Friday 30 April 2010

Memorandum [de (des)Entendimento] … I


Nao, nao acabei “aquele” curso em Portugal; deixei 2 ou 3 cadeiras por completar...

Mas acontece que “aquele” meu curso era de 5 anos, prefazendo um total de mais de 25 cadeiras, sendo que nos anos seguintes ao meu “abandono” passou a ser de 4 anos e apenas cerca de 20 cadeiras. Portanto, sai dali com mais cadeiras feitas do que os licenciados posteriores. E das que fiz sai com media de 13/14 valores, tendo-as feito nos cinco anos de duracao normal do curso: i.e., tendo-o comecado em 85/86, em 90/91 eu era finalista – tanto assim que foi por se-lo que fui convidada por uma Universidade Alema para uma visita de estudo com finalistas seus aos EUA e me foi facultada a possibilidade de fazer o estagio que menciono no comentario a este post ...

Sera’ igualmente de notar, en passant, que nenhum dos estudantes angolanos do meu tempo acabou “aquele” curso, sendo que uns desistiram no segundo ou terceiro anos, tendo alguns mudado para cursos “mais faceis”...


Porem:

- nao me tivessem obrigado a ficar na direccao da uniao de estudantes assim que la’ cheguei – ao servico da qual perdi noites e fins de semana sem conta, apenas em troca de uma serie de aborrecimentos, contratempos e os mais diversos ataques pessoais (incluindo ameacas de morte!), apenas por defender principios e praticas que entendia serem correctos e fazerem sentido, nomeadamente a independencia da uniao de estudantes em relacao as estruturas juvenis do partido...

- nao me tivessem obrigado a participar noutras actividades da embaixada, sem qualquer compensacao, incluindo acompanhar o adido comercial a conferencias para lhe escrever os relatorios...

- nao me tivessem comecado a perseguir das mais diversas formas quando decidi dedicar-me exclusivamente aos meus estudos e ao meu filho...

- nao me tivessem abruptamente feito sair, sem justa causa (muito antes pelo contrario!), de uma “certa casa” em pleno inverno, deixando-me a mim e ao meu filho sem um teto durante meses, numa cidade em que era virtualmente impossivel alugar-se uma casa quando se era mulher, negra, estudante bolseira e mae solteira...

- tivessem-me alguma vez dado os balurdios, cartoes de credito e outras facilidades e mordomias que davam aos “filhos e filhas legitimos da patria”...

- nao me tivessem a partir de certa altura praticamente cortado a misera bolsa, obrigando-me a ter que recorrer a emprestimos e a trabalhar e estudar ao mesmo tempo (... talvez me devesse entao ter dedicado a prostituicao e assim ficava com “a fama e o proveito”!...) e, ocasionalmente, a alugar um dos quartos da minha casa, incluindo a um certo pos-graduando angolano para quem tambem batia a maquina e corrigia os seus trabalhos de curso, nos quais ele me pedia para incluir paginas inteiras de livros sem qualquer referencia a fonte – i.e., por forca das circunstancias, ate’ cumplice de plagios me obrigaram a ser...

- nao tivessem intensificado a perseguicao desde que fui aos EUA e depois que me meti em varias actividades civicas pela paz e a democracia em Angola, tendo inclusive a partir de certa altura me sido impedida a entrada na “nossa” embaixada em Portugal...

... E certamente me teriam facultado as necessarias paz de espirito, seguranca e estabilidade material, emocional e psicologica e poupado uma serie de situacoes de desespero e periodos de depressao que me impediam de me concentrar devidamente nos estudos – periodos que, acumulados, acabaram por culminar no completo esgotamento com que fui transportada de emergencia para Londres.... – e eu teria acabado “aquele” curso e, muito provavelmente, com uma media superior aos ditos 13/14 valores... E, em vez de ter que reciclar toda a formacao que tinha feito em Portugal, teria ocupado aquele tempo e recursos financeiros pessoais para fazer um PhD na Inglaterra.


De qualquer modo, na Inglaterra, voltei a fazer de novo, totalmente a minha custa (!), um outro curso de Economia (uma vez que nao me foi dada equivalencia as cadeiras que tinha feito em Portugal...) e um mestrado, o que tudo somado (mesmo descontando os 3 anos que fiz na UAN e os varios cursos tecnicos e estagios profissionais que fiz em Angola, Portugal, UK, Botswana e Africa do Sul – isto sem mencionar a experiencia profissional que acumulei em todos esses e outros paises) mais do que me habilita como Economista!

Serve este memorandum apenas para esclarecer algumas “duvidas” que parecem pulular algures e que por vezes me sao confidenciadas por um certo vento que passa... de quem, de resto, nao tenho quaisquer licoes a receber, e muito menos de Economia!

... o dia em que "me mestrei em imitacao"

e entrei para a "academia em que se passam falsos diplomas"...




Nao, nao acabei “aquele” curso em Portugal; deixei 2 ou 3 cadeiras por completar...

Mas acontece que “aquele” meu curso era de 5 anos, prefazendo um total de mais de 25 cadeiras, sendo que nos anos seguintes ao meu “abandono” passou a ser de 4 anos e apenas cerca de 20 cadeiras. Portanto, sai dali com mais cadeiras feitas do que os licenciados posteriores. E das que fiz sai com media de 13/14 valores, tendo-as feito nos cinco anos de duracao normal do curso: i.e., tendo-o comecado em 85/86, em 90/91 eu era finalista – tanto assim que foi por se-lo que fui convidada por uma Universidade Alema para uma visita de estudo com finalistas seus aos EUA e me foi facultada a possibilidade de fazer o estagio que menciono no comentario a
este post ...

Sera’ igualmente de notar, en passant, que nenhum dos estudantes angolanos do meu tempo acabou “aquele” curso, sendo que uns desistiram no segundo ou terceiro anos, tendo alguns mudado para cursos “mais faceis”...


Porem:

- nao me tivessem obrigado a ficar na direccao da uniao de estudantes assim que la’ cheguei – ao servico da qual perdi noites e fins de semana sem conta, apenas em troca de uma serie de aborrecimentos, contratempos e os mais diversos ataques pessoais (incluindo ameacas de morte!), apenas por defender principios e praticas que entendia serem correctos e fazerem sentido, nomeadamente a independencia da uniao de estudantes em relacao as estruturas juvenis do partido...

- nao me tivessem obrigado a participar noutras actividades da embaixada, sem qualquer compensacao, incluindo acompanhar o adido comercial a conferencias para lhe escrever os relatorios...

- nao me tivessem comecado a perseguir das mais diversas formas quando decidi dedicar-me exclusivamente aos meus estudos e ao meu filho...

- nao me tivessem abruptamente feito sair, sem justa causa (muito antes pelo contrario!), de uma “certa casa” em pleno inverno, deixando-me a mim e ao meu filho sem um teto durante meses, numa cidade em que era virtualmente impossivel alugar-se uma casa quando se era mulher, negra, estudante bolseira e mae solteira...

- tivessem-me alguma vez dado os balurdios, cartoes de credito e outras facilidades e mordomias que davam aos “filhos e filhas legitimos da patria”...

- nao me tivessem a partir de certa altura praticamente cortado a misera bolsa, obrigando-me a ter que recorrer a emprestimos e a trabalhar e estudar ao mesmo tempo (... talvez me devesse entao ter dedicado a prostituicao e assim ficava com “a fama e o proveito”!...) e, ocasionalmente, a alugar um dos quartos da minha casa, incluindo a um certo pos-graduando angolano para quem tambem batia a maquina e corrigia os seus trabalhos de curso, nos quais ele me pedia para incluir paginas inteiras de livros sem qualquer referencia a fonte – i.e., por forca das circunstancias, ate’ cumplice de plagios me obrigaram a ser...

- nao tivessem intensificado a perseguicao desde que fui aos EUA e depois que me meti em varias actividades civicas pela paz e a democracia em Angola, tendo inclusive a partir de certa altura me sido impedida a entrada na “nossa” embaixada em Portugal...

... E certamente me teriam facultado as necessarias paz de espirito, seguranca e estabilidade material, emocional e psicologica e poupado uma serie de situacoes de desespero e periodos de depressao que me impediam de me concentrar devidamente nos estudos – periodos que, acumulados, acabaram por culminar no completo esgotamento com que fui transportada de emergencia para Londres.... – e eu teria acabado “aquele” curso e, muito provavelmente, com uma media superior aos ditos 13/14 valores... E, em vez de ter que reciclar toda a formacao que tinha feito em Portugal, teria ocupado aquele tempo e recursos financeiros pessoais para fazer um PhD na Inglaterra.


De qualquer modo, na Inglaterra, voltei a fazer de novo, totalmente a minha custa (!), um outro curso de Economia (uma vez que nao me foi dada equivalencia as cadeiras que tinha feito em Portugal...) e um mestrado, o que tudo somado (mesmo descontando os 3 anos que fiz na UAN e os varios cursos tecnicos e estagios profissionais que fiz em Angola, Portugal, UK, Botswana e Africa do Sul – isto sem mencionar a experiencia profissional que acumulei em todos esses e outros paises) mais do que me habilita como Economista!

Serve este memorandum apenas para esclarecer algumas “duvidas” que parecem pulular algures e que por vezes me sao confidenciadas por um certo vento que passa... de quem, de resto, nao tenho quaisquer licoes a receber, e muito menos de Economia!

... o dia em que "me mestrei em imitacao"

e entrei para a "academia em que se passam falsos diplomas"...



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