Tuesday, 19 June 2012

Gostei de Ler (9)


História e Sensibilidades Políticas

Cada vez gosto mais de falar no presente do singular, ao mesmo tempo que não apenas admito mas defendo que a voz dos analfabetos, mais a voz dos doutores, mais a voz dos que não são “nem carne nem peixe “ social, económica e politicamente, devem ter voz em qualquer sociedade . Clara, inequívoca e só de forma indirecta em Estados onde é claramente impossível defender o voto secreto e universal entre maiorias que ainda andam pela “comunidade primitiva”. A única coisa que, por conseguinte, acho ter conseguido transformar ao longo dos anos, foi o deixar de falar pelos outros, em nome dos outros, mesmo que em defesa de todos ( minha, dos meus a vários níveis, e dos outros em geral). Por isso, talvez só por isso , faço uma destrinça muito grande entre as pessoas e os grupos que, nos dias que correm, defendem a DEMOCRACIA representativa como meio essencial para “ mudar o mundo“.
(…)
É aqui, entre estes últimos, que há necessidade de não permitir que as ideias fiquem pela nebulosidade, pela escuridão, pela destrinça entre quem se considera proprietário hegemónico de um território e quem tem como património, porque sempre teve “Angola no coração“, esteja na Austrália nos EUA ou na Rússia, um espaço social determinado. E qual é a destrinça a fazer-se ? Não tenho, neste caso, dúvidas. É entre: a ) quem sendo equilibrado foi gerindo ou foi acompanhando a gestão dos poderes , ao longo da História, com defeitos e com falhas, com erros ou não , aceitando ou compreendendo as mudanças mas sinalizando o que foi mal feito; e entre quem b) foi, e continua coerentemente a ser , equilibrista , malabarista como diziam alguns angolenses, naturais da terra e colonos , já nos anos 30-40 do século XX. Isto é, aqueles que diziam ter razão nos anos 30-60 porque o nacionalismo imperava, aqueles que defenderam um novo nacionalismo ou o liberalismo quando a “guerra fria“ se tornou mais quente; aqueles que defenderam o leninismo porque achavam que o mundo estava em transição para o socialismo.
E agora, que a integração capitalista apareceu como um facto mundial evidente, ao mesmo tempo que os antigos poderes imperiais “estremecem“, andam para aí a “mandar bocas “ defendendo agora ...e não há 40 anos atrás ......a modernidade .
Nada disto é pessoal. Nada disto é crier contradição onde devia haver confluência de pontos de vista em face de perigos e adversários políticos mais importantes ou principais. Tudo isto é, apenas e tão só, a manifestação da defesa de uma sensibilidade política que recusa - e recusará sempre – o situacionismo. O situacionismo daqueles que dizem: “ como sempre foi assim “, “nós vamos ser fascistas no fascismo”, “ vamos ser leninistas quando o leninismo mandar “ e “ vamos ser liberais“ ou “democratas “, quando a democracia representativa liderar. Que pena que o mundo dê mais voz ao equilibrismo e ao malabarismo do que a quem, errado ou certo , pluralmente defende as suas ideias , independentemente dos regimes, dos sistemas e das “ correlações de forcas“ com que se defrontam no dia a dia da sua história particular.

Eugénio Monteiro Ferreira

[Aqui]


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(…)
É aqui, entre estes últimos, que há necessidade de não permitir que as ideias fiquem pela nebulosidade, pela escuridão, pela destrinça entre quem se considera proprietário hegemónico de um território e quem tem como património, porque sempre teve “Angola no coração“, esteja na Austrália nos EUA ou na Rússia, um espaço social determinado. E qual é a destrinça a fazer-se ? Não tenho, neste caso, dúvidas. É entre: a ) quem sendo equilibrado foi gerindo ou foi acompanhando a gestão dos poderes , ao longo da História, com defeitos e com falhas, com erros ou não , aceitando ou compreendendo as mudanças mas sinalizando o que foi mal feito; e entre quem b) foi, e continua coerentemente a ser , equilibrista , malabarista como diziam alguns angolenses, naturais da terra e colonos , já nos anos 30-40 do século XX. Isto é, aqueles que diziam ter razão nos anos 30-60 porque o nacionalismo imperava, aqueles que defenderam um novo nacionalismo ou o liberalismo quando a “guerra fria“ se tornou mais quente; aqueles que defenderam o leninismo porque achavam que o mundo estava em transição para o socialismo.
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Eugénio Monteiro Ferreira



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