... Ou apenas reflexo da ineficacia/disfuncionalidade das "nossas instituicoes democraticas"?
Qualquer que tenha sido caso, foi com um suspiro de alivio que li hoje (aqui) a noticia do fim da greve de fome iniciada no inicio desta semana pelo Secretario Geral da UNITA e deputado a Assembleia Nacional, Abilio Kalamata Numa, em protesto pela detencao de um militante da sua organizacao.
Vinha nos ultimos dias alinhavando umas linhas, incluindo as com que titulo este post e as que se seguem abaixo, sobre este assunto, tendo planeado 'posta-las' hoje, que terminavam com "desejo ao secretario Geral da UNITA sucesso na obtencao do(s) seu(s) objectivo(s) sem que tenha que chegar as ultimas consequencias!"
Este caso lembrou-me de um acontecimento, historico pelas proporcoes que assumiu, que muito me marcou na altura e viria a estar na base dos meus posicionamentos sobre o chamado Poder no Feminino: em finais dos anos 70 e inicio dos 80, no culminar de uma serie de accoes de protesto por prisioneiros afectos ao IRA, Exercito Republicano Irlandes (incluindo uma que ficou conhecida como o "dirty protest", em que os prisioneiros se recusavam a lavar-se e cobriam as paredes das celas com os seus excrementos...), um grupo deles iniciou uma greve de fome que se arrastou por varias semanas.
Mas, Margareth Thatcher, entao Primeira-Ministra do Reino Unido da Gra-Bretanha e Irlanda do Norte, nao cedeu as suas reivindicacoes, mesmo em face de manifestacoes de solidariedade para com os grevistas nao so' de entre os seus eleitores (um dos prisioneiros, Bobby Sands, chegou a ser eleito Membro do Parlamento enquanto fazia greve de fome) e ate' de membros do seu gabinete e partido politico, como um pouco de todo o mundo... Tao pouco se vergou quando 10 dos prisioneiros, incluindo Sands, acabaram por falecer em resultado daquela greve de fome!
E ter-se-ha' ela alguma vez arrependido e penitenciado por aquelas mortes, ou rejeitado de algum modo o apelido "Dama de Ferro" que lhe advinha em particular da forma inflexivel como defendia a implementacao das suas politicas economicas (e tambem da forma 'masculina' como dirigiu a Guerra das Falklands)? Nem um pouco! De facto, uma frase que tambem a celebrizou foi, quando em face dos crescentes niveis de desemprego causados pelas suas medidas anti-inflaccionistas e momentosas manifestacoes populares de protesto nas ruas de todo o pais, membros do seu partido comecaram a manifestar-lhe a sua inquietacao e a sugerir-lhe que fizesse uma reviravolta naquelas medidas (U-Turn), ao que ela lhes respondeu: "You turn if you want to, the Lady is not for turning!"...
* ADENDA
Transcrevo aqui este caso dos "40 Activistas do Protectorado da Lunda Tchokwe'", agora tambem em greve de fome, aos quais dedico igualmente os votos e consideracoes acima:
14 Fev 2011 - Entraram no segundo dia de greve da fome, mais de 40 detidos Activistas do Manifesto do Protectorado da Lunda Tchokwe, que tinham sido transferidos da cadeia do Conduege para o novo estabelecimento prisional da Kakanda na Lunda-Norte. A greve, por tempo indeterminado, destina-se a protestar - e citamos – “por violação continuada dos seus direitos a liberdade”, uma vez que o crime contra a segurança do Estado a que foram acusados, já foi revogado com a publicação do novo diploma no dia 3 de Dezembro de 2010 no Diário da Republica de Angola.
De acordo com os seus representantes, esta greve de fome tem como objectivo, chamar atenção da comunidade nacional e internacional, pelas injustiças continuadas cometidas contra as populações das Lundas, Kuando Kubango e Moxico.
O representante legal dos presos é o advogado David Mendes, que revela que o “habeas corpus” foi apresentado há 20 dias, tornando estas prisões ilegais. O advogado diz não conseguir compreender como é que o Tribunal Supremo se mantém em silêncio perante, sendo a lei clara imponndo que o tribunal se deva pronunciar no prazo de 24 horas.
Por seu lado,Zeca Mutchima, secretário-geral da Comissão do Protectorado das Lundas, manifesta a sua preocupação pelo estado de saúde dos presos e apela para a solução deste caso que considera ser uma injustiça.
[Aqui]
... Ou apenas reflexo da ineficacia/disfuncionalidade das "nossas instituicoes democraticas"?
Qualquer que tenha sido caso, foi com um suspiro de alivio que li hoje (aqui) a noticia do fim da greve de fome iniciada no inicio desta semana pelo Secretario Geral da UNITA e deputado a Assembleia Nacional, Abilio Kalamata Numa, em protesto pela detencao de um militante da sua organizacao.
Vinha nos ultimos dias alinhavando umas linhas, incluindo as com que titulo este post e as que se seguem abaixo, sobre este assunto, tendo planeado 'posta-las' hoje, que terminavam com "desejo ao secretario Geral da UNITA sucesso na obtencao do(s) seu(s) objectivo(s) sem que tenha que chegar as ultimas consequencias!"
Este caso lembrou-me de um acontecimento, historico pelas proporcoes que assumiu, que muito me marcou na altura e viria a estar na base dos meus posicionamentos sobre o chamado Poder no Feminino: em finais dos anos 70 e inicio dos 80, no culminar de uma serie de accoes de protesto por prisioneiros afectos ao IRA, Exercito Republicano Irlandes (incluindo uma que ficou conhecida como o "dirty protest", em que os prisioneiros se recusavam a lavar-se e cobriam as paredes das celas com os seus excrementos...), um grupo deles iniciou uma greve de fome que se arrastou por varias semanas.
Mas, Margareth Thatcher, entao Primeira-Ministra do Reino Unido da Gra-Bretanha e Irlanda do Norte, nao cedeu as suas reivindicacoes, mesmo em face de manifestacoes de solidariedade para com os grevistas nao so' de entre os seus eleitores (um dos prisioneiros, Bobby Sands, chegou a ser eleito Membro do Parlamento enquanto fazia greve de fome) e ate' de membros do seu gabinete e partido politico, como um pouco de todo o mundo... Tao pouco se vergou quando 10 dos prisioneiros, incluindo Sands, acabaram por falecer em resultado daquela greve de fome!
E ter-se-ha' ela alguma vez arrependido e penitenciado por aquelas mortes, ou rejeitado de algum modo o apelido "Dama de Ferro" que lhe advinha em particular da forma inflexivel como defendia a implementacao das suas politicas economicas (e tambem da forma 'masculina' como dirigiu a Guerra das Falklands)? Nem um pouco! De facto, uma frase que tambem a celebrizou foi, quando em face dos crescentes niveis de desemprego causados pelas suas medidas anti-inflaccionistas e momentosas manifestacoes populares de protesto nas ruas de todo o pais, membros do seu partido comecaram a manifestar-lhe a sua inquietacao e a sugerir-lhe que fizesse uma reviravolta naquelas medidas (U-Turn), ao que ela lhes respondeu: "You turn if you want to, the Lady is not for turning!"...
* ADENDA
Transcrevo aqui este caso dos "40 Activistas do Protectorado da Lunda Tchokwe'", agora tambem em greve de fome, aos quais dedico igualmente os votos e consideracoes acima:
14 Fev 2011 - Entraram no segundo dia de greve da fome, mais de 40 detidos Activistas do Manifesto do Protectorado da Lunda Tchokwe, que tinham sido transferidos da cadeia do Conduege para o novo estabelecimento prisional da Kakanda na Lunda-Norte. A greve, por tempo indeterminado, destina-se a protestar - e citamos – “por violação continuada dos seus direitos a liberdade”, uma vez que o crime contra a segurança do Estado a que foram acusados, já foi revogado com a publicação do novo diploma no dia 3 de Dezembro de 2010 no Diário da Republica de Angola.
De acordo com os seus representantes, esta greve de fome tem como objectivo, chamar atenção da comunidade nacional e internacional, pelas injustiças continuadas cometidas contra as populações das Lundas, Kuando Kubango e Moxico.
O representante legal dos presos é o advogado David Mendes, que revela que o “habeas corpus” foi apresentado há 20 dias, tornando estas prisões ilegais. O advogado diz não conseguir compreender como é que o Tribunal Supremo se mantém em silêncio perante, sendo a lei clara imponndo que o tribunal se deva pronunciar no prazo de 24 horas.
Por seu lado,Zeca Mutchima, secretário-geral da Comissão do Protectorado das Lundas, manifesta a sua preocupação pelo estado de saúde dos presos e apela para a solução deste caso que considera ser uma injustiça.
[Aqui]
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