Wednesday, 6 August 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (20.b)

O SA apresenta os partidos concorrentes as legislativas, defendendo que
Votar é melhor que o «não valapenismo»...


Dadas as circunstâncias criadas pelo que pode estar a ser visto como falta de alternativas credíveis, muitos eleitores podem ter sido já tomados pela atitude resignada de que não vale a pena votar porque nada vai mudar, e o MPLA vai continuar na mesma, com os mesmos defeitos e virtudes. A relação que alguns dos partidos agora perfilados mantém com o dinheiro também pode contribuir para essa atitude dos eleitores, vezes sem conta levados a concluir que atingindo o poder, as lideranças de outras organizações políticas estariam mais preocupados com o seu enriquecimento fácil e rápido do que com a governação.
Então, esse tipo de eleitor decide deixar as coisas como estão, sem, contudo, as caucionar com o seu voto. Em teoria, a verdade é outra, bem diferente. Teoricamente tem-se que ao votar, o eleitor está a responsabilizar de forma expressa aqueles que receberam a sua confiança nas urnas, obrigando-os a cumprir as promessas e a aplicar os programas que propuseram.

... e continuou a sua serie sobre os programas eleitorais do MPLA e da UNITA:


A despeito de qualquer polemicazinha, prosseguimos esta semana com o nosso vôo rasante sobre os ninhos de cucos que são os Programas de Governo dos dois gigantes da política nacional. A intenção era abordar agora o que ambos propõem em matéria de Reforma da Justiça e Previdência Social. Mas o disse-que-não-disse em torno da política económica fez-nos optar por ir por um atalho e chamar o tópico que pretendíamos que ficasse para o fim. Afinal, hoje em dia – diz-nos a «realpolitik» – a economia é aquela bola que saltita e comanda o mundo. Portanto, é política económica no cardápio. Chamamos a atenção, contudo, para o facto de apenas termos os comentários de dois corajosos médicos e intelectuais, que também são dirigentes da UNITA: Xavier Jaime e Maurilio Luiele. Do MPLA, não há ninguém, facto que, à primeira vista, coloca o Semanário Angolense numa situação de certo modo desconfortável e sob suspeita de algum favorecimento à UNITA.

Entretanto, em entrevista ao Novo Jornal, o Bispo da Igreja Metodista Emilio de Carvalho afirmava que “Eleições não mudarão a realidade do povo angolano”


Autor, tradutor e escritor, o Bispo Emílio de Carvalho dá a sua opinião sobre a política em Angola e fala sobre a Igreja Metodista que dirigiu ao longo de 28 anos. Hoje, aposentado, ainda marca a sua influência na sociedade.

Voltando ao SA, Emilio Londa defende um 'plano de desenvolvimento para a província do Zaire’


A província do Zaire é, em Angola, a que possui o mais alto índice de produção. Do total da produção petrolífera de 2006, 65% proveio dos blocos petrolíferos localizados nesta província (Blocos 2, 3, 15, 17, e em onshore). Para além de petróleo, nesta província desenvolvem-se outras actividades primárias, tais como a agricultura e a pesca. Porém, em escala insignificante. Segundo pesquisas da INDIAMA, são grandes as probabilidades de existir nesta província, em quantidades económicas, Kimberlitos de diamantes. Entretanto, contrariando a pujança mineral do território, os formuladores de políticas (tanto a nível local, quanto central) não têm tido sucesso na transformação deste status quo económico. A província apresenta indicadores extremamente baixos em todas as dimensões económico sociais, podendo contar-se em índices de escolaridade muito abaixo da média do país, níveis altos de pobreza e de desemprego, imigração descontrolada com origem na República Democrática do Congo, altas taxas de prevalência do AIDS, etc.

Aderito Miranda prossegue a sua serie sobre Cultura Bantu:


A teoria do conhecimento é um capítulo da Filosofia. Ela levanta a questão de saber se é possível conhecer, ou seja, se o homem conhece as coisas neste mundo ou se num outro mundo, numa vida anterior a esta e já conheceu tudo o que neste mundo existe e agora apenas está a reconhecer, não havendo conhecimento no verdadeiro sentido da palavra. Os que defendem que é possível conhecer dividem-se em dois grupos.
(…)
Os filósofos que defendem que é possível conhecer tais gestos são designados por gnosticistas, os que defendem o contrário são os agnósticos. Uma terceira corrente acha que o homem não tem conhecimentos inatos. Para ela, a mente do homem ao nascer está limpa de conhecimentos. Esta teoria é chamada teoria da tábua rasa. Vejamos a posição do bantu sobre essas questões.

Luis Kandjimbo apresenta mais um capitulo da sua resenha sobre tendencias e escolas na Filosofia Africana:


O subtítulo deste texto podia ser redigido de modo a remeter para o principal tema de que se ocupa o filósofo congolês Ngoma-Binda no seu livro publicado em 2004, Philosophie et Pouvoir Politique en Afrique (Filosofia e Poder Político em África). P. Ngoma-Binda é cidadão da República Democrática do Congo.Professor da Universidade de Kinshasa. Fundador e Director Geral do Instituto de Formação e de Estudos Políticos. Foi bolseiro de diversas instituições europeias e americanas. Tem vários livros publicados.
Ao situar no centro da sua reflexão o poder político, tópico que goza primazia numa filosofia de natureza inflexional, o filósofo congolês vai criando vários círculos concêntricos em que se inscrevem elementos que garantem a consistência de um pensamento cujos pilares são os princípios da teoria inflexional, já apresentados no texto anterior.


E, finalmente:



O SA apresenta os partidos concorrentes as legislativas, defendendo que
Votar é melhor que o «não valapenismo»...


Dadas as circunstâncias criadas pelo que pode estar a ser visto como falta de alternativas credíveis, muitos eleitores podem ter sido já tomados pela atitude resignada de que não vale a pena votar porque nada vai mudar, e o MPLA vai continuar na mesma, com os mesmos defeitos e virtudes. A relação que alguns dos partidos agora perfilados mantém com o dinheiro também pode contribuir para essa atitude dos eleitores, vezes sem conta levados a concluir que atingindo o poder, as lideranças de outras organizações políticas estariam mais preocupados com o seu enriquecimento fácil e rápido do que com a governação.
Então, esse tipo de eleitor decide deixar as coisas como estão, sem, contudo, as caucionar com o seu voto. Em teoria, a verdade é outra, bem diferente. Teoricamente tem-se que ao votar, o eleitor está a responsabilizar de forma expressa aqueles que receberam a sua confiança nas urnas, obrigando-os a cumprir as promessas e a aplicar os programas que propuseram.

... e continuou a sua serie sobre os programas eleitorais do MPLA e da UNITA:


A despeito de qualquer polemicazinha, prosseguimos esta semana com o nosso vôo rasante sobre os ninhos de cucos que são os Programas de Governo dos dois gigantes da política nacional. A intenção era abordar agora o que ambos propõem em matéria de Reforma da Justiça e Previdência Social. Mas o disse-que-não-disse em torno da política económica fez-nos optar por ir por um atalho e chamar o tópico que pretendíamos que ficasse para o fim. Afinal, hoje em dia – diz-nos a «realpolitik» – a economia é aquela bola que saltita e comanda o mundo. Portanto, é política económica no cardápio. Chamamos a atenção, contudo, para o facto de apenas termos os comentários de dois corajosos médicos e intelectuais, que também são dirigentes da UNITA: Xavier Jaime e Maurilio Luiele. Do MPLA, não há ninguém, facto que, à primeira vista, coloca o Semanário Angolense numa situação de certo modo desconfortável e sob suspeita de algum favorecimento à UNITA.

Entretanto, em entrevista ao Novo Jornal, o Bispo da Igreja Metodista Emilio de Carvalho afirmava que “Eleições não mudarão a realidade do povo angolano”


Autor, tradutor e escritor, o Bispo Emílio de Carvalho dá a sua opinião sobre a política em Angola e fala sobre a Igreja Metodista que dirigiu ao longo de 28 anos. Hoje, aposentado, ainda marca a sua influência na sociedade.

Voltando ao SA, Emilio Londa defende um 'plano de desenvolvimento para a província do Zaire’


A província do Zaire é, em Angola, a que possui o mais alto índice de produção. Do total da produção petrolífera de 2006, 65% proveio dos blocos petrolíferos localizados nesta província (Blocos 2, 3, 15, 17, e em onshore). Para além de petróleo, nesta província desenvolvem-se outras actividades primárias, tais como a agricultura e a pesca. Porém, em escala insignificante. Segundo pesquisas da INDIAMA, são grandes as probabilidades de existir nesta província, em quantidades económicas, Kimberlitos de diamantes. Entretanto, contrariando a pujança mineral do território, os formuladores de políticas (tanto a nível local, quanto central) não têm tido sucesso na transformação deste status quo económico. A província apresenta indicadores extremamente baixos em todas as dimensões económico sociais, podendo contar-se em índices de escolaridade muito abaixo da média do país, níveis altos de pobreza e de desemprego, imigração descontrolada com origem na República Democrática do Congo, altas taxas de prevalência do AIDS, etc.

Aderito Miranda prossegue a sua serie sobre Cultura Bantu:


A teoria do conhecimento é um capítulo da Filosofia. Ela levanta a questão de saber se é possível conhecer, ou seja, se o homem conhece as coisas neste mundo ou se num outro mundo, numa vida anterior a esta e já conheceu tudo o que neste mundo existe e agora apenas está a reconhecer, não havendo conhecimento no verdadeiro sentido da palavra. Os que defendem que é possível conhecer dividem-se em dois grupos.
(…)
Os filósofos que defendem que é possível conhecer tais gestos são designados por gnosticistas, os que defendem o contrário são os agnósticos. Uma terceira corrente acha que o homem não tem conhecimentos inatos. Para ela, a mente do homem ao nascer está limpa de conhecimentos. Esta teoria é chamada teoria da tábua rasa. Vejamos a posição do bantu sobre essas questões.

Luis Kandjimbo apresenta mais um capitulo da sua resenha sobre tendencias e escolas na Filosofia Africana:


O subtítulo deste texto podia ser redigido de modo a remeter para o principal tema de que se ocupa o filósofo congolês Ngoma-Binda no seu livro publicado em 2004, Philosophie et Pouvoir Politique en Afrique (Filosofia e Poder Político em África). P. Ngoma-Binda é cidadão da República Democrática do Congo.Professor da Universidade de Kinshasa. Fundador e Director Geral do Instituto de Formação e de Estudos Políticos. Foi bolseiro de diversas instituições europeias e americanas. Tem vários livros publicados.
Ao situar no centro da sua reflexão o poder político, tópico que goza primazia numa filosofia de natureza inflexional, o filósofo congolês vai criando vários círculos concêntricos em que se inscrevem elementos que garantem a consistência de um pensamento cujos pilares são os princípios da teoria inflexional, já apresentados no texto anterior.


E, finalmente:



3 comments:

umBhalane said...

Ana

Para a cumprimentar, e verificar que estou “vivo”, e já agora, com antecipados votos de um Bom fim de semana.

“…atitude resignada de que não vale a pena votar…” – donde «não
valapenismo»...
Adorei o termo, o vocábulo valapenismo.

Eu explico.

Tive uma maka com um dono de blog a respeito da interpretação quanto ao significado de um vocábulo, julgo saber, que em Língua Portuguesa.

Divergimos, civilizadamente.

Mas terminei pedindo uma arbitragem!

Problemas de donos da Língua.

Rematei-lhe, a dado passo, assim:

“Creio estarmos a falar na Língua de Camões, Fernando Pessoa, José Saramago, José Craveirinha, Mia Couto, Pepetela, Alda Lara, Jorge Amado, Drummond de Andrade, Onésimo Silveira, Germano de Almeida, Nagib Farid Said Jauad, Vasco Cabral, Alda do Espírito Santo, Ruy Cinatti, …e tantos outros.”

Bom, se o homem lesse valapenismo, MORRIA.

Também por isso é que este Blog é fresco, como água da sanga.

---+++---
Em Moçambique:

Sanga – Floresta impenetrável, ou dificilmente penetrável. Muito densa.

Língua Sena.

umBhalane said...

VOTEM.

Vão votar.

Vale a pena,

mesmo.

Koluki said...

umBhalane: obrigada pelo cumprimento e pelos votos de bom fim de semana, que lhe retribuo.
Quanto as makas (vejo que ja' assimilou a palavra...) da lingua, bom, elas surgem sempre nas mais diversas formas e contextos (ja' aqui as tive tambem e por pormenores de muito somenos importancia), sendo que os 'makeiros' sao sempre, ou puristas, ou criativos, ou desenrascados, mas a verdade e' que todos acabam por se entender... todos os que cita nessa lista e o tal dono de blog com quem teve a maka, por muito que o resistam!
E' que os "donos da lingua" sao invariavelmente "matadores da lingua", porque uma lingua que nao se renova e se mantem eternamente cativa dos seus pretensos donos, acaba por morrer...
Portanto, adoptemos o valapenismo de enriquecer a lingua tornando-a mais fluida a adaptavel aos diferentes espacos em que (ainda) sobrevive!

Por acaso, ontem estive a ver um programa sobre alguns problemas parecidos com a lingua Inglesa, mas no caso problemas mesmo dos donos da lingua. Estes mesmo sem terem em conta as "deturpacoes" que alguns "usurpadores" da sua lingua possam dela fazer, passam a vida a recria-la, a adapta-la a novas tendencias e realidades, a introduzir neologismos nos diccionarios oficiais.
O programa de ontem comecou com esta afirmacao: "a letra c e' a letra mais 'useless' do alfabeto Ingles, porque a maior parte das palavras em que e' usada ficariam melhor servidas com a letra k"... Seguiu-se uma avaliacao dos erros ortograficos mais frequentes e uma sondagem ao publico utente da lingua (note-se, no caso, apenas Ingleses foram consultados) e a maior parte deles nao se importa nada com os tais erros, mesmo entre os profissionais... vai dai, a proposta de se aceitar esses erros como "nao erros" vai ser formalizada e poderemos vir a ler brevemente as coisas mais "erroneas" em Ingles...

====

Thanks for the info. about the word sanga.

====

Quanto a votar, apenas posso re-dirigir o apelo para os angolanos que o podem fazer. Nos os "diasporos" ainda nao o podemos, pelo que lhes pedimos que o facam (e bem) por nos!