Tuesday 19 January 2010

A Tarefa de Emagrecer o Governo (1)



[in SA#350-p.15]


Sensata a ideia de se “emagrecer” o Governo (ou, para usar uma expressao a que estou mais habituada neste contexto, “streamlining” - que tecnicamente, em termos de gestao economica, significa "melhorar a eficiencia de um processo, empresa ou organizacao pela simplificacao ou eliminacao de estruturas ou procedimentos desnecessarios, usando tecnicas modernizadoras, ou outras medidas de igual efeito") e interessantes tanto o anuncio de JES, quanto a proposta de VPA. No entanto, esta proposta sugere-me as seguintes observacoes e questoes:

- Estaremos aqui perante um caso de “8 ou 80”? Nao se estara’ aqui a sugerir um possivel trade off “de soma nula” (uma vez que a “receita de emagrecimento” proposta resulta igualmente em mais de 30 pastas – chame-se-lhes embora ‘Secretarias de Estado’ – e, muito provavelmente, em igual ou maior volume de recursos financeiros para as manter) entre a macrocefalia do Governo considerado como um todo e a macrocefalia de cada Ministerio considerado individualmente?

- Estarao suficientemente acautelados os custos de coordenacao, comunicacao e gestao dentro de cada Ministerio e, consequentemente, a eficacia funcional de cada um deles, em particular aqueles para os quais se propoe mais de 3 Secretarias de Estado - apresentando-se os propostos Ministerios dos "Recursos Naturais e Ambiente" e dos "Assuntos Sociais" como os casos mais preocupantes, com 7 e 5 Secretarias de Estado respectivamente?

- Estarao as valencias de alguns dos Ministerios propostos suficientemente claras e articuladas/alinhadas logicamente com as das respectivas Secretarias de Estado? E.g. havera' alguma "razao de forca maior" que justifique a separacao do Ensino Superior do Ministerio da Educacao? Deverao funcoes e estruturas tao distintamente especificas como as da Saude e da Educacao coexistir sob uma mesma tutela; a mesma questao se colocando em relacao a Comunicacao Social ao lado das Obras Publicas e outras “Infrastruturas e Equipamentos”? Teriamos duas Secretarias de Estado das Obras Publicas em Ministerios diferentes: uma sob as “Infrastruturas” e outra sob o “Planeamento”?


Ou seja, com o devido respeito pelos creditos do autor, nao basta afirmar-se retoricamente que «Mais relevante do que a questão do encurtamento/alargamento da máquina são as questões referentes às suas políticas, programas e acções, bem como o empenho e desempenho dos titulares dessa máquina. No entanto, entendo que a reorganização do Governo deve obedecer a critérios que têm a ver com as suas funções e a articulação das mesmas. Um pressuposto básico para a diminuição da máquina governamental é o Estado reduzir e melhorar o seu peso na Economia, reforçando o seu papel regulador e fiscalizador»: ha' que demonstrar a praticabilidade dessas ideias fazendo-as reflectir logicamente na estrutura do governo, o que, infelizmente, a proposta em apreco nao faz - muito pelo contrario...




[in SA#350-p.15]


Sensata a ideia de se “emagrecer” o Governo (ou, para usar uma expressao a que estou mais habituada neste contexto, “streamlining” - que tecnicamente, em termos de gestao economica, significa "melhorar a eficiencia de um processo, empresa ou organizacao pela simplificacao ou eliminacao de estruturas ou procedimentos desnecessarios, usando tecnicas modernizadoras, ou outras medidas de igual efeito") e interessantes tanto o anuncio de JES, quanto a proposta de VPA. No entanto, esta proposta sugere-me as seguintes observacoes e questoes:

- Estaremos aqui perante um caso de “8 ou 80”? Nao se estara’ aqui a sugerir um possivel trade off “de soma nula” (uma vez que a “receita de emagrecimento” proposta resulta igualmente em mais de 30 pastas – chame-se-lhes embora ‘Secretarias de Estado’ – e, muito provavelmente, em igual ou maior volume de recursos financeiros para as manter) entre a macrocefalia do Governo considerado como um todo e a macrocefalia de cada Ministerio considerado individualmente?

- Estarao suficientemente acautelados os custos de coordenacao, comunicacao e gestao dentro de cada Ministerio e, consequentemente, a eficacia funcional de cada um deles, em particular aqueles para os quais se propoe mais de 3 Secretarias de Estado - apresentando-se os propostos Ministerios dos "Recursos Naturais e Ambiente" e dos "Assuntos Sociais" como os casos mais preocupantes, com 7 e 5 Secretarias de Estado respectivamente?

- Estarao as valencias de alguns dos Ministerios propostos suficientemente claras e articuladas/alinhadas logicamente com as das respectivas Secretarias de Estado? E.g. havera' alguma "razao de forca maior" que justifique a separacao do Ensino Superior do Ministerio da Educacao? Deverao funcoes e estruturas tao distintamente especificas como as da Saude e da Educacao coexistir sob uma mesma tutela; a mesma questao se colocando em relacao a Comunicacao Social ao lado das Obras Publicas e outras “Infrastruturas e Equipamentos”? Teriamos duas Secretarias de Estado das Obras Publicas em Ministerios diferentes: uma sob as “Infrastruturas” e outra sob o “Planeamento”?


Ou seja, com o devido respeito pelos creditos do autor, nao basta afirmar-se retoricamente que «Mais relevante do que a questão do encurtamento/alargamento da máquina são as questões referentes às suas políticas, programas e acções, bem como o empenho e desempenho dos titulares dessa máquina. No entanto, entendo que a reorganização do Governo deve obedecer a critérios que têm a ver com as suas funções e a articulação das mesmas. Um pressuposto básico para a diminuição da máquina governamental é o Estado reduzir e melhorar o seu peso na Economia, reforçando o seu papel regulador e fiscalizador»: ha' que demonstrar a praticabilidade dessas ideias fazendo-as reflectir logicamente na estrutura do governo, o que, infelizmente, a proposta em apreco nao faz - muito pelo contrario...


1 comment:

Virosca said...

Essa eh boa, 8 ou 80 mais sem o zero. Tamos paiados.