Wednesday 7 January 2009

JUST POETRY (IV)



TESTAMENTO


À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...
(Alda Lara)


[Talvez nao me importasse de ser aquela prostituta... Porque, sem que alguma vez o tenha sido na minha vida, receberia em testamento um legado mais digno do que aquele que algu(ma)ns me querem forcosamente imputar em vida. Mas, durmo tranquila, porque sei que deixarei ao meu filho o legado de uma vida sacrificada, mas levada digna e honradamente de cabeca erguida, a serenidade de uma consciencia limpa e de uma alma impoluta e o amor que nunca se vendeu em nenhum bairro velho e escuro, que nunca se vendeu em lugar algum!
Ah, e tambem a inocencia, verdade e honestidade dos meus poemas.]


TESTAMENTO


À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...
(Alda Lara)


[Talvez nao me importasse de ser aquela prostituta... Porque, sem que alguma vez o tenha sido na minha vida, receberia em testamento um legado mais digno do que aquele que algu(ma)ns me querem forcosamente imputar em vida. Mas, durmo tranquila, porque sei que deixarei ao meu filho o legado de uma vida sacrificada, mas levada digna e honradamente de cabeca erguida, a serenidade de uma consciencia limpa e de uma alma impoluta e o amor que nunca se vendeu em nenhum bairro velho e escuro, que nunca se vendeu em lugar algum!
Ah, e tambem a inocencia, verdade e honestidade dos meus poemas.]

2 comments:

V Benesi said...

Este poema é um dos meus preferidos da Alda Lara. Sua escrita revela uma certa urgência de viver. Parecia saber que sua passagem 'por aqui' seria breve...

Beijo carinhoso da mana brasileira.

Koluki said...

Comentarios a proposito noutro post:

Sailor Girl said...
Parabéns por este EXCELENTE post!

(nota: adoro Dizzie Gillespie e tenho o CD «A Night in Tunisia»!!!!!)

(nota 2: não ligue ao que os outros dizem, pois na internet quem cala não significa necessariamente que consinta... O meu método ultimamente tem sido simplesmente IGNORAR... que é a pior arma que posso usar contra a Maldade e a Inveja. «Os cães ladram, mas a caravana passa»!!!)

(nota 3: então ainda não foi ao nosso blogue???????)

KANDANDO BEM APERTADO E, SE NÃO CONSEGUIR PASSAR POR AQUI A TEMPO (estou a trabalhar e amanhã também...), UMA EXCELENTE ENTRADA NO NOVO ANO DE 2009!!!!!

Um beijinho da Amiga Maruja!!!
(branca de pele, mas Africana de Alma e Coração)

Tuesday, December 30, 2008
Koluki said...
Obrigada, minha querida amiga!

Nota 1: Muito bem, o Dizzie vale sempre a pena ter e ouvir. Ha' dias comprei uma compilacao feita por ele, "Jazz for Moderns", mas ainda nao a ouvi devidamente.

Nota 2: Minha querida, garanto-lhe que durante a maior parte da minha vida, de tao concentrada nela (na minha vida), nos meus afazeres, nas minhas preocupacoes, obrigacoes e objectivos, devo ter passado aos olhos de muita gente ou como cega, muda e surda, ou como autista, ou como 'lunatica'... Por isso, mesmo que os caes ladrassem a minha volta, eu nao lhes dava ouvidos, alias, nem sequer os ouvia!
Mas, ultimamente... ja' nao da' mais para ignorar e realmente cheguei a um ponto irreversivel e dizer e agir em conformidade com ENOUGH IS ENOUGH!!!
E' que os caes em causa nao se limitam a ladrar: ladram e estao atacados de raiva, pelo que mordem e matam!

Mas, so' por uma questao de 'damage limitation', devo deixar claro que aqueles a quem aqui me refiro nao estao na internet (pelo menos que eu saiba...) e embora eu fale no plural em 'colunistas', dirijo-me principalmente a dois que escrevem no mesmo jornal.

De facto, nao fosse o facto de eles serem capazes de 'matar' (e.g. tentar levianamente manchar a reputacao pessoal e profissional de outrem; destruir carreiras profissionais e vidas inteiras de lutas, sacrificios e trabalho honesto de quem nao lhes deve absolutamente nada; insultarem criancas e jovens inocentes, causando-lhes traumas e complexos impunemente... isto so' para citar alguns dos efeitos da sua RAIVA) nao me mereceriam nada mais do que ignora-los pura e simplesmente, porque:

i) a um mal conheco, tendo-me no maximo cruzado com ele uma ou duas vezes ja' ha' quase 30 anos, mas nao me lembro de ter trocado com ele uma palavra que seja... no entanto, o sujeito tem obviamente uma obcessao doentiamente destrutiva em relacao a mim, que ja' nao me interessa muito entender, espero apenas poder ver in the end, quem e' que sai destruido de toda essa irracionalidade...;

ii) o outro, e' e sempre foi um patetico low-life, com uma relacao cronicamente conflituosa com a verdade, enfim um minion em todos os sentidos possiveis que acredita alucinadamente que super-inflando o seu deficitario ego compensa a sua falta de estatura a todos o niveis...

Enfim, casos verdadeiramente para ignorar, mas como disse, eles nao se limitam a ladrar...

Nota 3. Ja' fui ao nosso blog sim, fui logo que vi o seu comentario de ontem, mas ainda nao pude comentar. Nesta altura tempus fugit... mas vou faze-lo assim que puder.

Kandando igualmente apertado e que 2009 seja o melhor dos anos das nossas vidas!!!

KANDANDOS!