"É justamente porque nasci em Angola, país africano em que vivi e aprendi a conhecer a realidade colonial, que afirmo e defendo a minha angolanidade. E sobretudo: ajudei e continuo a ajudar, na medida das minhas capacidades intelectuais, a fazer respeitar internacionalmente o direito do povo angolano a dispor de si próprio."
No dia em que Mário Pinto de Andrade completaria 80 anos, a Fundação Mário Soares (FMS) publicou no seu site parte do espólio do nacionalista angolano. Em Dezembro, o acervo do político e intelectual vai ser doado à Fundação Sagrada Esperança.
A recuperação do espólio demorou cerca de 10 anos a ser concluída. Em 1998, Henda e Anna Ducados, filhas de Mário Pinto de Andrade, depositaram o material na FMS, em Lisboa. Uma opção criticada, na altura, mas que Henda Ducados garante ter sido “meramente técnica”. Do conjunto entregue constava documentação escrita e fotográfica recolhida junto de personalidades da Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique e, sobretudo, na casa onde o nacionalista viveu até à sua morte. A análise dos espólios de Amílcar Cabral e de Daniel Chipenda, depositados na FMS, permitiu cruzar dados e aumentar ainda mais o acervo de Mário Pinto de Andrade.
A primeira fase da recuperação, catalogação e digitalização do material terminaria só no início deste ano. “A maior parte estava em mau estado, por ter ficado guardada durante muito tempo em caves e também devido à qualidade do papel e da tinta”, explica Henda Ducados. O espólio de Mário Pinto de Andrade foi dividido em quatro grandes grupos: Investigação (57%), Movimentos de Libertação (32%), Documentos Pessoais (6%) e Actividade Literária (5%). Entre a documentação disponível encontram-se “pérolas históricas”, como a correspondência trocada com Viriato da Cruz, Agostinho Neto e outras personalidades destacadas, todos os passaportes que utilizou (incluindo os dos tempos em que fintava a PIDE), rascunhos da Comissão Organizadora da Conferência da Organização da União Africana, que integrou, os discursos das independências do Ghana e da Guiné-Conacri, actas e minutas de conferências internacionais, e muito mais.
A dimensão humana do nacionalista angolano também tem um espaço de destaque. São muitos os diários escritos à mão que poderão dar pistas mais profundas sobre o homem por trás do político. O acervo tem ainda documentação relativa a Maurício Ferreira Gomes, Agostinho Neto, Fernando Costa Andrade e Marcelino dos Santos. Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, bem como o Movimento Anti Colonial e a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas estão também representados.
“Este é o regresso da memória de Mário Pinto de Andrade do exílio”. É assim que Henda Ducados classifica o retorno do espólio do seu pai ao país. Admitindo que “em Angola a História não foi à procura dos seus heróis”, defende que “é preciso haver uma reconciliação com a memória e com o passado” do qual “Mário é uma figura incontornável”. E é exactamente de “preservação de memória” que Henda Ducados fala, quando analisa a importância e simbolismo do acervo documental do nacionalista: “Esta é uma herança que deve ser partilhada, é património de Angola. Divulgá-lo é reconhecer e homenagear o trabalho, não só do Mário, mas de toda uma geração que contribuiu para a independência de Angola e que abriu portas para todos nós vivermos com orgulho na nossa identidade e sem complexos de qualquer tipo”.
A recuperação do espólio demorou cerca de 10 anos a ser concluída. Em 1998, Henda e Anna Ducados, filhas de Mário Pinto de Andrade, depositaram o material na FMS, em Lisboa. Uma opção criticada, na altura, mas que Henda Ducados garante ter sido “meramente técnica”. Do conjunto entregue constava documentação escrita e fotográfica recolhida junto de personalidades da Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique e, sobretudo, na casa onde o nacionalista viveu até à sua morte. A análise dos espólios de Amílcar Cabral e de Daniel Chipenda, depositados na FMS, permitiu cruzar dados e aumentar ainda mais o acervo de Mário Pinto de Andrade.
A primeira fase da recuperação, catalogação e digitalização do material terminaria só no início deste ano. “A maior parte estava em mau estado, por ter ficado guardada durante muito tempo em caves e também devido à qualidade do papel e da tinta”, explica Henda Ducados. O espólio de Mário Pinto de Andrade foi dividido em quatro grandes grupos: Investigação (57%), Movimentos de Libertação (32%), Documentos Pessoais (6%) e Actividade Literária (5%). Entre a documentação disponível encontram-se “pérolas históricas”, como a correspondência trocada com Viriato da Cruz, Agostinho Neto e outras personalidades destacadas, todos os passaportes que utilizou (incluindo os dos tempos em que fintava a PIDE), rascunhos da Comissão Organizadora da Conferência da Organização da União Africana, que integrou, os discursos das independências do Ghana e da Guiné-Conacri, actas e minutas de conferências internacionais, e muito mais.
A dimensão humana do nacionalista angolano também tem um espaço de destaque. São muitos os diários escritos à mão que poderão dar pistas mais profundas sobre o homem por trás do político. O acervo tem ainda documentação relativa a Maurício Ferreira Gomes, Agostinho Neto, Fernando Costa Andrade e Marcelino dos Santos. Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, bem como o Movimento Anti Colonial e a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas estão também representados.
“Este é o regresso da memória de Mário Pinto de Andrade do exílio”. É assim que Henda Ducados classifica o retorno do espólio do seu pai ao país. Admitindo que “em Angola a História não foi à procura dos seus heróis”, defende que “é preciso haver uma reconciliação com a memória e com o passado” do qual “Mário é uma figura incontornável”. E é exactamente de “preservação de memória” que Henda Ducados fala, quando analisa a importância e simbolismo do acervo documental do nacionalista: “Esta é uma herança que deve ser partilhada, é património de Angola. Divulgá-lo é reconhecer e homenagear o trabalho, não só do Mário, mas de toda uma geração que contribuiu para a independência de Angola e que abriu portas para todos nós vivermos com orgulho na nossa identidade e sem complexos de qualquer tipo”.
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