Saturday, 15 September 2012

COM A "VERDADE" ME ENGANAS!...





OU

Slowly but surely, the truth comes afloat...


Mentiras! Só mentiras! Sempre mentiras! É disso, que andamos a viver ao longo de anos. Mentiras envenenadas. Aterradoras. Eternas mentiras! Mentiras que ao longo do tempo, envinagraram
a história. É assim. Sempre foi assim. No desporto. Mas também na cultura. E ainda na vida social. E, inevitavelmente também na política.
Ninguém por certo, com idade adulta, ter-se-á esquecido do poder corrosive
da máquina de propaganda do MPLA quando, em plenos anos da brasa de 74/75, anunciou ao mundo que a FNLA comia corações! A manipulação foi tão eficaz que até os próprios militantes deste movimento acreditaram! E, depois, antes ou depois pouco interessa agora, foi fabricada a história da bomba falsamente atribuída também à FNLA, que deflagraria então nas instalações de “A Província de Angola” cujo proprietário era Rui Correia de Freitas. Tudo mentira!
(...)
Vindos das matas, os chamados movimentos de libertação transportavam na lapela o emblema da liberdade e da democracia. Mentira! Os três juntos não passavam então de capelas da intolerância, da autocracia e da exclusão. O tempo, é claro, passou. No interior desses movimentos registaram-se muitas metamorfoses. Mas, as mentiras continuaram. Aqui e lá fora.
(…)
Aqui dentro não resistimos, ao longo da história, a arte de mentir. Como aconteceu na Jamba quando, em 1992, se proclamou: primeiro os angolanos! Segundo os angolanos! Terceiro os angolanos! Mentira! Empurraram-nos primeiro para a fogueira. Depois para uma nova e mais sangrenta guerra! Não foi, porém, a última mentira. Quem esteve naquele “santuário” da UNITA, de regresso garantiu à opinião pública, que, divertidos, com Tito Chingunji e Wilson dos Santos, gozavam de boa saúde. Mentira! Estavam, há muito, mortos…
(…)
Mas, de mentira em mentira não ficamos por aqui. Dizíamos ser intransigentes no combate ao racismo e ao tribalismo e ao que se designava por “liberalismo”. Mentira! Incorporamos, dentro de nós, o virus daquelas duas pragas e já não escondemos o tom ostensivo com que as exibimos para camuflar a nossa eloquente incompetência.
(…)
Fizemos gala da eficácia da lei da probidade como garante da transparência na gestão da coisa pública. Mentira! Gestores públicos ao mais alto nível e políticos com a mais alta responsabilidade foram os primeiros a violá-la!
(…)
Os partidos da oposição apresentaram-se como guardiões da pureza democrática. Mentira! Na generalidade dos casos permanecem avessos à liberdade e à cultura da crítica e não escondem as suas tentações totalitárias.
(…)
Asseguramos à opinião pública uma comunicação social plural e isenta. Mentira! Assistimos, de forma escandalosa, a uma grosseira manipulação da informação por parte dos órgãos de propaganda do Estado. E, lá volto eu, a Ian Leslie. Porquê? “Porque não conseguimos viver sem mentir”. É feio. Muito feio mesmo…

[Gustavo Costa - "Mentiras Natas", in NJ#242, 07/09/12]

Estamos a ser empurrados por nós próprios. Mas, entre nós, há quem se afirme como pertencendo a famílias mais representativas do que o resto da população. Mentira! Porque essas famílias, de “sangue azul”, padecem de amenésia, como se não soubéssemos a sua origem, esquecendo-se de que todos nós sabemos o que por lá perfila tudo: intelectuais honestos, exímios funcionários públicos, respeitosos chefes de família mas também antigos agentes da PIDE ou carrascos da DISA.
(…)
Metemos na cabeça que cultivamos um jornalismo de excelência. Mentira! Continuamos a não saber escrever e a não saber falar! Não estamos a ter capacidade para atrair novos leitores, ouvintes ou telespectadores. O jornalismo de investigação inexiste entre nós. Somos ainda muito medíocres!
Acreditamos que, como jornalistas, somos um modelo de integridade profissional. Outra mentira! Temos aversão ao contraditório. Caluniamos de forma gratuita os políticos e governantes. Invadimos a vida privada de figuras públicas. Algumas publicações, em condições normais, por essas e outras razões atentatórias às regras de um jornalismo responsável e eticamente irrepreensível, já teriam, há muito tempo, sido banidas da circulação.
Vergastamos a corrupção mas esquecemo-nos de que em muitos casos escrevemos por encomenda e não resistimos a tentação de sermos igualmente corrompidos. Fazemos grosseira chantagem para extorquir dinheiro aos empresários e, depois queremos dar lições de moral à sociedade.
Falamos da baixeza dos outros mas somos igualmente baixos!
Estamos longe, por isso, de ser, do ponto de vista moral, um exemplo de dignidade.
(…)
Depois, meus caros compatriotas, não me venham dizer que não foram avisados. Não digam que eu não disse o que outros, antes de mim, com muito maior autoridade do que eu, já disseram. É claro, que qualquer aviso nesta matéria, é pura coincidência. Porque, confesso, o mentiroso, aqui sou eu…
[Gustavo Costa - "A Minha Confissao de Mentiras", in NJ#243, 14/09/12]





OU

Slowly but surely, the truth comes afloat...


Mentiras! Só mentiras! Sempre mentiras! É disso, que andamos a viver ao longo de anos. Mentiras envenenadas. Aterradoras. Eternas mentiras! Mentiras que ao longo do tempo, envinagraram
a história. É assim. Sempre foi assim. No desporto. Mas também na cultura. E ainda na vida social. E, inevitavelmente também na política.
Ninguém por certo, com idade adulta, ter-se-á esquecido do poder corrosive
da máquina de propaganda do MPLA quando, em plenos anos da brasa de 74/75, anunciou ao mundo que a FNLA comia corações! A manipulação foi tão eficaz que até os próprios militantes deste movimento acreditaram! E, depois, antes ou depois pouco interessa agora, foi fabricada a história da bomba falsamente atribuída também à FNLA, que deflagraria então nas instalações de “A Província de Angola” cujo proprietário era Rui Correia de Freitas. Tudo mentira!
(...)
Vindos das matas, os chamados movimentos de libertação transportavam na lapela o emblema da liberdade e da democracia. Mentira! Os três juntos não passavam então de capelas da intolerância, da autocracia e da exclusão. O tempo, é claro, passou. No interior desses movimentos registaram-se muitas metamorfoses. Mas, as mentiras continuaram. Aqui e lá fora.
(…)
Aqui dentro não resistimos, ao longo da história, a arte de mentir. Como aconteceu na Jamba quando, em 1992, se proclamou: primeiro os angolanos! Segundo os angolanos! Terceiro os angolanos! Mentira! Empurraram-nos primeiro para a fogueira. Depois para uma nova e mais sangrenta guerra! Não foi, porém, a última mentira. Quem esteve naquele “santuário” da UNITA, de regresso garantiu à opinião pública, que, divertidos, com Tito Chingunji e Wilson dos Santos, gozavam de boa saúde. Mentira! Estavam, há muito, mortos…
(…)
Mas, de mentira em mentira não ficamos por aqui. Dizíamos ser intransigentes no combate ao racismo e ao tribalismo e ao que se designava por “liberalismo”. Mentira! Incorporamos, dentro de nós, o virus daquelas duas pragas e já não escondemos o tom ostensivo com que as exibimos para camuflar a nossa eloquente incompetência.
(…)
Fizemos gala da eficácia da lei da probidade como garante da transparência na gestão da coisa pública. Mentira! Gestores públicos ao mais alto nível e políticos com a mais alta responsabilidade foram os primeiros a violá-la!
(…)
Os partidos da oposição apresentaram-se como guardiões da pureza democrática. Mentira! Na generalidade dos casos permanecem avessos à liberdade e à cultura da crítica e não escondem as suas tentações totalitárias.
(…)
Asseguramos à opinião pública uma comunicação social plural e isenta. Mentira! Assistimos, de forma escandalosa, a uma grosseira manipulação da informação por parte dos órgãos de propaganda do Estado. E, lá volto eu, a Ian Leslie. Porquê? “Porque não conseguimos viver sem mentir”. É feio. Muito feio mesmo…

[Gustavo Costa - "Mentiras Natas", in NJ#242, 07/09/12]

Estamos a ser empurrados por nós próprios. Mas, entre nós, há quem se afirme como pertencendo a famílias mais representativas do que o resto da população. Mentira! Porque essas famílias, de “sangue azul”, padecem de amenésia, como se não soubéssemos a sua origem, esquecendo-se de que todos nós sabemos o que por lá perfila tudo: intelectuais honestos, exímios funcionários públicos, respeitosos chefes de família mas também antigos agentes da PIDE ou carrascos da DISA.
(…)
Metemos na cabeça que cultivamos um jornalismo de excelência. Mentira! Continuamos a não saber escrever e a não saber falar! Não estamos a ter capacidade para atrair novos leitores, ouvintes ou telespectadores. O jornalismo de investigação inexiste entre nós. Somos ainda muito medíocres!
Acreditamos que, como jornalistas, somos um modelo de integridade profissional. Outra mentira! Temos aversão ao contraditório. Caluniamos de forma gratuita os políticos e governantes. Invadimos a vida privada de figuras públicas. Algumas publicações, em condições normais, por essas e outras razões atentatórias às regras de um jornalismo responsável e eticamente irrepreensível, já teriam, há muito tempo, sido banidas da circulação.
Vergastamos a corrupção mas esquecemo-nos de que em muitos casos escrevemos por encomenda e não resistimos a tentação de sermos igualmente corrompidos. Fazemos grosseira chantagem para extorquir dinheiro aos empresários e, depois queremos dar lições de moral à sociedade.
Falamos da baixeza dos outros mas somos igualmente baixos!
Estamos longe, por isso, de ser, do ponto de vista moral, um exemplo de dignidade.
(…)
Depois, meus caros compatriotas, não me venham dizer que não foram avisados. Não digam que eu não disse o que outros, antes de mim, com muito maior autoridade do que eu, já disseram. É claro, que qualquer aviso nesta matéria, é pura coincidência. Porque, confesso, o mentiroso, aqui sou eu…
[Gustavo Costa - "A Minha Confissao de Mentiras", in NJ#243, 14/09/12]

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