Saturday 3 April 2010
Curiosidades… (2)
Sabia que?...
- O Banco Mundial acaba de fazer esta descoberta estonteante:
“De acordo com uma fonte do Banco Mundial, o mesmo kikongo que é falado como língua materna por 15 por cento da população angolana, é também falado por 52% da população da República do Congo e por 12 por cento de cidadãos da República Democrática do Congo. O mesmo suahili que na República Democrática do Congo é falado por 36 por cento da sua população é também falado por seis por cento de tanzanianos, dez por cento de ruandeses, cinco por cento de quenianos e por uma percentagem desconhecida de ugandeses. Estamos, neste caso, perante falantes de nacionalidades diferentes, que usam para comunicar um mesmo idioma.”
Aparentemente, antes dessa fabulosa descoberta, nem o BM nem ninguem no mundo havia ouvido falar de uma certa “Conferencia de Berlim” e de algo que ficou conhecido como o “Mapa Cor de Rosa” e a “Partilha de Africa”…
- Entretanto, a Uniao Europeia esta’ em vias de adoptar o Kimbundu (e talvez tambem algumas outras linguas Africanas) como uma lingua tao Europeia como todas as outras que se falam no seu espaco geografico. Porque? Duas ordens de razoes:
1. Porque “(um) levantamento revelava a existência de um total de 27 vocábulos de origem negro-africana de uso corrente em Portugal” e “a continuação das pesquisas, principalmente no Brasil, descortinou a existência de mais de 350 palavras de origem negro africana, sendo algumas delas também usadas em Portugal”, sendo que “outros estudos, permitiram triplicar a primeira lista dos vocábulos portugueses com origem no nosso continente”;
2. Em contrapartida pelo facto de, pelas razoes acima, “tal como todas as línguas de origem africana faladas, aqui, no nosso país, a língua portuguesa, independentemente da sua origem, é também nossa.”
E como sei de tudo isso? Porque li isto!
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4 comments:
De acordo com uma fonte do Banco Mundial, o mesmo kikongo que é falado como língua materna por 15 por cento da população angolana, é também falado por 52% da população da República do Congo e por 12 por cento de cidadãos da República Democrática do Congo.
Cara Koluki,
Essa percentagem de "kikongofalantes" no Congo e na RDC só fará sentido se considerarmos o somatório dos que falam kikongo propriamente dito e dos que falam lingala. Só por si, o lingala é falado por uma percentagem muito significativa de congoleses (de ambos os Congos), como sabe. Mas poderá o lingala ser considerado uma variante do kikongo? O Ethnologue (http://www.ethnologue.com) não é dessa opinião e, a mim, também nunca me constou tal coisa. Mas eu não sou entendido no assunto e o Ethnologue também não é a Bíblia.
O mesmo suahili que na República Democrática do Congo é falado por 36 por cento da sua população é também falado por seis por cento de tanzanianos, dez por cento de ruandeses, cinco por cento de quenianos e por uma percentagem desconhecida de ugandeses.
O suahili também é falado em Moçambique, nomeadamente nas zonas costeiras do norte.
Um abraço
P.S- - Gostei muito de (re)ouvir a "Ressurreição" de Elias dia Kimuezu. Ele é sem dúvida um dos melhores cantores e autores que Angola já teve.
Caro Denudado,
Ainda nao pude consultar o 'Ethnologue', mas entretanto aqui ficam mais algumas fontes de consulta que podem ajudar a esclarecer melhor os dados:
http://en.wikipedia.org/wiki/Swahili_language
http://en.wikipedia.org/wiki/Kongo_language
http://en.wikipedia.org/wiki/Lingala_language
Ha tambem este extracto do tal texto que mencionei no seu blog:
Leopold quickly abolished slavery across as much of the territory as he could, but instead of sending the newly freed men back where they came from, he put them to work on the railroad. The railroad was built using manual labour drawn in from all parts of the Congo and this influx of new people into the lower Congo had linguistic consequences. The Kikongo language - the dominant tongue of the old Kongo state and still the main language in the area - is a tonal language, as are many Bantu languages. The railroad workers and the white administrators brought in to oversee the project were mostly unable to speak it. A sort of pidgin Kikongo developed, dropping the tones and much of the complicated morphology of Kikongo. In the past, this language was known as "simplified Kongo" or as "rockbreaker Kongo" - a reference to its roots among the railway workers. Nowadays, it is called Kituba in Congo-Kinshasa and Munukutuba in Congo-Brazzaville. Kituba is the main vehicular language in the lower Congo on both banks of the river and in Bandundu province. It now has official language status in both Congo-Kinshasa and Congo-Brazzaville.
A Congolese student in one of my classes here in Belgium tells me that in recent years, it has lost some ground. Kituba is increasingly a language of older people in Bandundu, as young people in Congo-Kinshasa prefer Lingala or French. On the other side of the river, the Lâri dialect of Kikongo is growing in prestige and replacing the vehicular language in many areas, in part because it is associated with the opposition in Congo-Brazzaville, but also because there is a great deal of popular music produced in Lâri Kikongo. Where French has always prided itself on its written literature, in Africa a language is considered culturally important because of the music made with it.
Kituba/Munukutuba currently has some five or six million speakers in both Congos, and may be comprehensible to millions of Kikongo speakers in Angola. This phenomenon of vehicular languages is not unique to Africa, but it has become quite important there.
[in http://fistfulofeuros.net/pedantry/archives/000402.html]
Cara Koluki,
Muito obrigado pelos links. Tenho que arranjar algum tempo para olhar para eles com mais cuidado.
No que diz respeito ao kikongo simplificado, chamado kituba ou munukutuba, que é referido na citação, ele poderá ainda ter uma importância grande na República Democrática do Congo, mas esta importância tenderá a ser sobretudo histórica, face ao predomínio avassalador do lingala, sobretudo do lingala fortemente influenciado pelo francês que é falado em Kinshasa.
Por aquilo que me foi possível avaliar pessoalmente, o lingala é, de muito longe, o idioma mais falado na região de Mbanza Ngungu, que se estende desde a província angolana do Uíge até Kinshasa. Eu atrever-me-ia mesmo a dizer que o lingala é a língua mais falada, também, em toda a restante província do Baixo Congo.
Não é de admirar que assim seja, se nos lembrarmos que Kinshasa é uma cidade de 10 milhões de habitantes, pelo menos. A importância cultural, demográfica e social da cidade de Kinshasa é de tal ordem que podemos dizer, sem receio de errar, que ela é a verdadeira capital de toda a África Central. A sua área de influência excede em muito as fronteiras da República Democrática do Congo, que por si só já é um país imenso, e estende-se à República do Congo, Gabão, Camarões, República Centro-Africana, etc. A sua área de influência cultural estende-se também ao norte de Angola. Aposto que em Mbanza Congo ou em Maquela do Zombo, por exemplo, se dança muito mais o soukous do que o kizomba ou o kuduro. Já em tempos idos se dançava muito mais a rumba congolesa do que o semba.
Não se pense, contudo, que poderemos pôr em questão o patriotismo dos angolanos do Zaire ou do Uíge. Não podemos. Os bakongos de Angola são angolanos e orgulham-se muito disso. Pelo menos orgulhavam-se, como eu próprio testemunhei.
Caro Denudado (se nao se importa continuarei a trata-lo assim, pelo menos ate' me habituar ao Fernando Ribeiro...),
Obrigada por mais essa contribuicao. Na verdade, depois de o ter lido, o tal texto sobre o Lingala que tinha em mente nao era esse - mas tambem ainda nao o encontrei.
"A sua área de influência cultural estende-se também ao norte de Angola. Aposto que em Mbanza Congo ou em Maquela do Zombo, por exemplo, se dança muito mais o soukous do que o kizomba ou o kuduro. Já em tempos idos se dançava muito mais a rumba congolesa do que o semba."
Eu diria que a sua area de influencia cultural estende-se tambem ao norte e centro de Angola, incluindo a Luanda, onde tambem se fala Lingala em bairros inteiros que foram contruidos pelos chamados "regressados" do Zaire no pos-independencia...
"Não se pense, contudo, que poderemos pôr em questão o patriotismo dos angolanos do Zaire ou do Uíge. Não podemos. Os bakongos de Angola são angolanos e orgulham-se muito disso. Pelo menos orgulhavam-se, como eu próprio testemunhei."
Meu caro amigo: a menos que a "Nacao Bakongo" decida "excomungar-me" como parecem pretender fazer algumas franjas da "Nacao Angolana", eu tambem sou Bakongo e orgulho-me de ser Angolana!
Quanto ao soukous e a rumba congolesa, apenas lhe digo que foi na Damba-Uige, nos meus tempos de miuda, que as aprendi a dancar...
E, engracado, ja' ha' algumas semanas que tenho quase pronto um post sobre a influencia dos ritmos Bakongo na musica angolana, que um dia destes irei postar no Kongo Blues.
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