Sunday, 17 January 2010

E assim Começa o Annus Angolensis

Servimo-nos do extracto da crónica que Pepetela publicou no África 21 e que abaixo reproduzimos, com a devida vénia, para desejar as melhores entradas em 2010 a todos os invertebrados deste e de outros países.
Feliz Ano Novo a todos!


Reginaldo Silva
[aqui]

“(…) estamos habituados a que não se respeite metodologias e acordos passados; o espantoso é que bastou o chefe dizer que talvez tivesse outra ideia para todos declararem que nunca estiveram de acordo com a proposta apresentada com fanfarra e fogo-de-artifício, para se arregimentarem militante e agressivamente atrás da palavra do chefe. E lá vimos os mesmos de sempre a argumentar convictamente sobre a perspicácia, a ousadia intelectual, a inovação, etc. (já se conhecem os encómios dos discursos de fim de ano ou de aniversário) …
O lambe-botismo de alguns políticos e comentadores raia a sem-vergonhice mesmo.
Estão lá só para cantar angélicas melodias aos ouvidos de quem manda e apanhar as migalhas.
O problema é que de tanto lamber botas, os responsáveis menores e intelectuais de plantão já têm a língua áspera como lixa.
De onde se conclui que o melhor militante é o que tem língua de gato. Por isso, a entrada para um próximo congresso será a aspereza da língua.”

[Pepetela in Africa21/Dezembro-Janeiro 2010]


A mudança de hábitos e de mentalidade de que todos falam implica enfrentar esse inimigo oculto que é o lambebotismo. Toda a máquina politica e administrativa
está infestada pelo lambebotismo. Tornou-se um meio de ascensão social. Suplanta a competência ou o saber cientifico. Todos os que procurem ser apenas competentes ou que sejam rigorosos tecnicamente não chegam a lado nenhum ou se alguma vez chegados ao topo vivem em permanente aviso de demissão. É igual ou pior que a prostituição de rua. Os que aparecem na imprensa são bastante conhecidos. Falta conhecer os graúdos. Aqueles que alimentam a máquina. Deveríamos fazer com que os seus filhos lhes perguntassem à mesa do jantar: ‹‹na minha escola dizem que o papá é um lambe-botas. O que é um lambe-botas?›› ou que os seus amigos e familiares se envergonhassem deles pela falta de caracter.


Ismael Mateus
[aqui]

Servimo-nos do extracto da crónica que Pepetela publicou no África 21 e que abaixo reproduzimos, com a devida vénia, para desejar as melhores entradas em 2010 a todos os invertebrados deste e de outros países.
Feliz Ano Novo a todos!


Reginaldo Silva
[
aqui]

“(…) estamos habituados a que não se respeite metodologias e acordos passados; o espantoso é que bastou o chefe dizer que talvez tivesse outra ideia para todos declararem que nunca estiveram de acordo com a proposta apresentada com fanfarra e fogo-de-artifício, para se arregimentarem militante e agressivamente atrás da palavra do chefe. E lá vimos os mesmos de sempre a argumentar convictamente sobre a perspicácia, a ousadia intelectual, a inovação, etc. (já se conhecem os encómios dos discursos de fim de ano ou de aniversário) …
O lambe-botismo de alguns políticos e comentadores raia a sem-vergonhice mesmo.
Estão lá só para cantar angélicas melodias aos ouvidos de quem manda e apanhar as migalhas.
O problema é que de tanto lamber botas, os responsáveis menores e intelectuais de plantão já têm a língua áspera como lixa.
De onde se conclui que o melhor militante é o que tem língua de gato. Por isso, a entrada para um próximo congresso será a aspereza da língua.”

[Pepetela in Africa21/Dezembro-Janeiro 2010]


A mudança de hábitos e de mentalidade de que todos falam implica enfrentar esse inimigo oculto que é o lambebotismo. Toda a máquina politica e administrativa
está infestada pelo lambebotismo. Tornou-se um meio de ascensão social. Suplanta a competência ou o saber cientifico. Todos os que procurem ser apenas competentes ou que sejam rigorosos tecnicamente não chegam a lado nenhum ou se alguma vez chegados ao topo vivem em permanente aviso de demissão. É igual ou pior que a prostituição de rua. Os que aparecem na imprensa são bastante conhecidos. Falta conhecer os graúdos. Aqueles que alimentam a máquina. Deveríamos fazer com que os seus filhos lhes perguntassem à mesa do jantar: ‹‹na minha escola dizem que o papá é um lambe-botas. O que é um lambe-botas?›› ou que os seus amigos e familiares se envergonhassem deles pela falta de caracter.


Ismael Mateus
[aqui]

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