Wednesday, 10 June 2009

KADA UM E’ KUMO KADA KUAL, E KADA KUAL E’…

... KUMO ENVIDENTEMENTE!

Le-se aqui, entre outros ‘preciosismos’ de um "distinto compatriota" (embora seja pouco provavel que ele me considere sua compatriota, mas adiante…), [cujo BI angolano contera' os seguintes elementos: negro, angolano, nascido e criado em Portugal (um pais onde o racismo e’ supostamente apenas ‘imaginario’) ate' 1975, filho de um cabindense embarcadico e de uma caboverdiana e, tanto quanto julgo saber, (va-se la’ saber por forca de que ‘diferencas reais ou imaginarias’, mas admitamos que tambem apenas acidentalmente) casado com uma mulher branca (ou, apressemo-nos a dize-lo, ‘sem raca’, porque isso e’, evidentemente, ‘coisa real ou imaginaria’)]*, a proposito da questao da mencao da raca no BI em Angola, isto: “Ora, o racismo é precisamente entendido como sendo ‘a valorização generalizada e definitiva de diferenças reais ou imaginárias em proveito do acusador e em detrimento da vítima a fim de justificar uma agressão ou um privilégio’ [MEMMI (1993): 72].”

Pois eu ca’ pergunto aos meus reais e imaginarios botoes: “serao tais ‘diferencas reais ou imaginarias’ responsaveis pela barragem a entrada, em certos locais de Luanda e outras capitais provinciais (discotecas, restaurantes, hoteis e mesmo empresas), de determinados grupos de cidadaos nacionais com base na cor da sua pele? (agressao)”; “terao sido tais ‘diferencas reais ou imaginarias’ que fizeram com que, so’ para dar um pequeno exemplo, durante a minha recente estada em Luanda, tendo eu marcado pessoalmente por telefone uma entrevista com o PCA de uma determinada empresa (digamos apenas que ‘de raca nao negra’), o qual conheco de longa data – ele deveria, portanto, estar a minha espera – alguem (tambem ‘de raca nao negra’), nao obstante saber desse facto, manifestasse uma aflitiva preocupacao de que eu pudesse ser “barrada” na recepcao da tal empresa, coisa que nem sequer em algum momento me tinha passado pela cabeca?... nao que eu estivesse exactamente vestida, ou geralmente apresentada, como uma mendiga ou criminosa…(agressao)”; “serao tambem as mesmas ‘diferencas reais ou imaginarias’ que determinam a composicao racial dos empregados (constituida maioritariamente, senao exclusivamente, por individuos digamos que ‘de raca nao negra’) em grande parte das empresas e, mais particularmente, nas bancarias e petroliferas baseadas em Angola (veja-se, por exemplo, esta noticia)? (privilegio)”; “serao ainda tais ‘diferencas reais ou imaginarias’ que fazem com que a agenda dos autores das mais estridentes “homilias” ditas “anti-racistas” no pais contenham pouco mais do que apenas um “single issue”: a mencao da raca no BI – nao se vendo o seu empenho, ainda que pretenso, em quaisquer outras causas anti-racistas que afectam, contemporanea ou historicamente, directa ou indirectamente, real ou imaginariamente, a que seria suposto ser a ‘nossa consciencia colectiva’ enquanto seres humanos (valorização generalizada e definitiva de diferenças reais ou imaginárias – supostamente induzidas pela mencao da raca no BI e efectivamente institucionalizadas pela presuncao da falta generalizada e definitiva de capacidade, educacao, competencia, profissionalismo, etica, moral, cultura, e mesmo ‘elegancia’, dos ‘de raca negra’ (comprovando que, efectivamente, “é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”) – em proveito do acusador e em detrimento da vítima a fim de justificar uma agressão ou um privilégio)?”

E os meus botoes, reais e imaginarios, respondem-me zombateiramente: “e’ pedido a alguem o BI a entrada de discotecas e outros locais de lazer?”; “em que base e’ que o tal ‘alguem de raca nao negra’ previu que pudesses ser barrada a entrada da tal empresa onde tinhas entrevista previamente marcada com o teu conhecido PCA?”; “a admissao de empregados nas tais empresas que referes e’ determinada exclusivamente pelo que o seu BI contem?”; “e nao te lembras dos actos ostensivamente discriminatorios e de exclusao social praticados contra a generalidade dos ‘compatriotas de raca negra’ e sem ‘nomes sonantes’ no BI, que eram publicamente apelidados de “lixo de Angola”, no tempo em que o nosso doutor exercia funcoes na ‘nossa embaixada’ em Portugal – um tempo em que a raca nao constava dos nossos BIs – ao mesmo tempo que o 'nosso' embaixador naquele pais, no auge das manifestacoes da opiniao publica contra os actos de racismo praticados contra os negros la' residentes, afirmava publicamente 'nao acreditar que houvesse racismo em Portugal', quando naquelas circunstancias poderia diplomaticamente remeter-se apenas ao silencio?“; “frankamente, nao ves ke essa e’ uma falsa kestao com os termos completamente invertidos pelo acusador, e beneficiador do status quo, em detrimento da vitima?”…

Bom, tendo eu vivido e trabalhado nos ultimos anos predominantemente em dois paises:

- Um, a Inglaterra, no qual nao existe BI e a maioria dos cidadaos se opoem resolutamente a sua adopcao, mas onde, no entanto, a mencao, ainda que nao obrigatoria e a titulo confidencial, da raca, da etnicidade e do genero em determinados formularios de acesso (que nao preclude, de modo nenhum, a competicao) a oportunidades, seja de emprego ou servicos publicos de educacao, saude e habitacao, se tem revelado um efectivo, embora ainda nao perfeito, instrumento de monitorizacao e implementacao das existentes politicas de igualdade de direitos e oportunidades entre todos os cidadaos legitimos, independentemente da sua origem ou qualquer outro factor discriminante;

- Outro, a Africa do Sul post-apartheid, cognominado "a nacao arco-iris” em celebracao da sua diversidade etnico-cultural e racial, onde existe BI e neste e’ indicada a raca dos individuos (embora apenas por codigos numericos), sem que, no entanto, essa se tenha constituido numa “questao de maior”, se e’ que alguma vez foi sequer uma questao, entre os diversos grupos, maioritarios ou minoritarios, que coabitam nesta sociedade – a “questao de maior” para as minorias aqui tem sido a “accao afirmativa” a favor da maioria (a qual, no entanto, se tem revelado “discriminatoria e excludente” mais no seu imaginario do que na realidade social; tal como, alias, as “manias de perseguicao” das minorias racicas angolanas se teem revelado na pratica…), mas mesmo essa questao eles aqui teem enderecado de forma racional atraves, inclusive, de partidos politicos que a elegeram como seu “single issue”...

… Envidentemente ke vejo ke, em Angola, essa e’ uma falsa kestao!

Acontece, porem, que, ao contrario do que se passa na Inglaterra e na Africa do Sul, as minorias racicas em Angola, o que se deve tambem em alguma medida a precaridade do sistema democratico no pais, ainda estao longe de um grau de emancipacao cultural e politica que lhes permita, de moto proprio, assumirem-se descomplexadamente como tal e lutarem democraticamente pelo que consideram ser “seus direitos” – parece que a (ex)FpD e’ o primeiro partido politico no pais a encaminhar-se claramente nessa direccao, embora nao o tenha (ainda) assumido abertamente –, preferindo, em geral, viver a sombra de uma bananeira utopica, pretensamente plantada no pais pelo “homem novo que veio da mata, o qual tera’ erradicado a catanada a discriminacao racial contra a maioria dos nacionais e que so’ essa coisa da raca no BI veio trazer de volta”, muito provavelmente porque tal sombra esconde a realidade nua e crua: o tapete vermelho de privilegios sociais que nunca lhes foi retirado de debaixo dos pes desde o fim “oficial” do colonialismo... sob pena de quem sequer "se atrevesse a sonhar" com tal possibilidade ser "sumariamente executado", real ou virtualmente!

E, antes que os meus botoes voltem a zombar de mim, devo esclarecer o seguinte: nao faco a menor ideia de quais foram os fundamentos da inclusao da raca no BI em Angola e, para mim, para todos os efeitos praticos, efectivos e reais, isso sempre foi completamente irrelevante. Mais esclareco que considero que tal inclusao nao e’ em si mesma um acto necessariamente discriminatorio, uma vez que trata de forma igual os principais ‘grupos racicos’ existentes no pais (note-se que falo em ‘grupos racicos’, tal como eles sao geralmente entendidos em Angola, nao em ‘grupos etnicos’, o que permite que algumas minorias consideradas marginalizadas, como os Khoisan ou os albinos de ‘raca negra’ sejam integrados naqueles) e, se quisermos ‘parabolizar’ ainda mais a questao, poderiamos ate’ dizer que ela constitui a assumpcao e instituicao da tal “diversidade cultural numa sociedade pluriracial e multietnica, assumindo e respeitando as diferencas”, que o autor aparentemente pretende defender.

Discriminatorio e excludente seria se apenas a um ou a outro grupo fosse imposto tal quesito. Mas, mais importante do que isso, o factor operativo na pratica do racismo nao e’ a simples alusao a ‘raca’, mas o que os individuos fazem da dita – qualquer que seja a definicao, ou negacao, que se lhe atribua. Dito de outro modo, a mencao da raca no BI apenas tem um efeito discriminatorio se na sociedade em que ele e’ usado estiverem em actuacao, sem qualquer escrutinio politico ou social pelos cidadaos, factores objectivos e subjectivos que permitam a discriminacao e intolerancia racial e a exclusao social nelas baseada (essa a principal razao, por exemplo, da oposicao dos Britanicos a sua introducao naquele pais, por ter sido proposta pelo governo no post-Setembro 11, no contexto da "guerra contra o terrorismo"...) – e toda a evidencia indica que tais factores nao so’ existem na sociedade angolana, como operam predominantemente em desfavor da maioria negra.

Ora, o que alguns paises do mundo actual, e em particular os que acima menciono, compreenderam a custa de muitas lutas anti-racistas durante decadas, e’ que nao e’ apenas um documento que substancia o status economico, social, etnico, racial ou cultural do seu titular e que incluir ou nao a raca no BI, o qual, ademais, contem a foto do titular, nao e’ mais do que uma redundancia (no caso da inclusao) ou operacao cosmetica (no caso da omissao ou remocao). O que esses paises adquiriram como ‘consciencia colectiva’ atraves de tais lutas, foi que o racismo e’ muito mais do que “skin-deep”, isto e’, e’ um fenomeno psicologico, socio-cultural e historico muito mais profundo e complexo do que apenas a designacao da cor da pele dos individuos, o qual apenas politicas anti-discriminatorias eficazmente monitorizadas podem contrariar de forma efectiva, sendo que tal monitorizacao podera’ eventualmente implicar a mencao da raca em alguns documentos, se tal for considerado, de forma responsavel, socialmente util e pertinente num determinado contexto historico e demografico, desde que o sistema politico vigente contenha mecanismos impeditivos de que tal mencao seja usada em detrimento de quem quer que seja – o que idealmente deveria ser o caso em Angola, a menos que tenhamos que admitir que estamos efectivamente perante “um estado racista”. E enquanto tais politicas forem totalmente inexistentes, ou puramente ignoradas em Angola, e’-me, envidentemente, kompletamente indiferente ke o elemento ‘raca’ seja, ou nao, retirado do BI.

Mas, mais importante do que tudo isso, para mim o racismo, tal como todas as outras formas de discriminacao, nao e’, nunca foi, uma questao teorica – e’ uma questao pratica, uma realidade vivida frente aos nossos olhos, com efeitos imediatos e inter-geracionais e que, consequentemente, exige medidas praticas, nao teoricas, para a sua erradicacao. E cada vez mais me convenco de que apenas quem o tenha, real e efectivamente, sofrido na pele e na alma, vendo a sua vida quotidiana e perspectivas futuras completamente por ele afectadas, e o tenha honestamente decidido enfrentar – e nao escamotear como quem tenta tapar o sol com a peneira ou com uma mascara a fim de perpetuar os privilegios para o usufruto dos quais julga ter nascido, assim agredindo insensivelmente da forma mais violenta e atroz as verdadeiras vitimas das piores formas de racismo, discriminacao e exclusao social –, e’ capaz de o compreender na sua totalidade e profundidade e contra ele eficaz, descomplexada e construtivamente lutar, a bem das geracoes futuras.


*Tenho perfeita nocao de que, com isto, estou, mais uma vez, a entrar de cabeca num territorio minadissimo e que so’ me tem trazido dissabores pessoais desde que me vi forcada, por variadissimas razoes, a entrar no “debate racial” em Angola (que, quanto a mim, nao tem sido sequer um “debate” digno desse nome, ficando-se invariavelmente pelo arremessar de armas mais ou menos legitimadas pelo poder do estado – aqui entendido como o executor das vontades, preferencias e interesses da maioria economica, social e cultural, que nao coincide necessariamente com a maioria racial – contra quem “se atreva” a questionar o discurso ideologico-propagandistico, subsidiario de um certo lusotropicalismo, instituido para la’ dos respectivos BIs). Neste caso, de forma ainda mais ‘kamikaze’ do que o habitual, por mencionar particularidades pessoais do autor cujo texto aqui discuto… Valer-me-ha’ de alguma coisa dizer que tal mencao e’ tao legitima e pertinente quanto a que ele faz das origens de Crummell ou do por ele malfadado (e, atrevo-me a dizer, mal percebido) Panafricanismo? Muito provavelmente nao, mas, ainda assim (e mesmo guardando entre os meus botoes reais o 'aviso' contido na frase "(...) sou animal político o bastante para reconhecer, que há lugares em que a verdade prejudica mais do que ajuda”...), disponho-me a incorrer em todos os riscos inerentes a este meu (mais um!) atrevimento…
... KUMO ENVIDENTEMENTE!

Le-se aqui, entre outros ‘preciosismos’ de um "distinto compatriota" (embora seja pouco provavel que ele me considere sua compatriota, mas adiante…), [cujo BI angolano contera' os seguintes elementos: negro, angolano, nascido e criado em Portugal (um pais onde o racismo e’ supostamente apenas ‘imaginario’) ate' 1975, filho de um cabindense embarcadico e de uma caboverdiana e, tanto quanto julgo saber, (va-se la’ saber por forca de que ‘diferencas reais ou imaginarias’, mas admitamos que tambem apenas acidentalmente) casado com uma mulher branca (ou, apressemo-nos a dize-lo, ‘sem raca’, porque isso e’, evidentemente, ‘coisa real ou imaginaria’)]*, a proposito da questao da mencao da raca no BI em Angola, isto: “Ora, o racismo é precisamente entendido como sendo ‘a valorização generalizada e definitiva de diferenças reais ou imaginárias em proveito do acusador e em detrimento da vítima a fim de justificar uma agressão ou um privilégio’ [MEMMI (1993): 72].”

Pois eu ca’ pergunto aos meus reais e imaginarios botoes: “serao tais ‘diferencas reais ou imaginarias’ responsaveis pela barragem a entrada, em certos locais de Luanda e outras capitais provinciais (discotecas, restaurantes, hoteis e mesmo empresas), de determinados grupos de cidadaos nacionais com base na cor da sua pele? (agressao)”; “terao sido tais ‘diferencas reais ou imaginarias’ que fizeram com que, so’ para dar um pequeno exemplo, durante a minha recente estada em Luanda, tendo eu marcado pessoalmente por telefone uma entrevista com o PCA de uma determinada empresa (digamos apenas que ‘de raca nao negra’), o qual conheco de longa data – ele deveria, portanto, estar a minha espera – alguem (tambem ‘de raca nao negra’), nao obstante saber desse facto, manifestasse uma aflitiva preocupacao de que eu pudesse ser “barrada” na recepcao da tal empresa, coisa que nem sequer em algum momento me tinha passado pela cabeca?... nao que eu estivesse exactamente vestida, ou geralmente apresentada, como uma mendiga ou criminosa…(agressao)”; “serao tambem as mesmas ‘diferencas reais ou imaginarias’ que determinam a composicao racial dos empregados (constituida maioritariamente, senao exclusivamente, por individuos digamos que ‘de raca nao negra’) em grande parte das empresas e, mais particularmente, nas bancarias e petroliferas baseadas em Angola (veja-se, por exemplo, esta noticia)? (privilegio)”; “serao ainda tais ‘diferencas reais ou imaginarias’ que fazem com que a agenda dos autores das mais estridentes “homilias” ditas “anti-racistas” no pais contenham pouco mais do que apenas um “single issue”: a mencao da raca no BI – nao se vendo o seu empenho, ainda que pretenso, em quaisquer outras causas anti-racistas que afectam, contemporanea ou historicamente, directa ou indirectamente, real ou imaginariamente, a que seria suposto ser a ‘nossa consciencia colectiva’ enquanto seres humanos (valorização generalizada e definitiva de diferenças reais ou imaginárias – supostamente induzidas pela mencao da raca no BI e efectivamente institucionalizadas pela presuncao da falta generalizada e definitiva de capacidade, educacao, competencia, profissionalismo, etica, moral, cultura, e mesmo ‘elegancia’, dos ‘de raca negra’ (comprovando que, efectivamente, “é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”) – em proveito do acusador e em detrimento da vítima a fim de justificar uma agressão ou um privilégio)?”

E os meus botoes, reais e imaginarios, respondem-me zombateiramente: “e’ pedido a alguem o BI a entrada de discotecas e outros locais de lazer?”; “em que base e’ que o tal ‘alguem de raca nao negra’ previu que pudesses ser barrada a entrada da tal empresa onde tinhas entrevista previamente marcada com o teu conhecido PCA?”; “a admissao de empregados nas tais empresas que referes e’ determinada exclusivamente pelo que o seu BI contem?”; “e nao te lembras dos actos ostensivamente discriminatorios e de exclusao social praticados contra a generalidade dos ‘compatriotas de raca negra’ e sem ‘nomes sonantes’ no BI, que eram publicamente apelidados de “lixo de Angola”, no tempo em que o nosso doutor exercia funcoes na ‘nossa embaixada’ em Portugal – um tempo em que a raca nao constava dos nossos BIs – ao mesmo tempo que o 'nosso' embaixador naquele pais, no auge das manifestacoes da opiniao publica contra os actos de racismo praticados contra os negros la' residentes, afirmava publicamente 'nao acreditar que houvesse racismo em Portugal', quando naquelas circunstancias poderia diplomaticamente remeter-se apenas ao silencio?“; “frankamente, nao ves ke essa e’ uma falsa kestao com os termos completamente invertidos pelo acusador, e beneficiador do status quo, em detrimento da vitima?”…

Bom, tendo eu vivido e trabalhado nos ultimos anos predominantemente em dois paises:

- Um, a Inglaterra, no qual nao existe BI e a maioria dos cidadaos se opoem resolutamente a sua adopcao, mas onde, no entanto, a mencao, ainda que nao obrigatoria e a titulo confidencial, da raca, da etnicidade e do genero em determinados formularios de acesso (que nao preclude, de modo nenhum, a competicao) a oportunidades, seja de emprego ou servicos publicos de educacao, saude e habitacao, se tem revelado um efectivo, embora ainda nao perfeito, instrumento de monitorizacao e implementacao das existentes politicas de igualdade de direitos e oportunidades entre todos os cidadaos legitimos, independentemente da sua origem ou qualquer outro factor discriminante;

- Outro, a Africa do Sul post-apartheid, cognominado "a nacao arco-iris” em celebracao da sua diversidade etnico-cultural e racial, onde existe BI e neste e’ indicada a raca dos individuos (embora apenas por codigos numericos), sem que, no entanto, essa se tenha constituido numa “questao de maior”, se e’ que alguma vez foi sequer uma questao, entre os diversos grupos, maioritarios ou minoritarios, que coabitam nesta sociedade – a “questao de maior” para as minorias aqui tem sido a “accao afirmativa” a favor da maioria (a qual, no entanto, se tem revelado “discriminatoria e excludente” mais no seu imaginario do que na realidade social; tal como, alias, as “manias de perseguicao” das minorias racicas angolanas se teem revelado na pratica…), mas mesmo essa questao eles aqui teem enderecado de forma racional atraves, inclusive, de partidos politicos que a elegeram como seu “single issue”...

… Envidentemente ke vejo ke, em Angola, essa e’ uma falsa kestao!

Acontece, porem, que, ao contrario do que se passa na Inglaterra e na Africa do Sul, as minorias racicas em Angola, o que se deve tambem em alguma medida a precaridade do sistema democratico no pais, ainda estao longe de um grau de emancipacao cultural e politica que lhes permita, de moto proprio, assumirem-se descomplexadamente como tal e lutarem democraticamente pelo que consideram ser “seus direitos” – parece que a (ex)FpD e’ o primeiro partido politico no pais a encaminhar-se claramente nessa direccao, embora nao o tenha (ainda) assumido abertamente –, preferindo, em geral, viver a sombra de uma bananeira utopica, pretensamente plantada no pais pelo “homem novo que veio da mata, o qual tera’ erradicado a catanada a discriminacao racial contra a maioria dos nacionais e que so’ essa coisa da raca no BI veio trazer de volta”, muito provavelmente porque tal sombra esconde a realidade nua e crua: o tapete vermelho de privilegios sociais que nunca lhes foi retirado de debaixo dos pes desde o fim “oficial” do colonialismo... sob pena de quem sequer "se atrevesse a sonhar" com tal possibilidade ser "sumariamente executado", real ou virtualmente!

E, antes que os meus botoes voltem a zombar de mim, devo esclarecer o seguinte: nao faco a menor ideia de quais foram os fundamentos da inclusao da raca no BI em Angola e, para mim, para todos os efeitos praticos, efectivos e reais, isso sempre foi completamente irrelevante. Mais esclareco que considero que tal inclusao nao e’ em si mesma um acto necessariamente discriminatorio, uma vez que trata de forma igual os principais ‘grupos racicos’ existentes no pais (note-se que falo em ‘grupos racicos’, tal como eles sao geralmente entendidos em Angola, nao em ‘grupos etnicos’, o que permite que algumas minorias consideradas marginalizadas, como os Khoisan ou os albinos de ‘raca negra’ sejam integrados naqueles) e, se quisermos ‘parabolizar’ ainda mais a questao, poderiamos ate’ dizer que ela constitui a assumpcao e instituicao da tal “diversidade cultural numa sociedade pluriracial e multietnica, assumindo e respeitando as diferencas”, que o autor aparentemente pretende defender.

Discriminatorio e excludente seria se apenas a um ou a outro grupo fosse imposto tal quesito. Mas, mais importante do que isso, o factor operativo na pratica do racismo nao e’ a simples alusao a ‘raca’, mas o que os individuos fazem da dita – qualquer que seja a definicao, ou negacao, que se lhe atribua. Dito de outro modo, a mencao da raca no BI apenas tem um efeito discriminatorio se na sociedade em que ele e’ usado estiverem em actuacao, sem qualquer escrutinio politico ou social pelos cidadaos, factores objectivos e subjectivos que permitam a discriminacao e intolerancia racial e a exclusao social nelas baseada (essa a principal razao, por exemplo, da oposicao dos Britanicos a sua introducao naquele pais, por ter sido proposta pelo governo no post-Setembro 11, no contexto da "guerra contra o terrorismo"...) – e toda a evidencia indica que tais factores nao so’ existem na sociedade angolana, como operam predominantemente em desfavor da maioria negra.

Ora, o que alguns paises do mundo actual, e em particular os que acima menciono, compreenderam a custa de muitas lutas anti-racistas durante decadas, e’ que nao e’ apenas um documento que substancia o status economico, social, etnico, racial ou cultural do seu titular e que incluir ou nao a raca no BI, o qual, ademais, contem a foto do titular, nao e’ mais do que uma redundancia (no caso da inclusao) ou operacao cosmetica (no caso da omissao ou remocao). O que esses paises adquiriram como ‘consciencia colectiva’ atraves de tais lutas, foi que o racismo e’ muito mais do que “skin-deep”, isto e’, e’ um fenomeno psicologico, socio-cultural e historico muito mais profundo e complexo do que apenas a designacao da cor da pele dos individuos, o qual apenas politicas anti-discriminatorias eficazmente monitorizadas podem contrariar de forma efectiva, sendo que tal monitorizacao podera’ eventualmente implicar a mencao da raca em alguns documentos, se tal for considerado, de forma responsavel, socialmente util e pertinente num determinado contexto historico e demografico, desde que o sistema politico vigente contenha mecanismos impeditivos de que tal mencao seja usada em detrimento de quem quer que seja – o que idealmente deveria ser o caso em Angola, a menos que tenhamos que admitir que estamos efectivamente perante “um estado racista”. E enquanto tais politicas forem totalmente inexistentes, ou puramente ignoradas em Angola, e’-me, envidentemente, kompletamente indiferente ke o elemento ‘raca’ seja, ou nao, retirado do BI.

Mas, mais importante do que tudo isso, para mim o racismo, tal como todas as outras formas de discriminacao, nao e’, nunca foi, uma questao teorica – e’ uma questao pratica, uma realidade vivida frente aos nossos olhos, com efeitos imediatos e inter-geracionais e que, consequentemente, exige medidas praticas, nao teoricas, para a sua erradicacao. E cada vez mais me convenco de que apenas quem o tenha, real e efectivamente, sofrido na pele e na alma, vendo a sua vida quotidiana e perspectivas futuras completamente por ele afectadas, e o tenha honestamente decidido enfrentar – e nao escamotear como quem tenta tapar o sol com a peneira ou com uma mascara a fim de perpetuar os privilegios para o usufruto dos quais julga ter nascido, assim agredindo insensivelmente da forma mais violenta e atroz as verdadeiras vitimas das piores formas de racismo, discriminacao e exclusao social –, e’ capaz de o compreender na sua totalidade e profundidade e contra ele eficaz, descomplexada e construtivamente lutar, a bem das geracoes futuras.


*Tenho perfeita nocao de que, com isto, estou, mais uma vez, a entrar de cabeca num territorio minadissimo e que so’ me tem trazido dissabores pessoais desde que me vi forcada, por variadissimas razoes, a entrar no “debate racial” em Angola (que, quanto a mim, nao tem sido sequer um “debate” digno desse nome, ficando-se invariavelmente pelo arremessar de armas mais ou menos legitimadas pelo poder do estado – aqui entendido como o executor das vontades, preferencias e interesses da maioria economica, social e cultural, que nao coincide necessariamente com a maioria racial – contra quem “se atreva” a questionar o discurso ideologico-propagandistico, subsidiario de um certo lusotropicalismo, instituido para la’ dos respectivos BIs). Neste caso, de forma ainda mais ‘kamikaze’ do que o habitual, por mencionar particularidades pessoais do autor cujo texto aqui discuto… Valer-me-ha’ de alguma coisa dizer que tal mencao e’ tao legitima e pertinente quanto a que ele faz das origens de Crummell ou do por ele malfadado (e, atrevo-me a dizer, mal percebido) Panafricanismo? Muito provavelmente nao, mas, ainda assim (e mesmo guardando entre os meus botoes reais o 'aviso' contido na frase "(...) sou animal político o bastante para reconhecer, que há lugares em que a verdade prejudica mais do que ajuda”...), disponho-me a incorrer em todos os riscos inerentes a este meu (mais um!) atrevimento…

9 comments:

AGRY said...

A densidade e o percurso da postagem, aconselham alguma prudência! Limitar-me-ei a um brevíssimo comentário.
As diferenças reais ou imaginárias de que fala repousam, quanto a mim, na estrutura económica,nas relações de produção e na apropriação ( ou na sua ausência) das próprias condições de existência .
Sobre o carácter do(s) racismo(s), recordo Étienne Balibar: “As razões para nos interrogarmos sobre o regresso da raça e sobre o futuro dos racismos não têm o seu ponto de partida nem na teoria pura nem numa constatação puramente empírica, mas numa série de problemas de definição e de interpretação que circulam entre ambos”

AGRY said...

Receio que o meu comentário anterior sugira uma certa ambiguidade! Em momento algum pretendi questionar a validade da sua análise.
Não estou autorizado a pronunciar-me sobre aspectos que desconheço, nomeadamente no que respeita à personalidade e às convicções de terceiros. E foi aqui, fundamentalmente, que me surgiram as grandes dúvidas.

Koluki said...

Caro Agry,

Muito obrigada pelos comentarios.

Talvez a forma como abordo aqui algumas questoes seja tambem passivel de sugerir algumas ambiguidades, particularmente a quem nao conheca Angola. Deixe-me tentar esclarecer melhor aquelas a que se refere, ainda que tambem tao brevemente quanto possivel:

1. Sobre a citacao que faz, gostaria de lhe dizer que, mesmo por defeito de formacao, nao sou apologista nem da teoria pura, nem da exclusividade empirica, particularmente no que toca a fenomenos sociais como o racismo. O que defendo e’ que nenhuma teoria social e’ sustentavel sem uma suficiente base empirica. E o que aqui, e em geral nas minhas analises dessas questoes, tento fazer e’ apenas uma “desconstrucao” da teoria exibida no texto em analise a luz de alguma da evidencia empirica de que disponho. Nao pretendo, no entanto, com isso sugerir que a evidencia empirica que aqui apresento seja “toda a evidencia possivel”, mas julgo que ela e’ suficiente para contrapor os postulados da teoria contida no texto. Reconheco que isto nao explica totalmente porque que digo que “para mim o racismo nao e’, nunca foi, uma questao teorica, mas uma questao pratica” e prometo faze-lo melhor numa outra oportunidade;

2. Em relacao aos problemas induzidos pelas definicoes, permita-me que lhe sugira, pedindo-lhe antecipadamente desculpas por estar em Ingles, este post e seus respectivos anexos (http://koluki.blogspot.com/2007/08/what-is-racism.html);

3. Quanto as questoes relativas a ”estrutura economica e as relacoes de producao e de apropriacao” (que me parecem derivar da sua inclinacao Marxista), gostaria de lhe sugerir, mais uma vez desculpando-me por estarem em Ingles, os textos contidos neste post (http://koluki.blogspot.com/2009/04/on-race-racism-in-cuba.html), sobre a historia das relacoes raciais e do racismo em Cuba ate’ aos dias de hoje – a qual, salvaguardadas algumas diferencas temporais, contextuais e de percurso, me parece conter grandes similaridades substantivas relativamente a experiencia verificada em Angola nesse dominio;

(Continua em comentario a seguir... parece que nunca consigo ser "tao breve quanto possivel" e isto nao aceita comentarios demasiado longos...)

Koluki said...

(...)

4. Quanto ao que refere sobre a “personalidade e conviccoes de terceiros”, eu serei a primeira, mesmo em consequencia dos ataques pessoais de que tenho sido alvo devido as minhas posicoes sobre essas questoes, a considera-las irrelevantes para a substancia do debate. Mas, como alias sublinho na nota ao texto, neste caso pretendi apenas sugerir que a origem geografica dos autores de certas ideias, no caso o Panafricanismo, nao e’ necessariamente relevante para a sua validade e/ou implementacao num outro contexto geografico, especialmente quando consideradas com alguma ponderacao as ideias em questao e a genealogia dos seus respectivos autores a luz da Historia – e devo dizer, ja’ agora, que tenho expressado em varias ocasioes neste blog as minhas relutancias em relacao ao Panafricanismo e explicado as minhas razoes para tal, que nada teem a haver com as suas origens…
Com tal mencao tambem pretendi, ate’ em beneficio do autor, demonstrar que o facto de ele nao ter nascido em Angola nao o torna necessariamente “nao angolano” ou “incapaz de falar com legitimidade sobre Angola ou a Angolanidade”, contrariamente ao que ele sugere ao mencionar a origem de Crummel e do Panafricanismo (e, ja’ agora, um aparte: sera’ que o “campeao’ actual do Panafricanismo, o ‘brother’ Khadafi da Libia, e todos os que o apoiam na chamada ‘Africa Negra’, a qual sempre fiz questao de designar em contraponto como ‘Africa Subsahariana’, como o ‘frere’ Wade do Senegal – contemporaneo, entre outros de Senghor, Fanon e do ‘irmao’ Mario Pinto de Andrade nos tempos do movimento da Negritude – veem a Africa como “a single continuum”, “ou seja como um continente racialmente negro”?
Impoe-se-me igualmente, neste contexto, esclarecer que, no ‘background’ das referencias pessoais que aqui faco estao tambem algumas ideias bastante circuladas por um outro autor (caso nao seja o mesmo, uma vez que este assina com um pseudonimo: Wa Zani), que num dos seus textos sobre a questao da raca e da sua mencao no BI em Angola, escreve algo como “para se perceber esta questao e’ preciso saber quem e’ que pergunta pela raca e porque que o faz”, o que me sugere que sera’ igualmente curial saber “quem e’ que nao quer que a raca seja mencionada e porque”…

AGRY said...

Que poderei eu acrescentar para além de reconhecer que estes últimos comentários enriqueceram e clarificaram alguns aspectos apontados na postagem?
Fui sempre muito mauzinho em línguas. De qualquer forma, tenho todo o interesse em ler (melhor) os links, é o que farei!
O meu blogue está povoado de postagens sobre este tema. Sugiro-lhe apenas 2 ligações, que resultaram, também, duma polémica sobre o racismo
http://agrywhite.blogspot.com/2007/11/sobre-os-racismos-parte-2.html

http://agrywhite.blogspot.com/2007/11/guerra-racismos-bons-maus-e-assim-assim.html

Koluki said...

Obrigada pelos links, Agry. Tenho pena de ter perdido na altura o interessante debate com o nosso "comum amigo virtual" J Francisco Saraiva de Sousa:

http://circulodesociologia.blogspot.com/2007/12/o-debate-crtico-e-seus-amigos.html

Tem graca que, por aqueles dias, eu tambem andava por aqui em debates muito relacionados com estas questoes:

http://koluki.blogspot.com/2007/11/african-intellectuals-in-belly-of-beast.html

Um abraco!

Koluki said...

Eis aqui um comentario em que me refiro ao "negro" Wa Zani (pode ser encontrado neste post: http://koluki.blogspot.com/2007/04/interesting-readings-for-social.html)

Saturday, September 08, 2007
Koluki said...
AC,

Para lhe ser perfeitamente honesta, acho que isso e’ pedir muito e preferiria nem sequer tocar nesse assunto, mas vindo o pedido de si nao me e’ facil lhe eskindivar…

Sim, tenho lido os ditos artigos (… ‘de opiniao’ e que serao tudo menos ‘cronicas’…) – felizmente vou tendo acesso um tanto previligiado a imprensa nacional, oficial ou nao, tanto online como atraves de exemplares que vou recebendo da banda p.m.p. ou por e-mail – e devo dizer-lhe que nunca li tanto dislate junto e por atacado, tanto ‘denialismo’, nem tanta desonestidade intelectual a mistura com as carradas de arrogancia ignorante com que alguns nos venhem habituando…

Mas, sinceramente, admiro a ‘coragem e atrevimento’ de quem ainda se dispoe a fazer o papel de ‘ideologo de servico’ nesta altura do campeonato em Angola e no mundo – parece que voltamos em forca ao famigerado tempo do “bater no ferro enquanto ainda esta’ quente”! Lembram-se?

Quanto a mim, tudo ali se resume a um conjunto de motivacoes muito simples e muito mal camufladas sob um pretenso intelectualismo rebuscado incoerente e incongruentemente em citacoes avulsas de autores mais ou menos conhecidos e baseado no mais arcaico aparato conceptual racista, do qual, apesar das aparentes intencoes, o autor manifestamente nao se consegue libertar; em suma, trata-se muito simplesmente de: VIRAR O BICO AO PREGO! Isto e’:

- Faco parte de uma minoria que sempre beneficiou do status quo racial antes e depois da independencia? Pois vou nega-lo atraves da negacao da existencia desse mesmo status quo, ou da minimizacao dos seus efeitos na sociedade ou, melhor ainda, quanto muito vou fazer-me passar por “vitima” dele…

- Nao faco a menor ideia das consequencias socio-economicas e culturais do racismo porque nunca fui por elas afectado? Pois vou negar a existencia desse tal racismo e imputar a culpa das tais consequencias as suas vitimas e, melhor ainda, faze-las passar por “perpetradores”…

- Nao me revejo numa qualquer identidade cultural e muito menos numa identidade cultural africana? Pois vou negar a sua existencia e, melhor ainda, afirmar despudoradamente que o que esta’ em causa nao e’ uma ou varias identidades culturais, mas sim uma “identidade racial” baseada na “melanina”…

- Eu, ou os meus amigos, fomos apanhados com a boca na botija praticando as formas mais descaradas de vulturismo cultural, racismo e elitismo? Vou nega-lo absolutamente e, melhor ainda, acusar quem nos ‘desmascarou’ de ser “racista” e “complexado”…

[Continua a seguir...]

Koluki said...

[...Continuacao]

Enfim, meu caro, dificilmente se encontrara’ em quaisquer anais literarios caso mais flagrante de esquizofrenia! Mas… e’ a “accao psicologica” no seu melhor! Afinal nao foi em vao que o regime colonial-fascista a praticou ‘a exaustao!

Felizmente, em relacao a todas essas questoes, tenho a alma limpa, a consciencia tranquila e “as costas largas”: nao precisaria sequer de usar como “bandeira”, como muita ‘boa gente’ o faz ‘a saciedade, a mesticagem racial existente na minha propria familia, comecando no meu filho, passando por alguns dos meus sobrinhos e acabando no meu cunhado branco louro de olhos azuis… ou os meus muitos amigos, tanto em Angola como fora dela, de todas as racas… ou a minha vasta experiencia de convivio cultural, academico e profissional com amigos e colegas de multiplas racas, identidades e nacionalidades em diversos paises e contextos culturais, sociais e economicos... ou o quanto sei, pelas mais diversas experiencias pessoais, do que estou a falar quando falo do racismo em Angola…

Basta-me dizer que ha’ anos venho estudando seriamente todas essas questoes e a unica coisa que vou aqui repetir, porque ja’ o disse e re-disse inumeras vezes neste blog em varios contextos e situacoes, tal como ha’ muito venho contestando o conceito de “crioulidade” e rebatendo alguns discursos nele baseados, e’ que: o conceito de raca e’ um constructo ideologico datado no tempo historico – no entanto, a pretensao de usar esse facto para o negar enquanto conceito operativo ao longo da historia das sociedades desde a sua criacao e, muito particularmente, para negar o racismo existente historicamente em Angola e as suas consequencias humanas, nao constitui apenas, a meu ver, pura desonestidade intelectual, mas chega a bordar a criminalidade!

E uma vez que tambem julgo saber que os tais artigos serao publicados em livro, o maximo que me permito aqui fazer como contribuicao para o seu sucesso e’ reeditar um post que ha’ tempos aqui publiquei com sugestoes de leitura para cientistas sociais, ou simplesmente para leitores leigos interessados (estao em Ingles, mas…), esperando que, caso o nosso “negro” (expressao que no mundo literario, especialmente no frances, designa alguem que escreve textos que outros assinam ou dos quais se fazem passar por autores…) nao leia apenas romances, novelas e contos (do vigario!), possa com eles “aprender a aprender; para saber, para saber-estar e para se saber situar”… antes de publicar.

Wa Zanuka!

Anonymous said...

Esse é o grupo KADA KUAL de carapicuiba formdo por brado anchieta e sosorngo !

desde 2007
agora em 2010 sai o cd do grupo ...

com algumas participações de outros grupos ...

aguardem 2010 ta chegando !

acessem
www.myspcace.com/kadakual
ou então youtube com ( kada kual coma musica mexe ) do grupo kada kual no dvd do ( ubc novos mc's lançado em 2009 por flap e angel )
VENDA em todas as lojas de cd's da gakeria 24 de maio.
adquira ja o seu !

kada kual agradece ..



( AGUARDEM ) .