A proposito de dois diferentes encontros academicos, duas abordagens da questao da "identidade":
O Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África(CODESRIA) lança um apelo a comunicações por ocasião do colóquio sobre o tema «Mestiçagens socioculturais e procura de identidade na África contemporânea: o caso dos países africanos lusófonos», que pretende organizar nos dias 15 e 16 de Setembro de 2008 na Cidade da Praia (CaboVerde) no âmbito da Iniciativa África Lusófona do CODESRIA.
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Na África, independentemente das formas que adoptaram, a realidade e os interesses coloniais fizeram com que a problemática do encontro entre sociedades humanas com representações e valores diferentes suscitasse as análises e os juízos mais controversos. Os estudos realizados pelos colonizadores interessavam-se na problemática da mestiçagem unicamente pela necessidade de compreender melhor estas sociedades, de consolidar melhor a sua política discriminatória, de geri-las melhor e, em última instância, de as dominar. Este procedimento tornou-se mais urgente ainda no período entreas duas guerras mundiais, quando os colonizadores começaram a instalar-se de maneira mais permanente criando aglomerados de povoamento europeus mais estáveis nos centros urbanos africanos, ainda que a proporção de europeus e assimilados permanecesse fraca em relação à população total do continente. O aumento da presença europeia nos territórios colonizados e as consequências daí decorrentes contribuíram assim para o desenvolvimento de uma antropologia que só visava fins utilitaristas, e pouco preocupada com uma explicação científica dos fenómenos sociais.
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Durante as lutas pela independência e a época que se seguiu, o tema da mestiçagem regressou com força à agenda de muitos dos pensadores engajados na batalha de desconstrução dos preconceitos coloniais. Aimé Césaire e Léopold Sédar Senghor articularam assim o tema da mestiçagem com o da negritude. No centro das suas preocupações estava a questão das trocas culturais e da contribuição dos negros "africanos" para os valores"universais". Nesta perspectiva, Senghor chegará mesmo a dizer que "toda grande civilização é mestiçagem cultural".
(Aqui)
DIMENSÃO PROTO-BANTU E IDENTIDADE CULTURAL
Simão Souindoula
Após uma evolução pós-independência trintenária, é , historicamente, justo de interrogar-se, mais uma vez, sobre a substância que constitui a identidade cultural nacional do nosso país. Este conjunto de particularidades que permite uma estampilhagem cultural distinta da nação angolana, em plena edificação, tem vertentes de carácter antropólogico, histórico mas também linguístico. E, esta última dimensão é justamente o objecto do presente encontro.
(...)
Neste quadro e tendo em conta o facto de que o actual território de Angola é povoado, maioritariamente, de populações falando línguas, que são classificadas como bantu, tentaremos, portanto, pôr em relevo, em primeiro lugar, um dos pontos de parentesco genético desses falares, que é o proto-bantu. Este realce nos permitirá apreciar, em segundo e última instância, as vias, podendo desenvolver a referida identidade e garantir, concomitantemente, uma coexistência social pacífica e uma coesão nacional aceitável.
(...)
Uma análise cruzada do conjunto dos dados arqueológicos, linguísticos e antropólogicos postos em evidência, nesses últimos anos, atesta que, pouco antes da nossa era, algumas regiões do actual território de Angola eram já povoadas de comunidades metalurgistas e ceramistas, e portanto, este facto, provavelmente,na sua maioria, locutores de línguas bantu. Essas populações engajarão, até o século XIX, um longo processo de sedentarização e de ocupação de territórios que dará ao país a sua configuração etno-linguìstica actual.
(...)
A classificação, hoje, geralmente aceite, dos falares bantu em Angola, permite distinguir uma dezena de unidades-línguas. Recordar-se-á , assim: - no nordoeste, o kikongo e o kimbundu- no nordeste, o cokwé- no Planalto central, o umbundu- no sudeste, o tchingangela - nos Planaltos a Huíla, o olunyaneka- e, enfim, no sul, o tchikwanyama, o tchielelo e o tchindonga.
(Aqui)
[Fotos daqui]
DIMENSÃO PROTO-BANTU E IDENTIDADE CULTURAL
Simão Souindoula
[Fotos daqui]
Simão Souindoula
Após uma evolução pós-independência trintenária, é , historicamente, justo de interrogar-se, mais uma vez, sobre a substância que constitui a identidade cultural nacional do nosso país. Este conjunto de particularidades que permite uma estampilhagem cultural distinta da nação angolana, em plena edificação, tem vertentes de carácter antropólogico, histórico mas também linguístico. E, esta última dimensão é justamente o objecto do presente encontro.
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Neste quadro e tendo em conta o facto de que o actual território de Angola é povoado, maioritariamente, de populações falando línguas, que são classificadas como bantu, tentaremos, portanto, pôr em relevo, em primeiro lugar, um dos pontos de parentesco genético desses falares, que é o proto-bantu. Este realce nos permitirá apreciar, em segundo e última instância, as vias, podendo desenvolver a referida identidade e garantir, concomitantemente, uma coexistência social pacífica e uma coesão nacional aceitável.
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Uma análise cruzada do conjunto dos dados arqueológicos, linguísticos e antropólogicos postos em evidência, nesses últimos anos, atesta que, pouco antes da nossa era, algumas regiões do actual território de Angola eram já povoadas de comunidades metalurgistas e ceramistas, e portanto, este facto, provavelmente,na sua maioria, locutores de línguas bantu. Essas populações engajarão, até o século XIX, um longo processo de sedentarização e de ocupação de territórios que dará ao país a sua configuração etno-linguìstica actual.
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A classificação, hoje, geralmente aceite, dos falares bantu em Angola, permite distinguir uma dezena de unidades-línguas. Recordar-se-á , assim: - no nordoeste, o kikongo e o kimbundu- no nordeste, o cokwé- no Planalto central, o umbundu- no sudeste, o tchingangela - nos Planaltos a Huíla, o olunyaneka- e, enfim, no sul, o tchikwanyama, o tchielelo e o tchindonga.
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