Saturday, 19 July 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA: ESPECIAL EM MEMORIA DE TETA LANDO

O SA dedica cerca de 10 paginas da sua edicao deste fim de semana ao recentemente falecido Alberto Teta Lando, nas quais se pode ler a narrativa que se segue – a parte da qual aludi num comentario que pode ser encontrado neste post.

Filho de pai negro e mãe mestiça (neta do Rei do Congo e filha de pai português), Alberto Teta Lando nasceu acidentalmente em Mbanza Congo, em 2 de Junho de 1948, no seio de uma família rica para os padrões da altura, sendo o patriarca detentor de imóveis e várias fazendas de café na região do Uíje, de onde é originária. «Quando os colonos chegaram ao Uíje, o meu pai já era dono de grandes fazendas e vários prédios, porque ele era um homem astuto, com muito jeito para o negócio. Tiraram-lhe metade, mas o que restou ainda deu para continuar rico», recordara, com bastante nostalgia.
Porém, a sua infância não foi sempre um mar de rosas. Quando tinha doze anos, isto é, em 1961, o pai foi decapitado por colonos portugueses enfurecidos e vingativos, sob a acusação de ser um dos principais cabecilhas dos «terroristas», na sequência dos acontecimentos do «15 de Março», uma sangrenta revolta das populações do norte de Angola, que marcaria também a fase inicial da luta armada pela independência nacional. Pelo facto das autoridades coloniais lhe terem confiscado os bens patrimoniais num acto de represália, os Teta começaram a passar por muitas agruras, acabando por sobreviver graças à caridade de parentes e amigos em Luanda, onde a família se fixara.
As dificuldades eram muitas, incluindo algumas que não passavam de represálias que as autoridades coloniais faziam impender sobre ela, em função do «estatuto» do falecido patriarca.
Enquanto filho de um «grande terrorista», Teta Lando viu-se e desejou-se para arranjar emprego. Estranhamente, nunca passava nos concursos públicos, o que obrigou a mãe a ir falar com o São José Lopes, o então chefe da antiga polícia política portuguesa em Angola, para que este estado de coisas mudasse. E isso, felizmente, aconteceu.
O facto de ter visto o pai a ser morto daquela forma tenebrosa e tudo o que se seguiu marcara a vida e a personalidade do pequeno Alberto Teta Lando, xará do velho Teta, que tinha sido progenitor de uma enorme prole, com diversas esposas e concubinas, fazendo jus aos costumes polígamos africanos. Lando contara que, em face dos horrores que assistira, chegara a nutrir um certo ódio rácico contra os colonos, que se foi esbatendo à medida que se tornava mais crescido e ganhava outra consciência. «Com as viagens e tudo o mais, comecei a compreender que não era a raça que fazia um homem mau, mas sim a sua natureza, pelo que, pouco a pouco, o ódio aos brancos foi-se diluindo. Mas, sempre ficou em mim uma certa revolta pela grande injustiça de que o meu pai tinha sido vítima», lembrara ele.

[Aqui]

O SA dedica cerca de 10 paginas da sua edicao deste fim de semana ao recentemente falecido Alberto Teta Lando, nas quais se pode ler a narrativa que se segue – a parte da qual aludi num comentario que pode ser encontrado neste post.

Filho de pai negro e mãe mestiça (neta do Rei do Congo e filha de pai português), Alberto Teta Lando nasceu acidentalmente em Mbanza Congo, em 2 de Junho de 1948, no seio de uma família rica para os padrões da altura, sendo o patriarca detentor de imóveis e várias fazendas de café na região do Uíje, de onde é originária. «Quando os colonos chegaram ao Uíje, o meu pai já era dono de grandes fazendas e vários prédios, porque ele era um homem astuto, com muito jeito para o negócio. Tiraram-lhe metade, mas o que restou ainda deu para continuar rico», recordara, com bastante nostalgia.
Porém, a sua infância não foi sempre um mar de rosas. Quando tinha doze anos, isto é, em 1961, o pai foi decapitado por colonos portugueses enfurecidos e vingativos, sob a acusação de ser um dos principais cabecilhas dos «terroristas», na sequência dos acontecimentos do «15 de Março», uma sangrenta revolta das populações do norte de Angola, que marcaria também a fase inicial da luta armada pela independência nacional. Pelo facto das autoridades coloniais lhe terem confiscado os bens patrimoniais num acto de represália, os Teta começaram a passar por muitas agruras, acabando por sobreviver graças à caridade de parentes e amigos em Luanda, onde a família se fixara.
As dificuldades eram muitas, incluindo algumas que não passavam de represálias que as autoridades coloniais faziam impender sobre ela, em função do «estatuto» do falecido patriarca.
Enquanto filho de um «grande terrorista», Teta Lando viu-se e desejou-se para arranjar emprego. Estranhamente, nunca passava nos concursos públicos, o que obrigou a mãe a ir falar com o São José Lopes, o então chefe da antiga polícia política portuguesa em Angola, para que este estado de coisas mudasse. E isso, felizmente, aconteceu.
O facto de ter visto o pai a ser morto daquela forma tenebrosa e tudo o que se seguiu marcara a vida e a personalidade do pequeno Alberto Teta Lando, xará do velho Teta, que tinha sido progenitor de uma enorme prole, com diversas esposas e concubinas, fazendo jus aos costumes polígamos africanos. Lando contara que, em face dos horrores que assistira, chegara a nutrir um certo ódio rácico contra os colonos, que se foi esbatendo à medida que se tornava mais crescido e ganhava outra consciência. «Com as viagens e tudo o mais, comecei a compreender que não era a raça que fazia um homem mau, mas sim a sua natureza, pelo que, pouco a pouco, o ódio aos brancos foi-se diluindo. Mas, sempre ficou em mim uma certa revolta pela grande injustiça de que o meu pai tinha sido vítima», lembrara ele.

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