Thursday, 11 March 2010

Kinaxixi e seus amores

Entre a "Feira" da Maria da Fonte...

Uma mulher do Norte chegou ali. Vinha fazer uma guerra de armas de repetição e
carros de bois. Chamava-se Maria da Fonte (uma das sete, dizia-se) e montou ali
o seu kilombo. Kinaxixi meu amor falou, Kinaxixi Kiami aprendeu.
Um dia, olhou para trás e virou estátua, não de sal como a mulher da outra história (de amor, salvação, caminho de luz, fogo e cadela Minerva, a que morreu de
seus próprios partos), mas estátua de mármore, mulher e todos os membros do
kilombo mais as armas e peças de artilharia, tornados pedras no meio do
Kinaxixi, que é como quem diz no meio dos nossos corações e da cidade. Alguns
anos mais tarde, trezentas cargas de nitroglicerina transformaram o kilombo em
pedaços de pedra muito pequeninos. No chão nasceu erva de arranca pedras e chá,
outras histórias para contar.

Ana Paula Tavares, extracto
de "Kinaxixi, meu amor", in A Cabeça de Salomé - Editorial Nzila,
Luanda, 2004


...e o "Kilombo" da Nzinga Mbandi


Onde nao houve cargas de nitroglicerina - bastaram os pedacos de pedra muito pequeninos para fazerem a estatua virar sal de "mbakar" uteros e chao: nem partos de cadelas, nem gemidos de carros de bois (as armas de repeticao, essas ja' haviam sido caladas pela 'Maria do Blindado'); nem erva de arranca pedras, nem cha'... so' o vacuo, o nada e outras historias do meio do nosso coracao e da cidade para nao contar - Kinaxixi Kiami.
[Mas o olho d'agua da Kianda, esse continua la'...]


Obs.: Soube pelo amigo Augusto Nascimento, que a ela assistiu, da defesa de tese de doutoramento, no inicio desta semana em Lisboa, da Paula Tavares (de quem, ha' alguns meses, depois de muitos anos sem qualquer contacto, recebi uma bonita mensagem entitulada "Amizade", a que se seguiu uma interessante mutua "redescoberta": sobre este blog, nossas vidas, paradeiros, anseios, filhos, futuros...) - para ela os meus sinceros parabens!
Uma mulher do Norte chegou ali. Vinha fazer uma guerra de armas de repetição e
carros de bois. Chamava-se Maria da Fonte (uma das sete, dizia-se) e montou ali
o seu kilombo. Kinaxixi meu amor falou, Kinaxixi Kiami aprendeu.
Um dia, olhou para trás e virou estátua, não de sal como a mulher da outra história (de amor, salvação, caminho de luz, fogo e cadela Minerva, a que morreu de
seus próprios partos), mas estátua de mármore, mulher e todos os membros do
kilombo mais as armas e peças de artilharia, tornados pedras no meio do
Kinaxixi, que é como quem diz no meio dos nossos corações e da cidade. Alguns
anos mais tarde, trezentas cargas de nitroglicerina transformaram o kilombo em
pedaços de pedra muito pequeninos. No chão nasceu erva de arranca pedras e chá,
outras histórias para contar.

Ana Paula Tavares, extracto
de "Kinaxixi, meu amor", in A Cabeça de Salomé - Editorial Nzila,
Luanda, 2004


...e o "Kilombo" da Nzinga Mbandi


Onde nao houve cargas de nitroglicerina - bastaram os pedacos de pedra muito pequeninos para fazerem a estatua virar sal de "mbakar" uteros e chao: nem partos de cadelas, nem gemidos de carros de bois (as armas de repeticao, essas ja' haviam sido caladas pela 'Maria do Blindado'); nem erva de arranca pedras, nem cha'... so' o vacuo, o nada e outras historias do meio do nosso coracao e da cidade para nao contar - Kinaxixi Kiami.
[Mas o olho d'agua da Kianda, esse continua la'...]


Obs.: Soube pelo amigo Augusto Nascimento, que a ela assistiu, da defesa de tese de doutoramento, no inicio desta semana em Lisboa, da Paula Tavares (de quem, ha' alguns meses, depois de muitos anos sem qualquer contacto, recebi uma bonita mensagem entitulada "Amizade", a que se seguiu uma interessante mutua "redescoberta": sobre este blog, nossas vidas, paradeiros, anseios, filhos, futuros...) - para ela os meus sinceros parabens!

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