Thursday, 26 June 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (14)

Desde o ultimo numero desta serie acumularam-se uma ‘data’ de artigos publicados na imprensa angolana, dos quais destaco os seguintes:

1. Teresinha Lopes apresenta, no Novo Jornal (NJ), os seus pontos de vista sobre a questao do “genero e as quotas”:

NAO SOU, em regra, "politicamente correcta": sou fumadora inveterada, rio ou choro conforme me apetece, nem sempre sou gentil, não conheço países em desenvolvimento, mas apenas países subdesenvolvidos e não consigo, sinceramente, perceber com clareza, a que é que se refere o "género", expressão tão em voga nos países desenvolvidos (traduzida no "gender") e que, por arrasto, como sempre acontece, nos atingiu já a todos. Fala-se em "igualdade no género", luta-se contra a "violência no género". E eu confesso me perplexa...

2. De Ismael Mateus, no Cruzeiro do Sul, uma analise critica da historia da empresa brasileira Odebrecht em Angola:

Nestes mais de 20 anos, o nosso pareceiro filantrópico galgou por mais de sete províncias do país e entrou por várias áreas de actividade, qualquer delas mais lucrativas que a outra: construção civil, diamantes, sector imobiliário e prestação de serviços. Centenas e centenas de brasileiros fixaram residência em Angola com salários nunca imaginados no seu país ou em empresas brasileiras que prestam serviços à Odebrecht-Angola, melhorando automaticamente os seus lucros. Em Angola, instalou-se a dúvida sobre a qualidade das obras, centenas de postos de trabalhos foram e são ocupados por estrangeiros durante anos a fio; os salários entre uns e outros que fazem o mesmo trabalho são largamente diferenciados; em mais de 20 anos nenhum angolano conseguiu pertencer aos quadros directivos da empresa e até os mais básicos produtos operacionais da empresa ou de consumo do pessoal vem do Brasil. Absolutamente tudo vem (leia-se compra-se) do Brasil como se vê nos chamados malotes aéreos. Os 600 milhões de "investimentos" serão mesmo uma ajuda? Quanto ganha a Odebrecht em Angola? Qual é a percentagem desse lucro gasto em responsabilidade social?

3. O Folha 8 trouxe a estampa mais alguns extractos de “O Auschwitz de Africa”:

Publicamos nesta edição mais alguns extractos da obra literária o Auschwitz de África, um trabalho que está em curso de preparação a propósito dos vários levantamentos no seio do MPIA, cujo expoente maior foi o 27 de Maio de 1977 e a trágica purga assassina que se lhe seguiu. Como se pode avaliar pelos textos aqui apresentados, a tese defendida nesta pesquisa defende o princípio de que o "nitismo", ou se quisermos, "o fraccionismo", tem a sua origem numa curiosa faceta do "líder imortal", Agostinho Neto: a sua tremenda incapacidade de unir as diferentes correntes de opinião que sempre existiram no seio do MPLA.

5. Ainda no NJ, Gustavo Costa assina um artigo, “O Segredo esta na Cabeca”, que nao resisto a confessar me deixou, para dizer o minimo, perplexa:
Da esquerda para a direita, de cima para abaixo, há poder. Muito poder de um lado. Poder político. Poder financeiro. E poder económico. Pouco poder mas algum poder do outro lado. Mas, em ambos os casos, em largas franjas desses poderes, falta capital humano. Falta capital moral. Falta capital espiritual. Falta pensar pela própria cabeça... África e os africanos não lhes dizem nada. Por isso, os nossos «piquininos Vips» não só os menosprezam como se derretem em sabujices perante comerciantes portugueses, libaneses e «monhêses». Não sabem sequer esconder os seus complexos de inferioridade. Confundem o potencial intelectual dos «zairenses» com a venda de micates nas ruas de Luanda; ignoram o valor da imensa massa crítica que jorram as elites da Nigéria; desconhecem o poder económico de Marrocos só com a produção de frutas; não têm noção da dimensão do turismo mauriciano e, complexados e atrasados, recusam aceitar que Angola não faz parte do campeonato da África do Sul.

*****
{Como musica de fundo para este post deixo-vos este link que me foi ontem enviado de Luanda. É só deixar rolar…}


Desde o ultimo numero desta serie acumularam-se uma ‘data’ de artigos publicados na imprensa angolana, dos quais destaco os seguintes:

1. Teresinha Lopes apresenta, no Novo Jornal (NJ), os seus pontos de vista sobre a questao do “genero e as quotas”:

NAO SOU, em regra, "politicamente correcta": sou fumadora inveterada, rio ou choro conforme me apetece, nem sempre sou gentil, não conheço países em desenvolvimento, mas apenas países subdesenvolvidos e não consigo, sinceramente, perceber com clareza, a que é que se refere o "género", expressão tão em voga nos países desenvolvidos (traduzida no "gender") e que, por arrasto, como sempre acontece, nos atingiu já a todos. Fala-se em "igualdade no género", luta-se contra a "violência no género". E eu confesso me perplexa...

2. De Ismael Mateus, no Cruzeiro do Sul, uma analise critica da historia da empresa brasileira Odebrecht em Angola:

Nestes mais de 20 anos, o nosso pareceiro filantrópico galgou por mais de sete províncias do país e entrou por várias áreas de actividade, qualquer delas mais lucrativas que a outra: construção civil, diamantes, sector imobiliário e prestação de serviços. Centenas e centenas de brasileiros fixaram residência em Angola com salários nunca imaginados no seu país ou em empresas brasileiras que prestam serviços à Odebrecht-Angola, melhorando automaticamente os seus lucros. Em Angola, instalou-se a dúvida sobre a qualidade das obras, centenas de postos de trabalhos foram e são ocupados por estrangeiros durante anos a fio; os salários entre uns e outros que fazem o mesmo trabalho são largamente diferenciados; em mais de 20 anos nenhum angolano conseguiu pertencer aos quadros directivos da empresa e até os mais básicos produtos operacionais da empresa ou de consumo do pessoal vem do Brasil. Absolutamente tudo vem (leia-se compra-se) do Brasil como se vê nos chamados malotes aéreos. Os 600 milhões de "investimentos" serão mesmo uma ajuda? Quanto ganha a Odebrecht em Angola? Qual é a percentagem desse lucro gasto em responsabilidade social?

3. O Folha 8 trouxe a estampa mais alguns extractos de “O Auschwitz de Africa”:

Publicamos nesta edição mais alguns extractos da obra literária o Auschwitz de África, um trabalho que está em curso de preparação a propósito dos vários levantamentos no seio do MPIA, cujo expoente maior foi o 27 de Maio de 1977 e a trágica purga assassina que se lhe seguiu. Como se pode avaliar pelos textos aqui apresentados, a tese defendida nesta pesquisa defende o princípio de que o "nitismo", ou se quisermos, "o fraccionismo", tem a sua origem numa curiosa faceta do "líder imortal", Agostinho Neto: a sua tremenda incapacidade de unir as diferentes correntes de opinião que sempre existiram no seio do MPLA.

5. Ainda no NJ, Gustavo Costa assina um artigo, “O Segredo esta na Cabeca”, que nao resisto a confessar me deixou, para dizer o minimo, perplexa:
Da esquerda para a direita, de cima para abaixo, há poder. Muito poder de um lado. Poder político. Poder financeiro. E poder económico. Pouco poder mas algum poder do outro lado. Mas, em ambos os casos, em largas franjas desses poderes, falta capital humano. Falta capital moral. Falta capital espiritual. Falta pensar pela própria cabeça... África e os africanos não lhes dizem nada. Por isso, os nossos «piquininos Vips» não só os menosprezam como se derretem em sabujices perante comerciantes portugueses, libaneses e «monhêses». Não sabem sequer esconder os seus complexos de inferioridade. Confundem o potencial intelectual dos «zairenses» com a venda de micates nas ruas de Luanda; ignoram o valor da imensa massa crítica que jorram as elites da Nigéria; desconhecem o poder económico de Marrocos só com a produção de frutas; não têm noção da dimensão do turismo mauriciano e, complexados e atrasados, recusam aceitar que Angola não faz parte do campeonato da África do Sul.

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{Como musica de fundo para este post deixo-vos este link que me foi ontem enviado de Luanda. É só deixar rolar…}


5 comments:

Koluki said...

Nota de Rodape':

“Complexo de colonizado”…


A primeira vez que me deparei com essa expressao foi num artigo de Gustavo Costa (GC), no SA, em 2002. Na altura, pela forma e pelo contexto em que a usou, vi-me compelida a referir-me a ela numa cronica no mesmo jornal, “Sala Sentle”, que aqui neste blog postei em forma de ‘tributo ao Botswana’.

Desde entao, tenho-me frequentemente deparado com o uso dessa expressao pelas mais diversas pessoas e nos mais diversos contextos, sem que, contudo, alguma vez a tenha visto definida explicitamente. A interpretacao que faco do conceito de “complexo de colonizado”, tal como o tenho visto usado, particularmente por GC, decorre portanto exclusivamente das inferencias que me sao permitidas fazer a partir da(s) forma(s) e dos contextos em que ele tem aparecido na imprensa e literatura angolanas, isto e’, resumidamente, “tem complexo de colonizado, aquele que”:

- Aborde de algum modo os problemas societais e economicos do presente por referencia ao passado colonial, mesmo quando nao tente desculpabilizar os ‘malfeitores’ do presente, muito antes pelo contrario;
- Tente de alguma forma definir-se identitariamente com base em referenciais culturais de matriz Africana, mesmo quando assuma a sua propria ‘heranca colonial’;
- Mostre qualquer resistencia a pretensos ‘modelos de desenvolvimento’ ou a ‘discursos politico-ideologicos’ que, de uma forma ou de outra, apresentem um cariz neo-colonial, particularmente quando pressupoeem uma “superioridade” intrinseca de tudo quanto e’ Europeu sobre tudo quanto e’ Africano.

Nao sendo psicanalista, nao me atrevo sequer a tentar gizar uma definicao pretensamente ‘cientifica’ do que quer que seja que possa ser tido como “complexo de colonizado”. Tenho, no entanto, algumas referencias da Psicanalise que julgo me permitem formular uma opiniao aproximada do que talvez pudesse ser uma hipoteticamente aceitavel definicao de tal conceito. Tomemos, por exemplo, os populares “complexos de Edipo e de Electra” formulados por Freud: Edipo tinha uma “paixao ilicita” pela mae e, por isso, queria “matar” o pai, enquanto que, inversamente, Electra tinha o mesmo tipo de paixao pelo pai e, pela mesma razao, queria “matar” a mae.

Transportando aquele tipo de complexo para o colonizado, o que encontrariamos? Basicamente, que o colonizado teria uma “paixao ilicita” pelo colonizador e, por isso, quereria “matar”… quem? Por nao encontrar resposta crivel para esta questao, tenho uma grande dificuldade em compreender o conceito de “complexo de colonizado” tal como ele se tem banalizado em alguns discursos, particularmente no de GC. E tal dificuldade apresenta-se-me ainda maior ao tentar incluir em qualquer formulacao desse conceito a historia dos “movimentos de libertacao anti-colonial”, particularmente em Angola… ou algo que ainda nao vi os ‘useiros e veseiros’ de tal conceito abordar: o supostamente equivalente “complexo de colonizador”!

No entanto, do meu ponto de vista, talvez ele faca algum sentido para uma particular categoria de colonizado/a: aquele/a que se auto-define (legitimamente ou nao, isso e’ uma outra questao) como “crioulo/a” de raiz Euro-Africana. No caso Angolano, ele/a tera’ como “mae” Angola e como “pai” Portugal ou, provavelmente em alguns casos, o inverso: apliquem-se entao a esse ‘formato’ respectivamente os complexos Freudianos de Edipo e de Electra e retirem-se dai as devidas ilacoes… Mas, por favor, nao as queiram generalizar forcosamente a todos os ex-colonizados!

Mas, voltando ao GC, por todas essas razoes (e mais algumas…) nao posso deixar de manifestar a minha perplexidade (embora pela positiva, caso haja nele alguma sinceridade, seriedade e consistencia…) face ao que ele escreve no seu artigo aqui postado e, muito particularmente, no extracto a que dei destaque, por me parecer em flagrante contradicao com tudo quanto, pelo menos de 2002 a esta parte, tenho lido dele sobre as mesmas questoes!

Koluki said...

Ja' agora, deixo aqui registadas tambem as minhas opinioes sobre a questao do 'genero e das quotas', feitas a proposito deste artigo no Angonoticias:*

Kimpa Vita II

A questao da discriminacao positiva e’ precisamente uma daquelas em que frequentemente “a porca torce o rabo”. Num mundo ideal, isto e’, onde ha leis e politicas nao discriminatorias directa ou indirectamente contra as mulheres e onde elas sao efectivamente implementadas, a discriminacao positiva pode ser ate’ detrimental para a causa das mulheres, porque muitas vezes apenas para se cumprirem ‘quotas de participacao’ no mercado de trabalho ou na vida politica, da-se preferencia a mulheres apenas pela sua condicao feminina e nao pelas suas competencias ou potencialidades, em detrimento de homens mais qualificados e capazes. Quando isso acontece e a mulher escolhida depois ‘nao da conta do recado’ no exercicio das suas funcoes, cria-se nao so animosidade por parte dos homens e da sociedade (onde se destacam muitas vezes as outras mulheres…) mas prejudica-se tambem o proprio principio da discriminacao positiva, o que pode levar a que futuramente mulheres efectivamente mais competentes em determinadas areas e funcoes sejam preteridas em favor de homens tao ou menos competentes. Mas como o mundo nao e’ ideal, o trabalho de advocacia do genero e’ importante no sentido de se criar um quadro juridico-institucional efectivo e eficiente que torne a discriminacao positiva desnecessaria e que garanta que a seleccao seja sempre feita apenas com base na competencia e nao no sexo de cada individuo. Mas a advocacia do genero nao se limita a discriminacao positiva e ha varias outras areas, como a promocao do acesso de raparigas ao ensino e neste a sua especializacao em disciplinas como matematica e ciencias, onde elas sao tradicionalmente sub-representadas (levando a que posteriormente tambem estejam sub-representadas em determinadas profissoes e cargos governamentais), a promocao da participacao das mulheres na vida politica (nao exclusivamente atraves do estabelecimento de quotas…), ou o apoio as mulheres chefes de familia no quadro do combate a pobreza, entre outras.

Kimpa Vita II

Ah! Esqueci-me de mencionar uma area extremamente importante: o assedio sexual no local de trabalho, muitas vezes praticado por homens complexados e frustrados com o fito de desmoralizarem, humilharem e prejudicarem a carreira profissional de mulheres mais qualificadas e competentes no exercicio das suas funcoes... e ate com a cumplicidade e incentivo de outras mulheres e a indiferenca e incompreensao das burocratas da advocacia do genero! Sou testemunha...

Warrior

Sem qualquer desprimor para o trabalho de investigação da Henda Ducados, convém lembrar que se se quer começar a lidar a sério com as questões do género e da luta contra a pobreza é preciso que se valorizem todas as mulheres que se preocupam e se dedicam a esses problemas, cada uma à sua maneira e de acordo com os seus meios, independentemente das suas origens políticas ou familiares. Mesmo entre as mais pobres nos bairros de Luanda há mulheres que se conseguiram organizar para resolverem os seus problemas, criando cooperativas informais para gerirem financeiramente os seus pequenos negócios, sem qualquer apoio ou orientação de especialistas nem do governo. Esta luta é de todos e de todas e temos todos que aprender com humildade uns com os outros. No fundo, a descriminação da mulher é apenas uma das muitas formas de descriminação que enfermam a nossa sociedade, das quais a mais perniciosa é o elitismo. Quando se começam a fomentar exclusivismos nestas coisas, aí é que não se vai chegar a lado nenhum.


*E quem nunca usou pseudonimos na internet que atire a primeira pedra...

Koluki said...

E, ja' que estou em mare de "desenterrar ossadas", deixo aqui tb. o registo das minhas posicoes sobre o debate "Angola vs. Nigeria vs. Zaire", a proposito deste artigo no Angonoticias:*


Kimpa Vita II
Num mundo de corruptos e corruptores, cada vez mais o que conta para a opiniao publica internacional e’ a honestidade dos que se dispoeem a mudar o actual status quo. Quem e’ a Nigeria nesse mundo? E’ um pais que realiza eleicoes regulares e onde os governantes de uma legislatura nao teem forcosamente que ser responsabilizados pelos actos dos seus predecessores… E’ um pais cujo actual presidente, Obasanjo, e’ membro fundador da Transparencia Internacional (TI) e a ele se deve o facto de essa organizacao, que desde a sua criacao apenas publicava a lista dos paises mais corruptos, ter recentemente lancado o seu primeiro relatorio sobre quais sao os paises maiores corruptores do mundo… E’ um pais que desde que Obasanjo reassumiu o poder passou de “pais mais corrupto do mundo” a seis lugares acima dessa posicao na lista da TI e no ano passado era o unico pais africano na lista dos “21 paises com melhorias mais acentuadas a escala internacional” no combate a corrupcao… E’ um pais que nao so aderiu a EITI internacional, mas criou a sua propria EITI nacional, entre varias outras medidas para uma maior transparencia das contas publicas e da responsabilizacao governativa… E’ um pais que gracas a esse record conseguiu unilateralmente o perdao de 60% da sua divida externa… E’ um pais cujo actual governo ainda nao desistiu de perseguir os paises ocidentais para a devolucao dos dinheiros depositados nos seus bancos pelos seus anteriores ditadores, predadores e corruptos… E’ um pais que ainda tem muito que melhorar em muitos aspectos, mas e’ desse pais que emerge esta senhora que se permite falar assim de Angola (nao que ela tivesse muita necessidade de o fazer de tal forma em tal forum, porque afinal sempre ha a Uniao Africana, mas… contra factos, dificilmente se arranjam argumentos convincentes!). Mas, para mal dos nossos pecados, nao foi so ela: foi o presidente do BM, foi a IFC, a Statoil, a Oxfam e a Global Witness, entre outros! E a representante desta ultima tem toda a razao quando diz que “o povo angolano merece um debate publico sobre este assunto”… Por exemplo, so para fazer tres perguntas: 1. Porque que Angola ainda nao aderiu a EITI?; 2. Se e’ verdade que em Angola “a corrupcao e’ intermediada pelos bancos”, que ilacoes tirar-se da recente exigencia do PCA do BIC no sentido de o dinheiro das petroliferas passar primeiro pelos bancos privados e como e’ que se explicam os meandros por tras da privatizacao da Cimpor/ Nova Cimangola, entre outros?; 3. Se e’ verdade que no periodo da guerra foi necessaria uma “contabilidade paralela”, como se justifica em tempo de paz a criacao de um Gabinete de Reconstrucao Nacional que apenas presta contas ao PR, quando ha um Ministerio das Obras Publicas? … Sera tal debate possivel em Angola?!

Kimpa Vita II

Como diz o ditado, “quem nao se sente nao e’ filho de boa gente”… Por isso o ultraje manifestado por alguns contra estas declaracoes ate’ certo ponto e’ compreensivel, mas quem e’ filho de boa gente tambem faz questao de limpar a sua honra e admitir e corrigir os seus erros em vez de se ficar por responder aos criticos apenas com insultos… O facto e’ que a guerra nao pode ser justificacao para tudo e muito menos para a corrupcao, quanto mais nao seja porque as contas publicas sao geridas na capital e nesta nunca houve guerra… culpemos a guerra pela destruicao das infrastruturas em certas regioes do pais e dos modos de vida das populacoes que estiveram mais expostas aos combates e as minas, mas nao pela corrupcao. O facto e’ que neste momento, mesmo se no indice de percepcao da corrupcao da TI os dois paises apenas estejam separados por 0.1 pontos a favor de Angola, em todas as medidas internacionalmente reconhecidas de combate a corrupcao Angola esta atras da Nigeria – um pais com uma extensao territorial inferior e um numero de habitantes 10 vezes superior ao de Angola e com muito menor diversidade de recursos naturais para alem do petroleo, mas com um PIB de cerca de 133 bi comparados com cerca de 46 bi de Angola, uma taxa de alfabetizacao de 68% comparada com menos de 40% de Angola e uma taxa de desemprego de cerca de 3% comparada com mais de 50% de Angola … Mas esquecamo-nos por agora da Nigeria e se realmente tudo e’ uma questao de inveja por causa do Mundial, do CAN e das taxas de crescimento de Angola (num momento em que o preco do petroleo esta a cair...), entao esperemos para ver a concretizacao do repto lancado pelo governo angolano (que tambem deve ter irritado a Nigeria…), segundo o qual dentro de 5 anos, ou seja 1 ano apos o CAN, Angola sera a segunda maior economia africana, isto e’ ultrapassara’ a Nigeria… quem viver vera’! Mas para que isso se concretize e’ preciso que no minimo canalizemos as energias negativas que esta noticia esta a provocar para accoes concretas, positivas e serias no combate a corrupcao e uma delas devera’ ser a adesao do pais a EITI, porque essa e’ a unica garantia de transparencia e responsabilizacao nao so do governo mas tambem das petroliferas quanto as receitas do petroleo e a sua gestao. Ao parente “Exilado” de South Korea queria agradecer a detalhada informacao e quantificacao das receitas petroliferas que aqui expos. Quanto a sua explicacao sobre o GRN (… nao sou irmao, sou irma…) concordo, mas sera que isso significa que nao se tem confianca no proprio governo? Mas ainda resta a questao do porque de essas questoes nao poderem ser discutidas abertamente em Angola…

Anonimissima da Silva Salva e Silveira

I. Os 10 Paises Mais Corruptos do Mundo (Lista da Transparencia Internacional 2005) entre um total de 159 paises, classificados de 10 (baixo indice de corrupcao) a 0 (alto indice de corrupcao): 1. Tajikistan (2.1), 2. Angola (2.0), 3. Cote d’Ivoire (1.9), 4. Guine Equatorial (1.9), 5. Nigeria (1.9), 6. Haiti (1.8), 7. Myanmar (1.8), 8. Turkmenistan (1.8), 9. Bangladesh (1.7), 10. Chad (1.7). N.B.: Apenas 0.1 pontos separam Angola da Nigeria; A RDC encontra-se fora da lista dos 10 mais corruptos a 7 lugares acima de Angola. Em relacao a 2004, parcialmente devido a inclusao de mais 13 paises na lista da TI em 2005, Angola desceu 18 lugares, a RDC desceu 11, enquanto a Nigeria desceu apenas 8 lugares. Note-se que a Lista da TI baseia-se num Indice de ‘Percepcoes de Corrupcao’ formado com base, para alem de solidos dados estatisticos, em inqueritos a agentes esconomicos e vastos grupos de opiniao em todo o mundo e essas percepcoes nao sao estritamente sobre a corrupcao do governo ou da administracao publica, mas tambem sobre o comportamento de grupos de cidadaos de um determinado pais agindo por conta propria, como e’ o caso dos burloes da internet e traficantes de droga internacionais da Nigeria. Por isso, embora as melhorias na gestao financeira, administracao do estado, transparencia e responsabilizacao governativa e luta contra a corrupcao sejam consideradas espectaculares (levando a que a Nigeria fosse o unico pais africano na lista dos 21 paises do mundo que registaram melhorias mais significativas no combate a corrupcao em 2005) e tenham sido exaltadas particularmente pelo Presidente do Banco Mundial nesta Conferencia, o indice da Nigeria na lista da TI parece ainda nao reflectir completamente essa realidade. II. A Sra. Ezekwesili apesar de ser Ministra da Educacao da Nigeria e de ter sido portadora de uma mensagem do Presidente Obasanjo a esta Conferencia, enquanto membro fundador da TI, nao esteve presente como representante nem falou em nome do Governo Nigeriano, mas sim na sua qualidade de membro do International Advisory Board da EITI, organismo que organizou a conferencia. Quem e’ Obiageli Ezekwesili: BSc in Business Education, Master of International Law and Diplomacy, Master in Public Administration pela Harvard Univerty; membro do International Advisory Board da EITI internacional; primeira Chairwoman da EITI da Nigeria e antiga Directora Financeira da Transparencia Internacional; Fundadora e Co-Directora do Centro para as Prioridades das Politicas na Nigeria; antiga Conselheira Especial do Presidente da Nigeria para o Orcamento e chefe da Unidade de Inteligencia para a Monitorizacao do Orcamento; antiga Ministra dos Minerais e actual Ministra da Educacao; Recipiente do Premio Internacional “Jean Mayer Global Citizenship Award” em reconhecimento “pela sua coragem e tenacidade, sucesso na promocao da transparencia e na luta contra a corrupcao e pela sua determinacao e dedicacao ao desenvolvimento, democracia e responsabilizacao, a nivel nacional, regional e global”. III. Segundo o filosofo, "a verdade sobre qualquer questao tem sempre 3 lados: a nossa propria perspectiva, a perspectiva dos outros e OS FACTOS". Ora, o facto e' que, goste-se ou nao da cara ou da raca dessa senhora ou do que ela disse, goste-se ou nao da Nigeria, tenha ou nao a Nigeria inveja de Angola, seja ou nao a Nigeria o pais mais corrupto do mundo, seja ou nao Angola o maior e melhor pais de Africa para se viver, agora ou daqui a 5, 10 ou 20 anos, A VERDADE DOS FACTOS SOBRE A CORRUPCAO EM ANGOLA ESTA A VISTA DE TODOS e qualquer pessoa com dois dedos de testa pode ver que nao e' so por causa da guerra e que se isto nao muda ja e depressa, Angola vai continuar a ser o pais MENOS COMPETITIVO DO MUNDO e para passar a frente da Nigeria ou de qualquer outro pais Africano em termos economicos precisa de ser competitivo (note-se que muitos lugares separam Angola da Nigeria, na Africa e no Mundo, em termos de paridade do poder de compra do PIB, entre outros indicadores, como a competitividade internacional e os stocks acumulados de investimento directo estrangeiro e de capital humano qualificado)… E contra factos nao ha argumentos!

* E para nao dar muitas asas a imaginacao das mentes ferteis que ha' por ai, devo dizer tambem que, desde que criei este blog nunca mais voltei a fazer comentarios no Ango ou em qualquer outro site similar - que de resto, deixei de ter mesmo tempo para sequer visitar...

Koluki said...

P.S.: IMPOE-SE-ME QUE DEIXE AQUI BEM CLARO QUE NAO CONHECO O GUSTAVO COSTA! LEMBRO-ME APENAS DE ME TER CRUZADO COM ELE, SE TANTO DUAS VEZES, JA' HA' QUASE 30 ANOS EM LUANDA, MAS NAO ME RECORDO DE ALGUMA VEZ TER TROCADO COM ELE, OU SOBRE ELE, DIRECTA OU INDIRECTAMENTE, UMA PALAVRA SEQUER QUE SEJA!!!

Anonymous said...

Para mim isso é tudo muito simples.
Querem uma tradução do americano Uncle Tom em português?
Gustavo Costa.
Fácil!
Não precisa complicar muito..