Desta vez o meu convidado nao e’ um blogger, pelo menos por enquanto, mas um frequentador da blogosfera. O seu nome nao sera’ completamente estranho a alguns dos visitantes deste blog, uma vez que ja’ aqui publiquei um texto seu.
Trata-se de um autor, Augusto Nascimento, que graciosamente se prestou a fazer uma apresentacao do seu ultimo livro especialmente para este blog.
E’, portanto, uma honra inclui-lo nesta serie como meu convidado especial!
Vidas de S. Tomé segundo vozes de Soncente
Por Augusto Nascimento
1. Este livro reconstitui uma história de cabo-verdianos no arquipélago de São Tomé e Príncipe nos derradeiros decénios do colonialismo, uma das questões mais politizadas no processo de consciencialização de uma identidade cabo-verdiana.
Vidas de S. Tomé segundo vozes de Soncente baseia-se numa recolha de testemunhos daqueles que, mais ou menos forçados a passar pela experiência da pior migração, não se escusaram a partilhar as suas memórias sobre a sua parte na aventura do povo cabo-verdiano.
2. No capítulo I, tece-se uma visão da vida na cidade do Mindelo e das circunstâncias económicas, sociais e administrativas que empurraram muitos cabo-verdianos para a pior migração. Referem-se, concretamente, as memórias da partida dos primeiros grupos, o seu impacto na vida da cidade e, ainda, o processo de lenta consciencialização política favorecida por essa migração.
No capítulo II, focam-se as circunstâncias vividas pelos cabo-verdianos enquanto contratados – condição pela qual muitos pretextaram terem optado livremente ainda que para safar a vida – a começar pelos constrangimentos da viagem. Foca-se, em especial, a memória do impacto da chegada a São Tomé e à dura rotina das roças. A pior migração revelar-se-ia aviltante para a auto-imagem dos cabo-verdianos.
No capítulo III, aprofundam-se as condições de vida nas roças. De igual modo, presta-se atenção aos processos de inserção social de cabo-verdianos, alguns dos quais foram oscilando entre o ir ficando e o regresso. Alguns lograram sair da tutela das roças e procurar uma vida mais independente no exíguo mundo urbano de São Tomé. Uns chegaram a ensaiar a criação de núcleos de associativismo cabo-verdiano.
No capítulo IV, seguimos um percurso individual significativo da procura de pequenos ganhos e de saídas possíveis no mundo fechado das roças onde, supostamente, não havia espaço para escolhas pessoais. Este percurso é explicado em função quer de uma arrogada idiossincrasia cabo-verdiana, quer de um contexto político propício a alguma distensão social nas roças, logicamente mais favorável aos serviçais.
A migração para o arquipélago foi usada enquanto motivo de agravo contra o colonialismo. Sem embargo da politização deste trecho da história dos cabo-verdianos, essa pior migração tende a ser esquecida por quantos se viram nela envolvidos, tal o processo explanado no capítulo V.
O cotejo desta obra com outros estudos, designadamente os fundados nas memórias de cabo-verdianos que permaneceram por São Tomé e Príncipe, permitirá perceber o conteúdo situacional e relacional, não apenas das memórias, quanto também das avaliações políticas e históricas da trajectória de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
3. Nos anos recentes, a situação dos cabo-verdianos que se quedaram por São Tomé e Príncipe tem despertado atenção em Cabo Verde. A partir da noção de Cabo Verde como uma nação diaspórica, as autoridades cabo-verdianas vêm tentando envolver toda a comunidade cabo-verdiana num movimento de solidariedade para com os concidadãos – designadamente os mais idosos, com décadas de permanência em São Tomé e Príncipe – que vivem em circunstâncias difíceis neste arquipélago.
Neste livro, recuperam-se memórias que poderão ajudar ao estabelecimento de elos entre cabo-verdianos de diferentes partes do mundo, assim como entre cabo-verdianos, são-tomenses e, ainda, portugueses.
Por Augusto Nascimento
1. Este livro reconstitui uma história de cabo-verdianos no arquipélago de São Tomé e Príncipe nos derradeiros decénios do colonialismo, uma das questões mais politizadas no processo de consciencialização de uma identidade cabo-verdiana.
Vidas de S. Tomé segundo vozes de Soncente baseia-se numa recolha de testemunhos daqueles que, mais ou menos forçados a passar pela experiência da pior migração, não se escusaram a partilhar as suas memórias sobre a sua parte na aventura do povo cabo-verdiano.
2. No capítulo I, tece-se uma visão da vida na cidade do Mindelo e das circunstâncias económicas, sociais e administrativas que empurraram muitos cabo-verdianos para a pior migração. Referem-se, concretamente, as memórias da partida dos primeiros grupos, o seu impacto na vida da cidade e, ainda, o processo de lenta consciencialização política favorecida por essa migração.
No capítulo II, focam-se as circunstâncias vividas pelos cabo-verdianos enquanto contratados – condição pela qual muitos pretextaram terem optado livremente ainda que para safar a vida – a começar pelos constrangimentos da viagem. Foca-se, em especial, a memória do impacto da chegada a São Tomé e à dura rotina das roças. A pior migração revelar-se-ia aviltante para a auto-imagem dos cabo-verdianos.
No capítulo III, aprofundam-se as condições de vida nas roças. De igual modo, presta-se atenção aos processos de inserção social de cabo-verdianos, alguns dos quais foram oscilando entre o ir ficando e o regresso. Alguns lograram sair da tutela das roças e procurar uma vida mais independente no exíguo mundo urbano de São Tomé. Uns chegaram a ensaiar a criação de núcleos de associativismo cabo-verdiano.
No capítulo IV, seguimos um percurso individual significativo da procura de pequenos ganhos e de saídas possíveis no mundo fechado das roças onde, supostamente, não havia espaço para escolhas pessoais. Este percurso é explicado em função quer de uma arrogada idiossincrasia cabo-verdiana, quer de um contexto político propício a alguma distensão social nas roças, logicamente mais favorável aos serviçais.
A migração para o arquipélago foi usada enquanto motivo de agravo contra o colonialismo. Sem embargo da politização deste trecho da história dos cabo-verdianos, essa pior migração tende a ser esquecida por quantos se viram nela envolvidos, tal o processo explanado no capítulo V.
O cotejo desta obra com outros estudos, designadamente os fundados nas memórias de cabo-verdianos que permaneceram por São Tomé e Príncipe, permitirá perceber o conteúdo situacional e relacional, não apenas das memórias, quanto também das avaliações políticas e históricas da trajectória de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
3. Nos anos recentes, a situação dos cabo-verdianos que se quedaram por São Tomé e Príncipe tem despertado atenção em Cabo Verde. A partir da noção de Cabo Verde como uma nação diaspórica, as autoridades cabo-verdianas vêm tentando envolver toda a comunidade cabo-verdiana num movimento de solidariedade para com os concidadãos – designadamente os mais idosos, com décadas de permanência em São Tomé e Príncipe – que vivem em circunstâncias difíceis neste arquipélago.
Neste livro, recuperam-se memórias que poderão ajudar ao estabelecimento de elos entre cabo-verdianos de diferentes partes do mundo, assim como entre cabo-verdianos, são-tomenses e, ainda, portugueses.
Nha Cancera Ka Tem Medida - Cesaria Evora
E’, portanto, uma honra inclui-lo nesta serie como meu convidado especial!
Vidas de S. Tomé segundo vozes de Soncente
Por Augusto Nascimento
1. Este livro reconstitui uma história de cabo-verdianos no arquipélago de São Tomé e Príncipe nos derradeiros decénios do colonialismo, uma das questões mais politizadas no processo de consciencialização de uma identidade cabo-verdiana.
Vidas de S. Tomé segundo vozes de Soncente baseia-se numa recolha de testemunhos daqueles que, mais ou menos forçados a passar pela experiência da pior migração, não se escusaram a partilhar as suas memórias sobre a sua parte na aventura do povo cabo-verdiano.
2. No capítulo I, tece-se uma visão da vida na cidade do Mindelo e das circunstâncias económicas, sociais e administrativas que empurraram muitos cabo-verdianos para a pior migração. Referem-se, concretamente, as memórias da partida dos primeiros grupos, o seu impacto na vida da cidade e, ainda, o processo de lenta consciencialização política favorecida por essa migração.
No capítulo II, focam-se as circunstâncias vividas pelos cabo-verdianos enquanto contratados – condição pela qual muitos pretextaram terem optado livremente ainda que para safar a vida – a começar pelos constrangimentos da viagem. Foca-se, em especial, a memória do impacto da chegada a São Tomé e à dura rotina das roças. A pior migração revelar-se-ia aviltante para a auto-imagem dos cabo-verdianos.
No capítulo III, aprofundam-se as condições de vida nas roças. De igual modo, presta-se atenção aos processos de inserção social de cabo-verdianos, alguns dos quais foram oscilando entre o ir ficando e o regresso. Alguns lograram sair da tutela das roças e procurar uma vida mais independente no exíguo mundo urbano de São Tomé. Uns chegaram a ensaiar a criação de núcleos de associativismo cabo-verdiano.
No capítulo IV, seguimos um percurso individual significativo da procura de pequenos ganhos e de saídas possíveis no mundo fechado das roças onde, supostamente, não havia espaço para escolhas pessoais. Este percurso é explicado em função quer de uma arrogada idiossincrasia cabo-verdiana, quer de um contexto político propício a alguma distensão social nas roças, logicamente mais favorável aos serviçais.
A migração para o arquipélago foi usada enquanto motivo de agravo contra o colonialismo. Sem embargo da politização deste trecho da história dos cabo-verdianos, essa pior migração tende a ser esquecida por quantos se viram nela envolvidos, tal o processo explanado no capítulo V.
O cotejo desta obra com outros estudos, designadamente os fundados nas memórias de cabo-verdianos que permaneceram por São Tomé e Príncipe, permitirá perceber o conteúdo situacional e relacional, não apenas das memórias, quanto também das avaliações políticas e históricas da trajectória de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
3. Nos anos recentes, a situação dos cabo-verdianos que se quedaram por São Tomé e Príncipe tem despertado atenção em Cabo Verde. A partir da noção de Cabo Verde como uma nação diaspórica, as autoridades cabo-verdianas vêm tentando envolver toda a comunidade cabo-verdiana num movimento de solidariedade para com os concidadãos – designadamente os mais idosos, com décadas de permanência em São Tomé e Príncipe – que vivem em circunstâncias difíceis neste arquipélago.
Neste livro, recuperam-se memórias que poderão ajudar ao estabelecimento de elos entre cabo-verdianos de diferentes partes do mundo, assim como entre cabo-verdianos, são-tomenses e, ainda, portugueses.
Por Augusto Nascimento
1. Este livro reconstitui uma história de cabo-verdianos no arquipélago de São Tomé e Príncipe nos derradeiros decénios do colonialismo, uma das questões mais politizadas no processo de consciencialização de uma identidade cabo-verdiana.
Vidas de S. Tomé segundo vozes de Soncente baseia-se numa recolha de testemunhos daqueles que, mais ou menos forçados a passar pela experiência da pior migração, não se escusaram a partilhar as suas memórias sobre a sua parte na aventura do povo cabo-verdiano.
2. No capítulo I, tece-se uma visão da vida na cidade do Mindelo e das circunstâncias económicas, sociais e administrativas que empurraram muitos cabo-verdianos para a pior migração. Referem-se, concretamente, as memórias da partida dos primeiros grupos, o seu impacto na vida da cidade e, ainda, o processo de lenta consciencialização política favorecida por essa migração.
No capítulo II, focam-se as circunstâncias vividas pelos cabo-verdianos enquanto contratados – condição pela qual muitos pretextaram terem optado livremente ainda que para safar a vida – a começar pelos constrangimentos da viagem. Foca-se, em especial, a memória do impacto da chegada a São Tomé e à dura rotina das roças. A pior migração revelar-se-ia aviltante para a auto-imagem dos cabo-verdianos.
No capítulo III, aprofundam-se as condições de vida nas roças. De igual modo, presta-se atenção aos processos de inserção social de cabo-verdianos, alguns dos quais foram oscilando entre o ir ficando e o regresso. Alguns lograram sair da tutela das roças e procurar uma vida mais independente no exíguo mundo urbano de São Tomé. Uns chegaram a ensaiar a criação de núcleos de associativismo cabo-verdiano.
No capítulo IV, seguimos um percurso individual significativo da procura de pequenos ganhos e de saídas possíveis no mundo fechado das roças onde, supostamente, não havia espaço para escolhas pessoais. Este percurso é explicado em função quer de uma arrogada idiossincrasia cabo-verdiana, quer de um contexto político propício a alguma distensão social nas roças, logicamente mais favorável aos serviçais.
A migração para o arquipélago foi usada enquanto motivo de agravo contra o colonialismo. Sem embargo da politização deste trecho da história dos cabo-verdianos, essa pior migração tende a ser esquecida por quantos se viram nela envolvidos, tal o processo explanado no capítulo V.
O cotejo desta obra com outros estudos, designadamente os fundados nas memórias de cabo-verdianos que permaneceram por São Tomé e Príncipe, permitirá perceber o conteúdo situacional e relacional, não apenas das memórias, quanto também das avaliações políticas e históricas da trajectória de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
3. Nos anos recentes, a situação dos cabo-verdianos que se quedaram por São Tomé e Príncipe tem despertado atenção em Cabo Verde. A partir da noção de Cabo Verde como uma nação diaspórica, as autoridades cabo-verdianas vêm tentando envolver toda a comunidade cabo-verdiana num movimento de solidariedade para com os concidadãos – designadamente os mais idosos, com décadas de permanência em São Tomé e Príncipe – que vivem em circunstâncias difíceis neste arquipélago.
Neste livro, recuperam-se memórias que poderão ajudar ao estabelecimento de elos entre cabo-verdianos de diferentes partes do mundo, assim como entre cabo-verdianos, são-tomenses e, ainda, portugueses.
Nha Cancera Ka Tem Medida - Cesaria Evora
2 comments:
Há tempos, por acaso, encontrei este blog. Fiquei deveras impressionado pela sua qualidade, pela sua diversidade, pela sensibilidade, pelo saber... acerca de assuntos e temas que dizem respeito às nossas vidas
Espero que Koluki nos continue a proporcionar muitos momentos interessantes.
Koluki - a quem não conheço - deu-me a honra (assim é que é correcto!...) de apresentar o meu livro "Vidas de S. Tomé segundo vozes de Soncente"...
Escrevi-o com o rigor de que fui capaz, pontuado por uma afectividade difusa pelas personagens nele "retratadas", assim como pelos que não falaram mas viveram o mesmo. Num certo sentido, será o meu tributo à experiência de muitos cabo-verdianos que passaram por São Tomé e Príncipe.
Mas, mais do que este, "O fim do caminhu longi" é um livro de sentimentos indizíveis. Escrevi-o tendo em mente a dignidade dos cabo-verdianos que ficaram por S. Tomé e Príncipe até hoje, tendo por horizonte a saudade da sua terra, afrontando o infortúnio e a desdita em resultado de insuperáveis percalços da história.
No meio do sofrimento que acompanhou a estada nas roças e as conversas com eles, fui recebendo lições acerca da dignidade humana.
Os livros não são estudos de causa, mas num certo sentido são testemunhos.
São imperativos de consciência... de quem deve algo à riqueza humana de outros
Koluki, obrigado, do fundo do coração.
Um abraço
Augusto, eu e' que lhe agradeco do fundo do coracao a dadiva da sua escrita profundamente humana e do seu conhecimento, com que enriquece este blog e brinda os seus leitores, particularmente os de S. Tome' e Principe e de Cabo Verde.
Todos lhe ficamos a dever imensamente por isso!
Gostaria apenas de dizer umas palavrinhas sobre a musica da Cesaria Evora que escolhi para este post, Nha Cansera Ka Tem Medida. Embora me pareca que a cancao Sodade - que, como se sabe, foi tambem cantada por Bonga, individualmente e num dueto com a Cesaria - tambem se relaciona com a tematica de que trata nos seus livros, penso que esta cancao reflecte mais directamente a experiencia das Vozes de Soncente (e nao e' a de Cesaria a maior de todas elas?) sobre e em Sao Tome'.
Com o devido pedido de desculpas aos irmaos Caboverdianos pela ousadia de tentar traduzir do crioulo (por favor, corrijam-me), os seguintes extractos ilustram o que tento dizer:
"Oh minha gente, a minha canseira nao tem medida...
... 30 anos de Sao Tome',
deixei a familia so' (ou a familia deixou-me so')
na tristeza e na saudade...
... Cabo Verde e' que e' a minha terra, quero voltar mas nao posso
nao tenho ninguem que me de a mao..."
Um forte abraco!
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