Wednesday 31 March 2010

MARIA LUISA DOLBETH E COSTA E “O PORTUGUES K’ESTAMOS KUM ELE” (R)*

Se ha’ alguem a quem tenho que pedir desculpas pelos meus pontapes na lingua de Camoes, esse alguem e’ a Professora Maria Luisa Dolbeth e Costa. Ela foi minha professora de Portugues, ainda no tempo colonial, no entao Liceu Feminino D. Guiomar de Lencastre, hoje Nzinga Mbandi, em Luanda. Mas nao e’ para falar dela, ou de mim, que aqui trago a entrevista que ela concedeu recentemente ao Jornal de Angola sobre o Acordo Ortografico da Lingua Portuguesa.
Ou melhor, sobre ela nao posso deixar de dizer o seguinte: num liceu de esmagadora maioria de alunas brancas e de professoras todas brancas, ela apareceu-nos naqueles tempos, pelo menos a mim, salvaguardadas as devidas distancias e proporcoes, como uma especie de Barack Obama...

“Eu gosto de grafar maka com k, para distinguir do vocábulo maca com "c", que nos remete para um instrumento hospitalar. Eu diria, então, que esta maka, com "k", neologismo nosso, deveria ser melhor discutida e reflectida no nosso caso, não apenas por razões económicas.”


"Acordo ortográfico, tudo bem, mas para nos unir na diferença"

A pessoa com quem falámos tem um alto nível de competência técnica para falar, como peixe na água, da Língua Portuguesa, num português fluente. Linguista de formação, a angolana Maria Luísa Dolbeth e Costa dá aulas de português há 36 anos. Antiga aluna de Lindley Cintra, co-autora da Nova Gramática do Português Contemporâneo, Maria Luísa Dolbeth e Costa foi procurada pelo Vida Cultural para uma abordagem à volta do polémico, como ela também considerou, Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A entrevistada, pessoa de trato fácil, oferece, ao longo da entrevista, subsídios interessantes sobre o Acordo Ortográfico, sobre o qual afirma, peremptoriamente: "não concordo é com este Acordo nos termos em que ele está feito, porque me permite abrir espaço para dúvidas sobre o grau de subjectividade que terá dominado muitas das suas decisões".

[Aqui]
*(First posted 07/09/08)
Se ha’ alguem a quem tenho que pedir desculpas pelos meus pontapes na lingua de Camoes, esse alguem e’ a Professora Maria Luisa Dolbeth e Costa. Ela foi minha professora de Portugues, ainda no tempo colonial, no entao Liceu Feminino D. Guiomar de Lencastre, hoje Nzinga Mbandi, em Luanda. Mas nao e’ para falar dela, ou de mim, que aqui trago a entrevista que ela concedeu recentemente ao Jornal de Angola sobre o Acordo Ortografico da Lingua Portuguesa.
Ou melhor, sobre ela nao posso deixar de dizer o seguinte: num liceu de esmagadora maioria de alunas brancas e de professoras todas brancas, ela apareceu-nos naqueles tempos, pelo menos a mim, salvaguardadas as devidas distancias e proporcoes, como uma especie de Barack Obama...

“Eu gosto de grafar maka com k, para distinguir do vocábulo maca com "c", que nos remete para um instrumento hospitalar. Eu diria, então, que esta maka, com "k", neologismo nosso, deveria ser melhor discutida e reflectida no nosso caso, não apenas por razões económicas.”


"Acordo ortográfico, tudo bem, mas para nos unir na diferença"

A pessoa com quem falámos tem um alto nível de competência técnica para falar, como peixe na água, da Língua Portuguesa, num português fluente. Linguista de formação, a angolana Maria Luísa Dolbeth e Costa dá aulas de português há 36 anos. Antiga aluna de Lindley Cintra, co-autora da Nova Gramática do Português Contemporâneo, Maria Luísa Dolbeth e Costa foi procurada pelo Vida Cultural para uma abordagem à volta do polémico, como ela também considerou, Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A entrevistada, pessoa de trato fácil, oferece, ao longo da entrevista, subsídios interessantes sobre o Acordo Ortográfico, sobre o qual afirma, peremptoriamente: "não concordo é com este Acordo nos termos em que ele está feito, porque me permite abrir espaço para dúvidas sobre o grau de subjectividade que terá dominado muitas das suas decisões".

[Aqui]
*(First posted 07/09/08)

7 comments:

KImdaMagna said...

Saudações!!!

Tentei aceder à entrevista mas dá sempre erro.
Estou vivamente interesado em ler
a opinião da Professora Dolbeth.


xaxuaxo

Koluki said...

Ola' Kim, tudo bem?
Parece haver de facto um problema de acesso ao acrobat, que ainda nao consegui identificar.
Mas acabo de colocar a entrevista no google - pode tentar o link e espero que nao haja problemas.
Entretanto, tambem tentei encontra-la no Jornal de Angola, mas por qualquer razao nao a encontrei la'. Mas encontrei la' este artigo, datado de 05/05/2008:

Manifesto contra Acordo Ortográfico circula desde sexta-feira na Internet

Um Manifesto/Petição contra o Acordo Ortográfico circula desde sexta-feira on-line, assinado por 19 personalidades ligadas à cultura, política e economia, que acusam esta reforma da maneira de escre-ver de ser “mal concebida”, “des- conchavada”, “perniciosa” e “desnecessária”.
Os signatários sustentam que o Acordo Ortográfico “não tem condições” para servir de base a qualquer proposta normativa.
Descrevem-no como uma “reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor e nas suas pres- crições atentatória da defesa da Língua” e do modelo de cultura português.
“Reforma não só desnecessária, mas perniciosa e de custos financeiros não calculados”, afirmam. Os signatários criticam o “chamado” Acordo Ortográfico pelas suas “imprecisões”, “erros” e “ambigui- dades”.
Contestam o carácter “facultativo” que o texto do Acordo prevê para numerosos casos, considerando que assim fomenta a “confusão”.
Exortam a que se estabeleçam “regras claras” para a integração das palavras de outras línguas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, de Timor-Leste e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia de Língua Portuguesa.
Defendem que a transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao Português se façam segundo as normas científicas internacionais, citando como exemplo o caso do árabe.
Os signatários assinalam neste Manifesto/Petição o “aviltamento inaceitável” a que chegou o uso oral e escrito da Língua Portuguesa, considerando que esta degradação “fere irremediavelmente” a identidade multissecular de Portugal e o seu riquíssimo legado civilizacional que urge transmitir aos vindouros."

So' que nao ha' qualquer mencao ao endereco internet em que essa peticao se encontra. Se o Kim, ou algum outro leitor, souber, agradecia a informacao.

Xaxuaxo!

KImdaMagna said...

Amiga do peito.
Tudo em ordem.
Obrigado.

xaxuaxo

Anonymous said...

Boa noite. Chamo-me Maria do Céu Neves e ando sempre pela net a cuscar assuntos relacionados com o nosso liceu. Gostei de ler sobre a professora Luísa mas lembro-me que ainda no tempo colonial, havia uma professora mestiça a Dra Lígia que era de inglês. Naqueles tempos era natural que quase todas as professoras fossem brancas mas algumas até eram de Angola e excelentes mestras. também lá havia umas horrorosas é verdade! Logo logo a seguir à independência havia a professora Gracelinda também de inglês e também mestiça, na altura em que apareceu a professora Luisa Dolbeth e Costa.
Vivo agora em Portugal. Como estará o nosso liceu agora? tanta coisa mudou...
um abraço
Céu

Koluki said...

Ola' Ceu,

Seja benvinda a este espaco e obrigada por me reavivar a memoria em relacao a algumas pessoas e nomes.
Mas, passados tantos anos, e' natural que a nossa memoria seja mais viva em relacao a umas do que a outras - seja porque umas, tendo sido professoras no liceu, nao foram pessoalmente nossas professoras; seja porque umas ficaram em Angola no pos-independencia e outras nao.
E mesmo entre as que ficaram, com umas mantivemos contacto e com outras nao, pelas mais diversas razoes.
No caso da prof. Dolbeth e Costa, embora tb. nao a veja ou tenha contacto com ela ha' varios anos, mantivemos uma relacao amigavel ao londo dos anos em que, curiosamente, nunca falamos dos tempos do Liceu e ocasioes houve em que dir-se-ia que nos tinhamos ambas esquecido de que foramos professora e aluna... mas como fica aqui patente, eu nunca me esqueci!
Mas o nosso liceu la' anda, infelizmente como um esqueleto e uma sombra de si proprio...
Por tudo isso, seria bom que se fizesse algo para reavivar as nossas, naturalmente diferenciadas (por isso usei o 'pelo menos a mim' em relacao a prof. Dolbeth e Costa), memorias, como o fizeram recentemente os do Salvador Correia com o seu livro "Viva a Malta do Liceu!"

De qualquer modo, eu ja' falei neste blog um pouco do nosso, embora num contexto algo conturbado e em resposta a algumas "outras memorias", aqui:

http://koluki.blogspot.com/2007/10/o-meu-liceu.html

Anonymous said...

Muito obrigada pelo link pra o nosso liceu. Li e... enfim, os tempos mudam. também acho que se poderia fazer algo oomo o que fez a malta do Salvador Correia. Quem sabe um dia?
Receba um abraço da Céu

Koluki said...

E', quem sabe um dia?
Mas alguem, por algum lado, vai ter que comecar....

Um abraco para si tambem.