Tuesday 27 November 2007

EDIFICIO PORTUGUES NA FINAL DO STIRLING PRIZE 2007

O Channel 4 (canal Inglês) irá brevemente transmitir o RIBA Stirling Prize 2007 (concurso que visa destacar e premiar obras de referência em termos de arquitectura moderna). Actualmente, o CHannel 4 tem a decorrer uma "votação" no seu site para encontrar o edifício que mais agrada ao público. Pela primeira vez, uma obra portuguesa aparece em destaque nesta votação – a Casa da Música.
[Mais detalhes aqui]



America's Cup Building

Casa da Musica

Dresden Station Redevelopment

Museum of Modern Literature

Savill Building


Young Vic Theatre

9 comments:

Fernando Ribeiro said...

Embora a cidade do Porto tenha uma "escola" de arquitectura de fama internacional, a verdade é que a Casa da Música não é obra de um arquitecto da cidade, nem sequer português. Ela é do arquitecto holandês Rem Koolhaas, que tomou como fonte de inspiração uma caixa de sapatos!

A construção deste edifício levantou problemas de engenharia extremamente difíceis de resolver, não faltando quem dissesse que ele era impossível de construir. Por exemplo, as suas extensíssimas faces inclinadas, sem que nenhum pilar as sustente, fizeram queimar os neurónios a muitos engenheiros. Mas acabou por ser construído, tendo-se tornado, além de uma arrojadíssima obra de arquitectura, uma notável obra de engenharia.

A Casa da Música é actualmente um espaço que os portuenses passaram a habituar-se a frequentar. Não faltou quem receasse que ela se transformasse numa espécie de "elefante branco", exclusivamente frequentado pela burguesia endinheirada da cidade, que se serviria dela para exibir os casacos de peles nos intervalos dos concertos sinfónicos e das óperas.

Mas não aconteceu nada disso. É claro que os concertos sinfónicos e as óperas estão presentes na Casa da Música, mas também estão presentes muitíssimos outros géneros musicais, mesmo os que menos se coadunariam com um espaço daquele género, como o rap ou o fado. Até kuduro e kizomba se dançam na Casa da Música!

Pesem embora a elegância e a vetustez da belíssima Torre dos Clérigos, pode-se dizer que a Casa da Música é o novo ex-libris do Porto. O povo da cidade está a afeiçoar-se a ela e até já a compara a um diamante.

Koluki said...

Denudado: kuduro e kizomba na Casa da Musica?!
VOU JA' VOTAR!!!

Fernando Ribeiro said...

É verdade, Koluki. Nos últimos oito meses passaram pela Casa da Música os Buraka Som Sistema, Gata Agressiva, Puto Português e Nakobeta. Pelo menos.

Nada disto seria possível sem a acção do "pai" da Casa da Música, que foi quem teve a ideia da sua construção (numa cidade onde não existia nenhuma sala com as condições acústicas minimamente aceitáveis para a realização de concertos) e que é o seu director artístico actual: o excelente pianista clássico Pedro Burmester.

Koluki said...

Caro amigo Denudado,

Muito obrigada pela enriquecedora informacao que aqui deixou sobre a Casa da Musica.
Obrigada tambem pelas suas amaveis palavras sobre o primeiro aniversario do ‘nosso’ blog. Mas o facto e’ que sem amigos como o Denudado que aqui sempre estiveram desde a primeira hora dando apoio moral e tecnico, para alem de inestimaveis contribuicoes a troca de ideias e informacao sobre os mais variados temas, talvez nao estivessemos hoje aqui a sauter, dancer e boujer com tanto gusto…
OBRIGADA!
Quanto as paginas de musica do Africaribe, so’ e’ pena elas nao serem actualizadas desde 2002. Mas gostei do ‘Soukous Machine’ e quanto ao Princesa Rita… Ja’ tivemos sobre ela uma saborosa troca de versoes que aqui fica revivida – a que la’ esta’ e’ a original e eu coloquei aqui a dos anos 90. Mas gostei sobretudo de encontrar la’ o ‘Pe’ Descalso’ e ‘Merengue Angolano’ que nao tenho e ja’ nao ouvia mesmo desde aqueles tempos - do ‘Yo te quiero’ confesso que nao me lembro.
Tenho todas as outras (e da que mais gosto e' do 'Merengue Rebita')e, ja’ agora, uma pequena curiosidade sobre o Bartolomeu: quem tenha crescido em Luanda no tempo colonial (nao sei como era nas outras cidades capitais) sabera’, ou pelo menos tera’ essa impressao, de que a musica popular urbana angolana nao era certamente sequer ouvida, muito menos dancada, pela esmagadora maioria da populacao branca. Mas o Bartolomeu, por qualquer inexplicavel razao, entrou-lhes pelas casas adentro e ate’ pelas suas festas… um verdadeiro feito!
Quanto a foto dos Kiezos (e ja’ agora a dos Ngoma Jazz) se reparar bem tenho ambas na foto-colagem que coloquei ja’ ha umas semanas na seccao de Musica Popular Urbana Angolana…

Um grande abraco e espero que no decorrer do novo ano se decida a reocupar na blogosfera o espaco que lhe pertence de pleno direito!

Koluki said...

P.S.: Acabo de ver agora os videos num longo artigo sobre Kuduro que saiu no GVO. No primeiro video ouvi pela primeira vez falar da relacao do kuduro com os ritmos de carnaval... lembra-se da nossa "celebre discussao" sobre isso?
Aqui o link:
http://www.globalvoicesonline.org/2007/11/30/kuduro-the-sexy-angolan-rythym-with-a-message/

Tambem vi ha' pouco um video de kuduro bastante interessante (pelo "mortelado"...), a danca do xiriri, neste post do Urban Congo:

http://land-of-soukous.blogspot.com/2007/11/african-sound-systems.html

Enjoy it all!

Fernando Ribeiro said...

Minha amiga Koluki

Eu é que tenho que agradecer as suas palavras tão amáveis. Eu não faço mais do que escrever um modestos comentários e partilhar alguns links.

A peça musical "Yo te quiero" (certamente que o título original não era bem este...), é de Cabinda quase de certeza. Não sei identificar o idioma (a que alguns chamam Fiote, mas a que outros preferem chamar Ibinda, salvo erro), mas o estilo da música, fortemente influenciado pelo da música congolesa, remete claramente para Cabinda. Existiam no enclave alguns agrupamentos musicais francamente bons, nomeadamente os Super Coba (e não "Super Cobra" como já vi escrito), Cabinda Ritmos, Super R3, etc.

A canção "Bartolomeu" deixa-me perturbado, porque ela é o caso mais flagrante de contraste entre letra e música que alguma vez já me foi dado ouvir. Enquanto a música do "Bartolomeu" é extraordinariamente exuberante e endiabrada, a letra, muito pelo contrário, é terrivelmente angustiada. O contraste entre a letra e a música da canção é tão marcado, que me pergunto se ele não foi propositado. Se foi, ter-se-á tratado de tentar fazer passar uma mensagem mais ou menos disfarçada, relativa ao desaparecimento de pessoas, que eram levadas pela polícia política para nunca mais serem vistas. Se assim foi, pretender-se-ia que só quem compreendesse kimbundu é que tomaria conhecimento da mensagem contida na canção, enquanto os outros se limitariam a achar a música divertida e nada mais.

Fico-lhe muito grato pelos links relativos ao kuduro. Gostei muito de os visitar. Então o kuduro nasceu em Malanje?! Por esta é que eu não esperava! Sempre achei que tivesse nascido em Luanda! Permita-me, Koluki, que lhe retribua com este link para um kuduro que foi manifestamente filmado nos arredores de Lisboa, mas que podia ter sido em Angola, n'é?

Um grande abraço

Koluki said...

Denudado,

Comecando pelo fim, porque e' de la' que acabo de vir: tem mesmo a certeza que aquele video foi filmado em Lisboa? Refiro-me ao primeiro, porque ha' la' dois. E tenho a vaga impressao de ja' os ter visto algures.
Mas aproveito para dizer que o segundo remete para aquilo que e' capaz de vir a tornar o kuduro (para la' de todo o sexismo que actualmente 'exuda' por todos os poros...) num genero efectivamente digno de nota em termos musicais e de danca: uma linha ritmico-melodica mais apurada, muito mais sobriedade tanto na musica como na danca e, nesta ultima, uma maior atencao a coreografia.

Quanto ao Bartolomeu, pois e' como lhe digo: continua a ser para mim um dos maiores misterios do tempo colonial...

Agora voltando as musicas no 'Africaribe', e' claro que aquele titulo esta' em Espanhol porque o site esta' baseado na Colombia... De qualquer modo, eu nao ponho as maos no fogo porque realmente nao me lembro daquela cancao. Mas deixo-lhe aqui os Super Coba com o Finpantima.

Tenho tambem que fazer uma correccao a um dos meus anteriores comentarios: em rigor, a versao do Princesa Rita que esta' naquele site nao e' o original, porque o verdadeiro original e' do grupo carnavalesco luandense "Kabokomeu". Foi isso, alias, que me fez associar o som do kuduro com a musica de carnaval, porque quanto a mim a versao do Princesa Rita que aqui coloquei esta' cheia de "kuduro"...
Mas o jovem la' nao diz que o kuduro nasceu em Malange; ele e' que nasceu em Malange e usou as referencias que tinha da infancia, de ouvir os mais velhos tocar, como ele diz, para criar a musica que, com a ajuda de instrumentos electronicos se transformou no actual 'kuduro'. O meu amigo sabera' certamente que havia carnaval em praticamente todas as cidades do pais e que a cultura urbana de Luanda nao difere muito da de Malange.

Bom, ja' zuelei muito. Kate'!

Outro grande abraco.

Fernando Ribeiro said...

Koluki,

Eu referia-me ao videoclip "Partir o braço", já que nem sequer vi o outro. Tudo ou quase tudo o que nele se vê indica ter ele sido filmado nos arredores de Lisboa. A começar pela paisagem, com o terreno relativamente acidentado, os prédios, as "ventoinhas" (ou o que resta delas) para tirar água dos poços e até as palmeiras. Aquele é o tipo de paisagem que se encontra em Rio de Mouro, Caneças ou Odivelas, por exemplo.

Em geral, as palmeiras sugerem um clima tropical, é verdade, mas as palmeiras que se vêem no video não são dessas. Não são coqueiros, nem são palmeiras dendém, nem são washingtonias, nem muito menos são palmeiras de leque... São palmeiras de uma espécie cujo nome desconheço e que são originárias das Canárias, dando-se muito bem nos climas temperados. Aqui no Porto há bastantes palmeiras dessas junto ao Rio Douro, na zona da Foz.

O tipo de arquitectura das instalações da piscina, com as suas paredes brancas e os seus beirais de telhas de tipo romano também é muito comum em Portugal, embora também exista em Angola. É uma reminiscência da arquitectura salazarista, que se caracterizava pela profusão disparatada de telhados e telhadinhos, beirais e beiraizinhos, todos de telha romana.

Por outro lado, entre as mulheres de diferentes nacionalidades referidas no video (angolanas, santomenses, caboverdianas, portuguesas, etc.) surgem as ucranianas. À semelhança de outros países europeus ocidentais, Portugal recebeu nos últimos anos uma grande vaga de imigrantes clandestinos vindos dos países do Leste. Os mais numerosos que para cá vieram foram os da Ucrânia e da Moldávia. Actualmente, os ucranianos são a terceira comunidade estrangeira mais numerosa em Portugal, logo a seguir aos caboverdianos e aos brasileiros. Por mais incrível que possa parecer, há agora em Portugal mais ucranianos do que angolanos! Não admira, portanto, que "Os Garimpeiros" se refiram às ucranianas e não às cubanas ou às chinesas, por exemplo, neste seu kuduro.

Mas há mais. Julgo ouvir a meio da peça dizerem o seguinte: «...Em Sintra... só querem... partir o braço...» Se é mesmo «Sintra» que eles dizem, então talvez o video tenha sido filamdo na zona de Rio de Mouro, Rinchoa ou Algueirão-Mem Martins, perto de Sintra.

Um grande abraço

Koluki said...

OK, meu caro amigo, estou devidamente convencida. Contra tantas evidencias, nao ha' como argumentar...
Mas, de facto, eu nao pretendi argumentar, apenas reforcar de certo modo a sua sugestao de que o video poderia ter sido filmado em Luanda, ne'?
;-) Alias, uma das coisas, ou talvez mesmo a unica, que me fez pensar que aquele cenario nao fosse de Luanda foram as ventoinhas.
E pronto.
Grande abraco tambem!