Sunday 28 March 2010

PERSONAGENS (VII)



O TIO

Nunca se soube muito bem por que vias afectivas se tornara tio daquelas maninhas.
Nem de onde lhe vinha a kigila que parecia ter com uma delas…
Sabia-se apenas que a conhecia de um tempo de tragedias revolucionarias e de uma idade de inocencias pueris. O tempo era o dele; a idade a dela. Figura paterna, projectava ela; coisa a explorar, vislumbrava ele.
E assim se foram ondulando entre o sul e o norte do tempo e da idade; se foram cidadaniando entre picadeiros e largos; se foram confrontando em tabuleiros de xadrez; se foram contando entre letras de musicas, prosas e versos. Um dia ele disse que queria explorar mais os dela. Ela que nao, que ainda andava em busca de certezas da idade de brigadistas. Ele que sim, qual brigada qual que, ia logo-logo po-los entre os do tempo dele. E assim se lhe impos com sua certeza de figura paterna
Qual figura paterna qual que, olha maze’ pra mim com outros olhos; esses com que devias ver que aquele a quem dedicas todas as suas lagrimas anda por ai com outras – ainda ha’ pouco o vi com uma branca! Sera' que e’ a Kianda que mora aqui por baixo do predio que te tras assim toda fitiçada ou que?! Ralhou.
Mas, agora mudando de assunto, ha’ uns gajos do meu tempo que tambem me andam a fazer chorar, mas garanto-te aqui neste kubico onde a Kianda me pode ouvir, que nao hei-de morrer sem escrever um livro numa lingua nacional, do sul ou do norte nao importa!
E se assim falou o tio, assim o fez, num tempo em que nem ele sabia bem porque (talvez a globalizacao, talvez a democracia, talvez o ela nunca o ter conseguido olhar com outros olhos, talvez a perene falta de alianca no anelar dela…) as palavras que mais o excitavam e inspiravam eram ‘desconhecimento’ e ‘promiscuidade’. Era a idade da razao dela e as lagrimas e os ouvidos da Kianda estavam entao longe de ambos. Talvez por essas vias se encontrem as razoes de todas as kigilas.



O TIO

Nunca se soube muito bem por que vias afectivas se tornara tio daquelas maninhas.
Nem de onde lhe vinha a kigila que parecia ter com uma delas…
Sabia-se apenas que a conhecia de um tempo de tragedias revolucionarias e de uma idade de inocencias pueris. O tempo era o dele; a idade a dela. Figura paterna, projectava ela; coisa a explorar, vislumbrava ele.
E assim se foram ondulando entre o sul e o norte do tempo e da idade; se foram cidadaniando entre picadeiros e largos; se foram confrontando em tabuleiros de xadrez; se foram contando entre letras de musicas, prosas e versos. Um dia ele disse que queria explorar mais os dela. Ela que nao, que ainda andava em busca de certezas da idade de brigadistas. Ele que sim, qual brigada qual que, ia logo-logo po-los entre os do tempo dele. E assim se lhe impos com sua certeza de figura paterna
Qual figura paterna qual que, olha maze’ pra mim com outros olhos; esses com que devias ver que aquele a quem dedicas todas as suas lagrimas anda por ai com outras – ainda ha’ pouco o vi com uma branca! Sera' que e’ a Kianda que mora aqui por baixo do predio que te tras assim toda fitiçada ou que?! Ralhou.
Mas, agora mudando de assunto, ha’ uns gajos do meu tempo que tambem me andam a fazer chorar, mas garanto-te aqui neste kubico onde a Kianda me pode ouvir, que nao hei-de morrer sem escrever um livro numa lingua nacional, do sul ou do norte nao importa!
E se assim falou o tio, assim o fez, num tempo em que nem ele sabia bem porque (talvez a globalizacao, talvez a democracia, talvez o ela nunca o ter conseguido olhar com outros olhos, talvez a perene falta de alianca no anelar dela…) as palavras que mais o excitavam e inspiravam eram ‘desconhecimento’ e ‘promiscuidade’. Era a idade da razao dela e as lagrimas e os ouvidos da Kianda estavam entao longe de ambos. Talvez por essas vias se encontrem as razoes de todas as kigilas.

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