Monday, 10 September 2012

Aguiar dos Santos: “Requiem” para um grupo de jornalistas angolanos? (Revisto)




Tinha ultrapassado a fasquia dos 55 anos, mas nao muito mais do que isso. Faleceu vitima de doenca prolongada envolvendo diabetes e uma perna amputada – condicao a que certamente nao tera’ sido estranho o consumo exagerado de alcool. Essa vai sendo, lamentavelmente, uma tendencia que parece vir a instalar-se cada vez mais entre um grupo de jornalistas dessa faixa etaria, sendo alguns um pouco mais novos, com quem me cruzei, mais de perto ou mais de longe, quando passei brevemente pela profissao. Deles lamento nao poder dizer que tenho saudades – infelizmente.

Ou seja, e para ser perfeitamente honesta, excepto de um ou de outro: por exemplo do Mario Campos, infelizmente tambem ja’ tragicamente falecido num "alcohol-related car accident", ou de um outro Campos, o Graca, tambem a debater-se com o mesmo tipo de diabetes que acabaram de vitimar o Aguiar e por quem, “apesar dos pesares”, ainda reservo alguma simpatia. E que me desculpe algum outro que porventura eu esteja, por qualquer lapso de memoria, a excluir desta “amostra” de apenas dois “exemplares”, mas o facto e’ que, de momento, nao consigo juntar-lhes mais nenhum outro nome. Talvez o Nazareth Vandunem – mas esse meu bom amigo, mais da Angop da Luciano Cordeiro do que da do Kinaxixi, nao o incluo no grupo a quem dedico este “requiem”. Tal como nao incluo alguns outros, como o Americo Goncalves, ou o Joao Melo, por exemplo.

O que explica o facto de, em cerca de 30 anos depois de ter saido da Agencia, nunca mais os ter sequer visto, sendo que com alguns deles, como um certo BBBB, nunca sequer me cheguei a cruzar no curto periodo em que fui “jornalista” – nem depois. O que explica tambem o facto de quando, nos ultimos anos, retomei o contacto, ‘a distancia, com alguns deles, o tenha feito, nao sem “reticencias” mas, certamente, com a secreta esperanca de que o “mau tempo no canal” ja’ tivesse passado…

Mas nao: toda a "karga pesada" das energias negativas que eles foram acumulando ao longo das decadas desde aquele tempo acabou por desabar sobre mim como a pior “tempestade” que alguem pode esperar ter que confrontar na vida. Todo o “tempo de sonho” que tentei guardar daquele periodo, desmoronou-se como o mais negro pesadelo com que alguma vez imaginei me pudesse vir a debater numa altura da minha vida em que tambem ja’ ultrapassei a fasquia dos 50 e tudo quanto desejava para mim, e para todos os Angolanos, era apenas um pouco de paz, tranquilidade e dignidade - em suma: O DIREITO 'A VIDA! Algo como “cumprindo o tempo do poema, parido assim em desespero, quando de paz se quer alado, se desfaz como suspiro, na boca ao lado.”

Conheci o Aguiar na Angop, nos idos de 79-81, e dele so’ me lembro de ter recebido “bad vibes”. Ele fazia parte de um grupo de jornalistas, quase todos nos ultimos anos ligados ‘a imprensa privada, que exerceu a profissao com, mais do que uma maior ou menor entrega, um determinado estilo de vida pouco saudavel, tanto fisica, como mental e espiritualmente - para dizer o minimo! Teem, no entanto, conseguido viver alguns anos mais do que o seu “saudoso Svengali” ou, ja’ agora, do que um certo “Coitado”, que nao conseguiram sequer dobrar o “cabo dos 50” - talvez por estes terem acrescentado ao alcool outras "substancias inominaveis". E, pelo menos nisso, podem considerar-se "felizes".

Digo adeus ao Aguiar desta forma, um tanto amarga, contrariando conscientemente a tradicao de nestes momentos apenas se tecerem panegiricos a quem nos deixa e cujo destino sabemos iremos todos seguir mais cedo ou mais tarde, porque gostaria, muito sinceramente, que o grupo de jornalistas que ele representou e as geracoes que os seguem e pretendem, naturalmente, adopta-los como “role models”, aproveitassem este momento para reflectirem seriamente (e isso seria o minimo exigivel de quem gasta tantos rios de tinta a exigir responsabilizacao dos governantes e outras pessoas publicas, ja' para nao falar nas palavras de condenacao que dirigem, hipocritamente, ao alcoolismo no seio das camadas mais jovens e ao 'lip service' que prestam ao "resgate dos valores e principios morais") sobre as suas opcoes de vida.

E, sobretudo, nas consequencias da “projeccao” de tais opcoes na vida de outras pessoas, especialmente mulheres (e criancas) – e nisso eles teem-se demonstrado “eximios mestres” do machismo, sexismo, misoginia, arrogancia, laxismo e irresponsabilidade, quando nao do racismo mais ou menos disfarcado (... no que sao histericamente incentivados por certas flausinas carentes, predadoras e sado-masoquistas que os consideram "queridos, intocaveis e machos dinamicos de barba dura"!...) –, que, como eu, nunca delas quizeram partilhar e que, precisamente por isso, eles tendem a tomar como “alvos a abater”, ou a arrastar a “golpes de (aka)martelo” para os seus “tugurios de vida” ou “leitos de morte”. Por isso acabamos por ter para com eles uma atitude que pode ser expressa por estas palavras: “vao morrer longe”!... 

E tudo porque, quem eles “elegem” suas vitimas preferidas, e’ quem tenha decidido seguir outros caminhos, mesmo se dentro do jornalismo, que vieram, com maior ou menor sucesso, a desembocar em realizacoes pessoais de maior merito, pelo esforco, sacrificio, abnegacao, disciplina e, acima de tudo, responsabilidade, que envolveram ao longo de toda uma vida... "da inveja e do odio" - ja' ouviram falar?...

E, pior do que tentarem arrastar 'a viva forca as suas vitimas para os seus fatidicos destinos, tentam ainda "by any means necessary", eles ou os seus "amigos do copo" que os sobrevivem, cobardemente culpabiliza-las pelas suas opcoes de vida, frustracoes e... mortes prematuras e inglorias! Em resumo, aos que sobrevivem o Aguiar tenho apenas esta mensagem: meus caros, e' tempo de se fazerem, e se demonstrarem, HOMENS!

Desculpem-me se isto soa a “demasiado amor proprio”, mas essa parece ser efectivamente a triste realidade dos factos.

Nao deixo, no entanto, de expressar ‘a familia enlutada os meus mais sinceros votos de pesar e de desejar Paz a Alma do Aguiar.

[Mais detalhes aqui]




Tinha ultrapassado a fasquia dos 55 anos, mas nao muito mais do que isso. Faleceu vitima de doenca prolongada envolvendo diabetes e uma perna amputada – condicao a que certamente nao tera’ sido estranho o consumo exagerado de alcool. Essa vai sendo, lamentavelmente, uma tendencia que parece vir a instalar-se cada vez mais entre um grupo de jornalistas dessa faixa etaria, sendo alguns um pouco mais novos, com quem me cruzei, mais de perto ou mais de longe, quando passei brevemente pela profissao. Deles lamento nao poder dizer que tenho saudades – infelizmente.

Ou seja, e para ser perfeitamente honesta, excepto de um ou de outro: por exemplo do Mario Campos, infelizmente tambem ja’ tragicamente falecido num "alcohol-related car accident", ou de um outro Campos, o Graca, tambem a debater-se com o mesmo tipo de diabetes que acabaram de vitimar o Aguiar e por quem, “apesar dos pesares”, ainda reservo alguma simpatia. E que me desculpe algum outro que porventura eu esteja, por qualquer lapso de memoria, a excluir desta “amostra” de apenas dois “exemplares”, mas o facto e’ que, de momento, nao consigo juntar-lhes mais nenhum outro nome. Talvez o Nazareth Vandunem – mas esse meu bom amigo, mais da Angop da Luciano Cordeiro do que da do Kinaxixi, nao o incluo no grupo a quem dedico este “requiem”. Tal como nao incluo alguns outros, como o Americo Goncalves, ou o Joao Melo, por exemplo.

O que explica o facto de, em cerca de 30 anos depois de ter saido da Agencia, nunca mais os ter sequer visto, sendo que com alguns deles, como um certo BBBB, nunca sequer me cheguei a cruzar no curto periodo em que fui “jornalista” – nem depois. O que explica tambem o facto de quando, nos ultimos anos, retomei o contacto, ‘a distancia, com alguns deles, o tenha feito, nao sem “reticencias” mas, certamente, com a secreta esperanca de que o “mau tempo no canal” ja’ tivesse passado…

Mas nao: toda a "karga pesada" das energias negativas que eles foram acumulando ao longo das decadas desde aquele tempo acabou por desabar sobre mim como a pior “tempestade” que alguem pode esperar ter que confrontar na vida. Todo o “tempo de sonho” que tentei guardar daquele periodo, desmoronou-se como o mais negro pesadelo com que alguma vez imaginei me pudesse vir a debater numa altura da minha vida em que tambem ja’ ultrapassei a fasquia dos 50 e tudo quanto desejava para mim, e para todos os Angolanos, era apenas um pouco de paz, tranquilidade e dignidade - em suma: O DIREITO 'A VIDA! Algo como “cumprindo o tempo do poema, parido assim em desespero, quando de paz se quer alado, se desfaz como suspiro, na boca ao lado.”

Conheci o Aguiar na Angop, nos idos de 79-81, e dele so’ me lembro de ter recebido “bad vibes”. Ele fazia parte de um grupo de jornalistas, quase todos nos ultimos anos ligados ‘a imprensa privada, que exerceu a profissao com, mais do que uma maior ou menor entrega, um determinado estilo de vida pouco saudavel, tanto fisica, como mental e espiritualmente - para dizer o minimo! Teem, no entanto, conseguido viver alguns anos mais do que o seu “saudoso Svengali” ou, ja’ agora, do que um certo “Coitado”, que nao conseguiram sequer dobrar o “cabo dos 50” - talvez por estes terem acrescentado ao alcool outras "substancias inominaveis". E, pelo menos nisso, podem considerar-se "felizes".

Digo adeus ao Aguiar desta forma, um tanto amarga, contrariando conscientemente a tradicao de nestes momentos apenas se tecerem panegiricos a quem nos deixa e cujo destino sabemos iremos todos seguir mais cedo ou mais tarde, porque gostaria, muito sinceramente, que o grupo de jornalistas que ele representou e as geracoes que os seguem e pretendem, naturalmente, adopta-los como “role models”, aproveitassem este momento para reflectirem seriamente (e isso seria o minimo exigivel de quem gasta tantos rios de tinta a exigir responsabilizacao dos governantes e outras pessoas publicas, ja' para nao falar nas palavras de condenacao que dirigem, hipocritamente, ao alcoolismo no seio das camadas mais jovens e ao 'lip service' que prestam ao "resgate dos valores e principios morais") sobre as suas opcoes de vida.

E, sobretudo, nas consequencias da “projeccao” de tais opcoes na vida de outras pessoas, especialmente mulheres (e criancas) – e nisso eles teem-se demonstrado “eximios mestres” do machismo, sexismo, misoginia, arrogancia, laxismo e irresponsabilidade, quando nao do racismo mais ou menos disfarcado (... no que sao histericamente incentivados por certas flausinas carentes, predadoras e sado-masoquistas que os consideram "queridos, intocaveis e machos dinamicos de barba dura"!...) –, que, como eu, nunca delas quizeram partilhar e que, precisamente por isso, eles tendem a tomar como “alvos a abater”, ou a arrastar a “golpes de (aka)martelo” para os seus “tugurios de vida” ou “leitos de morte”. Por isso acabamos por ter para com eles uma atitude que pode ser expressa por estas palavras: “vao morrer longe”!... 

E tudo porque, quem eles “elegem” suas vitimas preferidas, e’ quem tenha decidido seguir outros caminhos, mesmo se dentro do jornalismo, que vieram, com maior ou menor sucesso, a desembocar em realizacoes pessoais de maior merito, pelo esforco, sacrificio, abnegacao, disciplina e, acima de tudo, responsabilidade, que envolveram ao longo de toda uma vida... "da inveja e do odio" - ja' ouviram falar?...

E, pior do que tentarem arrastar 'a viva forca as suas vitimas para os seus fatidicos destinos, tentam ainda "by any means necessary", eles ou os seus "amigos do copo" que os sobrevivem, cobardemente culpabiliza-las pelas suas opcoes de vida, frustracoes e... mortes prematuras e inglorias! Em resumo, aos que sobrevivem o Aguiar tenho apenas esta mensagem: meus caros, e' tempo de se fazerem, e se demonstrarem, HOMENS!

Desculpem-me se isto soa a “demasiado amor proprio”, mas essa parece ser efectivamente a triste realidade dos factos.

Nao deixo, no entanto, de expressar ‘a familia enlutada os meus mais sinceros votos de pesar e de desejar Paz a Alma do Aguiar.

[Mais detalhes aqui]

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