Monday, 29 March 2010

“Questoes de Genero”… (I)



… Na Pratica!

Era uma vez… uma chefe (Protocol & Policy Adviser – PPA) que, embora pudesse dispensar os servicos de uma PA, a dada altura se viu forcada a contratar um(a) Research Assistant (RA). Entao, obtidos os necessarios consensos e approvals, desencadeou todo o processo de concepcao, advertising, seleccao e entrevistas para o posto. E… em cada uma dessas fases, encontrou entraves.

Na fase de advertising, que havia sido concebida para ter uma abrangencia internacional, embora com requisitos que implicitamente indicavam uma preferencia por candidatos regionais ou continentais, levantaram-se vozes que entendiam que aquela posicao deveria “estatutariamente” ser preenchida por um nacional do pais em que iria ser exercida. A PPA conseguiu ignora-las (mesmo porque elas nao tinham nenhum respaldo “estatutario” ou institucional) ate’ que, um belo dia, ja’ em plena fase de seleccao, viu o seu gabinete literalmente invadido por uma ‘senhora’, com a postura e linguagem mais agressivas que se podem imaginar, que nao se havia conformado com o facto de lhe ter sido comunicado por email que a sua candidatura nao poderia ser considerada por ela a ter submetido depois da deadline

Nao satisfeita com a inflexibilidade da PPA em relacao a sua pretendida “imposicao”, a ‘senhora’ dirigiu-se entao ao gabinete ao lado – que era ocupado por um individuo branco-europeu que, por esse facto, a ‘senhora’ achava que era quem mandava na PPA – para “apresentar queixa” dela… Tambem nao tendo obtido ali a satisfacao desejada, continuou o seu periplo de queixumes por varios gabinetes, especialmente daqueles seus conterraneos que haviam levantado as suas vozes "proteccionistas" durante a fase de advertising… Tao “poderosas” eram tais vozes que conseguiram fazer com que a chefe fosse chamada a “instancias superiores” para “explicacoes” sobre o caso da ‘senhora’ alegadamente por ela “discriminada”…
Bom, a questao acabou por ser resolvida pela forca da razao e a ‘senhora’ e o ‘seu caso’ acabaram por ser devidamente arquivados.

Ate’ que chegou o tao ansiado dia das entrevistas, conduzidas por um painel especialmente indicado por 3 paises membros e em que a PPA, embora nele tivesse um papel orientador e de supervisao, nao tinha, por inerencia de funcoes e para evitar conflitos de interesses, poder de decisao. Well, to cut a long story short, a decisao final acabou por pender entre dois candidatos: um homem que, apesar de ser originario da regiao, residia e se havia candidatado a partir dos EUA e que, para alem de um PhD e de alguma experiencia professional na area, apresentava uma postura incontestavelmente profissional, e uma mulher muito menos qualificada, tanto academica como profissionalmente, mas que se havia candidatado a partir da regiao.

A PPA, apesar de nao ter poder de decisao no painel, nao deixou de tornar claras as suas preferencias pelo primeiro (mesmo em face da advertencia do seu colega branco europeu vizinho de gabinete, sugerindo-lhe que aquele, com o seu PhD, lhe poderia disputar o lugar…), enquanto pelo menos dois outros membros do painel se mostravam movidos a favor da segunda. E tal devia-se fundamentalmente a forma insistente como ela havia mencionado durante a entrevista o facto de ser “mae solteira de uma crianca deficiente”… Acontece que a PPA, sendo igualmente “mae solteira” e nao tendo deixado de se sentir comovida pela situacao da candidata, teria preferido que ela tivesse demonstrado um maior empenho em defender as suas qualificacoes academicas e profissionais para a funcao, as quais, mesmo nao se tendo demonstrado as melhores naquelas circunstancias, lhe permitiriam facilmente (embora ela nem sequer estivesse desempregada…) arranjar um emprego similar, ou ate’ melhor, quer naquela, quer noutra organizacao regional.

Ora, tendo a candidata sido informada por um dos membros do painel que lhe eram favoraveis, no caso tambem uma mulher, de que a decisao final poderia nao lhe ser favoravel, dirigiram-se as duas ao "gabinete do genero" para se queixarem de que a PPA nao se estava a demonstrar “suficientemente gender-sensitive”… E… a partir do “gabinete do genero” foram entao desencadeadas, em nome da “politica de quotas”, as “devidas pressoes” para que o lugar fosse oferecido a candidata…

Mas, finalmente, depois de um longo debate entre os membros do painel e a PPA, a decisao final acabou por ser em favor do candidato - decisao que tambem ia de encontro as politicas (pelo menos no plano das intencoes) das organizacoes regionais e continentais no sentido de promoverem o regresso e integracao profissional dos quadros Africanos na diaspora. Mas… as "pressoes em contrario" acumuladas ao longo do processo acabaram por conseguir obstruir a sua contratacao…
E, assim, era uma vez uma chefe que – depois de muito tempo, energia e recursos gastos – acabou por nao conseguir contratar um(a) RA!


… Na Pratica!

Era uma vez… uma chefe (Protocol & Policy Adviser – PPA) que, embora pudesse dispensar os servicos de uma PA, a dada altura se viu forcada a contratar um(a) Research Assistant (RA). Entao, obtidos os necessarios consensos e approvals, desencadeou todo o processo de concepcao, advertising, seleccao e entrevistas para o posto. E… em cada uma dessas fases, encontrou entraves.

Na fase de advertising, que havia sido concebida para ter uma abrangencia internacional, embora com requisitos que implicitamente indicavam uma preferencia por candidatos regionais ou continentais, levantaram-se vozes que entendiam que aquela posicao deveria “estatutariamente” ser preenchida por um nacional do pais em que iria ser exercida. A PPA conseguiu ignora-las (mesmo porque elas nao tinham nenhum respaldo “estatutario” ou institucional) ate’ que, um belo dia, ja’ em plena fase de seleccao, viu o seu gabinete literalmente invadido por uma ‘senhora’, com a postura e linguagem mais agressivas que se podem imaginar, que nao se havia conformado com o facto de lhe ter sido comunicado por email que a sua candidatura nao poderia ser considerada por ela a ter submetido depois da deadline

Nao satisfeita com a inflexibilidade da PPA em relacao a sua pretendida “imposicao”, a ‘senhora’ dirigiu-se entao ao gabinete ao lado – que era ocupado por um individuo branco-europeu que, por esse facto, a ‘senhora’ achava que era quem mandava na PPA – para “apresentar queixa” dela… Tambem nao tendo obtido ali a satisfacao desejada, continuou o seu periplo de queixumes por varios gabinetes, especialmente daqueles seus conterraneos que haviam levantado as suas vozes "proteccionistas" durante a fase de advertising… Tao “poderosas” eram tais vozes que conseguiram fazer com que a chefe fosse chamada a “instancias superiores” para “explicacoes” sobre o caso da ‘senhora’ alegadamente por ela “discriminada”…
Bom, a questao acabou por ser resolvida pela forca da razao e a ‘senhora’ e o ‘seu caso’ acabaram por ser devidamente arquivados.

Ate’ que chegou o tao ansiado dia das entrevistas, conduzidas por um painel especialmente indicado por 3 paises membros e em que a PPA, embora nele tivesse um papel orientador e de supervisao, nao tinha, por inerencia de funcoes e para evitar conflitos de interesses, poder de decisao. Well, to cut a long story short, a decisao final acabou por pender entre dois candidatos: um homem que, apesar de ser originario da regiao, residia e se havia candidatado a partir dos EUA e que, para alem de um PhD e de alguma experiencia professional na area, apresentava uma postura incontestavelmente profissional, e uma mulher muito menos qualificada, tanto academica como profissionalmente, mas que se havia candidatado a partir da regiao.

A PPA, apesar de nao ter poder de decisao no painel, nao deixou de tornar claras as suas preferencias pelo primeiro (mesmo em face da advertencia do seu colega branco europeu vizinho de gabinete, sugerindo-lhe que aquele, com o seu PhD, lhe poderia disputar o lugar…), enquanto pelo menos dois outros membros do painel se mostravam movidos a favor da segunda. E tal devia-se fundamentalmente a forma insistente como ela havia mencionado durante a entrevista o facto de ser “mae solteira de uma crianca deficiente”… Acontece que a PPA, sendo igualmente “mae solteira” e nao tendo deixado de se sentir comovida pela situacao da candidata, teria preferido que ela tivesse demonstrado um maior empenho em defender as suas qualificacoes academicas e profissionais para a funcao, as quais, mesmo nao se tendo demonstrado as melhores naquelas circunstancias, lhe permitiriam facilmente (embora ela nem sequer estivesse desempregada…) arranjar um emprego similar, ou ate’ melhor, quer naquela, quer noutra organizacao regional.

Ora, tendo a candidata sido informada por um dos membros do painel que lhe eram favoraveis, no caso tambem uma mulher, de que a decisao final poderia nao lhe ser favoravel, dirigiram-se as duas ao "gabinete do genero" para se queixarem de que a PPA nao se estava a demonstrar “suficientemente gender-sensitive”… E… a partir do “gabinete do genero” foram entao desencadeadas, em nome da “politica de quotas”, as “devidas pressoes” para que o lugar fosse oferecido a candidata…

Mas, finalmente, depois de um longo debate entre os membros do painel e a PPA, a decisao final acabou por ser em favor do candidato - decisao que tambem ia de encontro as politicas (pelo menos no plano das intencoes) das organizacoes regionais e continentais no sentido de promoverem o regresso e integracao profissional dos quadros Africanos na diaspora. Mas… as "pressoes em contrario" acumuladas ao longo do processo acabaram por conseguir obstruir a sua contratacao…
E, assim, era uma vez uma chefe que – depois de muito tempo, energia e recursos gastos – acabou por nao conseguir contratar um(a) RA!

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