Saturday, 28 April 2012

Da “Usurpacao” de Mandela 'a “Expiacao” de Malema (Revisto e Actualizado)…


A "usurpacao" de Mandela: e’ um fenomeno tao “velho” quanto a sua libertacao e a forma como “urdiu” a Rainbow Nation – portanto, um fenomeno “velho” de pelo menos 20 anos. A este proposito, lembro-me de naquele ja’ longinquo ano de 1990, por altura do falecimento de Mario Pinto de Andrade (outro grande “usurpado”, ou “apropriado”, em certas esferas…) alguns meses depois da libertacao de Mandela, ter escrito algo em que tentava capturar o espirito daquele momento historico atraves dos seus “olhos que brilhavam”

Mas, voltando ao tempo presente, em que consiste tal “usurpacao”, ou, se se preferir, “apropriacao” ou “coisificacao”?

De alguns dos seus aspectos mais “mercantis” falei aqui um pouco; sobre outros, mais perturbadores, debrucei-me aqui e aqui. Mas quando, ainda sob o signo da passagem de mais um aniversario do 25 de Abril, nos chega a noticia da expulsao definitiva de Julius Malema do ANC, sao outros os aspectos desse fenomeno que me trazem a este apontamento.
Mais concretamente, este:


“O Congresso Nacional Africano decidiu expulsar das suas fileiras o líder juvenil Julius Malema. De jovem político promissor, Malema transformou-se num carrossel de embaraços para o ANC e para a governação do Presidente Jacob Zuma ao tomar posições radicais e proferir discursos incendiários que aumentaram as tensões sociais e raciais na África do Sul. Um dos momentos de maior polémica, de que a imprensa fez eco, está relacionado com os pronunciamentos feitos por Malema na sequência da morte do líder da extrema-direita sul-africana, Eugene Terreblanche. O líder juvenil do ANC retomou uma canção do tempo da luta armada para incitar os jovens à violência contra os boers, incompatível com os desejos de uma África do Sul reconciliada e com os grandes princípios defendidos por Nelson Mandela e seguidos pelos líderes do ANC. Malema, tal como outros tantos cultores do radicalismo “puro e duro”, esqueceu-se que os tempos mudaram e que a defesa da confrontação pela confrontação não constrói uma nação.”

[aqui]


Pessoa proxima da “minha amiga” lembrar-se-a’ de uma longa conversa que tivemos a caminho da Kissama na ultima vez que estive em Luanda, faz agora tres anos. Passando por cima de alguns detalhes, o que para aqui interessara’ e’ que falavamos de Zuma vs. Mbeki, passando pela carta que este dirigira aquele aqui mencionada e pelo papel da ‘jota’ do ANC, e muito especialmente do seu lider, Julius Malema (por sinal, alguns meses mais novo que o meu filho…), na campanha que acabou por levar ‘a demissao de Mbeki e 'a elevacao de Zuma 'a Presidencia da Africa do Sul.


Pelo meio mencionei o episodio (… de “usurpacao” de Mandela…) em que, estando eu residindo na altura no campus da Universidade de Stellenbosch quando o meu interlocutor la’ me visitara algumas semanas antes, presenciei, sem que na altura me tivesse dado conta da verdadeira dimensao daquele acontecimento, os preparativos de um celebre comicio de Zuma para o qual os seus apoiantes, liderados por Malema, tinham alegadamente ido “raptar” Mandela de sua casa, onde se encontrava doente, para o apresentarem “as massas” como seu apoiante… E terminei entao os meus argumentos com esta frase: “e tudo porque Mbeki, por comparacao com qualquer deles, e’ um democrata!”


Mas… acontece que Mbeki estava a ser acusado de ser um “lacaio do neo-liberalismo” (... ring any bells?...) pelos apoiantes de Zuma, com Malema ‘a cabeca, no que eram secundados por
Moeletsi Mbeki, irmao de Thabu Mbeki (…classic sibling rivalry…) – este na altura “altamente aplaudido” por um outro “meu kamba” angolano, por manifestar uma postura ostensivamente “pro-recolonizacao”, ou, mais contextualizadamente, “pro-apartheid”, porque, dizia ele, “pelo menos os brancos construiram estradas!”…


 Bom, nao sei o que terao a dizer agora, quer o irmao de Mbeki, quer o "meu kamba angolano", das estradas construidas em tempo record pelos Chineses em Angola sob a lideranca de Jose’ Eduardo dos Santos, para alem, possivelmente, de que “sao de ma’ qualidade”… talvez que “os Chineses nao sao brancos e sao comunistas”?... Ou que Jose’ Eduardo dos Santos “nao e’ um neo-liberal”?!...

Quaisquer que sejam as respostas, reafirmo o que aqui e noutros lugares venho repetindo: nao se pode transportar levemente a historia de um pais para outro.

Ha’, no entanto, aqui algumas similaridades: tal como nao fui eu quem criou o Milhorro’ ou o Venda Poro, nao foi Malema quem criou a cancao da luta de libertacao do ANC "Ayasab' amagwala" (os cobardes estao amedrontados), da qual ele cantou o refrao "dubhula ibhunu" (dispara contra o boer) - e, precisamente por isso, apesar de ele ter sido acusado de “hate speech” e condenado em tribunal por a ter cantado, o ANC logo em seguida apelou a decisao do tribunal...

E, venhamos e convenhamos, ha' uma grande diferenca entre o "vao-se embora" do Milhorro', ou entre os "mindele" de que se fala no Venda Poro e a incitacao 'a "morte ao boer"! Mas parece que ja' estivemos mais longe de ver essas nossas cancoes populares de resistencia acusadas de constituirem “hate speech” e banidas em Angola... tal como o 'fado' destinado ao Kuduro que apenas ainda nao se concretizou devido a atencao que tem vindo a granjear um pouco por todo o mundo!...


E… tal como nao fui eu quem formulou e implementou a descolonizacao e as politicas de nacionalizacoes ou da Angolanizacao, tambem nao foi Malema quem formulou e implementou
 o fim do apartheid e o inicio da politica de ‘Black Economic Empowerment’!...
Mas, mas nao se trata aqui de Historia, trata-se tao somente daquilo a que designo “Afrika Politics” - no seu pior!...


E nao pretendendo desculpabilizar Malema pelos seus excessos (certamente nao da acusacao paralela de “enriquecimento ilicito” que lhe e’ imputada - de que, convem nao esquecer, Zuma tambem foi bastamente acusado, investigado e indiciado antes de assumir a Presidencia!...), o facto e’ que se ele se tornou um “radical”, tanto contra Terreblanche, como contra Mbeki e, mais recentemente, contra o proprio Zuma, o facto e’ que ele foi instrumental na ascensao desses dois lideres, e especialmente de Zuma (... por quem ele afirmara em 2008 ser "capaz de matar"!...), a Presidencia do ANC e da Africa do Sul.
Mais: os analistas mais atentos afirmam que se Malema e' um "embaraco" para alguem, esse alguem nao e' o ANC, mas apenas Zuma, que, ao livrar-se dele ve agora o caminho completamente desimpedido para mais um mandato!...


E, nessa medida, ao ser expulso do ANC “por ordem” de Zuma, Malema tera’ sido apenas um "bode expiatorio" e mais um simbolo de uma geracao kruxifikada, enfim, um peao descartavel num tenebroso jogo de xadrez, sacrificado em favor dos “reis, rainhas, bispos, torres e cavalos” do verdadeiro poder em Afrika: o dos “mais velhos” – mas nao o Mandela ou os nossos respeitaveis, sabios e protectores Mbuta Muntu tal como tradicionalmente os conhecemos, nao: os “moderna, progressista e democraticamente” feitos prisioneiros das suas importadas (e mui mutantes) “conviccoes ideologicas” de todas as latitudes de esquerda e de direita!...

Como ele proprio aqui argumenta:

"So you ask yourself, where is the logic here? What are the real issues? Are we really dealing with charges?" "The reason I do not have nightmares and the reason I do not have regret, the reason why I'm not personally hating, is because I've not done anything wrong". "I've not stabbed a person. I've not been charged with rape. I've not been charged for corruption. I've not been charged for organising factional meetings, and benefitting my own family. I'm not charged about those things. I'm charged about what has been written in the resolutions of the youth league." "Those opposed to the youth league want to plant divisions in the ANC. Those forces... are working day and night to undermine economic freedom." "Those people" are monopoly capital working in the media and in the ANC. "Some of them are in the pockets of white capitalists."
"I am ready to leave the ANCYL. The new ANCYL president will have to continue with the resolutions already adopted. And when that leader pronounces on them, he will also be expelled."



Porque a verdade “pura e dura” e’ que Terreblanche era um neo-nazi que acusava De Klerk de "traicao ao seu proprio povo (leia-se, os boers) por ter libertado Mandela e ter-lhe dado a mao" e que cometeu crimes hediondos e proferiu ad nauseum hate speech (!) contra os Sul-Africanos negros e que acabou sendo vitima do seu proprio extremo racismo!...  E nao consta que Mandela alguma vez o tivesse apoiado!... E nao e' seguramente com a impunidade de supremacistas brancos de extrema direita que se constroem Nacoes - certamente nao Nacoes Africanas!

Porque a verdade “pura e dura” e’ que, se o chamado “racismo negro” e’ tao condenavel quanto qualquer outra forma de racismo (... e eu, que tenho sido vitima um pouco de todos eles, que o diga!...), nao e’ menos condenavel a demissao por parte das geracoes mais velhas, acomodadas, apegadas ou aspirantes ao poder, das suas responsabilidades historicas (das quais apenas se "lembram" trungungueiramente quando se trata de reclamar dividendos, premios, galardoes, benesses e toda a sorte de previlegios financeiros, materiais e imateriais... ou quando se trata de angariar votos junto "da nossa juventude"!...) ou, ja' agora, tambem quantas vezes das suas responsabilidades paternais e familiares (note-se que Malema e' filho de uma mae solteira...) e a vitimizacao e o abandono das geracoes mais jovens ao seu proprio destino e aos seus proprios recursos de sobrevivencia como seres humanos condignos em todas as esferas da vida social, economica e politica nas eras pos-colonial e pos-apartheid, apenas por, alegadamente, terem "ideias diferentes das deles e desajustadas do momento que estao a viver"!...

E nesse jogo de os "mais velhos" sacudirem a agua (suja) do capote para cima dos outros e, muito particular, irresponsavel e cobardemente, dos mais vulneraveis na sociedade como os jovens e as mulheres, mesmo que sejam orfaos e viuvas, nao e' por acaso que quem agora se arvora em meu algoz na blogosfera, no facebook e noutras esferas mediaticas, sociais e politicas, se trata de alguem (tal como outros tantos filhos da "Mae dos Atrasados Mentais") com a necessidade ingente de se livrar a qualquer preco (e...'a minha custa!...) do estigma de "racismo negro" associado ao 27 de Maio de 1977 com o qual nunca tive nada a ver - necessidade essa particularmente exacerbada pelo facto de ser mestico!... Muito embora nao se faca rogado em "colher os dividendos" de "vitima" desse mesmo 27 de Maio - como foi o caso da minha atencao, compreensao e comiseracao ate' deixar de ter duvidas quanto as suas "true colours"!...
No que tem sido (...pelo menos ate' agora...) muito bem sucedido!...
Veja-se aqui, aqui, aqui e aqui...

E se e' assim, tornando pessoas inocentes e bem intencionadas como eu, nao so' vitimas de racismo, como do seu proprio nao racismo, que se constroi a Nacao Angolana, entao lamento nao ter outro remedio senao continuar a caracteriza-la como "Terra Queimada"!...

Termino com este extracto de um artigo escrito por um outro lider juvenil:

"As far as Malema is concerned, this shameful state of affairs is ample proof that the ANC is betraying its own history, its own promises and its own Charter. It’s a warning that only those benefiting from the status quo can afford to ignore. 


Whatever his rights and wrongs, Julius Malema is not the enemy. Poverty is. 


The unequal distribution of resources is the real issue and the ANC is doing itself a considerable disservice by pretending otherwise. Soon, the frustrations of the people will fester and the ANC will have nowhere to hide. Then they will think of Malema’s gospel, but it might be too little too late to repent. The unpalatable truth is that the ANC still has some major issues to address in South Africa. Instead of condemning Malema, they should have rallied behind him to extract more concessions from the small minority that still controls the land and the resources decades after apartheid. 


(...)


 All the more reason to worry when the ANC seeks to silence those willing to draw attention to areas of concern. 


Nelson Mandela, South Africa’s priciest asset, fought for freedom of expression not freedom from expression, freedom of speech not freedom from speech."



A "usurpacao" de Mandela: e’ um fenomeno tao “velho” quanto a sua libertacao e a forma como “urdiu” a Rainbow Nation – portanto, um fenomeno “velho” de pelo menos 20 anos. A este proposito, lembro-me de naquele ja’ longinquo ano de 1990, por altura do falecimento de Mario Pinto de Andrade (outro grande “usurpado”, ou “apropriado”, em certas esferas…) alguns meses depois da libertacao de Mandela, ter escrito algo em que tentava capturar o espirito daquele momento historico atraves dos seus “olhos que brilhavam”

Mas, voltando ao tempo presente, em que consiste tal “usurpacao”, ou, se se preferir, “apropriacao” ou “coisificacao”?

De alguns dos seus aspectos mais “mercantis” falei aqui um pouco; sobre outros, mais perturbadores, debrucei-me aqui e aqui. Mas quando, ainda sob o signo da passagem de mais um aniversario do 25 de Abril, nos chega a noticia da expulsao definitiva de Julius Malema do ANC, sao outros os aspectos desse fenomeno que me trazem a este apontamento.
Mais concretamente, este:


“O Congresso Nacional Africano decidiu expulsar das suas fileiras o líder juvenil Julius Malema. De jovem político promissor, Malema transformou-se num carrossel de embaraços para o ANC e para a governação do Presidente Jacob Zuma ao tomar posições radicais e proferir discursos incendiários que aumentaram as tensões sociais e raciais na África do Sul. Um dos momentos de maior polémica, de que a imprensa fez eco, está relacionado com os pronunciamentos feitos por Malema na sequência da morte do líder da extrema-direita sul-africana, Eugene Terreblanche. O líder juvenil do ANC retomou uma canção do tempo da luta armada para incitar os jovens à violência contra os boers, incompatível com os desejos de uma África do Sul reconciliada e com os grandes princípios defendidos por Nelson Mandela e seguidos pelos líderes do ANC. Malema, tal como outros tantos cultores do radicalismo “puro e duro”, esqueceu-se que os tempos mudaram e que a defesa da confrontação pela confrontação não constrói uma nação.”

[aqui]


Pessoa proxima da “minha amiga” lembrar-se-a’ de uma longa conversa que tivemos a caminho da Kissama na ultima vez que estive em Luanda, faz agora tres anos. Passando por cima de alguns detalhes, o que para aqui interessara’ e’ que falavamos de Zuma vs. Mbeki, passando pela carta que este dirigira aquele aqui mencionada e pelo papel da ‘jota’ do ANC, e muito especialmente do seu lider, Julius Malema (por sinal, alguns meses mais novo que o meu filho…), na campanha que acabou por levar ‘a demissao de Mbeki e 'a elevacao de Zuma 'a Presidencia da Africa do Sul.


Pelo meio mencionei o episodio (… de “usurpacao” de Mandela…) em que, estando eu residindo na altura no campus da Universidade de Stellenbosch quando o meu interlocutor la’ me visitara algumas semanas antes, presenciei, sem que na altura me tivesse dado conta da verdadeira dimensao daquele acontecimento, os preparativos de um celebre comicio de Zuma para o qual os seus apoiantes, liderados por Malema, tinham alegadamente ido “raptar” Mandela de sua casa, onde se encontrava doente, para o apresentarem “as massas” como seu apoiante… E terminei entao os meus argumentos com esta frase: “e tudo porque Mbeki, por comparacao com qualquer deles, e’ um democrata!”


Mas… acontece que Mbeki estava a ser acusado de ser um “lacaio do neo-liberalismo” (... ring any bells?...) pelos apoiantes de Zuma, com Malema ‘a cabeca, no que eram secundados por
Moeletsi Mbeki, irmao de Thabu Mbeki (…classic sibling rivalry…) – este na altura “altamente aplaudido” por um outro “meu kamba” angolano, por manifestar uma postura ostensivamente “pro-recolonizacao”, ou, mais contextualizadamente, “pro-apartheid”, porque, dizia ele, “pelo menos os brancos construiram estradas!”…


 Bom, nao sei o que terao a dizer agora, quer o irmao de Mbeki, quer o "meu kamba angolano", das estradas construidas em tempo record pelos Chineses em Angola sob a lideranca de Jose’ Eduardo dos Santos, para alem, possivelmente, de que “sao de ma’ qualidade”… talvez que “os Chineses nao sao brancos e sao comunistas”?... Ou que Jose’ Eduardo dos Santos “nao e’ um neo-liberal”?!...

Quaisquer que sejam as respostas, reafirmo o que aqui e noutros lugares venho repetindo: nao se pode transportar levemente a historia de um pais para outro.

Ha’, no entanto, aqui algumas similaridades: tal como nao fui eu quem criou o Milhorro’ ou o Venda Poro, nao foi Malema quem criou a cancao da luta de libertacao do ANC "Ayasab' amagwala" (os cobardes estao amedrontados), da qual ele cantou o refrao "dubhula ibhunu" (dispara contra o boer) - e, precisamente por isso, apesar de ele ter sido acusado de “hate speech” e condenado em tribunal por a ter cantado, o ANC logo em seguida apelou a decisao do tribunal...

E, venhamos e convenhamos, ha' uma grande diferenca entre o "vao-se embora" do Milhorro', ou entre os "mindele" de que se fala no Venda Poro e a incitacao 'a "morte ao boer"! Mas parece que ja' estivemos mais longe de ver essas nossas cancoes populares de resistencia acusadas de constituirem “hate speech” e banidas em Angola... tal como o 'fado' destinado ao Kuduro que apenas ainda nao se concretizou devido a atencao que tem vindo a granjear um pouco por todo o mundo!...


E… tal como nao fui eu quem formulou e implementou a descolonizacao e as politicas de nacionalizacoes ou da Angolanizacao, tambem nao foi Malema quem formulou e implementou
 o fim do apartheid e o inicio da politica de ‘Black Economic Empowerment’!...
Mas, mas nao se trata aqui de Historia, trata-se tao somente daquilo a que designo “Afrika Politics” - no seu pior!...


E nao pretendendo desculpabilizar Malema pelos seus excessos (certamente nao da acusacao paralela de “enriquecimento ilicito” que lhe e’ imputada - de que, convem nao esquecer, Zuma tambem foi bastamente acusado, investigado e indiciado antes de assumir a Presidencia!...), o facto e’ que se ele se tornou um “radical”, tanto contra Terreblanche, como contra Mbeki e, mais recentemente, contra o proprio Zuma, o facto e’ que ele foi instrumental na ascensao desses dois lideres, e especialmente de Zuma (... por quem ele afirmara em 2008 ser "capaz de matar"!...), a Presidencia do ANC e da Africa do Sul.
Mais: os analistas mais atentos afirmam que se Malema e' um "embaraco" para alguem, esse alguem nao e' o ANC, mas apenas Zuma, que, ao livrar-se dele ve agora o caminho completamente desimpedido para mais um mandato!...


E, nessa medida, ao ser expulso do ANC “por ordem” de Zuma, Malema tera’ sido apenas um "bode expiatorio" e mais um simbolo de uma geracao kruxifikada, enfim, um peao descartavel num tenebroso jogo de xadrez, sacrificado em favor dos “reis, rainhas, bispos, torres e cavalos” do verdadeiro poder em Afrika: o dos “mais velhos” – mas nao o Mandela ou os nossos respeitaveis, sabios e protectores Mbuta Muntu tal como tradicionalmente os conhecemos, nao: os “moderna, progressista e democraticamente” feitos prisioneiros das suas importadas (e mui mutantes) “conviccoes ideologicas” de todas as latitudes de esquerda e de direita!...

Como ele proprio aqui argumenta:

"So you ask yourself, where is the logic here? What are the real issues? Are we really dealing with charges?" "The reason I do not have nightmares and the reason I do not have regret, the reason why I'm not personally hating, is because I've not done anything wrong". "I've not stabbed a person. I've not been charged with rape. I've not been charged for corruption. I've not been charged for organising factional meetings, and benefitting my own family. I'm not charged about those things. I'm charged about what has been written in the resolutions of the youth league." "Those opposed to the youth league want to plant divisions in the ANC. Those forces... are working day and night to undermine economic freedom." "Those people" are monopoly capital working in the media and in the ANC. "Some of them are in the pockets of white capitalists."
"I am ready to leave the ANCYL. The new ANCYL president will have to continue with the resolutions already adopted. And when that leader pronounces on them, he will also be expelled."



Porque a verdade “pura e dura” e’ que Terreblanche era um neo-nazi que acusava De Klerk de "traicao ao seu proprio povo (leia-se, os boers) por ter libertado Mandela e ter-lhe dado a mao" e que cometeu crimes hediondos e proferiu ad nauseum hate speech (!) contra os Sul-Africanos negros e que acabou sendo vitima do seu proprio extremo racismo!...  E nao consta que Mandela alguma vez o tivesse apoiado!... E nao e' seguramente com a impunidade de supremacistas brancos de extrema direita que se constroem Nacoes - certamente nao Nacoes Africanas!

Porque a verdade “pura e dura” e’ que, se o chamado “racismo negro” e’ tao condenavel quanto qualquer outra forma de racismo (... e eu, que tenho sido vitima um pouco de todos eles, que o diga!...), nao e’ menos condenavel a demissao por parte das geracoes mais velhas, acomodadas, apegadas ou aspirantes ao poder, das suas responsabilidades historicas (das quais apenas se "lembram" trungungueiramente quando se trata de reclamar dividendos, premios, galardoes, benesses e toda a sorte de previlegios financeiros, materiais e imateriais... ou quando se trata de angariar votos junto "da nossa juventude"!...) ou, ja' agora, tambem quantas vezes das suas responsabilidades paternais e familiares (note-se que Malema e' filho de uma mae solteira...) e a vitimizacao e o abandono das geracoes mais jovens ao seu proprio destino e aos seus proprios recursos de sobrevivencia como seres humanos condignos em todas as esferas da vida social, economica e politica nas eras pos-colonial e pos-apartheid, apenas por, alegadamente, terem "ideias diferentes das deles e desajustadas do momento que estao a viver"!...

E nesse jogo de os "mais velhos" sacudirem a agua (suja) do capote para cima dos outros e, muito particular, irresponsavel e cobardemente, dos mais vulneraveis na sociedade como os jovens e as mulheres, mesmo que sejam orfaos e viuvas, nao e' por acaso que quem agora se arvora em meu algoz na blogosfera, no facebook e noutras esferas mediaticas, sociais e politicas, se trata de alguem (tal como outros tantos filhos da "Mae dos Atrasados Mentais") com a necessidade ingente de se livrar a qualquer preco (e...'a minha custa!...) do estigma de "racismo negro" associado ao 27 de Maio de 1977 com o qual nunca tive nada a ver - necessidade essa particularmente exacerbada pelo facto de ser mestico!... Muito embora nao se faca rogado em "colher os dividendos" de "vitima" desse mesmo 27 de Maio - como foi o caso da minha atencao, compreensao e comiseracao ate' deixar de ter duvidas quanto as suas "true colours"!...
No que tem sido (...pelo menos ate' agora...) muito bem sucedido!...
Veja-se aqui, aqui, aqui e aqui...

E se e' assim, tornando pessoas inocentes e bem intencionadas como eu, nao so' vitimas de racismo, como do seu proprio nao racismo, que se constroi a Nacao Angolana, entao lamento nao ter outro remedio senao continuar a caracteriza-la como "Terra Queimada"!...

Termino com este extracto de um artigo escrito por um outro lider juvenil:

"As far as Malema is concerned, this shameful state of affairs is ample proof that the ANC is betraying its own history, its own promises and its own Charter. It’s a warning that only those benefiting from the status quo can afford to ignore. 


Whatever his rights and wrongs, Julius Malema is not the enemy. Poverty is. 


The unequal distribution of resources is the real issue and the ANC is doing itself a considerable disservice by pretending otherwise. Soon, the frustrations of the people will fester and the ANC will have nowhere to hide. Then they will think of Malema’s gospel, but it might be too little too late to repent. The unpalatable truth is that the ANC still has some major issues to address in South Africa. Instead of condemning Malema, they should have rallied behind him to extract more concessions from the small minority that still controls the land and the resources decades after apartheid. 


(...)


 All the more reason to worry when the ANC seeks to silence those willing to draw attention to areas of concern. 


Nelson Mandela, South Africa’s priciest asset, fought for freedom of expression not freedom from expression, freedom of speech not freedom from speech."


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