Sunday, 6 February 2011

Depois do Melao...





(*) Bom dia Consumidores angolanos,

Estamos perante mais um caso absurdo, relativamente aos preços praticados em Angola.
Desta vez não é um MELÃO DE OURO, mas sim um PÃO DE OURO.
Um alimento que é parte integrante de qualquer cesta básica, para maioria dos cidadãos, custa a módica quantia de 855,00AKZ, ou seja; o equivalente a 9,5USD ou a 6,90 Euros.
Se imaginarmos que uma determinada família-tipo (3 pessoas) consuma 3 “três” pães “BATARD CAMPAGNE” por dia, comprado no INTERMARKET, facilmente chegaremos a conclusão que terão que gastar por mês, 1.178US.
Só para o pequeno-almoço, sem contar com o almoço, lanche e jantar!
Sabendo nós que o salário mínimo em Angola não ultrapassa os 100USD, verificamos que estamos perante um caso digno de um record no Guinness.
A insensibilidade e a falta de bom senso, reinam em Angola impunemente.
Os comerciantes deste país, perderam a vergonha e compraram descaramento avulso.
Caros consumidores, perante esta escalada mórbida de preços não nos restam muitas alternativas.
Perante a inexistência de mecanismos funcionais que defendam os consumidores angolanos, resta-nos apenas utilizar esta “arma” (internet), para denunciarmos atitudes semelhantes.
Por favor, enviem esta denúncia para todos os endereços que puderem, para que se possa dar a conhecer ao mundo o que se passa em Angola.



*(Mensagem nao assinada recebida por email)


Post relacionado:

Ganda Melao







COMENTARIO

Eu diria que este e' um caso que nao nos pode deixar indiferentes, porque em nenhuma parte do mundo (seguramente nao em Angola e certamente nao em Luanda, onde, "a bem ou a mal", nao deixam de se encontrar os ingredientes para o fabrico do pao) se justifica a pratica de tais precos. A menos que esse pao seja importado - caso em que esses precos muito menos se justificam, porque nao ha' nenhum pao no mundo melhor, mais valioso, nem mais apetecivel do que o pao fresco a sair (ou quase) do forno... sobre isso, dei aqui um cheirinho...

Essa e' uma questao. Outra, talvez menos evidente, e' que talvez esse preco nao reflicta realmente as "forcas do mercado" ditadas pela procura e oferta de pao (veja-se como esse mercado se vem comportando de ha' uns tempos a esta parte, por exemplo aqui) mas sim outras "forcas" ou relacoes de "poder aquisitivo" menos relacionadas com os mecanismos de mercado de per se e mais com os mecanismos de demarcacao/exclusao social que veem caracterizando o processo de estratificacao social e consolidacao do poder (sobretudo o de compra) das novas elites angolanas - e aqui incluem-se tanto "novos" como "velhos" ricos... Afinal, comprar um pao no Intermarket ou um melao na Loja dos Frescos nao pode ser igual (leia-se "valer ou custar tanto"), em termos de status social, a comprar-se exactamente o mesmo pao, ou o mesmo melao (ou equivalentes) a porta de casa, na rua, na padaria ou deposito de pao locais, ou produzi-los em casa!

Parece, portanto, haver aqui um processo de formacao de precos inflacionados por um mark-up associado a um premium determinado pela cada vez mais vincada diferenciacao economico-social que se vem verificando actualmente em Angola. Nessa medida, se manifestacoes populares, ou accoes judiciais, contra os estabelecimentos comerciais que vendem meloes e paes "de ouro" poderao demonstrar-se "equivocadas", "mal direccionadas", ou improdutivas no sentido de se obterem quaisquer possiveis mudancas nessas praticas, a verdade e' que, a verificarem-se, elas reflectirao algo muito mais profundo do que apenas o "choque" imediato que esses precos nos possam provocar - desde logo porque e' apenas uma infima minoria da populacao que a tais estabelecimentos pode aceder (..."eles nao sao para quem quer, ou seja, nao sao para todo o mundo"...) e que teria algo de real e palpavel a ganhar nas suas vidas quotidianas concretas com tais accoes.

E' que... esse nao faz parte dos "mais importantes problemas do povo"! Este, quando nao tem pao e nao o pode ou sabe fazer, come makezu, matete, ngongwenha, kikwanga, mandioca cozida, ou milho ou bombo' assado... tudo coisa muito boa e nutritiva!





(*) Bom dia Consumidores angolanos,

Estamos perante mais um caso absurdo, relativamente aos preços praticados em Angola.
Desta vez não é um MELÃO DE OURO, mas sim um PÃO DE OURO.
Um alimento que é parte integrante de qualquer cesta básica, para maioria dos cidadãos, custa a módica quantia de 855,00AKZ, ou seja; o equivalente a 9,5USD ou a 6,90 Euros.
Se imaginarmos que uma determinada família-tipo (3 pessoas) consuma 3 “três” pães “BATARD CAMPAGNE” por dia, comprado no INTERMARKET, facilmente chegaremos a conclusão que terão que gastar por mês, 1.178US.
Só para o pequeno-almoço, sem contar com o almoço, lanche e jantar!
Sabendo nós que o salário mínimo em Angola não ultrapassa os 100USD, verificamos que estamos perante um caso digno de um record no Guinness.
A insensibilidade e a falta de bom senso, reinam em Angola impunemente.
Os comerciantes deste país, perderam a vergonha e compraram descaramento avulso.
Caros consumidores, perante esta escalada mórbida de preços não nos restam muitas alternativas.
Perante a inexistência de mecanismos funcionais que defendam os consumidores angolanos, resta-nos apenas utilizar esta “arma” (internet), para denunciarmos atitudes semelhantes.
Por favor, enviem esta denúncia para todos os endereços que puderem, para que se possa dar a conhecer ao mundo o que se passa em Angola.



*(Mensagem nao assinada recebida por email)


Post relacionado:

Ganda Melao







COMENTARIO

Eu diria que este e' um caso que nao nos pode deixar indiferentes, porque em nenhuma parte do mundo (seguramente nao em Angola e certamente nao em Luanda, onde, "a bem ou a mal", nao deixam de se encontrar os ingredientes para o fabrico do pao) se justifica a pratica de tais precos. A menos que esse pao seja importado - caso em que esses precos muito menos se justificam, porque nao ha' nenhum pao no mundo melhor, mais valioso, nem mais apetecivel do que o pao fresco a sair (ou quase) do forno... sobre isso, dei aqui um cheirinho...

Essa e' uma questao. Outra, talvez menos evidente, e' que talvez esse preco nao reflicta realmente as "forcas do mercado" ditadas pela procura e oferta de pao (veja-se como esse mercado se vem comportando de ha' uns tempos a esta parte, por exemplo aqui) mas sim outras "forcas" ou relacoes de "poder aquisitivo" menos relacionadas com os mecanismos de mercado de per se e mais com os mecanismos de demarcacao/exclusao social que veem caracterizando o processo de estratificacao social e consolidacao do poder (sobretudo o de compra) das novas elites angolanas - e aqui incluem-se tanto "novos" como "velhos" ricos... Afinal, comprar um pao no Intermarket ou um melao na Loja dos Frescos nao pode ser igual (leia-se "valer ou custar tanto"), em termos de status social, a comprar-se exactamente o mesmo pao, ou o mesmo melao (ou equivalentes) a porta de casa, na rua, na padaria ou deposito de pao locais, ou produzi-los em casa!

Parece, portanto, haver aqui um processo de formacao de precos inflacionados por um mark-up associado a um premium determinado pela cada vez mais vincada diferenciacao economico-social que se vem verificando actualmente em Angola. Nessa medida, se manifestacoes populares, ou accoes judiciais, contra os estabelecimentos comerciais que vendem meloes e paes "de ouro" poderao demonstrar-se "equivocadas", "mal direccionadas", ou improdutivas no sentido de se obterem quaisquer possiveis mudancas nessas praticas, a verdade e' que, a verificarem-se, elas reflectirao algo muito mais profundo do que apenas o "choque" imediato que esses precos nos possam provocar - desde logo porque e' apenas uma infima minoria da populacao que a tais estabelecimentos pode aceder (..."eles nao sao para quem quer, ou seja, nao sao para todo o mundo"...) e que teria algo de real e palpavel a ganhar nas suas vidas quotidianas concretas com tais accoes.

E' que... esse nao faz parte dos "mais importantes problemas do povo"! Este, quando nao tem pao e nao o pode ou sabe fazer, come makezu, matete, ngongwenha, kikwanga, mandioca cozida, ou milho ou bombo' assado... tudo coisa muito boa e nutritiva!

1 comment:

Anonymous said...

Xiii..., um pao quase $10.00! Coitado do povo Angolano! Mas tambem como diz o velho ditado: "nene que nao chora nao mama"! Aprendamos com os Egipcios, se quizermos mudanca o melhor e irmos procurar coragem. Porque ficarmos so a espera "que as coisas mudem"... hum, os que tem fome em Angola vao continuar a morrer de fome, os Angolanos que sentem que a patria lhes foi usurpada por bando de ignorantes de Portugues afinado vao so morreor de frustracao no varios paises de asilo!