Friday, 31 October 2008

SEU JORGE NA ROUNDHOUSE

A primeira vez que ouvi falar de Seu Jorge e da sua musica foi num documentario da BBC filmado no Brasil, ja’ aqui ha’ uns tempos. Dele fiquei com a imagem de um musico revolucionario, interventor e activista social completamente fora da mainstream brasileira. Mas nao voltei desde entao a ver ou ouvir nada dele. Foi, portanto, com aquela imagem em mente e uma enorme curiosidade de conhecer melhor a sua musica que ontem fui a Roundhouse para o ver e ouvir.

Infelizmente, sai de la’ decepcionada. Na verdade, creio que foi a primeira vez que, tendo eu entrado para um espectaculo cheia de expectativas, a dada altura me aconteceu sentir-me alheada e momentaneamente assaltada por uma vontade de sair antes de ele ter terminado. Mas se me perguntarem se foi mau, ou “assim tao mau”, eu direi que nao, nao foi. De facto nao foi nada mau. Foi apenas aquem das minhas expectativas – de facto, estava mais do que expectante, estava convencida de que sairia de la’ satisfeita, a tal ponto que ate’ dispensei o ‘introito’ de Gilles Peterson que, quem sabe, talvez pudesse ter sido mais satisfatorio.
Como nao conhecia bem a musica dele, nao consegui reconhecer as cancoes, nem perceber muito bem as letras – pareceu-me que o som era “grande demais” para o espaco e para uma assistencia particularmente barulhenta.

Refiro-me as cancoes que fazem parte do seu reportorio, porque reconheci, e de que maneira(!), as cancoes de uma mais que conhecida suite de musica carnavalesca (incluindo o "Mas Que Nada", "Mama Eu Quero", "Me Da’ Um Dinheiro Ai" e outras afins) com que ocupou o longo segmento final do show e que acabou por ser, pela participacao da audiencia, o seu momento mais alto. Ora, isso nao era exactamente o que eu esperava de um artista original e fora da mainstream, particularmente quando a audiencia, mesmo se largamente constituida por brasileiros residentes em Londres (que se reconheciam pela forma como dancavam, cantavam e gritavam durante todo o show), era em principio composta maioritariamente por pessoas que, como eu, mal o conheciam ou a sua musica. Enfim, em vespera de noite de Halloween foi como se tivesse sido presenteada com um misto de treat and trick, quando tudo o que esperava era o treat... Mas, adiante.

Entretanto comprei o CD dele que la’ tinham a venda - "America, Brasil, O Disco" - e fui para casa esperando ressarcir-me de algum modo ouvindo-o. Gostei, achei-o musicalmente inovador e politicamente provocador, embora nao tenha encontrado nele algumas das cancoes que me lembro de ter ouvido durante o show, particularmente uma das poucas de que pude entender pelo menos uma frase que dizia “a carne mais barata do mercado e’ a carne negra”. Mas encontrei outras que ele tambem cantou e que achei interessantes, como “Trabalhador”, “Burguesinha” e “Mina do Condominio”.

Nao me lembro de ele ter cantado esta “So’ No Chat”, mas deixo-a aqui pelo muito que nos diz sobre as vidas virtuais que, mesmo sem disso muitas vezes nos apercebermos, cada vez mais vamos vivendo e, em muitos casos, com consequencias, se nem sempre desastrosas, pelo menos frequentemente pouco agradaveis e sempre caricatas ou, como tambem gosto de lhes chamar, irracionais


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A primeira vez que ouvi falar de Seu Jorge e da sua musica foi num documentario da BBC filmado no Brasil, ja’ aqui ha’ uns tempos. Dele fiquei com a imagem de um musico revolucionario, interventor e activista social completamente fora da mainstream brasileira. Mas nao voltei desde entao a ver ou ouvir nada dele. Foi, portanto, com aquela imagem em mente e uma enorme curiosidade de conhecer melhor a sua musica que ontem fui a Roundhouse para o ver e ouvir.

Infelizmente, sai de la’ decepcionada. Na verdade, creio que foi a primeira vez que, tendo eu entrado para um espectaculo cheia de expectativas, a dada altura me aconteceu sentir-me alheada e momentaneamente assaltada por uma vontade de sair antes de ele ter terminado. Mas se me perguntarem se foi mau, ou “assim tao mau”, eu direi que nao, nao foi. De facto nao foi nada mau. Foi apenas aquem das minhas expectativas – de facto, estava mais do que expectante, estava convencida de que sairia de la’ satisfeita, a tal ponto que ate’ dispensei o ‘introito’ de Gilles Peterson que, quem sabe, talvez pudesse ter sido mais satisfatorio.
Como nao conhecia bem a musica dele, nao consegui reconhecer as cancoes, nem perceber muito bem as letras – pareceu-me que o som era “grande demais” para o espaco e para uma assistencia particularmente barulhenta.

Refiro-me as cancoes que fazem parte do seu reportorio, porque reconheci, e de que maneira(!), as cancoes de uma mais que conhecida suite de musica carnavalesca (incluindo o "Mas Que Nada", "Mama Eu Quero", "Me Da’ Um Dinheiro Ai" e outras afins) com que ocupou o longo segmento final do show e que acabou por ser, pela participacao da audiencia, o seu momento mais alto. Ora, isso nao era exactamente o que eu esperava de um artista original e fora da mainstream, particularmente quando a audiencia, mesmo se largamente constituida por brasileiros residentes em Londres (que se reconheciam pela forma como dancavam, cantavam e gritavam durante todo o show), era em principio composta maioritariamente por pessoas que, como eu, mal o conheciam ou a sua musica. Enfim, em vespera de noite de Halloween foi como se tivesse sido presenteada com um misto de treat and trick, quando tudo o que esperava era o treat... Mas, adiante.

Entretanto comprei o CD dele que la’ tinham a venda - "America, Brasil, O Disco" - e fui para casa esperando ressarcir-me de algum modo ouvindo-o. Gostei, achei-o musicalmente inovador e politicamente provocador, embora nao tenha encontrado nele algumas das cancoes que me lembro de ter ouvido durante o show, particularmente uma das poucas de que pude entender pelo menos uma frase que dizia “a carne mais barata do mercado e’ a carne negra”. Mas encontrei outras que ele tambem cantou e que achei interessantes, como “Trabalhador”, “Burguesinha” e “Mina do Condominio”.

Nao me lembro de ele ter cantado esta “So’ No Chat”, mas deixo-a aqui pelo muito que nos diz sobre as vidas virtuais que, mesmo sem disso muitas vezes nos apercebermos, cada vez mais vamos vivendo e, em muitos casos, com consequencias, se nem sempre desastrosas, pelo menos frequentemente pouco agradaveis e sempre caricatas ou, como tambem gosto de lhes chamar, irracionais


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