 11 lc 4) "Alii vero paribus stimulati livoris aculeis."
7. Movidos pelo espinho da inveja. (Catena Aurea in Lc cp 7 lc 3) "Invidia stimulante... "


A inveja morde

8. Alguns estavam mordidos de inveja. (Catena Aurea in Mt cp 20 lc 1) "Hoc ut ostendat aliquos esse invidia morsos..."


A inveja é cega

9. Atingidos pela cegueira da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 21 lc 1) "Sed invidia caecatos scribas et pharisaeos..."

10. Porque estavam completamente dominados pela cegueira da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 27 lc 4) "Quia eos omnino invidia excaecaverat"


A inveja queima

11. Torturados de inveja, queimados de inveja. (Catena Aurea in Mt cp 21 lc 4) "...Invidia torquebantur. itaque non sufferentes in pectore suo invidiae stimulantis ardorem..."
12. A febre da inveja. (Super Ev Mt cp 8 lc 3) "Haec febricitabat, scilicet synagoga, febre scilicet invidiae."


A inveja envenena

13. O veneno da inveja. (Catena Aurea in Mt cp 22 lc 5) "Ex hoc autem intelligimus venena invidiae superari posse, sed difficile quiescere."

O arroto da inveja

14. O arroto da inveja. (Sermones 2, ps 3) "Difficile est quod cor plenum invidia non eructet quandoque aliquid ex illo, quia ex abundantia cordis os loquitur."

A inveja avinagra

15. A inveja é representada pelo vinagre. (Super Ev. Io. cp 19, lc 5) "Mystice autem per haec tria signantur tria mala quae in iudaeis erant: scilicet invidia per acetum etc."

A inveja dói

16. Há certos pecados que são dores, como a acídia e a inveja. (In IV Sent. d 17, q 2, a 1, 5)"Sed quaedam peccata sunt dolores, sicut invidia et accidia."

Outros aspectos da inveja

17. Vejo, mas não invejo... (Catena Aurea in Io. cp9 lc 4) "Video, sed non invideo." (trocadilho de Santo Agostinho)

18. Não há nada mais vil do que a inveja. (Catena Aurea in Io. cp 4 lc 9) "Nihil enim livore et invidia deterius."

19. Freqüentemente os soberbos julgam os outros superiores em muitas coisas, sem no entanto deixarem de se considerar mais dignos delas, por causa dos bens em que os outros parecem superá-los, da própria soberba nasce um zelo de inveja. (In II Sent. d 21 q 2 a 1 r 1) "Unde superbi frequenter alios se superiores in multis aestimant, qui tamen multa sibi magis digna esse cogitant, propter alia bona in quibus alios excedere videntur: et ideo ex ipsa superbia invidiae zelus oritur."

20. (O ódio pode surgir também...) quando alguém por semelhança impede a fruição da realidade amada por alguém que a ama. E isto se dá em todas as coisas que não podem ser simultaneamente possuídas por vários, como é o caso das coisas materiais. Daí que quem ama o proveito ou o prazer de algo, impeça a fruição desse algo por outro que, tal como ele, quer se apropriar daquilo. Daí o ciúme, que não suporta participação no amado, e a inveja, que pensa que o bem do outro é obstáculo para seu próprio bem. (In II Sent. d 27, q 1, a 1, ad 3) "Secundo quando aliquis ex ipsa similitudine impedit amantem ab amati fruitione; et hoc invenitur in omnibus rebus quae non possunt simul a multis haberi, sicut sunt res temporales; unde qui amat lucrum de aliqua re, vel delectationem, impeditur a fruitione sui amati per alium, qui sibi vult similiter illud appropriare; et hinc oritur zelotypia, quae non patitur consortium in amato; et invidia, inquantum bonum alterius aestimatur impeditivum boni proprii."

21. Há certos pecados que se cometem por tristeza, como a acídia e a inveja. (In IV Sent. d 17, q 2, a 2, 1) "Sed quaedam peccata per tristitiam committuntur, sicut acidia et invidia."

22. (Nos condenados do inferno) Agiganta-se o ódio e a inveja, porque preferem ser mais torturados com muitos do que menos torturados sozinhos. (In IV Sent. d 50, q 2, a 1, ad3) " (...) Superexcrescet odium et invidia, quod eligerent torqueri magis cum multis quam minus soli."

23. Só a soberba e a inveja são pecados puramente espirituais, portanto do âmbito possível dos demônios. (I, 63, 2 ad 2) "Sola superbia et invidia sunt pure spiritualia peccata, quae daemonibus competere possunt."

24. Como a inveja se sente da glória de outrem enquanto ela diminui a glória desejada, apenas sentimos inveja daqueles a quem pretendemos igualar-nos ou a quem, em glória, nos preferimos; o que não se verifica quanto aos que estão de nós muito distantes. Com efeito, ninguém a não ser um louco, se empenha em se igualar ou superar em glória os que são muito maiores: não só o rei não inveja o plebeu; também o plebeu não inveja o rei. E, assim, um homem não inveja os que estão muito longe por lugar, tempo ou prestígio; mas os que estão perto - esses são os que incomodam - e aos quais ele quer se igualar ou superar. (II-II, 36, 1, ad 2) "Quia invidia est de gloria alterius inquantum diminuit gloriam quam quis appetit, consequens est ut ad illos tantum invidia habeatur quibus homo vult se aequare vel praeferre in gloria. Hoc autem non est respectu multum a se distantium, nullus enim, nisi insanus, studet se aequare vel praeferre in gloria his qui sunt multo eo maiores, puta plebeius homo regi; vel etiam rex plebeio, quem multum excedit. Et ideo his qui multum distant vel loco vel tempore vel statu homo non invidet, sed his qui sunt propinqui, quibus se nititur aequare vel praeferre."

25. Ninguém inveja o que é possuído comumente por muitos: ninguém inveja, por exemplo, que outro possa conhecer a verdade, o que é possível para todos, mas talvez a excelência desse conhecimento. (I-II, 28, 4 ad 2) "Non autem proprie ex his quae integre possunt a multis possideri, nullus enim invidet alteri de cognitione veritatis, quae a multis integre cognosci potest; sed forte de excellentia circa cognitionem huius."

26. É freqüente que homens que exercem o mesmo ofício se comportem insidiosa e invejosamente entre si. É como diz o provérbio: "oleiro inveja oleiro" e não carpinteiro. (Super Ev. Io cp 3, lc 4) "Nam communiter videmus hic, homines eiusdem artis insidiose et invide se habere ad invicem. Figulus figulo invidet, non autem fabro."

27. Como os soberbos freqüentemente julgam os outros superiores a si em muitas coisas (...) da própria soberba nasce a inveja (In II Sent. d 21, q 2, a 1, ad 1) "Unde superbi frequenter alios se superiores in multis aestimant (...) et ideo ex ipsa superbia invidiae zelus oritur. "

28. Pois diz Gregório: "Quando a podridão da inveja corrompe o coração já vencido, os próprios sinais exteriores indicam quão gravemente o desvario instiga o ânimo: o rosto empalidece, os olhos se abatem, a mente se inflama, os membros esfriam, a imaginação se enraivece e os dentes rangem". (II-II, 36 , 2, 4) "Dicit enim Gregorius, V Moral., cum devictum cor livoris putredo corruperit, ipsa quoque exteriora indicant quam graviter animum vesania instigat, color quippe pallore afficitur, oculi deprimuntur, mens accenditur, membra frigescunt, fit in cogitatione rabies, in dentibus stridor."

29. Há pecados que se cometem não para ganhar algo, mas só para destruir, como é o caso do homicídio, da inveja e outros que tais (In II Sent. d 35, q. 1, a5 ex). "Aliquod enim peccatum est quod est ad corrumpendum, et non ad aliquid acquirendum, ut patet in homicidio et invidia, et hujusmodi. "

30. Da inveja nasce o ódio (II-II, 34, 6, c) "Ex invidia oritur odium."

31. A ira pode ser boa ou má; ao contrário da inveja, que basta nomeá-la, e já soa como algo mau. (II-II, 158, 1 , c) "Et ideo invidia, mox nominata, sonat aliquid mali, ut Philosophus dicit, in II Ethic.. hoc autem non convenit irae, quae est appetitus vindictae, potest enim vindicta et bene et male appeti."

32. A inveja, em geral, procede da soberba. Com efeito, a tristeza pelo bem alheio dá-se no homem porque aparece como obstáculo à própria excelência. (De Malo 8, 1, ad 5) "Invidia, ut in pluribus, ex superbia oritur; propter hoc enim homo maxime tristatur de bono alterius, quia est propriae excellentiae impeditivum."

33. Os pusilânimes são propensos à inveja pois, como se diz no livro de Jó, a inveja mata os pequenos. E isto com razão, pois o medíocre acha que a prosperidade de outro impede a sua: o que é próprio de almas pequenas. (In Iob cp 5) "Quidam vero sunt pusillanimes et hi proni sunt ad invidiam, unde subdit et parvulum occidit invidia, et hoc rationabiliter dicitur: invidia enim nihil aliud est quam tristitia de prosperitate alicuius inquantum prosperitas illius aestimatur propriae prosperitatis impeditiva; hoc autem ad parvitatem animi pertinet."

34. Fugir dos olhos do invejoso, evitar que seu olhar caia sobre nossas acções. (Super Ev. Io. cp 5, lc 2) "Ut declinemus et fugiamus oculos invidorum ab omnibus operibus nostris."

35. A inveja como espírito de competição. (Super I Ad Cor. cp14 lc 1) "Et ex hoc consurgit aemulatio, quae est invidia."

36. Quem odeia, olha com olhos maus e invejosos a quem odeia (Catena Aurea in Mc cp 7 lc 2) "Nam qui odit, oculum malum et invidum habet ad eum quem odit."



*(First posted February 2007)

5 comments:

mch said...

Caro Koluki master. Encontrei-o no nosso contador do Blog das causas .
Gostei muito de seu post sobre Inveja segundo S. Tomás de Aquino. já todos devemos ter sido vítimas desse escorpião.
Fica um abraço e boas blogadas para si. Vou linká-lo no causas

Koluki said...

Muito obrigada pela visita e pelo comentario, caro MCH!
De facto somos vitimas desse escorpiao mais frequentemente do que nos damos conta, porque o mais das vezes so' nos apercebemos da sua existencia depois de ele ja nos ter mordido... espero que este post contribua de algum modo para nos vacinarmos contra o seu veneno.
Retribuo-lhe o abraco e desejo-lhe os maiores sucessos para o seu livro, com o qual me senti desde logo identificada pela citacao que tomei de emprestimo do Causas para o post que tenho abaixo deste.
De facto, o Causas ja ca tinha feito uma outra entrada (aqui) e ja esteve aqui linkado. Por razoes apenas de gestao da extensao do meu blog roll, retirei-o a uma dada altura, tal como a alguns outros que podem ser acedidos atraves de outros links que la estao (neste caso, o Atlantico e o Luanda Blues da querida amiga Sailor Girl). Mas, em homenagem a sua amavel visita vou ja voltar a inclui-lo.

Continuacao de bom Domingo!

Muadiê Maria said...

Querida Koluki, fiquei muito lisonjeada em saber que você gosta de minhas poesias.
Sempre pagamos um preço por sermos nós e mesmo não compreendendo bem o que você disse, quero te parabenizar por ser Ana de Santana.
Um beijo,
Martha

Koluki said...

Mais uma vez obrigada, Martha.
Bjo.

Raquel Sabino Pereira said...

QUE LINDO KOLUKI! O MCH É UM GRANDE AMIGO!!!! E SÓ POR RAZÕES PROFISSIONAIS ME VI FORÇADA A SAIR DO BLOGUE DAS CAUSAS!!!

* * * * *

Dear Koluki, I'm sorry for not giving any news for ages!!!

Yesterday I posted at Atlântico Azul a poster regarding my own private Race!!! YES! The Race of Atlantic Blue!!

Please do come vist us in Portugal! It's not THAT far away... lol!!!

Love, from Sunny Lisbon!!!

* * * * *

E agora em Português:

Vão ao Atlântico Azul ver o poster que coloquei ontem sobre a Regata Atlântico Azul de dia 15 de Agosto de 2007! Basta aparecerem na praia do Rosário (na Moita), pelas 07h30 e embarcar! Venham ver as lindas embarcações típicas do Tejo em acção!... E juntem-se a nós na grande Almoçarada de Confraternização oferecida pelo EcoMuseu do Seixal!

* * * * *

Quanto à INVEJA: É ISSO MESMO!!!...