Fazendo o paralelo com a literatura, foi o período das Brigadas.
Jovens da Literatura?
A União e Escritores Angolanos foi criada logo a seguir à independência, e lançou o apelo aos jovens para homenagearem o poeta maior, com elegias em torno da figura de Agostinho Neto. Isso foi o mote, mas depois sentiram quase a obrigação de se reunirem, de produzir folhinhas, jornais, publicações. E surgiram as Brigadas Jovens da Literatura. Sobretudo em Luanda, mas as do Huambo, Benguela e Lubango também publicaram coisas interessantes.
O que acha desse tipo de literature programática, que serve fins políticos?
Talvez na altura não houvesse como não passar por isso, era necessário. Mas alguns jovens começaram a publicar por eles próprios ou criaram projectos, como o Luandanje.
Chegou a escrever esse tipo de poemas na altura?
Não, fiquei caladinha. Mas eu sempre escrevi, desde pequenina, até para resolver os meus próprios medos. Pensava-me uma pessoa muito mais velha do que era, e achava que estava a fazer coisas tão importantes como alfabetizar, os inventários culturais, andar de jipe para trás e para a frente, que a escrita ia para a gaveta. No entanto, com 30 e poucos anos disse: “ou publico agora ou já não publico”. Então apresentei um projecto de Caderno ao Luandino Vieira e à UEA, que tinha um conjunto de escritores consagrados, que analisavam estes jovens pretendentes a escritores. Aquilo fugia um pouco à norma, mas tiveram a sensibilidade de publicar. Chamava-se “Ritos de Passagem” e causou alguma polémica.
Que tipo de polémica?
Fui acusada de ter falta de homem, ressabiada, pornógrafa. Mas teve um certo eco. Nessa altura, surge uma data de gente a publicar que já não tinha a ver com o tipo de poesia de que falávamos, como a Ana Santana, João Maimona, José Luís Mendonça.
Jovens da Literatura?
A União e Escritores Angolanos foi criada logo a seguir à independência, e lançou o apelo aos jovens para homenagearem o poeta maior, com elegias em torno da figura de Agostinho Neto. Isso foi o mote, mas depois sentiram quase a obrigação de se reunirem, de produzir folhinhas, jornais, publicações. E surgiram as Brigadas Jovens da Literatura. Sobretudo em Luanda, mas as do Huambo, Benguela e Lubango também publicaram coisas interessantes.
O que acha desse tipo de literature programática, que serve fins políticos?
Talvez na altura não houvesse como não passar por isso, era necessário. Mas alguns jovens começaram a publicar por eles próprios ou criaram projectos, como o Luandanje.
Chegou a escrever esse tipo de poemas na altura?
Não, fiquei caladinha. Mas eu sempre escrevi, desde pequenina, até para resolver os meus próprios medos. Pensava-me uma pessoa muito mais velha do que era, e achava que estava a fazer coisas tão importantes como alfabetizar, os inventários culturais, andar de jipe para trás e para a frente, que a escrita ia para a gaveta. No entanto, com 30 e poucos anos disse: “ou publico agora ou já não publico”. Então apresentei um projecto de Caderno ao Luandino Vieira e à UEA, que tinha um conjunto de escritores consagrados, que analisavam estes jovens pretendentes a escritores. Aquilo fugia um pouco à norma, mas tiveram a sensibilidade de publicar. Chamava-se “Ritos de Passagem” e causou alguma polémica.
Que tipo de polémica?
Fui acusada de ter falta de homem, ressabiada, pornógrafa. Mas teve um certo eco. Nessa altura, surge uma data de gente a publicar que já não tinha a ver com o tipo de poesia de que falávamos, como a Ana Santana, João Maimona, José Luís Mendonça.
Surge o projecto Archote, um jornal que pretendia divulgar ficção e ensaio, onde estalou uma polémica entre Nelson Pestana Bonavena, Luís Kandjimbo e Carlos Pacheco em torno do primeiro poeta que publicou no século XIX (que era benguelense). Resultaram ensaios muito bons e essa dinâmica despoletou esta veia ensaística neles, apesar de terem seguido caminhos tão diferentes.
Nessa altura, pessoas como Ruy Duarte e David Mestre publicavam poesia e ensaio, respectivamente, sobre cinema e literatura. O Ruy Duarte começara o seu trabalho sobre os Muxiluanda da ilha, que daria origem a “Ana a manda”. Arnaldo Santos também publicava ensaios. Uma coisa fundamental era o suplemento cultural de Domingo no Jornal de Angola. Foi ali que muita gente publicou pela primeira vez. E também as revistas Mensagem e Novembro, além da actividade cultural que começou nos anos 80. que era “Maka à 4ª feira” na UEA, onde se discutiam ideias e trabalhos.
E havia interesse pelo que se passava culturalmente noutras partes do mundo? Quais eram as principais referências? Calculo que latino-americanas...
Mergulhou-se noutras literaturas que passaram a circular. Cuba passa a ser uma referência fundamental. Tenho uma pena da má interpretação desta possibilidade de encontro de cubanos e angolanos, um equívoco ainda não resolvido, pois podia ter sido potenciador para as duas partes.
[Aqui]
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