"Sou de um tempo mau,
um tempo mau demais para ser lembrado mas é desse tempo, que não devemos finger
que não existiu sob pena de um dia desses, ainda nos virem dizer que antes e
depois do 25 de Abril de 1974, nunca houve ditadura e muito menos censura
jornalística.
Negá-lo seria negar a
história. E, a história não se nega, nem se renega. Como diria James Carvile, antigo estratega de
Bill Clinton em relação à economia, diria eu agora, que é a história, estúpido!
Desse tempo
persistem, perturbadores, sinais que andam a colocar políticos, governantes e
cidadãos com medo de perderem o que lhes resta de liberdade e que lhes vai já
escapando por medo de a usufruírem na plenitude. Esses sinais, mesmo
reconhecendo que há entre nós muita promiscuidade entre negócios e política, ao
instalar a devassa da vida privada de figuras públicas dos mais variados extractos
e categorias sociais, estão a emblematizar a nossa miséria moral.
São sinais que exalam
o medo pelo exercício, a todo o gás, do direito de cidadania, que assiste a
quem, em democracia, acima das filiações partidárias, tem direito à repulsa e à
indignação.
Medo de quem tem medo
de se impor como
cidadão livre, que seja capaz de caricaturar a política e os politicos e de
afrontar o policiamento de que, à revelia da lei, são vítimas os seus passos e telefones.
Medo porque o segredo de Estado, sempre o segredo de Estado, passou a
configurar o Estado do nosso segredo..."
[GC in NJ - 15/06/2012]
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