Wednesday 3 December 2008

COMO ENTENDO AS ESCOLHAS DE OBAMA

A pouco mais de um mes entre a sua historica vitoria eleitoral e a inauguracao formal da sua Administracao, Barack Obama (BO) comeca a mostrar “as suas garras” como Presidente Eleito dos EUA. Porque a etiqueta institucional dita que os EUA so’ podem ter um Presidente de cada vez (“one President at a time”), BO tem ocupado este interim, em primeiro lugar, com uma leitura que contem muito do que se podera’ esperar da sua Presidencia – a da experiencia do “Team of Rivals” (“Equipa de Rivais”) de Abraham Lincoln – e, em segundo lugar, com as primeiras nomeacoes para a sua Administracao, que parecem ser ditadas directamente por aquela leitura.

Se o primeiro sinal da transcricao a letra daquela leitura tera’ sido dado pelo seu encontro formal post-eleitoral com John McCain e mencoes a possibilidade de virem a trabalhar juntos - algo que, de algum modo, aqui ‘me cheirou’, por, em termos nao estritamente de politics (o que talvez mais directamente pudesse conduzir a um GUN ou GURN a nossa maneira...), mas de policy e como individuos, o changer e o maverick nao me parecerem muito distantes, excepto no que diz respeito a guerra no Iraque e aos pormenores relativos as medidas mais efectivas para ultrapassar a crise economica -, o full monty revela-se agora com as nomeacoes das suas equipas economica e de defesa e seguranca, respectivamente.

Quanto a equipa economica, em termos substantivos pouco ou nada me parece inusitado num contexto em que o mais notavel critico da politica economica da Administracao Bush, de seu nome Paul Krugman, expressa publicamente a sua concordancia com um dos mais notaveis conselheiros economicos de Bush, de seu nome Greg Mankiw, no que cada vez mais se vai tornando consensual para a resolucao da actual crise economica: uma seria revisitacao de Keynesian Economics.

Ja’ quanto a equipa de defesa e seguranca, as coisas parecem mais problematicas… ou talvez nao. Como aqui notei na altura, Hillary Clinton, agora nomeada para o posto de Secretaria de Estado, pareceu-me ter uma estrategia mais firmemente fundada na diplomacia do que qualquer dos outros candidatos Democratas, ainda mais que Obama ou Richardson – este agora em vias de ser nomeado Secretario para o Comercio –, estrategia que, no que respeita ao mundo em desenvolvimento, se apresenta potenciada (salvo em possiveis areas de conflito de interesses) pelos compromissos assumidos pelo seu marido sob o Clinton Global Initiative. No que respeita a mais controversa nomeacao de Robert Gates – por significar a manutencao no posto nao so’ de um Republicano, mas de alguem que serviu activamente a insensivel estrategia belicista de Bush como Secretario para a Defesa –, parece-me que o proprio disse o essencial sobre o assunto na sua conferencia de imprensa de ontem: “O Pentagono sera’ diferente sob a Administracao Obama; havera’ certamente discordancias entre membros da equipa, mas elas serao decididas pelo Presidente.” Ou seja, e traduzindo-o para o meu proprio entendimento, change is in the eye of the beholder, o beholder sendo, neste caso, o Presidente dos EUA, Barack Obama (mantendo, no entanto, em mente que beholders somos tambem todos nos, os que, com as mais diversas motivacoes, fizemos significar Obama com Change). Mas tambem pode ser que BO veja as coisas em termos mais pragmaticos, e.g.: “let them sort out the mess they started!”…

Em qualquer dos casos, BO justificou assim as suas nomeacoes: “as pessoas nao votaram por ideologias, mas sim por um governo inteligente e funcional, que esteja acima de ideologias” (ideologos de todo o mundo uni-vos!). Mas, questoes de leituras, personalidades e ideologias a parte, resta uma questao incontornavel, que julgo partilhar com nao poucos dos que povoam o vasto universo de apoiantes de BO durante a sua campanha presidencial: porque nao mais faces “negras” (controversias sobre a questao da “raca” oblige…) na nova Administracao? Well, talvez nos sirva (pelo menos ate' la’ mais para meados do seu mandato, i.e. de 2010 em diante, quando for possivel avaliar os impactos reais das suas politicas nas relacoes raciais nos EUA e, ja’ agora, no resto do mundo), a lembranca de que he ran on a post-racial ticket, ou seja, no unico ticket que permitiria a qualquer candidato nao-branco ser eleito para a Casa Branca, independentemente da questao real de estarmos ou nao numa post-racial era – questao que aqui se tenta avaliar de forma objectiva e aqui de forma satirica... Esperemos, pois, para ver.
A pouco mais de um mes entre a sua historica vitoria eleitoral e a inauguracao formal da sua Administracao, Barack Obama (BO) comeca a mostrar “as suas garras” como Presidente Eleito dos EUA. Porque a etiqueta institucional dita que os EUA so’ podem ter um Presidente de cada vez (“one President at a time”), BO tem ocupado este interim, em primeiro lugar, com uma leitura que contem muito do que se podera’ esperar da sua Presidencia – a da experiencia do “Team of Rivals” (“Equipa de Rivais”) de Abraham Lincoln – e, em segundo lugar, com as primeiras nomeacoes para a sua Administracao, que parecem ser ditadas directamente por aquela leitura.

Se o primeiro sinal da transcricao a letra daquela leitura tera’ sido dado pelo seu encontro formal post-eleitoral com John McCain e mencoes a possibilidade de virem a trabalhar juntos - algo que, de algum modo, aqui ‘me cheirou’, por, em termos nao estritamente de politics (o que talvez mais directamente pudesse conduzir a um GUN ou GURN a nossa maneira...), mas de policy e como individuos, o changer e o maverick nao me parecerem muito distantes, excepto no que diz respeito a guerra no Iraque e aos pormenores relativos as medidas mais efectivas para ultrapassar a crise economica -, o full monty revela-se agora com as nomeacoes das suas equipas economica e de defesa e seguranca, respectivamente.

Quanto a equipa economica, em termos substantivos pouco ou nada me parece inusitado num contexto em que o mais notavel critico da politica economica da Administracao Bush, de seu nome Paul Krugman, expressa publicamente a sua concordancia com um dos mais notaveis conselheiros economicos de Bush, de seu nome Greg Mankiw, no que cada vez mais se vai tornando consensual para a resolucao da actual crise economica: uma seria revisitacao de Keynesian Economics.

Ja’ quanto a equipa de defesa e seguranca, as coisas parecem mais problematicas… ou talvez nao. Como aqui notei na altura, Hillary Clinton, agora nomeada para o posto de Secretaria de Estado, pareceu-me ter uma estrategia mais firmemente fundada na diplomacia do que qualquer dos outros candidatos Democratas, ainda mais que Obama ou Richardson – este agora em vias de ser nomeado Secretario para o Comercio –, estrategia que, no que respeita ao mundo em desenvolvimento, se apresenta potenciada (salvo em possiveis areas de conflito de interesses) pelos compromissos assumidos pelo seu marido sob o Clinton Global Initiative. No que respeita a mais controversa nomeacao de Robert Gates – por significar a manutencao no posto nao so’ de um Republicano, mas de alguem que serviu activamente a insensivel estrategia belicista de Bush como Secretario para a Defesa –, parece-me que o proprio disse o essencial sobre o assunto na sua conferencia de imprensa de ontem: “O Pentagono sera’ diferente sob a Administracao Obama; havera’ certamente discordancias entre membros da equipa, mas elas serao decididas pelo Presidente.” Ou seja, e traduzindo-o para o meu proprio entendimento, change is in the eye of the beholder, o beholder sendo, neste caso, o Presidente dos EUA, Barack Obama (mantendo, no entanto, em mente que beholders somos tambem todos nos, os que, com as mais diversas motivacoes, fizemos significar Obama com Change). Mas tambem pode ser que BO veja as coisas em termos mais pragmaticos, e.g.: “let them sort out the mess they started!”…

Em qualquer dos casos, BO justificou assim as suas nomeacoes: “as pessoas nao votaram por ideologias, mas sim por um governo inteligente e funcional, que esteja acima de ideologias” (ideologos de todo o mundo uni-vos!). Mas, questoes de leituras, personalidades e ideologias a parte, resta uma questao incontornavel, que julgo partilhar com nao poucos dos que povoam o vasto universo de apoiantes de BO durante a sua campanha presidencial: porque nao mais faces “negras” (controversias sobre a questao da “raca” oblige…) na nova Administracao? Well, talvez nos sirva (pelo menos ate' la’ mais para meados do seu mandato, i.e. de 2010 em diante, quando for possivel avaliar os impactos reais das suas politicas nas relacoes raciais nos EUA e, ja’ agora, no resto do mundo), a lembranca de que he ran on a post-racial ticket, ou seja, no unico ticket que permitiria a qualquer candidato nao-branco ser eleito para a Casa Branca, independentemente da questao real de estarmos ou nao numa post-racial era – questao que aqui se tenta avaliar de forma objectiva e aqui de forma satirica... Esperemos, pois, para ver.

2 comments:

Anonymous said...

It's the old story, "keep your friends close and your enemies even closer"...

:)

Koluki said...

Yup!
And I say: good luck to him!