Wednesday, 13 April 2011

Endogenous knowledge and the construction of the future in Africa



In the last century, particularly after the decolonisation of Africa, people started to discuss and study 'endogenous', 'indigenous' and 'subjugated' knowledge - very often simply referred to as 'know-how'. In the more developed countries, these issues were systematically ignored, and despite Michael Polanyi having developed his theory of tacit knowledge in 1966, it was not until the 1990s that this theory became more widely recognised, though not greatly esteemed, by researchers, managers and politicians.
Today, these concepts are finally gaining epistemological currency. Researchers from different scientific backgrounds are becoming aware that diversity of knowledge is important, where such knowledge is the fruit of many different cultures over the centuries. This is a positive input into new discoveries and has helped relativise the scientific knowledge spawned by Greco-Latin and Jewish-Christian cultures.
Some people - especially those linked to the business world - regard the exploitation of this sort of knowledge as part of their innovation and competition strategies. Others, however, view it as the abusive patenting of knowledge and practices that belong to the thousand-year-old heritage of many peoples. Others, still, consider it a field of research about which little is yet known.
It is therefore essential that we learn more about this type of knowledge, its forms of expression, its importance in peoples' daily lives, and its potential future developments in a world where the tendency is towards greater homogeneity.
Endogenous knowledge becomes particularly visible, relevant and politically meaningful at times of rupture and deep social change. Independence movements in Africa extolled endogenous knowledge and skills and enhanced the value of these resources, which became fertile ground for building the future. Thus, this type of knowledge can contribute to the making of Africa's future in many areas such as education, the preservation of existing languages, medicine, agriculture, the economy and all kinds of other cultural manifestations.
This conference is therefore crucial for deepening and expanding the debate on this transversal, multidisciplinary topic, in all its dimensions. The scientific interest of the meeting is immense, since research on endogenous knowledge by Portuguese scholars is sparse and scattered. In Africa, on the other hand, there is huge asymmetry in this field; there are countries where this topic is well advanced and others where it is barely taking off. The meeting of a large group of researchers from various countries will thus provide the perfect environment for participants to discuss and exchange ideas, thereby creating a first-rate opportunity to establish an international multidisciplinary network devoted to this issue, as well as to form fruitful partnerships and synergies.
Moreover, considering the relevance of this conference to a whole range of issues associated with development, the debate must be open not only to the academic community but also to other sectors, in particular those of cooperation and business. The participation of all these players will lead to a richer debate and a wider range of interpretations of how various African countries can ensure the construction of their future.
Building bridges between the scientific community and other sectors of society is thus a major goal, with endogenous knowledge being crucial to their activities and practices.

[Details Here]



Conhecimentos Endógenos e a Construcao do Futuro de Africa

No século passado, sobretudo após a descolonização e tomando como referência esses espaços, começou-se a referir e a estudar o conhecimento "endógeno", "indígena", "subjugado", muitas vezes tão-somente designado "saber-fazer". Nos países mais desenvolvidos estas problemáticas eram sistematicamente ignoradas e apesar de Michael Polanyi ter teorizado em 1966 o conhecimento tácito, foi preciso esperar pelos anos noventa do século passado, para ele ser mais frequentemente reconhecido, apesar de pouco considerado pelos investigadores, gestores e políticos.
Hoje estes conceitos vão ganhando cidadania epistemológica.
Os investigadores de diferentes ciências vão descobrindo a importância da diversidade de conhecimentos trazidos pelas mais diversas culturas ao longo dos tempos, contribuindo deste modo positivamente para novas descobertas e relativizando os conhecimentos científicos nascidos na cultura greco-latina, judaico-cristã.
Para alguns, os mais ligados ao mundo empresarial o aproveitamento desta forma de conhecimento começa a fazer parte da estratégia de inovação e concorrência. Para outros pode traduzir o abusivo registo de patentes de conhecimentos e práticas que constituíram o património milenar dos povos. Para outros ainda começa a entrar no campo de atenção da investigação do qual se conhece ainda pouco.
Importa conhecer esta realidade, as suas formas de manifestação, a sua importância na vida quotidiana dos povos, as suas tendências de evolução neste mundo que tende para a uniformização.
Os conhecimentos endógenos assumem particular visibilidade, importância e significado político em momentos de ruptura, em momentos de transformação profunda da sociedade.
Os processos de independência em África representaram momentos de exaltação das capacidades endógenas, de valorização destes recursos, tornando-se um campo fértil para a construção do futuro.
Os conhecimentos endógenos e a multiplicidade de campos em que se manifestam na construção do futuro em África levam-nos a olhar para a sua importância na educação, na preservação de línguas existentes, na medicina, na agricultura, na economia, nas diversas manifestações culturais, outras.
A importância desta conferência é, pois, central para aprofundar e alargar o debate deste tema transversal e multidisciplinar em todas as suas dimensões. O interesse científico da reunião é enorme pois o trabalho sobre conhecimentos endógenos em Portugal é diminuto e disperso. Em África verifica-se uma grande assimetria, havendo países onde esta temática está profundamente avançada e outros onde está a dar os primeiros passos. A reunião de um grande grupo de investigadores de diversas origens proporcionará, assim, as condições ideais para o debate e troca de ideias entre os participantes criando uma excelente oportunidade para a criação de uma rede internacional e multidisciplinar dedicada a este tema, construindo novas parcerias e sinergias que enriquecerão a investigação.
No entanto, sendo uma conferência de natureza científica, pela relevância do tema e a sua importância nas questões associadas ao desenvolvimento, pretende-se que a discussão seja alargada a vários sectores, nomeadamente ao da Cooperação e ao Empresarial, por forma a enriquecer a reflexão e a explorar as leituras possíveis sobre a forma como os diferentes países africanos são capazes de garantir a construção do seu futuro em todas as dimensões.
Neste sentido é também um objectivo importante criar pontes entre o conhecimento e a reflexão científica e outros sectores da sociedade para os quais os conhecimentos endógenos assumem um carácter fundamental nas suas actividades e práticas.


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Some people - especially those linked to the business world - regard the exploitation of this sort of knowledge as part of their innovation and competition strategies. Others, however, view it as the abusive patenting of knowledge and practices that belong to the thousand-year-old heritage of many peoples. Others, still, consider it a field of research about which little is yet known.
It is therefore essential that we learn more about this type of knowledge, its forms of expression, its importance in peoples' daily lives, and its potential future developments in a world where the tendency is towards greater homogeneity.
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Moreover, considering the relevance of this conference to a whole range of issues associated with development, the debate must be open not only to the academic community but also to other sectors, in particular those of cooperation and business. The participation of all these players will lead to a richer debate and a wider range of interpretations of how various African countries can ensure the construction of their future.
Building bridges between the scientific community and other sectors of society is thus a major goal, with endogenous knowledge being crucial to their activities and practices.

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No século passado, sobretudo após a descolonização e tomando como referência esses espaços, começou-se a referir e a estudar o conhecimento "endógeno", "indígena", "subjugado", muitas vezes tão-somente designado "saber-fazer". Nos países mais desenvolvidos estas problemáticas eram sistematicamente ignoradas e apesar de Michael Polanyi ter teorizado em 1966 o conhecimento tácito, foi preciso esperar pelos anos noventa do século passado, para ele ser mais frequentemente reconhecido, apesar de pouco considerado pelos investigadores, gestores e políticos.
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A importância desta conferência é, pois, central para aprofundar e alargar o debate deste tema transversal e multidisciplinar em todas as suas dimensões. O interesse científico da reunião é enorme pois o trabalho sobre conhecimentos endógenos em Portugal é diminuto e disperso. Em África verifica-se uma grande assimetria, havendo países onde esta temática está profundamente avançada e outros onde está a dar os primeiros passos. A reunião de um grande grupo de investigadores de diversas origens proporcionará, assim, as condições ideais para o debate e troca de ideias entre os participantes criando uma excelente oportunidade para a criação de uma rede internacional e multidisciplinar dedicada a este tema, construindo novas parcerias e sinergias que enriquecerão a investigação.
No entanto, sendo uma conferência de natureza científica, pela relevância do tema e a sua importância nas questões associadas ao desenvolvimento, pretende-se que a discussão seja alargada a vários sectores, nomeadamente ao da Cooperação e ao Empresarial, por forma a enriquecer a reflexão e a explorar as leituras possíveis sobre a forma como os diferentes países africanos são capazes de garantir a construção do seu futuro em todas as dimensões.
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1 comment:

Koluki said...

Ja' agora: uma outra observacao/critica que se me impoe fazer a conceptualizacao dessa conferencia e' a seguinte:

- Se e' facto que Michael Polanyi tera' contribuido para a teoria do conhecimento com o seu conceito de "conhecimento tacito", o autor que e' decisivo no desenvolvimento e aplicacao do conceito de "conhecimento endogeno", especialmente no que ele e' relevante para o conhecimento e o futuro de Africa e' o seu irmao Karl Polanyi!


Comentario feito aqui:

http://koluki.blogspot.com/2011/03/ainda-sobre-aquele-meu-curso-em.html