Tuesday 8 January 2008

O “FURACÃO OBAMA” E O DESAFIO DOS NEGROS BRASILEIROS EM 2008



O ano de 2008 começou sob o impacto do “furacão Barack Obama” que, surpreendendo os que ainda duvidavam de seu carisma e poder de mobilização, venceu com folga, as prévias no Estado de Iowa, as primeiras das primárias que decidirão quem será o candidato do Partido Democrata, depois da devastação da Era Bush, nas eleições americanas de novembro.
O senador pelo Estado de Illinois deixou para trás, num distante terceiro lugar, a ex-primeira dama Hillary Clinton, que ainda aparece como favorita na disputa no âmbito nacional, apesar do crescimento de Obama. “Nós estamos escolhendo a esperança em vez do medo. Estamos escolhendo a unidade, não a divisão, e enviando uma poderosa mensagem de que a mudança está chegando para os Estados Unidos”, disse ao celebrar a vitória.
A vitória de Obama na primeira prévia americana, com o voto majoritário dos jovens e das mulheres, em um Estado cuja população é 93% branca, é emblemática. Não é o fim da disputa para ver quem será o candidato do Partido Democrata, mas apenas o começo. O Estado tem apenas 57 dos 2.500 que indicarão o vencedor na Convenção Nacional do Partido Democrata, em agosto. É inegável, no entanto, que pode representar uma tendência para os negros em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde, este ano, também teremos eleições.
O “furacão Obama” nos diz que é possível e necessário – respeitadas as nossas naturais divergências, seja de que tipo forem – construir pontos de unidade em favor do combate sem trégua à desigualdade racial, que permeia o nosso país de cima abaixo e explica o oceano da desigualdade social em que estamos afundados.

[Continue a ler aqui]



O ano de 2008 começou sob o impacto do “furacão Barack Obama” que, surpreendendo os que ainda duvidavam de seu carisma e poder de mobilização, venceu com folga, as prévias no Estado de Iowa, as primeiras das primárias que decidirão quem será o candidato do Partido Democrata, depois da devastação da Era Bush, nas eleições americanas de novembro.
O senador pelo Estado de Illinois deixou para trás, num distante terceiro lugar, a ex-primeira dama Hillary Clinton, que ainda aparece como favorita na disputa no âmbito nacional, apesar do crescimento de Obama. “Nós estamos escolhendo a esperança em vez do medo. Estamos escolhendo a unidade, não a divisão, e enviando uma poderosa mensagem de que a mudança está chegando para os Estados Unidos”, disse ao celebrar a vitória.
A vitória de Obama na primeira prévia americana, com o voto majoritário dos jovens e das mulheres, em um Estado cuja população é 93% branca, é emblemática. Não é o fim da disputa para ver quem será o candidato do Partido Democrata, mas apenas o começo. O Estado tem apenas 57 dos 2.500 que indicarão o vencedor na Convenção Nacional do Partido Democrata, em agosto. É inegável, no entanto, que pode representar uma tendência para os negros em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde, este ano, também teremos eleições.
O “furacão Obama” nos diz que é possível e necessário – respeitadas as nossas naturais divergências, seja de que tipo forem – construir pontos de unidade em favor do combate sem trégua à desigualdade racial, que permeia o nosso país de cima abaixo e explica o oceano da desigualdade social em que estamos afundados.

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4 comments:

AGRY said...

Não, não alinho em folclores.
O sistema imunitário americano a nivel politico e ideológico não se compadece com moralismos!
Na actualidade, ninguém pode ter a petensão de ser presidente dos EUA se não for um (+1) aliado da oligarquia politico-financeira. Nem o hipócrita do 1º Kennedy, nem o lírico do 2º, resistiram aos ataques assassinos dos sectores mais radicais da culturalmente indigente sociedade americana.
As condições terão de amadurecer e, entretanto, não se deverão cruzar os braços!
Já vou longe! Me desculpe
Gostaria de a adicionar aos meus elos. Posso?
Abraço
Agry

Koluki said...

Suspeito que este comentario se destinava ao post acima deste...
Caso nao, eu nao chamaria "folclores" as aspiracoes da maior comunidade Afro-descendente fora de Africa...
Nem negaria a ninguem, certamente nao a Barack Obama, o direito a ter a pretensao de ser presidente dos EUA.
Quanto aos elos, esteja a vontade.

AGRY said...

Minutos antes, produzi um brevíssimo comentário sobre a euforia resultante do facto de um americano de origem queniana, ser candidato à presidência dos Estados Unidos
Manifestava o meu cepticismo em relação a mudanças nos EUA pelo simples facto de, eventualmente vir a dispor de um presidente negro.
Referia Colin Power, Condolezza Rice e não esquecia “ a mudança de bandeiras” de que falava Amilcar Cabral.
Afirmava que ninguém nos EUA chega ao Poder se não for aliado do grande capital. Os Kennedy atreveram-se a ser um pouco diferentes . mas eram ricos e aliados do capital. Nem isso evitou que fossem ambos mortos.
Não pretendia defender a capitulação! Alertava, apenas, que o rubicão se situa ao nível do sistema: a exploração, mais ou menos humanizada, não perde as suas características.
No essencial, foi isto que escrevi em resposta a uma postagem igualmente lacónica.
As ideias-síntese quando expressas em linguagem telegráfica, nem sempre resultam.
Em relação ao texto originário de S. Paulo, confesso que não lhe consegui aceder. Fi-lo agora.
É excelente! Como tónico, como arma para a mudança, como referência, como exemplo.
É também utópico pelas razões que estão implícitas no que escrevi anteriormente.
Não pretendo ser desmancha-prazeres, nem sado-masoquista!
Revoluções pacíficas não se produzem em parte nenhuma e, muito menos, nos Estados Unidos.
Para terminar, recordo-lhe as enormes dificuldades com que se debate Evo Morales, na Bolívia, apesar de contar com o apoio popular.
No meu blog já fiz ( e continuarei) algumas postagens em defesa de regimes populares onde quer que eles se situem.
Reafirmo que não sou fundamentalista nem defensor do pensamento único. Não sou (nem quero) ser detentor da verdade.
Sempre estive na mesma margem ideológica sem dogmas, sem imobilismos e na defesa intransigente dos direitos inalienáveis dos que produzem a riqueza e permanecem na periferia dos direitos sociais e continuam a ser ostracizados por quem vive à custa do seu trabalho.
Infelizmente para os americanos, e para todos que com eles estão solidários, não se pode dispôr do céu na terra. Infelizmente.
Desculpe, ter-lhe ocupado todo este espaço. Não quis protelar este esclarecimento. Espero ter sido mais explicito
Agry

Koluki said...

Muito obrigada pelo
esclarecimento, embora nao esteja completamente segura de o ter entendido bem.
Vou portanto assumir que o seu primeiro comentario aqui se referia ao meu post "Obama vs. Clinton: The Mother of All Battles?" (Take 5) e nao a este editorial do Brasil...
Presumo tb. que o 'brevissimo comentario que fez minutos antes' tera' sido outro, num outro blog possivelmente.
Posto isto, tendo tido a oportunidade de ler alguns dos seus comentarios noutros blogs, devo dizer que me apraz particularmente saber de si que "não sou fundamentalista nem defensor do pensamento único. Não sou (nem quero) ser detentor da verdade". Muito obrigada por isso, porque de facto nao tenho muita paciencia para fundamentalistas ou dogmaticos de "esquerda" ou de "direita". Ponho estas duas palavras entre aspas porque aqui esta' outra coisa sobre a qual nao suponho aliar pelo seu diapasao: pura e simplesmente, nao vejo o espectro politico-ideologico e cultural contemporaneo assim maniqueisticamente dividido - ha' muito que o deixei de ver assim e confesso que essa e' uma discussao que nao me entusiasma particularmente.

Outras observacoes:

i) O meu post a que julgo referir-se e' laconico, porque mais longo nao precisaria de ser. Ele contem uma imagem auto-explicativa e uma pergunta explicita e vem na sequencia de outros 4 posts de uma serie que iniciei no ano passado - portanto, todo o seu 'background' pode ser encontrado nos 'takes' anteriores;

ii) Ao longo dos varios 'takes' dessa serie, os leitores poderao aperceber-se de que a minha declaracao de apoio ao Obama (feita apenas ontem) nao tem nada a ver com o facto de ele ter origem Kenyana... Poderao tambem entender que, para mim, nao e' "o facto de um presidente negro" que tras em si uma promessa de "mudanca"; a mudanca em si mesma, tal como a entendo, e' "a possibilidade de um presidente negro" dos EUA, tal como o e' (apesar do meu apoio declarado ao Obama) "a possibilidade de uma mulher presidente" dos EUA...

iii) Acredito em "revolucoes pacificas": a comecar pela revolucao pacifica pelos direitos civicos dos Negros Americanos que hoje permite que milhoes, nao so' na America, como em todo o mundo, vejam em Obama um "possivel Presidente Americano".