“É tempo de quem está no poder perceber também que
o Bloco Democrático é uma “Banda Desenhada”, como lhe chamam
depreciativamente os seus opositores, que faz falta à nossa democracia.
Não vale a pena ter medo do seu discurso.
Não vale a pena fugir dos
seus adjectivos. É uma Banda intelectual necessária à nossa política que
tendo todo o direito de criticar o que está a ser mal gerido – e há
muita coisa a ser mal gerida em vários domínios - é tempo dela perceber t
ambém que há coisas – nem tudo é claro – bem feitas pelo Executivo e reconhecer isso não a diminui, nem desvaloriza a oposição.
Pensar assim, é pensar pequeno e a Banda não pode ser pequena. Porque
quem gosta da democracia não quer, seguramente, ver a Banda desfazer-se e
daqui há quatro anos mudar de sigla novamente….”
[Gustavo Costa, in “Fraka gente e fraku nivel…” - Novo Jornal # 231, 22/06/2012]
Assumindo-me como “madrinha de baptismo” do BD – Banda Desenhada
nao posso deixar de manifestar o meu protesto por me ver classificada,
num artigo cujo autor (…velada... mas abertamente…) assume que (afinale?!)
le o meu blog (…nao que eu “suspeitasse”..), como “opositora” do BD –
Bloco Democratico!...
O “meu afilhado” BD ficou a dever o seu
cognome apenas e tao so’ ao facto de o comportamento de duas das suas mais fanaticas militantes relativamente a mim e a materias publicadas neste blog assim o ter
sugerido!… Nada, portanto, a ver com o BD enquanto partido!...
Quanto ao resto, parece-me oportuno transcrever uma troca de opinioes
que tive recentemente com o Luiz Araujo na sua pagina no FB:
Ana Koluki Caro Luiz Araújo: tenho acompanhado os seus pensamentos
sobre essas questoes e, na generalidade, tenho concordado com os seus
pontos de vista no sentido de se criar uma plataforma civica comum que
possa servir de forca impulsionadora para a instauracao e manutencao de
uma verdadeira democracia em Angola. No entanto, o que me parece faltar
acima de tudo entre os "protagonistas" (... e, embora sendo "pintada"
como tal eu nao me incluo entre eles!...) e' vontade e, em alguns casos,
capacidade de comunicacao. Nao pode haver um "entendimento comum" sobre
o que e' a "verdadeira democracia" e qual o "melhor metodo ou via" para
se a obter dadas as circunstancias concretas e reais quer do "poder",
quer da "oposicao", sem dialogo, troca de ideias, concertacao de
opinioes diversas e, acima de tudo RESPEITO PELO OUTRO! Sim, estou por
exigir DIGNIDADE COM DIGNIDADE nao apenas do poder politico, mas tambem,
e sobretudo, dos meus concidadaos a quem nunca considerei inferiores a
mim - antes pelo contrario, sempre tratei como irmaos!...
Luiz
Araújo Ana Koluki, antes de mais agradeço a atenção que deste a este
post e aos anteriores com que venho insistindo na necessidade da
gestação duma agenda comum de resistência contra a ditadura. Concordo
que a primeira e uma das mais graves carências que vimos constatando é
de vontade para se dialogar. Comunicamos bastante mas principalmente de
nós para os outros, feitos receptores do que consideramos como as coisas
devem ser feitas, e muito pouco como emissores que também são
receptores do que os outros nos endereçam abertos ao seu tratamento e
acolhimento nos moldes que resultem na reflexão dialogada e na
cooperacção para o alcance duma meta comum. A verdade dos factos
demonstra-nos que, em geral, as formações da oposição, organizações
cívicas e quase todas e todos nós temos pela frente o desafio comum de
vencermos a ditadura para a tirarmos da nossas vidas mas não nos
juntamos para isso, (é facto não um juizo) e cada um continua a agir
como franco atirador como se a pudesse vencer sozinho, também o facto.
Temos recursos que até nos permitem realizar o dialogo, temos
computadores com que participamos aqui no Facebook e que podemos usar
para conferências (via skype ex) em que realizemos o dialogo. Dialogo
mesmo, não o comando dos outros. Suponho que a maioria de nós sabe pelo
menos minimamente o que será uma verdadeira democracia e um Estado de
direito que tenho e a maioria de nós diz também ser a sua meta. Podemos e
devemos aprofundar esse conhecimento como forma de promovermos um
projecto de sociedade livre. Mas o desafio que nos é colocado pelas
circunstancias de opressão e dominação que a ditadura impõe á sociedade,
portanto o desafio nº 1 é agir para que a ditadura tenha fim, depois
disso o desafio nº 2 será a realização do projecto de sociedade livre.
Para enfrentarmos o desafio nº 1 é que tenho apelado a gestação duma
ampla frente/movimento ou rede, como se queira, em que deixemos de ser
uma miríade de franco atiradores dispersos e passemos a agir em
cooperação até á realização da meta correspondente ao desafio nº1.
Respeito pelo outro, para terminar, suponho que não seja o que me falte e
não tenho aos meus concidadãos como inferiores em termos de direitos e
liberdades, de cidadania. Agora na política como em todos os domínios do
ser humano alguns têm mais qualidades do que outros, porque as
adquiriram e exercitara, desenvolveram capacidades etc. Por ex eu serei
inferior a um atleta campeão de futebol ou dos 100 metros livres porque
não tenho as qualidades que ele tem para correr e ou jogar futebol. Mas
nalguns domínios da actividade intelectual ex alguns de nós desenvolvem
mais capacidades e não se tornando superiores aos outros em termos de
direitos temos que reconhecer que se tornam mais capazes nesse domínios,
não será. Abraço.
Luiz Araújo Posso desenvolver mais o foco sobre alguns aspectos e referir outros mas depois
Ana Koluki Luiz Araújo, obrigada pela detalhada resposta. Creio que nao
ha' aqui grandes divergencias de substancia entre os nossos pontos de
vista. Talvez haja alguma dissonancia em termos de "estrategia", mas
espero pelo desenvolvimento que prometeu fazer depois para voltar a essa
questao. Quanto a questao das qualidades/capacidades e associadas
"superioridades/inferioridades", o que tenho aprendido ao longo da minha
vida e' que, em principio, nenhum ser humano e' "superior" a outro/a. O
que ha' serao niveis diferentes de conhecimento e/ou experiencia num
determinado dominio, seja ele intelectual, profissional ou outro. E,
obviamente, concordo que essas diferencas devem ser respeitadas e,
quanto a mim isso faz parte do principio de RESPEITO PELO OUTRO e pela
DIVERSIDADE entre a HUMANIDADE que todos constituimos - e', alias, nesse
principio que se fundamenta a filosofia dos DIREITOS HUMANOS. E para
que todos possam ser igualmente respeitados, dentro da especificidade do
que cada um tem para oferecer a sociedade como cidadao de PLENO DIREITO
e' preciso que cada um saiba reconhecer as suas
competencias/incompetencias e pontos fortes e pontos fracos em cada
dominio, para que cada um possa contribuir com o que de melhor tem a
dar, naquilo em que e' mais capaz do que outros. De outro modo,
continuarao a vingar as estrategias destrutivas baseadas no egocentrismo
sem limites e no total desrespeito pelo outro!... Abraco de volta.
“É tempo de quem está no poder perceber também que
o Bloco Democrático é uma “Banda Desenhada”, como lhe chamam
depreciativamente os seus opositores, que faz falta à nossa democracia.
Não vale a pena ter medo do seu discurso.
Não vale a pena fugir dos
seus adjectivos. É uma Banda intelectual necessária à nossa política que
tendo todo o direito de criticar o que está a ser mal gerido – e há
muita coisa a ser mal gerida em vários domínios - é tempo dela perceber t
ambém que há coisas – nem tudo é claro – bem feitas pelo Executivo e reconhecer isso não a diminui, nem desvaloriza a oposição.
Pensar assim, é pensar pequeno e a Banda não pode ser pequena. Porque
quem gosta da democracia não quer, seguramente, ver a Banda desfazer-se e
daqui há quatro anos mudar de sigla novamente….”
[Gustavo Costa, in “Fraka gente e fraku nivel…” - Novo Jornal # 231, 22/06/2012]
Assumindo-me como “madrinha de baptismo” do BD – Banda Desenhada
nao posso deixar de manifestar o meu protesto por me ver classificada,
num artigo cujo autor (…velada... mas abertamente…) assume que (afinale?!)
le o meu blog (…nao que eu “suspeitasse”..), como “opositora” do BD –
Bloco Democratico!...
O “meu afilhado” BD ficou a dever o seu
cognome apenas e tao so’ ao facto de o comportamento de duas das suas mais fanaticas militantes relativamente a mim e a materias publicadas neste blog assim o ter
sugerido!… Nada, portanto, a ver com o BD enquanto partido!...
Quanto ao resto, parece-me oportuno transcrever uma troca de opinioes
que tive recentemente com o Luiz Araujo na sua pagina no FB:
Ana Koluki Caro Luiz Araújo: tenho acompanhado os seus pensamentos
sobre essas questoes e, na generalidade, tenho concordado com os seus
pontos de vista no sentido de se criar uma plataforma civica comum que
possa servir de forca impulsionadora para a instauracao e manutencao de
uma verdadeira democracia em Angola. No entanto, o que me parece faltar
acima de tudo entre os "protagonistas" (... e, embora sendo "pintada"
como tal eu nao me incluo entre eles!...) e' vontade e, em alguns casos,
capacidade de comunicacao. Nao pode haver um "entendimento comum" sobre
o que e' a "verdadeira democracia" e qual o "melhor metodo ou via" para
se a obter dadas as circunstancias concretas e reais quer do "poder",
quer da "oposicao", sem dialogo, troca de ideias, concertacao de
opinioes diversas e, acima de tudo RESPEITO PELO OUTRO! Sim, estou por
exigir DIGNIDADE COM DIGNIDADE nao apenas do poder politico, mas tambem,
e sobretudo, dos meus concidadaos a quem nunca considerei inferiores a
mim - antes pelo contrario, sempre tratei como irmaos!...
Luiz
Araújo Ana Koluki, antes de mais agradeço a atenção que deste a este
post e aos anteriores com que venho insistindo na necessidade da
gestação duma agenda comum de resistência contra a ditadura. Concordo
que a primeira e uma das mais graves carências que vimos constatando é
de vontade para se dialogar. Comunicamos bastante mas principalmente de
nós para os outros, feitos receptores do que consideramos como as coisas
devem ser feitas, e muito pouco como emissores que também são
receptores do que os outros nos endereçam abertos ao seu tratamento e
acolhimento nos moldes que resultem na reflexão dialogada e na
cooperacção para o alcance duma meta comum. A verdade dos factos
demonstra-nos que, em geral, as formações da oposição, organizações
cívicas e quase todas e todos nós temos pela frente o desafio comum de
vencermos a ditadura para a tirarmos da nossas vidas mas não nos
juntamos para isso, (é facto não um juizo) e cada um continua a agir
como franco atirador como se a pudesse vencer sozinho, também o facto.
Temos recursos que até nos permitem realizar o dialogo, temos
computadores com que participamos aqui no Facebook e que podemos usar
para conferências (via skype ex) em que realizemos o dialogo. Dialogo
mesmo, não o comando dos outros. Suponho que a maioria de nós sabe pelo
menos minimamente o que será uma verdadeira democracia e um Estado de
direito que tenho e a maioria de nós diz também ser a sua meta. Podemos e
devemos aprofundar esse conhecimento como forma de promovermos um
projecto de sociedade livre. Mas o desafio que nos é colocado pelas
circunstancias de opressão e dominação que a ditadura impõe á sociedade,
portanto o desafio nº 1 é agir para que a ditadura tenha fim, depois
disso o desafio nº 2 será a realização do projecto de sociedade livre.
Para enfrentarmos o desafio nº 1 é que tenho apelado a gestação duma
ampla frente/movimento ou rede, como se queira, em que deixemos de ser
uma miríade de franco atiradores dispersos e passemos a agir em
cooperação até á realização da meta correspondente ao desafio nº1.
Respeito pelo outro, para terminar, suponho que não seja o que me falte e
não tenho aos meus concidadãos como inferiores em termos de direitos e
liberdades, de cidadania. Agora na política como em todos os domínios do
ser humano alguns têm mais qualidades do que outros, porque as
adquiriram e exercitara, desenvolveram capacidades etc. Por ex eu serei
inferior a um atleta campeão de futebol ou dos 100 metros livres porque
não tenho as qualidades que ele tem para correr e ou jogar futebol. Mas
nalguns domínios da actividade intelectual ex alguns de nós desenvolvem
mais capacidades e não se tornando superiores aos outros em termos de
direitos temos que reconhecer que se tornam mais capazes nesse domínios,
não será. Abraço.
Luiz Araújo Posso desenvolver mais o foco sobre alguns aspectos e referir outros mas depois
Ana Koluki Luiz Araújo, obrigada pela detalhada resposta. Creio que nao
ha' aqui grandes divergencias de substancia entre os nossos pontos de
vista. Talvez haja alguma dissonancia em termos de "estrategia", mas
espero pelo desenvolvimento que prometeu fazer depois para voltar a essa
questao. Quanto a questao das qualidades/capacidades e associadas
"superioridades/inferioridades", o que tenho aprendido ao longo da minha
vida e' que, em principio, nenhum ser humano e' "superior" a outro/a. O
que ha' serao niveis diferentes de conhecimento e/ou experiencia num
determinado dominio, seja ele intelectual, profissional ou outro. E,
obviamente, concordo que essas diferencas devem ser respeitadas e,
quanto a mim isso faz parte do principio de RESPEITO PELO OUTRO e pela
DIVERSIDADE entre a HUMANIDADE que todos constituimos - e', alias, nesse
principio que se fundamenta a filosofia dos DIREITOS HUMANOS. E para
que todos possam ser igualmente respeitados, dentro da especificidade do
que cada um tem para oferecer a sociedade como cidadao de PLENO DIREITO
e' preciso que cada um saiba reconhecer as suas
competencias/incompetencias e pontos fortes e pontos fracos em cada
dominio, para que cada um possa contribuir com o que de melhor tem a
dar, naquilo em que e' mais capaz do que outros. De outro modo,
continuarao a vingar as estrategias destrutivas baseadas no egocentrismo
sem limites e no total desrespeito pelo outro!... Abraco de volta.
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