Monday, 3 January 2011

Just Poetry (xxxvii)


Terra Franca (Recidivus)
Descoberta
de gazelas e fumeiros
quem te feriu de lança?
Violada
de degredados e aljubeiros
quem te cortou a trança?
Batida
de escravos e pombeiros
quem te pagou a fiança?
Abluída
de padres e kimbandeiros
quem te açaimou a esperança?
Dominada
de kuribekas e patrulheiros
quem te atempestou a bonança?
Espartida
de indígenas e agrilhoeiros
quem te roubou a pujança?
Disputada
de fascistas e guerrilheiros
quem te acoimou a vingança?
Truncada
de epígonos e prisioneiros
quem te expungiu a matança?
Exaurida
de kamangas e petroleiros
quem te colheu a abastança?
Traficada
de kilapiés e caloteiros
quem te abusou a confiança?
Zurzida
de kamartelos e trungungueiros
quem te partiu a achegança?
Brandida
de zungueiras e roboteiros
quem te alongou a andança
Separada
de expatriados e ngundeiros
quem te quebrou a aliança?
Privatizada
de economistas e banqueiros
quem te desiquilibrou a balança?
Cerceada
de advogados e engenheiros
quem te travou a mudança?
Redescoberta
de krioulos e empreiteiros
quem te recebeu de herança?
 A Ngola?
A.S.



Glossário:


Pombeiro: comerciante/intermediário no tráfico de escravos

Kuribeka: "Maçonaria Angolana" (aparentemente em plena operação em Angola e Portugal nos dias que correm... Sobre a sua história - ou, pelo menos, uma versão dela - encontre detalhes aqui)

Kimbandeiro (ou Kimbanda): Feiticeiro ou curandeiro tradicional

Kilapié: Traficâncias várias/ negócios escuros e resultantes dividas/pendentes

Zungueira: vendedora de rua (ambulante)

Roboteiro: vendedor de rua, especialmente junto aos semaforos ('robots') das vias publicas

Trungungueiro: Aquele que persegue/atinge os seus objectivos por via do poder e da força (física ou outra)

Kamanga: diamantes (em especial o seu tráfico)

Ngundeiro: Exilado ou refugiado angolano na Europa, especialmente no Reino Unido

Krioulo: ?

Terra Franca (Recidivus)
Descoberta
de gazelas e fumeiros
quem te feriu de lança?
Violada
de degredados e aljubeiros
quem te cortou a trança?
Batida
de escravos e pombeiros
quem te pagou a fiança?
Abluída
de padres e kimbandeiros
quem te açaimou a esperança?
Dominada
de kuribekas e patrulheiros
quem te atempestou a bonança?
Espartida
de indígenas e agrilhoeiros
quem te roubou a pujança?
Disputada
de fascistas e guerrilheiros
quem te acoimou a vingança?
Truncada
de epígonos e prisioneiros
quem te expungiu a matança?
Exaurida
de kamangas e petroleiros
quem te colheu a abastança?
Traficada
de kilapiés e caloteiros
quem te abusou a confiança?
Zurzida
de kamartelos e trungungueiros
quem te partiu a achegança?
Brandida
de zungueiras e roboteiros
quem te alongou a andança
Separada
de expatriados e ngundeiros
quem te quebrou a aliança?
Privatizada
de economistas e banqueiros
quem te desiquilibrou a balança?
Cerceada
de advogados e engenheiros
quem te travou a mudança?
Redescoberta
de krioulos e empreiteiros
quem te recebeu de herança?
 A Ngola?
A.S.



Glossário:


Pombeiro: comerciante/intermediário no tráfico de escravos

Kuribeka: "Maçonaria Angolana" (aparentemente em plena operação em Angola e Portugal nos dias que correm... Sobre a sua história - ou, pelo menos, uma versão dela - encontre detalhes
aqui)

Kimbandeiro (ou Kimbanda): Feiticeiro ou curandeiro tradicional

Kilapié: Traficâncias várias/ negócios escuros e resultantes dividas/pendentes

Zungueira: vendedora de rua (ambulante)

Roboteiro: vendedor de rua, especialmente junto aos semaforos ('robots') das vias publicas

Trungungueiro: Aquele que persegue/atinge os seus objectivos por via do poder e da força (física ou outra)

Kamanga: diamantes (em especial o seu tráfico)

Ngundeiro: Exilado ou refugiado angolano na Europa, especialmente no Reino Unido

Krioulo: ?

4 comments:

umBhalane said...

Gosto, demais.

Se me é permitido, sugeria um glossário para alguns termos menos conhecidos.

Os poetas devem ser interventivos, também.

Bravo.

umBhalane said...

O remate final, realmente não me suou muito bem.

Agora sim, enquadra-se melhor no contexto sequencial do pretendido.

Ficou bem.
Muito melhor.

Koluki said...

Fico feliz por ter gostado umBhalane. Especialmente porque, nao fosse a "urge" que senti de escrever essa "historia de Angola", nao saiu muito ao estilo com que me sinto mais confortavel em poesia - porque isso de rimas muitas vezes pode levar o autor e, principalmente, o leitor a nao captar o sentido/mensagem do poema... Mas, como tambem digo, nao acredito em "estilo padrao/canone" em poesia - por isso permito-me, de vez em quando, como neste caso, seguir um determinado estilo que se pode confundir com um determinado "padrao" sem que a ele me vincule totalmente.

Sobre o "remate final" tambem concordo, embora a versao original tenha saido diferente mais por erro de transcricao.

E ai tem o glossario (obrigada pela sugestao). Fi-lo apenas para os termos de origem angolana, embora haja alguns em portugues que tambem possam ser menos comuns - mas nao quereria ofender os meus leitores/mestres de portugues com a sua inclusao num glossario...

Um abraco e votos de ANO BOM!

Koluki said...

Obrigada pela visita JMSC.
Retribuirei assim que possa.
Um abraco e fique com Deus tambem!