Wednesday, 14 November 2007

SOBRE AS RELACOES BRASIL-ANGOLA

Extractos de um artigo ("Angola e Brasil Teem Pressa") a proposito da recente visita do Presidente Lula a Angola, publicado na edicao de Setembro deste ano da revista angolana “Figuras & Negocios” [Texto: Fabricio de Castro (do Brasil); Fotos: Antonio Cruz Abr]


No inicio de Novembro de 2003, Luiz Inacio Lula da Silva visitou Angola pela primeira vez como Presidentedo Brasil. (…) Quase quatro anos depois, agora no seu segundo mandato, Lula volta a Angola. (…) Embora o tempo tenha passado desde o primeiro encontro, quando Lula pisar o solo angolano encontrara’ um pais ainda em reconstrucao. Nao faltarao assuntos para os encontros.
Os anos sem guerra nao foram suficientes para Angola resolver os seus problemas de infra-estrutura. Ainda falta, por exemplo, agua canalizada e esgoto para boa parte da populacao, e a industria angolana esforca-se para conquistar o seu espaco no mundo globalizado. (…) O Brasil de Lula tambem nao mudou na velocidade desejada. O presidente brasileiro conseguiu, nesses quatro anos, melhorar praticamente todos os indicadores da economia e manter a inflacao controlada. No entanto, o pais ainda esta’ distante do desenvolvimento. A Agua canalizada e o saneamento basico, por exemplo, ainda sao problemas para boa parte da populacao – assim como ocorre em Angola.


Guardadas as devidas proporcoes, Brasil e Angola sao paises que lutam para superar a pobreza. Para os angolanos, os brasileiros parecem mais ricos e desenvolvidos – basta ver a beleza estampada nas novelas da Globo ou da Record. Mas a realidade mostra que dos dois lados do oceano, os desafios sao imensos. Quando estiverem reunidos em Luanda, Lula e Eduardo dos Santos, poderao discutir acordos de cooperacao e – quem sabe? – reflectir sobre a realidade de cada pais. Talvez encontrem, juntos, uma explicacao para o facto de Angola ter sido considerado o 34-o pais mais corrupto do mundo em 2007, de acordo com a Transparencia Internacional. E o Brasil ter ficado na tambem nada honrosa 109-a posicao, entre 180 paises analisados.
Lula e Eduardo dos Santos, tambem, poderao tentar entender por que motivo e’ tao dificil fazer negocios nos dois paises. Num levantamento divulgado recentemente pelo Banco Mundial, o Brasil ficou na 122-a posicao no ranking de facilidade para fazer negocios. Angola, por sua vez, ficou na 167-a posicao, a frente apenas de outros 11 paises. (…) O Brasil, assim como Angola, tem dificuldades em areas como infra-estrutura, saude, transportes e educacao. A diferenca e’ que o Brasil esta’, de certo modo, alguns passos a frente de Angola. O Estado brasileiro, mesmo que apresente deficiencias, e’ democratico. Os seus representantes sao eleitos pelo voto directo e o pais e’ governado por uma Constituicao formal.


Angola, que em muitos aspectos se espelha com o Brasil, ainda luta para tornar a sua vida politica mais dinamica. Recentemente, o governo angolano chegou a sondar o arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer para a construcao de uma nova capital para o pais. Niemeyer, ao lado do arquitecto Lucio Costa, foi o responsavel pela construcao de Brasilia, inaugurada em 1960.
Nao se sabe ao certo quando Angola tera’ uma nova capital – e se esta e’ uma prioridade verdadeira para o pais. Mas o proximo encontro em Luanda sera’ uma boa oportunidade para Eduardo dos Santos discutir com Lula um assunto que e’ caro ao presidente brasileiro: o da diminuicao da pobreza e das desigualdades. Tanto Angola quanto o Brasil ainda precisam de resolver as suas deficiencias. E os brasileiros e angolanos teem pressa.

Extractos de um artigo ("Angola e Brasil Teem Pressa") a proposito da recente visita do Presidente Lula a Angola, publicado na edicao de Setembro deste ano da revista angolana “Figuras & Negocios” [Texto: Fabricio de Castro (do Brasil); Fotos: Antonio Cruz Abr]


No inicio de Novembro de 2003, Luiz Inacio Lula da Silva visitou Angola pela primeira vez como Presidentedo Brasil. (…) Quase quatro anos depois, agora no seu segundo mandato, Lula volta a Angola. (…) Embora o tempo tenha passado desde o primeiro encontro, quando Lula pisar o solo angolano encontrara’ um pais ainda em reconstrucao. Nao faltarao assuntos para os encontros.
Os anos sem guerra nao foram suficientes para Angola resolver os seus problemas de infra-estrutura. Ainda falta, por exemplo, agua canalizada e esgoto para boa parte da populacao, e a industria angolana esforca-se para conquistar o seu espaco no mundo globalizado. (…) O Brasil de Lula tambem nao mudou na velocidade desejada. O presidente brasileiro conseguiu, nesses quatro anos, melhorar praticamente todos os indicadores da economia e manter a inflacao controlada. No entanto, o pais ainda esta’ distante do desenvolvimento. A Agua canalizada e o saneamento basico, por exemplo, ainda sao problemas para boa parte da populacao – assim como ocorre em Angola.


Guardadas as devidas proporcoes, Brasil e Angola sao paises que lutam para superar a pobreza. Para os angolanos, os brasileiros parecem mais ricos e desenvolvidos – basta ver a beleza estampada nas novelas da Globo ou da Record. Mas a realidade mostra que dos dois lados do oceano, os desafios sao imensos. Quando estiverem reunidos em Luanda, Lula e Eduardo dos Santos, poderao discutir acordos de cooperacao e – quem sabe? – reflectir sobre a realidade de cada pais. Talvez encontrem, juntos, uma explicacao para o facto de Angola ter sido considerado o 34-o pais mais corrupto do mundo em 2007, de acordo com a Transparencia Internacional. E o Brasil ter ficado na tambem nada honrosa 109-a posicao, entre 180 paises analisados.
Lula e Eduardo dos Santos, tambem, poderao tentar entender por que motivo e’ tao dificil fazer negocios nos dois paises. Num levantamento divulgado recentemente pelo Banco Mundial, o Brasil ficou na 122-a posicao no ranking de facilidade para fazer negocios. Angola, por sua vez, ficou na 167-a posicao, a frente apenas de outros 11 paises. (…) O Brasil, assim como Angola, tem dificuldades em areas como infra-estrutura, saude, transportes e educacao. A diferenca e’ que o Brasil esta’, de certo modo, alguns passos a frente de Angola. O Estado brasileiro, mesmo que apresente deficiencias, e’ democratico. Os seus representantes sao eleitos pelo voto directo e o pais e’ governado por uma Constituicao formal.


Angola, que em muitos aspectos se espelha com o Brasil, ainda luta para tornar a sua vida politica mais dinamica. Recentemente, o governo angolano chegou a sondar o arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer para a construcao de uma nova capital para o pais. Niemeyer, ao lado do arquitecto Lucio Costa, foi o responsavel pela construcao de Brasilia, inaugurada em 1960.
Nao se sabe ao certo quando Angola tera’ uma nova capital – e se esta e’ uma prioridade verdadeira para o pais. Mas o proximo encontro em Luanda sera’ uma boa oportunidade para Eduardo dos Santos discutir com Lula um assunto que e’ caro ao presidente brasileiro: o da diminuicao da pobreza e das desigualdades. Tanto Angola quanto o Brasil ainda precisam de resolver as suas deficiencias. E os brasileiros e angolanos teem pressa.

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