Monday, 19 May 2008

ECOS DA IMPRENSA ANGOLANA (11)

O rescaldo da III Conferencia Nacional do MPLA ocupou consideravel espaco em praticamente todos os jornais, com destaque para uma ‘grande reportagem’ no SA

…e tempo de varios “fazedores de opiniao”, entre politicos, colunistas e activistas civicos (e.g. Eunice Van-Dunem no A Capital, Fernando Pacheco no Novo Jornal e Ismael Mateus no Cruzeiro do Sul).

Mas, o que talvez tenha sido o “sub-produto” mais marcante daquele conclave foram as explosivas declaracoes do ex-bastonario da Ordem dos Advogados de Angola, Raul Araujo, que, a proposito do discurso de abertura de Jose’ Eduardo dos Santos, segundo o qual ha’ “necessidade de haver reformas profundas no sistema judicial angolano, devido a uma crise que o descredibiliza”, afirmou:

«Sei que os meus colegas da justiça podem não gostar disso, mas hoje temos situações em que as decisões são feitas por pagamentos. Quer dizer, uma das partes compra o juiz para dar uma determinada sentença». «Há dias tomei conhecimento de um caso que, a ser verdade, é gravíssimo: que há colegas advogados que contratam juízes como seus consultores e que depois, num processo, o juiz da causa é o consultor do processo e dá assessoria jurídica ao advogado como conduzir o processo. Isto é grave do ponto de vista deontológico».
«Se nós hoje virmos os contratos internacionais (aqui no país), todos eles baseiam-se numa cláusula que é a seguinte: em caso de litígio os processos não são resolvidos em Angola, vão todos para a resolução pela via da arbitragem internacional. Porquê? Porque os investidores não confiam na justiça em Angola. Os próprios nacionais hoje também estão a ir cada vez mais para as cláusulas de arbitragem porque não confiam no funcionamento da justiça em Angola».
[Aqui]

Varias reaccoes as acusacoes de Raul Araujo foram ja’ registadas, das quais destaco as de Imaculada Melo, que, em “A dimensao democratica da nossa hipocrisia”, sobrepoe a analise da questao as igualmente contenciosas declaracoes de Bob Geldof recentemente em Lisboa:

Julgo que é neste contexto, e não dentro dos marcos do colonialismo que pelos vistos deixou feridas incuráveis mais profundas do que o imaginável no "complexo do colonizado", que o músico irlandês Bob Geldof, no decorrer da gala promovida recentemente em Lisboa pelo semanário "Expresso" e pelo grupo do Banco Espírito Santo, se julgou no direito de tecer considerações sobre a situação em Angola a título de exemplo, por acaso pertinente, na medida que é em Angola onde se compram casas mais caras que as do bairro mais luxuoso de Londres; onde ter uma fortuna avaliada em cinco milhões de dólares já não é significativo; onde uns sendo apenas funcionários públicos se tornaram "milionários". Em contrapartida continuam- se a mobilizar doadores internacionais e os índices de pobreza aparecem entre os piores do mundo.
(…)
Afinal a justiça no nosso país vai muito mal, constata-se agora em tempo de eleições. Mas sempre esteve, apesar de ser uma questão de Estado. Esta é a minha opinião que manifestei aos órgãos competentes deste país, denunciei situações impensáveis, inadmissíveis e surrealistas que ocorriam e que mais do que uma falta de aptidão demonstravam e indiciavam um estado de perversão em que a própria justiça tinha caído logo fazendo com que o país estivesse em estado de perigo que conduziria certamente á anomia. Mas fui mal entendida e propositadamente mal interpretada até mesmo pelos próprios colegas da direcção da Ordem dos Advogados de Angola à qual já pertenci e não raras vezes até por amigas pessoais. Hoje aqui ao constatar tão profunda denúncia e preocupação de quem de direito, não posso deixar de proclamar o meu direito de denúncia independentemente da minha opção partidária, porque não é exclusivo de ninguém em particular, antes pelo contrário, é uma manifestação de consciência que assiste a todo o cidadão angolano.
[Aqui]


No Novo Jornal, uma entrevista com Antonio Ole:

Tenho uma exposição em Paris no final do ano, outra para Novembro, em Nova Orleãs, Estados Unidos da América. Faço uma individual, agora em Maio, no Centro Cultural Elinga Teatro. Além destas, estou a preparar um grande projecto que consiste na exposição de algumas das minhas fotografias desde os anos em que comecei a fotografar até a data presente. É um projecto que gostaria de ver concretizado talvez não este ano, porque envolve uma preparação muito séria, para se apresentar um bom trabalho. Penso fazer uma exposição itinerante, que começaria em Luanda, depois passar por São Paulo, Bahia e Lisboa. Tenho um outro convite feito pelos ingleses, que vivem no Algarve, para expor no Centro Cultural de Lagos, em Portugal.

[Aqui]
O rescaldo da III Conferencia Nacional do MPLA ocupou consideravel espaco em praticamente todos os jornais, com destaque para uma ‘grande reportagem’ no SA

…e tempo de varios “fazedores de opiniao”, entre politicos, colunistas e activistas civicos (e.g. Eunice Van-Dunem no A Capital, Fernando Pacheco no Novo Jornal e Ismael Mateus no Cruzeiro do Sul).

Mas, o que talvez tenha sido o “sub-produto” mais marcante daquele conclave foram as explosivas declaracoes do ex-bastonario da Ordem dos Advogados de Angola, Raul Araujo, que, a proposito do discurso de abertura de Jose’ Eduardo dos Santos, segundo o qual ha’ “necessidade de haver reformas profundas no sistema judicial angolano, devido a uma crise que o descredibiliza”, afirmou:

«Sei que os meus colegas da justiça podem não gostar disso, mas hoje temos situações em que as decisões são feitas por pagamentos. Quer dizer, uma das partes compra o juiz para dar uma determinada sentença». «Há dias tomei conhecimento de um caso que, a ser verdade, é gravíssimo: que há colegas advogados que contratam juízes como seus consultores e que depois, num processo, o juiz da causa é o consultor do processo e dá assessoria jurídica ao advogado como conduzir o processo. Isto é grave do ponto de vista deontológico».
«Se nós hoje virmos os contratos internacionais (aqui no país), todos eles baseiam-se numa cláusula que é a seguinte: em caso de litígio os processos não são resolvidos em Angola, vão todos para a resolução pela via da arbitragem internacional. Porquê? Porque os investidores não confiam na justiça em Angola. Os próprios nacionais hoje também estão a ir cada vez mais para as cláusulas de arbitragem porque não confiam no funcionamento da justiça em Angola».
[Aqui]

Varias reaccoes as acusacoes de Raul Araujo foram ja’ registadas, das quais destaco as de Imaculada Melo, que, em “A dimensao democratica da nossa hipocrisia”, sobrepoe a analise da questao as igualmente contenciosas declaracoes de Bob Geldof recentemente em Lisboa:

Julgo que é neste contexto, e não dentro dos marcos do colonialismo que pelos vistos deixou feridas incuráveis mais profundas do que o imaginável no "complexo do colonizado", que o músico irlandês Bob Geldof, no decorrer da gala promovida recentemente em Lisboa pelo semanário "Expresso" e pelo grupo do Banco Espírito Santo, se julgou no direito de tecer considerações sobre a situação em Angola a título de exemplo, por acaso pertinente, na medida que é em Angola onde se compram casas mais caras que as do bairro mais luxuoso de Londres; onde ter uma fortuna avaliada em cinco milhões de dólares já não é significativo; onde uns sendo apenas funcionários públicos se tornaram "milionários". Em contrapartida continuam- se a mobilizar doadores internacionais e os índices de pobreza aparecem entre os piores do mundo.
(…)
Afinal a justiça no nosso país vai muito mal, constata-se agora em tempo de eleições. Mas sempre esteve, apesar de ser uma questão de Estado. Esta é a minha opinião que manifestei aos órgãos competentes deste país, denunciei situações impensáveis, inadmissíveis e surrealistas que ocorriam e que mais do que uma falta de aptidão demonstravam e indiciavam um estado de perversão em que a própria justiça tinha caído logo fazendo com que o país estivesse em estado de perigo que conduziria certamente á anomia. Mas fui mal entendida e propositadamente mal interpretada até mesmo pelos próprios colegas da direcção da Ordem dos Advogados de Angola à qual já pertenci e não raras vezes até por amigas pessoais. Hoje aqui ao constatar tão profunda denúncia e preocupação de quem de direito, não posso deixar de proclamar o meu direito de denúncia independentemente da minha opção partidária, porque não é exclusivo de ninguém em particular, antes pelo contrário, é uma manifestação de consciência que assiste a todo o cidadão angolano.
[Aqui]


No Novo Jornal, uma entrevista com Antonio Ole:

Tenho uma exposição em Paris no final do ano, outra para Novembro, em Nova Orleãs, Estados Unidos da América. Faço uma individual, agora em Maio, no Centro Cultural Elinga Teatro. Além destas, estou a preparar um grande projecto que consiste na exposição de algumas das minhas fotografias desde os anos em que comecei a fotografar até a data presente. É um projecto que gostaria de ver concretizado talvez não este ano, porque envolve uma preparação muito séria, para se apresentar um bom trabalho. Penso fazer uma exposição itinerante, que começaria em Luanda, depois passar por São Paulo, Bahia e Lisboa. Tenho um outro convite feito pelos ingleses, que vivem no Algarve, para expor no Centro Cultural de Lagos, em Portugal.

[Aqui]

4 comments:

Koluki said...
This comment has been removed by the author.
umBhalane said...

Bom artigo do Maio68.

Giro ver a evolução das pessoas, e suas memórias.

Fez-se História.

Conquistou-se.

Koluki said...

Absolutamente umBhalane!

Koluki said...

Ja' agora, ate' porque e' a primeira vez que passo aqui musica rock, um pouco sobre 'My Generation' dos Who (desculpem-me, mas nao encontrei fonte em Portugues):

"My Generation" (help•info) was one of the biggest early hits of the British rock group The Who, and quickly became one of their most recognizable songs. It has entered the rock and roll pantheon as one of the most celebrated, cited, and referenced songs in the idiom; it was named the 11th greatest song by Rolling Stone on their list of the 500 Greatest Songs of All Time and 13th on VH1's list of the 100 Greatest Songs of Rock & Roll,[1]. It's also part of The Rock and Roll Hall of Fame's 500 Songs that Shaped Rock and Roll. Written by Pete Townshend in 1965 for rebellious British youths called mods, it expressed their feeling that older people "just don't get it".
The song was released as a single on November 5, 1965, reaching #2 in the UK and #74 in America.[2] "My Generation" also appeared on The Who's 1965 debut album, My Generation (The Who Sings My Generation in the United States), and in greatly extended form on their live album Live at Leeds (1970). The Who re-recorded the song for the Ready Steady Who! EP in 1966, but this version was only released in 1995 on the remastered version of the A Quick One album. The main difference between this version and the original is that instead of the hail of feedback which ends the original, the band play a chaotic rendition of Edward Elgar's "Land of Hope and Glory". In the album's liner notes the song is credited to both Townshend and Elgar.

Mais aqui:

http://en.wikipedia.org/wiki/My_Generation_%28The_Who_song%29